segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Raúl Castro deixará presidência de Cuba


Raúl Castro deixará presidência de Cuba (Foto: Reprodução)
(Foto: Reprodução)

O atual presidente de Cuba, Rául Castro, 84 anos, teria afirmado que já decidiu deixar a presidência do país por causa da avançada idade, de acordo com informações do ex-presidente do Uruguai, José Mujica.
A notícia foi dada por Mujica a um jornal chamado “La República”, nesta segunda-feira (8), após viagem recente do ex-presidente uruguaio a Cuba (lá, conversou com os irmãos Fidel Castro e Raúl Castro).
A idade também é o que impede Mujica, 80 anos, de concorrer nas próximas eleições do Uruguai, que serão realizadas em 2019, segundo ele mesmo. O ex-político afirmou as responsabilidades físicas do cargo são grandes, e que uma decisão do tipo pode precipitar “o dia em que vou para o cemitério”.
Mujica também disse que “nessa altura da vida, tenho que querer viver um pouco mais”.

Tradição e água de cheiro no desfile dos Filhos de Gandhy no Barra-Ondina

O bloco Filhos de Gandhy
O bloco Filhos de GandhyCréditos: Paulo Freitas
O bloco Filhos de Gandhy, um dos mais tradicionais do Carnaval de Salvador, acabou de desfilar nesta segunda-feira no circuito Barra-Ondina. Como sempre, emocionou com suas roupas típicas, batuque contagiante e muita água de cheiro. Este ano, o bloco faz 67 anos e é tido com o maior Afoxé do Brasil, isto é, um candomblé de rua que sai durante o Carnaval, e conta com mais de 10 mil integrantes.
Filhos de Gandhy é constituido apenas por homens, e é inspirado nos princípios da não violência e da paz de Mahatma Gandhi, por isso seu nome. Detalhe: é proibido tomar bebidas alcoólicas durante o cortejo, seguindo os ideais de paz que inspiraram a criação do bloco.
Os membros vestem lençóis e toalhas brancos como fantasia, para simbolizar as vestes indianas, e as tradicionais cores azul e branco simbolizam os orixás Oxalufon e Ogum, respectivamente. Os colares são outro detalhe interessante da roupa, e suas contas são consideradas amuletos da sorte. Mas uma das coisas mais legal dos Filhos de Gandhy é a tradição do selinho: eles trocam colares por beijos. Quem não queria ser laçado por um deles, não é mesmo?

ÒRÌSÀ OLÓGÙN EDÉ



Oló - senhor.
Gún - guerra.
Edé - um lugar na áfrica ( Cidade ).
É filho de um Òrìsà caçador/pescador - chamado Èrìnlé, tendo como sua mãe Òsún Ypondá.
O posto de Asògún, a priori, surge desse mito que o liga a Ògún companheiro de seu pai. Pois seu verdadeiro pai ( Òrìsà Èrìnlé ) entrega seu filho para Ògún criar, Ológùn Edé seria Òrìsà Igbò ( Òrìsà das florestas ) vivendo com o pai Èrìnlé, aprendeu a caçar, pescar, mais nunca lutar.
Ògún foi quem ensinou o mesmo a arte da guerra, Ológùn Edé ajudando numa determinada guerra que aconteceu na cidade de Edé recebeu o nome de Oló – senhor – Gún – guerra – Edé - um lugar x localidade na áfrica.
( Senhor ou Dono da guerra de Edé )
Ológùn Edé: Possui outros nomes como ``Omo Alade´´, ou seja, o príncipe coroado.
Não há qualidades (caminhos) de Ológùn Edé como acreditam alguns, tais como Locy´Ibayn, L´apanan, etc. São apenas nomes tirados de cânticos, aliás ``Aro Aro´´ é uma outra coisa.
Este Òrìsà é da região de Ìjèsá ou mesmo Ilésà – Ilé – Terra de Òrìsà ( Terra de Òrìsà que depois de algum tempo se tornou território Ìjèsá) onde Ológùn Edé passa a ser cultuado também.
Sobre a questão de andar com o pai ou mesmo com a mãe, ter fundamentos dos dois lados e etc, posso dizer o seguinte:
Ológùn Edé é òrìsà ako (òrìsà masculino), por ser filho de Òsún, a Senhora das águas frias e profundas, ele é herdeiro do reino de Òsún, isto é, o reino das águas do rio. Por isso, ele é considerado um òrìsà odò (òrìsà do rio).
E sendo também filho do Òrísà Èrìnlé, o mesmo também seria Senhor das matas, das florestas, ele é considerado herdeiro também do reino de seu pai, reino das matas como Òrìsà igbó (òrìsà das florestas).
Uma determinada lenda deixa isso bem claro: Diz uma de suas lendas que, ele passa metade do tempo com sua mãe no reino das águas, onde ele tem o nome de Olóodò (Senhor do Rio), e metade do tempo com seu pai, aprendendo a arte da caça/pesca etc, no reino das florestas, onde ele tem o nome de Oní igbó (Senhor das Matas - florestas). Então, ele é chamado de Oníigbó-Olóodò (Senhor das florestas e Senhor dos rios). Diz-se também que o barro das profundezas do rio (amòn) pertence a Ológùn Edé, que também atende pelo nome de Alámòn ibú odò (Senhor do barro das profundezas do rio).
Òrìsà também relacionado com o luxo, riqueza, beleza, aquele que entende tanto a mente feminina quanto a mente masculina. Isto, por causa de sua convivência com a mãe no reino das águas, e da sua convivência com o Pai, no reino das matas. Não significando por isso que ele seja andrógeno ou hermafrodita (macho e fêmea), uma desculpa muito utilizada por alguns para justificarem suas personalidades, sem quererem assumir suas responsabilidades, jogando-a assim sobre o òrìsà.
Espero que compreenda isso, entendendo isso, se entende o culto para o Òrìsà: Ológùn Edé. Outros nomes dados ao mesmo fazem alusão aos seus Òrìkís – Òríns etc. Vai de cada ser entender ou mesmo compreender isso.
Escuto falar de diferenças de culto entre Brasil x África, do tão famoso Ojugbó coletivo, daqueles que nunca fizeram um caminho etc.
Quem foi que disse que em casas de Candomblé nunca existiu o culto coletivo? Conheço quem começou assim, seguindo até hoje os padrões Áfricanos.
Fácil julgar uma cultura que sobreviveu a base de chicotadas, difícil mesmo para muitos é compreender as adaptações que existem e sempre vão existir em qualquer lugar do mundo.
Concordo com erros absurdos e a falta de conhecimento de muitos hoje em dia, discordo também daqueles que simplesmente ficam parados no tempo, evitando uma melhoria satisfatória dentro do que aqui no Brasil seguimos.
Diversos Òrùnkós ou Orukós foram colocados como ( Qualidades x Caminhos) outros simplesmente inventaram qualidade disso ou daquilo, esse come com esse, formando assim, aquele caminho.
Um exemplo claro seria: Àyirá-Oba Igbó-inã.
Tradução:
Àyirá-O Rei da floresta de fogo.
Hoje se tornou para muitos uma qualidade ( Àyirá Igbónã – Agbonãn ou Igbonãn como muitos dizem ). Vale lembrar que seu templo principal fica em Dasa Zumé em Vedji perto do hùnkpámè do vòdún sàkpàtá templo principal em área fòn.
Diversas Adaptações feitas em nossa cultura, deve ser reconhecida em qualquer lugar do mundo.
O tão famoso ( Pó / sagrado ) se faz presente até hoje em nossos cultos.
Dizem que:
Devemos praticar, a união faz a força, o diálogo faz o entendimento.
Agora infelizmente:
A união para fazer a força, não pode ser feita à força.
Agora a realidade:
A união faz a força perante as adversidades.
Vamos encontrar muitas adversidades, desencontros ou maneiras diferentes em nossa cultura.
Vale apena compreender, entendendo assim porque as mesmas existem como também vale apena compreender, entendendo porque as mesmas foram inventadas.
Se vai lhe servir de suporte, ai já e outra historia.

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Todo mundo reclama da crise, energia alta, cesta básica caríssima, gasolina putz , gás ai meu Deus. Mas posta fotos, com cervejas,wisque, uma ostentação. Não sou contra, as pessoas merecem se divertir, mas vejamos: Na segunda Feira, procure um politico e peça uma contribuição para: Projetos, Congressos, Comunidades ou algo próximo, a resposta: Poxa amigo(a) estou F....essa crise me acabou...ai vc lembra das fotos. O Povo hipócrita...kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

EXU

Exu é o orixá da comunicação, da paciência, da ordem e da disciplina. É o guardião das aldeias, cidades, casas e do axé, das coisas que são feitas e do comportamento humano. A palavra Èșù, em iorubá, significa 'esfera', e, na verdade, Exu é o orixá do movimento. Ele é quem deve receber as oferendas em primeiro lugar a fim de assegurar que tudo corra bem e de garantir que sua função de mensageiro entre o Orun (o mundo espiritual) e o Aiye (o mundo material) seja plenamente realizada.
Na África na época da colonização europeia, o Exu foi sincretizado erroneamente com o diabo cristão pelos colonizadores, devido ao seu estilo irreverente, brincalhão e à forma como é representado no culto africano. Por ser provocador, indecente, astucioso e sensual, é comumente confundido com a figura de Satanás, o que é um equívoco, de acordo com a construção teológica iorubá, posto que não está em oposição a Deus, muito menos é considerado uma personificação do mal.
Mesmo porque, nessa religião, não existem diabos ou entidades encarregadas única e exclusivamente de coisas ruins, como ocorre no cristianismo, segundo o qual tudo o que acontece de errado é culpa de um único ser que foi expulso por Deus. Na mitologia yoruba, porém, assim como no candomblé, cada uma das entidades (Orixás) tem sua porção positiva e negativa assim como o próprio ser humano.
De caráter irascível, Exu se satisfaz em provocar disputas e trazer calamidades para as pessoas que estão em falta com ele. No entanto, como tudo no universo possui de um modo geral dois lados, positivo e negativo, Exu também funciona de forma positiva quando é bem tratado. Daí ser Exu considerado o mais humano dos orixás, pois o seu caráter lembra o do ser humano, que é, de um modo geral, mutante em suas ações e atitudes.
Conta-se na Nigéria que Exu teria sido um dos companheiros de Oduduà quando da sua chegada a Ifé e chamava-se Èsù Obasin. Mais tarde, tornou-se um dos assistentes deOrunmilá e ainda rei de Ketu, sob o nome de Èsù Alákétú. A palavra elegbara significa "aquele que é possuidor do poder" (agbará) e está ligada à figura de Exu.
Um dos cargos de Exu na Nigéria, mais precisamente em Oyó, é denominado Èsù Àkeró ou Àkesán, que significa "chefe de uma missão", pois este cargo tem como objetivo supervisionar as atividades do mercado do rei. Exu praticamente não possui ewós (ou quizilas) e aceita quase tudo o que lhe oferecem.
Os yorubas cultuam Exu em um pedaço de pedra porosa chamada Yangi, ou fazem um montículo grotescamente modelado na forma humana com olhos, nariz e boca feita de búzios. Ou ainda representam Exu em uma estatueta enfeitada com fileiras de búzios tendo em suas mãos pequeninas cabaças onde ele, Exu, carrega diversos pós de elementais da terra usados de forma bem precisa em seus trabalhos.
Exu tem a capacidade de ser o mais sutil e astuto de todos os orixás. E quando as pessoas estão em falta com ele, simplesmente provoca mal entendidos e discussões entre elas e prepara-lhes inúmeras armadilhas. Diz um orìkì que: "Exu é capaz de carregar o óleo que comprou no mercado numa simples peneira sem que este óleo se derrame".
E assim é Exu, o orixá que faz o erro virar acerto e o acerto virar erro. Èsù Alákétú possui essa denominação quando Exu, por meio de uma artimanha, conseguiu ser o rei da região, tornando-se um dos reis de Ketu. Sendo que as comunidades dessa nação no Brasil o reverenciam também com este nome. Todos os assentamentos de Exu possuem elementos ligados às suas atividades. Atividades múltiplas que o fazem estar em todos os lugares: a terra, pó, a poeira vinda dos lugares onde ele atuará. Ali estão depositados como elemento de força diante dos pedidos.

Brasil[editar | editar código-fonte]

Escultura de Exu na Praça dos Orixás, em Brasília, no Brasil
No Brasil, no candomblé, Exu é um dos mais importantes orixás e sempre é o primeiro a receber as oferendas, as cantigas e as rezas: é saudado antes de todos os orixás, antes de qualquer cerimônia ou evento. O Exu orixá não incorpora em ninguém para dar consultas como fazem os exus de umbanda, eles são assentados na entrada das casas de candomblé como guardiões, e em toda casa de candomblé há um quarto para Exu, sempre separado dos outros orixás, onde ficam todos os assentamentos dos exus da casa e dos filhos de santo que tenham Exu assentado.
É astucioso, vaidoso, culto e dono de grande sabedoria, grande conhecedor da natureza humana e dos assuntos mundanos daí a assimilação com o diabo pelos primeiros missionários que, assustados, dele fizeram o símbolo da maldade e do ódio. Porém "... nem completamente mau, nem completamente bom ...", na visão de Pierre Verger no texto de sua autoria "Iniciação" - contido no documentário "Iconografia dos Deuses Africanos no Candomblé da Bahia", Exu reage favoravelmente quando tratado convenientemente, identificado no jogo do merindilogun pelo odu okaran.
Sacrifício para Exu nocandomblé do Ile Ase Ijino Ilu Orossi
Exu recebe diversos nomes, de acordo com a função que exerce ou com suas qualidades: Elegbá ou Elegbará, Bará ou Ibará, Alaketu, Agbô, Odara, Akessan, Lalu, Ijelu (aquele que rege o nascimento e o crescimento de tudo o que existe), Ibarabo, Yangi, Baraketu (guardião das porteiras), Lonan (guardião dos caminhos), Iná (reverenciado na cerimônia do padê).
segunda-feira é o dia da semana consagrado a Exu. Suas cores são o vermelho e o preto; seu símbolo é o ogó (bastão com cabaças que representa o falo); suas contas e cores são o preto e o vermelho; as oferendas são bodes e galos, pretos de preferência, e aguardente, acompanhado de comidas feitas no azeite de dendê. Aconselha-se nunca lhe oferecer certo tipo de azeite, o Adí, por ser extraído do caroço e não da polpa do dendê e portar a violência e a cólera. Sua saudação é "Larôye!" que significa o bem falante e comunicador.
Consiste o padê em um prato de farofa amarela, acaçá, azeite-de-dendê e uma quartinha de água ou cachaça, que são "arriados" para Exu.
Na nação de angola ou candomblé de Angola, Exu recebe o nome de AluvaiáPambu Njila e Legbá, no candomblé jeje.
Não deve ser confundido com a entidade Exu de Umbanda. Os exus de umbanda são entidades de pessoas desencarnadas que, por motivos de evolução espiritual, retornaram à terra para cumprir essa missão junto ao seus seguidores. Essas entidades são confundidas com esu ou exu do candomblé devido à proximidade que Exu tem com os homens. Entretanto, não são considerados orixás como o Exu, e sim entidades espirituais em evolução. Não se deve confundi-los com quiumbas - conhecedores das vontades de homens e mulheres no plano terrestre, onde viveram em épocas diferentes, com os mesmos problemas, desejos e sonhos.

Arquétipos[editar | editar código-fonte]

Seus filhos são sensuais, dominadores e inteligentes. Gostam da vida cercada de barulho, muitas pessoas e romances de todo tipo. Adoram festas e não se prendem a ninguém, são muito impulsivos. Mas se amam alguém, dão sua vida se for preciso, sem pensar em nada. Gostam de ajudar e trabalhar, mas podem se tornar vingativos e extremamente cruéis.

Algumas Considerações[editar | editar código-fonte]

[1] "Sobre o Òrìṣà Èṣù, além de suas atribuições mais conhecidas, embrenhamo-nos em uma de suas mais complexas e poderosas qualidades – como O Guardião do Àṣẹ – que, recebendo a réplica desta força neutra de Olódùmarè (Fálàdé, 1998, p. 494)[2] , coloca-a à disposição de todos, seja para os homens ou para os Òrìṣà, confirmando queÈṣù de mal ...., nada tem ...,mas ao contrário, apenas age com justiça.
Suas ações para com os seres humanos são altamente benéficas, auxiliadoras e produtivas para aqueles que fazem uso adequado de seu livre-arbítrio e que, com retidão, se portam de maneira condigna para com os princípios e padrões morais e religiosos, seja em relação a si mesmo, seja em relação ao meio ambiente em que vive.
Recordando uma frase citada: "(...) Isto acontece por que algumas pessoas erroneamente possuem a convicção que Eṣu é o opositor Satanás (Fálàdé, 1998, p. 493)[3] " e que, além disso, o que faz com que os sacerdotes sejam bons ou maus não é o simples fato de administrar o àṣẹ, e sim a forma que deliberadamente usam este àṣẹ, podemos dizer que isto é uma questão humana de caráter, e nada tem haver com o poder divino do Àṣẹ. O que podemos dizer de Èṣù, que recebeu e administra a cópia do próprio Àṣẹ de OlódùmarèÈṣù é igualmente neutro como o próprio Àṣẹ, por isso é o guardião do Àṣẹ.
Como Òdàrà, ele recebe, como Ẹlégbára, faz acontecer, e como Òjíṣé. conduz o retorno. Tudo isso é "Èṣù – Olódùmarè assim determinou." (Abimbola, 1975, p. 3)[4] Será que ele é tão terrível e mau quanto querem dele fazer? Como ele pode ser tão temível se é tão neutro como o Àṣẹ? Quando narramos o Odù Iwori-Ofun (Bascom, 1969, pp. 310-311)[5] , vimos que simplesmente Èṣù cumpriu seus desígnios de forma imparcial.
As explanações aqui realizada efetivamente enalteceram Èṣù, porém, cabe tecer algumas considerações sobre a absurda questão, mesmo por sincretismo, de que o Òrìṣà Èṣùseja o diabo das religiões cristãs e/ou o mal absoluto tratado pelas religiões ocidentais, que diferem totalmente dos conceitos da religião dos Òrìṣà (Òrìṣàísmo) (Barretti Fº, 2010)[6] , praticada na chamada Yorubaland e nas descendentes da diáspora.
Que fique registrado que a religião dos Òrìṣà, praticada em qualquer parte do mundo, independentemente do nome regional adotado, respeita, mas não reconhece a Bíblia como uma de suas diretrizes sagradas, tampouco o Alcorão e a Torá. Para os Òrìṣàístas, tratam-se apenas de livros religiosos, assim como tantos outros.
Òrìṣàímo oriundo da tradição oral, portanto ágrafa, apesar de já contar com muitos escritos, reconhece apenas a "oralidade" dos Ìtàn-Odù, os Ìtán-Mimó Òòṣà (histórias sagradas dos Òrìṣà) como o único "livro ou fala sagrada" a serem adotadas e que também reconhece os ditames do corpo "literário" do oráculo de Ifá, os Odù Ifá, cujo governo pertence à divindade Òrúnmìlà, portador de imensa sabedoria e conhecido como “Ibìkejì Olódùmarè – a segunda pessoa de Olódùmarè”.
Conceitos religiosos europeus e asiáticos não faziam parte das tradições yorùbá antes das colonizações, nem das religiões dela descendentes na diáspora, tampouco antes dos senhores de escravos imporem aos africanos o catolicismo, entre outras religiões.
As formas deturpadas, aculturadas e sincréticas que impuseram e continuam a se impor à religião, nos dias de hoje, foram e ainda o são, os maus frutos decorrentes do processo da escravatura nas Américas e das colonizações europeias impostas a povos africanos.
Conceitos cristãos como os de alma, céu, inferno e purgatório encontraram terreno fértil para se propagar nas já contaminadas tradições yorùbá e de suas descendentes, seja por missionários, seja por agentes governamentais e seja por autores pertencentes a outras culturas e/ou crenças que registraram as tradições, os costumes e religião dosyorùbá, escritos e interpretados pela ótica do colonizador e/ou opressor. E o pior, os registros decorrentes dessas interpretações (que até hoje continuam) criaram "falsas" tradições, que se tornaram "verdades literárias inquestionáveis" e vitimam a religião yorùbá até hoje. (Conferir em: Dos Yorùbá ao Candomblé Kétu – Os Autores)
Um fato muito importante e que deveria ser totalmente condenável é que sempre que se estuda ou se faz pesquisa no campo das religiões comparadas, os parâmetros e os referenciais são sempre os do cristianismoislamismo e outras religiões aplicados à religião tradicional dos yorùbá. A recíproca, infelizmente, nunca é verdadeira, pois, se assim o fosse, teríamos inúmeras e novas variáveis a serem avaliadas, para o bem da religião tradicional yorùbá e de suas descendentes."

Foto na internet de um suposto mapa com notas do Desfile Especial é investigada por Liesa

Para presidente da entidade, Jorge Castanheira, a imagem é brincadeira de mau gosto

POR 
RIO - Depois de o jurado de bateria Fabiano Rocha ter deixado o desfile do Grupo Especial pouco antes do início oficial do carnaval da Sapucaí no domingo, um outro quesito está sob o risco de ter uma de suas notas eliminadas. Está circulando nas redes sociais uma fotografia de um suposto mapa de notas da Liga Especial das Escolas de Samba. A imagem sugere que um dos julgadores do quesito Mestre Sala e Porta-Bandeira vazou ou deixou que vazassem as notas das escolas Estácio, Ilha, Beija-Flor e Grande Rio, referentes ao primeiro dia de desfiles.
O presidente da Liesa, Jorge Castanheira acredita que a foto seja apenas uma brincadeira de mau gosto, “maledicência de algum espírito de porco”. Ele explicou que qualquer pessoa pode baixar o arquivo do mapa de notas no site da Liesa. Mesmo assim, garante que irá investigar o caso:
— Eu já fiz algumas pesquisas e acredito que seja apenas uma tentativa de desestabilizar o campeonato. Mas assim que abrirmos os envelopes no momento da apuração na quarta-feira, vamos comparar as caligrafias. Se a foto que está na internet bater com a caligrafia e as notas de algum jurado, estas serão anuladas.
Segundo ele, o regulamento já prevê que no caso de um jurado faltar, esquecer de lançar alguma nota, vazamento de notas ou mesmo qualquer outra irregularidade, as notas do julgador envolvido são anuladas e substituídas pelas notas mais altas entre os outros julgadores do quesito.
A mesma norma será aplicada no quesito da bateria, depois que Fabiano Rocha deixou o campeonato. Jorge Castanheira não informou a razão, mas confirmou que a decisão pelo afastamento foi tomada depois de uma conversa entre ele e Fabiano.
— Ele me explicou suas razões, nós conversamos e chegamos a conclusão que seria melhor para ele deixar o desfile deste ano. Fabiano já trabalhou conosco em julgamentos no grupo de Acesso e no ano passado foi julgador do grupo Especial. É um excelente julgador, muito criterioso, e espero poder contar com ele novamente no futuro — afirmou.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/foto-na-internet-de-um-suposto-mapa-com-notas-do-desfile-especial-investigada-por-liesa-18635218#ixzz3zcNLOuIo 
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Lendas dos Orixás

Na África cada Orixá estava ligado originalmente a uma cidade ou a um país inteiro. Tratava-se de uma série de cultos regionais ou nacionais. Sàngó em Oyó, Yemoja na região de Egbá, Iyewa em Egbado, Ogún em Ekiti e Ondô, Òssun em Ijexá e Ijebu, Erinlé em Ilobu, Lógunnède em Ilexá, Otin em Inixá, Osàálà-Obàtálá em Ifé, subdivididos em Osàlúfon em Ifan e Òságiyan em Ejigbô.

REFERÊNCIA: Casa dos Orixas 01
Podemos afirmar que a cultura do candomblé no brasil, nasceu nas senzalas, com a junção de povos(africanos) com seus costumes e orixás. Provenientes de milhões de negros de diversos países e cidades africanas, trazidos (arrancados) de seus lares, de suas famílias e de seus pais e filhos; para trabalharem nas plantações de cana e café das cidades baianas, cariocas, pernambucanas, cearenses e paulistanas. E, posteriormente, nos exércitos e fazendas de fronteiras do rio grande do sul.
Graças aos conquistadores portugueses, franceses, ingleses e de padres e bispos da época; (que legaram aos brancos poder de matar os negros e índios, afirmando que os negros eram sub-humanos, e portanto, não haveria pecado.) Milhões de negros foram massacrados nas colônias e em navios negreiros.
Porém, ironicamente podemos afirmar que: se não fosse essa catástrofe ou atrocidade animalesca; provocadas por animais considerados humanos, contra humanos considerados animais; hoje o brasil não teria o prazer de conhecer esta maravilhosa cultura, sem mencionar nos orixás e seus axés.
Ao contrário que muitos acreditam, na áfrica não existia somente tribos de índios semi-culturados. Lá existia e ainda existem, reinos com suas hierarquias (reis, rainhas, sacerdotes, príncipes, generais, exércitos, etc.); assim como, havia uma cultura avançada relacionada a religião e comércio em todo continente, inclusive possuindo muitas heranças culturais egípcias, gregas e persas.
No continente africano, muitos reinos com suas ricas e milenares cidades, foram extintos graças às influências e dominações cristãs e mulçumanas. Aniquilando o resto da cultura existente nos países enfraquecidos pela escravidão, tornando-os órfãos de orixás.
É fácil de se verificar que em muitas regiões africanas o povo carece de energia (axé).

Assim:
Sem oxum (água); sem ogum (trabalho/ferramentas); sem xangô (justiça); sem oxalá (paz); sem iemanjá (estudo/psicologia); sem nanã (origem,família); sem odé/oxossi (comida/caça); sem ossain (remédio); etc.
É bom saber, que ainda existe cultura na áfrica, mesmo que seja em poucas regiões.lá ainda existem reinos, príncipes, rios e orixás... Onde possamos levar e trazer fundamentos, realizando a tão sonhada e difundida união entre continentes; pregada, catalogada e amplamente difundida por autores como: Pierre verger e tantos outros.
Quanto a escravidão...
Em várias senzalas brasileiras, foram aglomerados negros de diversas raízes, que uniram-se culturalmente; trocando, dividindo fundamentos de cultuação e prática religiosa.
Também por esses motivos, os negros escravos eram muito temidos. Eles arquitetavam facilmente, planos de fuga, de defesa e até mesmo de guerrilhas.
"assim nascera: a capoeira, o zumbi dos palmares, o candomblé, etc."
Como ocorreu ...
Sabendo-se que: era costume em muitas cortes e tribos africanas, escravizarem os presos de guerra (principalmente os guerreiros), ao mesmo tempo que não haviam exércitos europeus capazes de vencer uma guerra ou confronto direto com povos africanos (os mesmos possuíam também táticas avançadas de guerra). Os portugueses uniam-se a reis africanos, oferecendo armas e títulos da nobreza européia em troca dos prisioneiros de guerra. Desencadeando um grande conflito inter-continental, apenas levantando calúnias e difamações entre os povos vizinhos.

Após anos de guerras e conflitos, muitos reinos enfraqueceram seus sistemas de defesa, e muitos soldados já estavam trabalhando nas colônias como escravos. Os portugueses deram o golpe final invadindo e conquistando os reinos dos próprios aliados enfraquecidos. Arrastando para as senzalas também as mulheres, crianças e nobres das cortes.
Assim prosseguiu a barbárie tarefa européia de comércio humano. Até o final da segunda guerra mundial. Onde ainda existia nas colônias africanas do império britânico, trabalho escravo e apartheid, em pleno século "XX".

Na própria terra dos orixás a pobreza e as doenças, assistidas e divulgadas em meios de comunicação, como ex: em angola (ex-colônia portuguesa); tiveram como principal foco inicialisador, a extinção da cultura dos povos por seus opressores. Onde muitos habitantes, não reconhecem mais seus antepassados. Perdendo o elo com seus orixás.
Porém, assim como ocorreu na escravidão no Brasil, sabemos que na África, existem bravos sobreviventes, que lutam para que seus paises resgatem sua cultura e prestígio.

E torçamos para que a cultura dos orixás permaneçam vivas e fortes em muitos corações e povos, sobrevivendo inclusive de ataques das religiões que se dizem únicos donos da "palavra de deus"; Induzindo inclusive a separação de negros e brancos como nos EUA, por exemplo: onde o negro abdicou totalmente de sua cultura ancestral, absorvendo a religião e os costumes(cultura) dos brancos, onde pregam em suas liturgias a paz e o amor, assim como a igualdade entre os homens. Mas mesmo assim, foram humilhados e separados dos demais brancos. Onde reza um negro, não reza um branco, e cada qual possui sua igreja de mesmo deus, (para brancos e negros), perdendo assim sua identidade , seu orgulho, sua cultura.
E aqui no brasil, quando não mais houver crianças chorando com fome, e pessoas somente criticando os atos das pessoas de boa vontade ao invés de contribuir ou ajudar. Certamente este país mais fértil, mais cultural e com o povo mais nobre e humano do mundo. Terá certamente lugar de destaque, respeito e reconhecimento em todo o planeta.
Hoje conhecemos a religião africana no continente americano como:
-candomblé, batuque, xangô, santeria, vodoo e outras)
Em cada grupo, juntaram-se culturas, associadas ao maior ou menor número de pessoas originárias da mesma raiz (nagô, ketu, angola, oyo, jêje, ijexá, etc) (ver mapa).
Em muitos reinos/cidades, cultuava-se diferentes orixás em cada raiz(família). Como em muitos locais, eles conheciam orixás por diferentes nomes. Ex: obaluaie e omulu em ketu(nagô); xapanan e sapakta em jêje. (que são os mesmos orixás). E que em muitas nações foram associados a outros orixás, tornando-se qualidades.
Seus fundadores ou reis, eram cultuados especificamente em suas próprias cidades conquistadas ou fundadas. Ex: xangô em oyó, logun-edé em efon, oxossi em ketu, etc. Sendo até hoje reverenciados, servindo de pilar na identificação da origem de cada casa de candomblé existente no brasil.

Também em várias regiões da áfrica, existem ainda sacerdotes e obás(reis) supremos de determinados orixás, sendo os mesmos detentores únicos de todos os segredos e fundamentos a um ou dois orixás específicos.
Em muitas nações, os mesmos orixás, ou possuem cultos únicos e diretos, ou tornaram-se qualidades de orixás primários. Ex: no oyó (batuque) otin é um orixá feminino que se cultua junto a odé. Em outras nações de candomblé, a mesma é uma qualidade de oxossi/odé. Assim como ibeji, etc.
Infelizmente, muitos outros orixás não são mais cultuados, pois perderam-se os fundamentos dos mesmos, porém ainda existem na natureza, e seus axés (energias) ainda reinam no universo.
Nota: devido as diferenças litúrgicas e culturais existentes entre nações africanas de raízes, jêje, angola, ketu etc. Sempre ocorreu uma certa desunião entre as mesmas.
Umas das principais missões nesta obra, é a de promover a união da religião africana no Brasil.
Não nos referimos a uma união litúrgica (modo de cultuação e prática), pois sabemos que é devido aos costumes de nossos antepassados, que desde a antigüidade, cultuavam orixás diferentes em cada nação religiosa. Mas sim, numa união cultural.
Portanto, não devemos nos atenuar em diferentes nomes de qualidades designadas a orixás, exús e até mesmo certas diferenças ligadas a maneiras de tocar um candomblé/batuque/xangô, etc.
Devemos sim buscar maneiras de interagir nossos conhecimentos e cultura em prol de uma união mais sólida, respeitável e influente.
REFERÊNCIA: Casa dos Orixas 02
Origem...

São muito contraditórias as publicações referentes a verdadeira origem da religião dos orixás na áfrica.
Alguns historiadores, associam Oduduá o "conquistador". Com Nimrod; também citam a semelhança de nosso método de consulta a Ifá (oráculo), com a Kaballah judaica; Dan a serpente telúrica representando a eternidade, com a Dan serpente referente a umas das doze tribos de Israel e outras. Ou seja, muitos historiadores afirmam que os yorubás possuem descendência judaica.
Outros defendem somente a tese que: os orixás são antepassados divinizados de antigos reis africanos, assim como generais e sacerdotes; que tiveram suas façanhas eternizadas nas histórias dos antigos. Lendas repassadas de geração em geração aos descendentes dos reinos e tribos africanas.
Em suas pesquisas, constataram a presença de influencias egípcias e fenícias na cultura yorubana.
Verger mostrou em suas obras, que nossa origem é remota a muitas outras conhecidas, como gregas e romanas. Pois temos orixás em nosso culto que são anteriores a conquista e conhecimento do metal, como nanã.

Verger também tratou de mostrar a semelhança existente entre nossos deuses e deuses gregos, como por exemplo:
Zeus: deus grego do trovão e dos raios, tem como símbolo um machado duplo.
Xangô: deus yorubá dos raios e trovões, tem como símbolo um oxé (machado de duas lâminas).
Certamente em meio a tanto estudos, podemos afirmar que em um vasto continente como o africano, é certo que todas as teses são corretas.
E que aos poucos, todas estas origens regionais, fundiram-se formando uma cultura sólida e única, que conhecemos hoje como a cultura dos orixás; verificadas em todos os povos (yorubanos, angolanos, jêjes, etc.), com seu xangô, oduduá, obatalá e demais reis, guerreiros e sacerdotes. Eternizados e unidos com as energias da natureza (florestas, animais, rios, oceanos, etc.) Onde em nossos ylés são louvados e suas histórias narradas a nossos iniciados, afim de servir de exemplo de conduta e fé, associada a natureza e bem estar da sociedade.

Tal como em livros milenares, editados como por exemplo: a arte da guerra do general chinês "sun tzu" vendido no mundo todo. Narrando suas condutas e táticas de batalhas, transformadas em auto-ajuda, associada a negócios e condutas para os dias atuais.
Nós também ensinamos a nossos seguidores, as histórias de nossos reis (Xangô) de nossos generais milenares (Ogun), etc. Com suas táticas, seus erros, suas virtudes e glórias; afim que possam ter como princípio de vida, o equilíbrio associado a normas e condutas culturais de nossos antepassados.
E com simbologias e danças em louvor a nossos antigos mestres saudamos nossos orixás e antepassados, que em energia nos lega seu axé.
Sincretismo...

Nos referimos a sincretismo, quando são associadas duas religiões em um único culto, com suas simbologias e doutrinas mescladas.
No caso do candomblé/batuque, foram associados imagens de santos católicos a nossos orixás. O que existe uma explicação inconteste e única para tal associação.
O sincretismo religioso, nasceu também nas senzalas. Hoje há uma grande diferença de sincretismo de orixás nas nações de candomblé.
Na bahia, ogum é sincretizado por são sebastião, no rio grande do sul por são jorge, e assim por diante.

Na época quando ouve a troca de cultura entre os habitantes das senzalas, os negros continuaram a cultuar seus orixás, mesmo após os brancos com sua santa inquisição católica, obrigarem os negros a converterem-se ao cristianismo e trocarem seus nomes originais, por nomes portugueses.
Quando os negros dançavam para seus orixás, eles colocavam sobre o "assentamento", estátuas de santos católicos para enganar os inquisidores.
Como eles cantavam aos seus orixás em seu dialeto primitivo, os padres e fazendeiros, tinham a ilusão que os escravos louvavam os santos católicos na linguagem yorubá. Mas na verdade, estavam usando as imagens destes santos para esconder em seu interior, suas obrigações e verdadeiras simbologias dos orixás.
Certamente, os negros assimilaram muito bem os ensinamentos dos senhores brancos, utilizavam as imagens católicas comparando-as aos orixás por aparência ou feitos. Como exemplo: oxalá com jesus, oxum e yemanjá com as aparições da virgem maria, oyá/yansan com santa bárbara e assim por diante.
Mas cabe lembrar: os negros só usavam as imagens católicas no propósito de esconder suas obrigações, em hipótese alguma, os negros cultuavam os santos católicos como orixás.

Referência: Candomblé Ilê Axé Opô Afonja
Algumas considerações...

A palavra candomblé é sinônimo de religião africana. Sempre foi e é usada ainda neste sentido. Isto explica muitas coisas. Vejamos. O negro foi arrancado de sua terra e vendido como uma mercadoria, escravizado. Aqui ele chegou escravo, objeto; de sua terra ele partiu livre, homem. Na viagem, no tráfico, ele perdeu personalidade, representatividade, mas sua cultura, sua história, suas paisagens, suas vivências vieram com ele. Estas sementes, estes conhecimentos encontraram um solo, uma terra parecida com a África, embora estranhamente povoada. O medo se impunha, mas a fé, a crença - o que se sabia - exigia ser expresso. Surgiram os cultos (onilé - confundidos mais tarde com o culto do Caboclo, uma das primeiras versões do sincretismo), surgiu a raiva e a necessidade de ser livre. Apareceram os feitiços (ebós), os quilombos.

Os trezentos anos da história da escravidão do negro no Brasil, atestam acima de tudo, a resistência, a organização dos negros. A cultura africana sobreviveu para o negro através de sua crença, de sua religião. O que se acredita, se deseja, é mais forte do que o que se vive, sempre que há uma situação limite. A religião, sua organização em terreiros (roças), foi como muito já se escreveu, a resistência negra. Resistiu-se por haver organização. A organização consigo mesmo. Cada negro tinha, ou sabia que seu avô teve, um farol, um guia, um orixá protetor.

No meio dos objetos traficados (os escravos) haviam jóias raras: Babalorixás e Iyalorixás. Estes sacerdotes, inteiros nas suas crenças, criaram a África no Brasil. Esta mágica, esta organização reestruturante só é possível de ser entendida se pensarmos no que é a iniciação , todo processo que implica e estabelece. A cana de açúcar do Senhor de Engenho era plantada por Iaôs recém saídos das camarinhas, dos roncós.

A força se espalhou, o axé cresceu e apareceu na sociedade sob a forma dos terreiros de candomblé (religião de negros yorubá como é definido no Dicionário de Aurélio Buarque). Era coisa de negros, portanto escusa, ignorante, desprezível e rapidamente traduzida como coisa ruim, coisa do diabo, bem e mal, certo e errado, branco e preto. Antagonismos opressores, sem possibilidades alternativas. O negro resolveu tentar agir como se fora branco, para ser aceito.

Ele dizia:
- meu Senhor, a gente tá tocando para Senhor do Bomfim, seu Santo, nhô! Não é para Oxalá, quer dizer, Oxalá é o Pai Nosso, é o mesmo que Senhor do Bomfim. Sincretismo. Forma de resistência que criou grande onus, severas cicatrizes desfiguradoras. O processo social, a dinâmica é implacável. A imobilidade não se mantém. O filho do africano já dizia que não confiava em negro brasileiro (o sìgìdì, por exemplo, um encantamento de invisibilidade e criação de elemental, não foi ensinado). Muito se perdeu, a terra africana reduziu-se a pequenos torrões, o candomblé era eficaz; o Senhor procurava a negra velha para fazer um feitiço, para que lhe desse um banho de folha, lhe desse um patuá. Proliferação de terreiros. Massificação, turismo, folclore.

Mas os grandes iniciados, iguais àqueles criadores da terra africana no Brasil, ainda existem. Odé Kayode - Mãe Stella de Oxossi , em 1983, dizia: "Iansã não é Santa Bárbara", e explicava. Mostrou que candomblé não era uma seita, era uma religião independente do catolicismo. A terra tremeu; algumas pessoas falavam: "- sempre fomos à missa, sempre a última benção, depois da iniciação, era na Igreja, fazemos missa de corpo presente quando alguém morre, não pode mudar isso". Era a tradição alienada versus a revolução coerente, era a quebra do último grilhão. A represa foi quebrada e as águas fertilizaram os campos quase estéreis da sobrevivência. O negro é livre. Veio da África, tem uma história, tem uma religião igual à qualquer outra e ainda, não é politeista, é monoteista: acima de todos os Orixás está Olorum. Nina Rodrigues conta que uma vez perguntou a um Babalorixá porque ele não recebia Olorum, já que este existia. Ouvindo a seguinte resposta: "- Meu Doutor, se eu recebesse, eu explodia".

Agora um novo limite, uma nova configuração se instala. Neste fim de século com a corrosão das instituições religiosas tradicionais, com o surgimento de novas religiões, com as doutrinas esotéricas alternativas, o candomblé, agora considerado religião, é visto também como uma agência eficiente: resolve problemas, cura doenças, acalma as cabeças. Os brancos querem ser negros, já não se ouve "o negro de alma branca", agora o privilégio é ser um branco de alma negra, ter ancestralidade, "ter enredo, história com o Santo". Mais do que nunca as Iyalorixás e Babalorixás se questionam. As armadilhas, os "caça-fugitivos" estão instalados. São os congressos, a TV - é a mídia - os livros, a 'web', em certo sentido. Tudo isto é transformado, por nós, em pinças para separar o joio do trigo, porisso estamos aqui. Dizendo o que somos, damos condição para que se perceba o que está posto e se entenda o suposto, o oposto e o aposto. Diferenciação é conhecimento, candomblé é religião, não é seita.

As Iyalorixás organizam as cabeças. O processo de organização do ori é awo (segredo). O candomblé é uma religião que trabalha com o segredo, o lado mudo do ser, o que a Olorum pertence. O candomblé organiza o fragmentado, abrindo canais de expressão para o ser humano.

- Oni Kòwé -
Salvador, outubro de 1996
Referência: ACAIBA
Hoje, quando se fala em "candomblé", o que se tem em mente é um tipo específico de religião formada na Bahia, denominado candomblé "queto" ou "Ketu", que atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o País. Mas o termo candomblé designa muitas variedades religiosas, como veremos adiante.
"O CANDOMBLÉ: SUAS NAÇÕES E VARIANTES"
• NAÇÃO KETÚ
• NAÇÃO ANGOLA
• NAÇÃO JEJÊ
• HISTÓRICO

O candomblé e demais religiões afro-brasileiras tradicionais formaram-se em diferentes áreas do Brasil com diferentes ritos e nomes locais derivados de tradições africanas diversas: candomblé na Bahia, xangô em Pernambuco e Alagoas, tambor de mina no Maranhão e Pará, batuque no Rio Grande do Sul e macumba no Rio de Janeiro.
A organização das religiões negras no Brasil deu-se bastante recentemente, no curso do século XIX. Uma vez que as últimas levas de africanos trazidos para o Novo Mundo durante o período final da escravidão (últimas décadas do século XIX) foram fixadas sobretudo nas cidades e em ocupações urbanas, os africanos desse período puderam viver no Brasil em maior contato uns com os outros, físico e socialmente, com maior mobilidade e, de certo modo, liberdade de movimentos, num processo de interação que não conheceram antes. Este fato propiciou condições sociais favoráveis para a sobrevivência de algumas religiões africanas, com a formação de grupos de culto organizados.

Até o final do século passado, tais religiões estavam consolidadas, mas continuavam a ser religiões étnicas dos grupos negros descendentes dos escravos. No início deste século, no Rio de janeiro, o contato do candomblé com o espiritismo kardecista trazido da França no final do século propiciou o surgimento de uma outra religião afro-brasileira: a umbanda, que tem sido reiteradamente identificada como sendo a religião brasileira por excelência, pois, nascida no Brasil, ela resulta do encontro de tradições africanas, espíritas e católicas.
Desde o início as religiões afro-brasileiras formaram-se em sincretismo com o catolicismo, e em grau menor com religiões indígenas. O culto católico aos santos, numa dimensão popular politeísta, ajustou-se como uma luva ao culto dos panteões africanos. A partir de 1930, a umbanda espraiou-se por todas a regiões do País, sem limites de classe, raça, cor, de modo que todo o País passou a conhecer, pelo menos de nome, divindades como Iemanjá, Ogum, Oxalá etc.

O candomblé, que até 20 ou 30 anos atrás era religião confinada sobretudo na Bahia e Pernambuco e outros locais em que se formara, caracterizando-se ainda uma religião exclusiva dos grupos negros descendentes de escravos, começou a mudar nos anos 60 e a partir de então a se espalhar por todos os lugares, como acontecera antes com a umbanda, oferecendo-se então como religião também voltada para segmentos da população de origem não-africana. Assim o candomblé deixou de ser uma religião exclusiva do segmento negro, passando a ser uma religião para todos. Neste período a umbanda já começara a se propagar também para fora do Brasil.

Durante os anos 1960, com a larga migração do Nordeste em busca das grandes cidades industrializadas no Sudeste, o candomblé começou a penetrar o bem estabelecido território da umbanda, e velhos umbandistas começaram e se iniciar no candomblé, muitos deles abandonando os ritos da umbanda para se estabelecer como pais e mães-de-santo das modalidades mais tradicionais de culto aos orixás. Neste movimento, a umbanda é remetida de novo ao candomblé, sua velha e "verdadeira" raiz original, considerada pelos novos seguidores como sendo mais misteriosa, mais forte, mais poderosa que sua moderna e embranquecida descendente, a umbanda.

Nesse período da história brasileira, as velhas tradições até então preservadas na Bahia e outros pontos do País encontraram excelentes condições econômicas para se reproduzirem e se multiplicarem mais ao sul; o alto custo dos ritos deixou de ser um constrangimento que as pudesse conter. E mais, nesse período, importantes movimentos de classe média buscavam por aquilo que poderia ser tomado como as raízes originais da cultura brasileira. Intelectuais, poetas, estudantes, escritores e artistas participaram desta empreitada, que tantas vezes foi bater à porta das velhas casas de candomblé da Bahia. Ir a Salvador para se ter o destino lido nos búzios pelas mães-de-santo tornou-se um must para muitos, uma necessidade que preenchia o vazio aberto por um estilo de vida moderno e secularizado tão enfaticamente constituído com as mudanças sociais que demarcavam o jeito de viver nas cidades industrializadas do Sudeste, estilo de vida já, quem sabe?, eivado de tantas desilusões.

O candomblé encontrou condições sociais, econômicas e culturais muito favoráveis para o seu renascimento num novo território, em que a presença de instituições de origem negra até então pouco contavam. Nos novos terreiros de orixás que foram se criando então, entretanto, podiam ser encontrados pobres de todas as origens étnicas e raciais. Eles se interessaram pelo candomblé. E os terreiros cresceram às centenas.

O termo candomblé designe vários ritos com diferentes ênfases culturais, aos quais os seguidores dão o nome de "nações" (Lima, 1984). Basicamente, as culturas africanas que foram as principais fontes culturais para as atuais "nações" de candomblé vieram da área cultural banto (onde hoje estão os países da Angola, Congo, Gabão, Zaire e Moçambique) e da região sudanesa do Golfo da Guiné, que contribuiu com os iorubás e os ewê-fons, circunscritos principalmente aos atuais território da Nigéria e Benin. Mas estas origens na verdade se interpenetram tanto no Brasil como na origem africana. inicio
Na chamada "nação" queto, na Bahia, predominam os orixás e ritos de iniciação de origem iorubá. Quando se fala em candomblé, geralmente a referência é o candomblé queto e seus antigos terreiros são os mais conhecidos: a Casa Branca do Engenho Velho e duas casas derivadas da Casa Branca, o Axé Opô Afonjá e o Gantois; além do candomblé do Alaketo. O candomblé queto tem tido grande influência sobre outras "nações", que têm incorporado muitas de suas prática rituais. Sua língua ritual deriva do iorubá, mas o significado das palavras e a sintaxe em grande parte se perderam através do tempo. Além do queto, as seguintes "nações" também são do tronco iorubá (ou nagô, como os povos iorubanos são também denominados): efã e ijexá na Bahia, nagô ou eba em Pernambuco, oió-ijexá ou batuque de nação no Rio Grande do Sul, mina-nagô no Maranhão, e a quase extinta "nação" xambá de Alagoas e Pernambuco.

Mais recentemente, quando o candomblé (de origem baiana, nação queto) já se encontrava espalhado por todos os grandes centros urbanos, tendo já, inclusive, iniciado sua propagação por países do Cone Sul e também da Europa, iniciou-se um movimento de recuperação de raízes africanas conhecido como "africanização", que rejeita o sincretismo católico, procura reaprender o iorubá como língua original e tenta reintroduzir ritos que se perderam ao longo do tempo e redescobrir os mitos esquecidos dos orixás.

Fonte, Internet

A "nação" angola, de origem banto, adotou o panteão dos orixás iorubás (embora os chame pelos nomes de seus esquecidos inquices, divindades bantos, assim como incorporou muitas das práticas iniciáticas da nação queto. Sua linguagem ritual, também intraduzível, originou-se predominantemente das línguas quimbundo e quicongo. Nesta "nação", tem fundamental importância o culto dos caboclos, que são espíritos de índios, considerados pelos antigos africanos como sendo os verdadeiros ancestrais brasileiros, portanto os que são dignos de culto no novo território a que foram confinados pela escravidão. O candomblé de caboclo é uma modalidade da nação angola, centrado no culto exclusivo dos antepassados indígenas. Foram provavelmente o candomblé angola e o de caboclo que deram origem à umbanda. Há outras nações menores de origem banto, como a congo e a cambinda, hoje quase inteiramente absorvidas pela nação angola.
Fonte, Internet

A nação jeje-mahin, do estado da Bahia, e a jeje-mina, do Maranhão, derivaram suas tradições e língua ritual do ewê-fon, ou jejes, como já eram chamados pelos nagôs, e suas divindades centrais são os voduns.As tradições rituais jejes As tradições rituais jejes foram muito importantes na formação dos candomblés com predominância iorubá.

A palavra JEJE vem do yorubá adjeje que significa estrangeiro, forasteiro. Portanto, não existe e nunca existiu nenhuma nação Jeje, em termos políticos. O que é chamado de nação Jeje é o candomblé formado pelos povos fons vindo da região de Dahomé e pelos povos mahins. Jeje era o nome dado de forma perjurativa pelos yorubás para as pessoas que habitavam o leste, porque os mahins eram uma tribo do lado leste e Saluvá ou Savalu eram povos do lado sul. O termo Saluvá ou Savalu, na verdade, vem de "Savê" que era o lugar onde se cultuava Nanã. Nanã, uma das origens das quais seria Bariba, uma antiga dinastia originária de um filho de Oduduá, que é o fundador de Savê (tendo neste caso a ver com os povos fons). O Abomei ficava no oeste, enquanto Axantis era a tribo do norte. Todas essas tribos eram de povos Jeje.
REFERÊNCIA: Rubem César Fernandes
Candomblé
por Rubem César Fernandes
Há sacerdotes africanos que vêm ao Brasil aprender sobre a sua própria religião. Este é um fenômeno extraordinário de sobrevivência cultural e de desenvolvimento de tradições massacradas pelo tráfico de escravos. Iorubas, daomeanos, os fanti-ashanti, os bantos, contribuíram de diversas maneiras para a religiosidade afro-brasileira, introduzindo variantes rituais. A corrente Jejê-Nagô, no entanto, constituiu-se como a principal referência estruturante a partir do século XIX. Fenômeno semelhante ocorreu no Caribe, com o Voudou no Haiti ou a Santeria em Cuba. Religiosos destas três regiões - litoral do Brasil, Caribe, África Oriental - constituem um circuito de práticas sagradas comuns que ainda hão de desenvolver as suas relações.

A vitalidade das tradições afro no Brasil evidencia-se por um modo particular de expansão. Não se restringiu à afirmação dos limites de uma identidade étnica. A simbologia negra e a memória africana são fortemente reiteradas, com certeza, e oferecem uma fonte perene de elementos animadores dos movimentos negros. O negro não é, para os fiéis, no entanto, a cor identificadora da essência de sua religião. Oxum é do amarelo ouro, Oxossi do verde das matas, Yemanjá do azul-marinho, Xangô do vermelho e branco, e assim por diante, pelas cores do arco-íris. A ênfase ritual não é posta na história da destribalização, do tráfico, da tremenda travessia oceânica ou da violência desagregadora nos trabalhos escravos.

Os ritos e mitos do Candomblé pouco falam de história. Valorizada, sim, é a presença dos orixás nos espaços sagrados, assim como sua influência nas cabeças e no comportamento das pessoas. O Candomblé dramatiza relações de uma dimensão cósmica, que se passam no tempo mítico, compreensivo da vida como a conhecemos. Esta abertura mítica, combinada à dinâmica sincrética do catolicismo no Brasil, levou a que as verdades do Candomblé fossem percebidas como tais e eventualmente apreciadas por um vasto contingente de brasileiros, fossem eles negros, mulatos ou brancos. O Candomblé sempre foi condenado pela Igreja, mas o ministério clerical nunca teve grande penetração entre a massa dos fiéis. Foi perseguido pelo Estado e com violência ainda no período getulista, mas os policiais que invadiam os terreiros eram, eles próprios, com freqüência, temerosos freqüentadores dos mesmos. A perseguição diminuiu a partir dos anos 50, dando mais liberdade para a multiplicação das casas de culto e para a sua frequentação. Movimentos culturais passaram a enobrecê-lo na literatura, na música, no cinema ou na TV, emprestando-lhe um brilho que é atraente até mesmo para as elites.

Sua influência sobre a Umbanda, movimento novo e expansionista, levou os orixás a serem cultuados em círculos mais amplos, inclusive de classe média. Um levantamento dos anos 80 registrou cerca de 16 mil centros de Umbanda no Rio Grande do Sul, por exemplo, a maioria deles liderada por descendentes dos alemães, italianos, poloneses e de outros imigrantes europeus. Há devotos dos orixás entre japoneses e judeus no Brasil. Casas de Candomblé e Centros de Umbanda proliferam na Argentina por influência brasileira.

A sofisticação estética dos ritos do Candomblé contribui, sem dúvida, para a atração que exerce nas pessoas em geral e, particularmente, nos meios artísticos. As cerimônias abertas de cada casa de culto têm a característica de uma "festa". As divindades que nelas se manifestam não vêm para pregar ou distribuir conselhos. Vêm expressar a sua energia vital, dançando. Fazem isto de modo solene, seguindo uma estrita lógica ritual, comandada pelo som dos atabaques e dos cantos. Vestem-se com pompa e produzem um gestual codificado, identificador de cada orixá. As festas terminam, invariavelmente, com um jantar aberto ao público, feito de comidas sagradas, relativas ao evento da noite.

As Casas de Candomblé desenvolvem uma intensa e constante atividade de manutenção das relações entre o sagrado e o profano. O espaço é cuidadosamente subdividido, com o barracão para as festas públicas, a camarinha, para os iniciados, o peji, de acesso restrito e onde ficam os objetos sagrados, as casas de cada orixá, de frequentação especificada, as plantas sagradas, a sala de recepção para os fiéis etc., compondo uma arquitetura tão complexa quanto a hierarquia do culto.

As obrigações para cada orixá, as iniciações, o atendimento individualizado do público, as adivinhações, a leitura dos búzios, uma variedade de ritos particulares, a difícil harmonização dos distintos poderes que constituem uma Casa de Candomblé, o relacionamento com a sociedade exterior, tudo isto deve ser cuidado no detalhe, segundo uma estética ritual meticulosa. A autoridade de uma Ialorixá (mãe de santo) ou de um Babalorixá (pai de santo) está vinculada, justamente, ao seu domínio sobre todas estas matérias. O conhecimento sobre como fazer, as justificativas para cada gesto nas tradições, compõem o vasto acervo simbólico personalizado na figura da mãe ou do pai de santo.
Babalorixá Pai Cido de Osum Eyn
O candomblé é uma religião que teve origem na cidade de Ifé, na África, (ver mapa) e foi trazida para o Brasil pelos negros iorubás. Seus deuses são os Orixás, dos quais somente 16 são cultuados no nosso país. Essú, Ògún, Osossi, Osanyin, Obalúayé, Òsùmàré, Nàná Buruku, Sàngó, Oya, Obá, Ewa, Osun, Yemanjá, LogunEde, Oságuian e Osàlufan.
O Pai ou a Mãe de Santo é a autoridade máxima dentro do candomblé. Eles são escolhidos pelos próprios Orixás para que os cultuem na terra. Os Orixás os induzem a isto, fazem com que as pessoas por eles escolhidas sejam naturalmente levadas à religião, até que assumem o cargo para o qual estão destinadas. Uma pessoa não pode optar se quer ou não ser um Pai ou Mãe de Santo se não acontecer durante sua vida fatos que a levem a isto.
São pessoas que de alguma forma são iluminadas pelos Orixás para que cumpram seu destino.
Os Pais de Santo, normalmente, são donos de uma roça, ou seja, um lugar onde estão plantados todos os axés e no qual os Orixás são cultuados. Dentro da roça existe o barracão (assim denominado por causa dos negros que antigamente moravam em barracões), que é o lugar em que são feitos os grandes assentamentos (oferendas) para os deuses.

Hierarquicamente, existe, ainda, na roça um pai pequeno ou mãe pequena, que é o braço direito do Pai de Santo e é normalmente um filho ou filha da casa. Depois vem as Ekedes, são mulheres também escolhidas pelos Orixás para cuidar deles e ajudá-los. Embora sejam consideradas autoridades dentro da roça, não podem ser Mães de Santo, visto que sua função já foi determinada e não há como mudar.

A seguir vem os Ogans, que tocam os atabaques e ajudam o Pai de Santo nos fundamentos da casa; a Ya Bace, que toma conta da cozinha, isto é, de todas as comidas dos Santos; a Ya Efun, dona do efun (pemba), e que está encarregada de pintar os Yaôs (iniciantes que estão recolhidos para fazer o Orixá); e finalmente os filhos de Santos, que são as pessoas que "rasparam o Santo", ou melhor, rasoaram a cabeça para um Santo a pedido deste.
Às vezes o Santo, ou Orixá, incorpora em determinadas pessoas, mas não há necessidade que haja esta "incorporação"para que uma pessoa raspe o Santo. Se a pessoa deve ou não raspar o Santo só pode se sabido com certeza através do jogo de búzios do Pai ou Mãe de Santo que, diga-se de passagem, são os únicos que podem jogar búzios.
O candomblé é uma religião com uma vasta cultura e rica em preceitos. São pouquíssimas as pessoas que realmente a conhecem a fundo. É necessário muita dedicação e anos de estudo para se chegar a um conhecimento profundo da seita. Seus preceitos são todos fundamentos e qualquer um pode se dedicar ao seu estudo e desfrutar seus benefícios. Existe muita energia positiva no candomblé, e o seu culto pode trazer paz e felicidade.
Origem do Candomblé: Ifé

A antiga cidade de Ifé, ao sudoeste da atual Nigéria, deslumbrava desde o começo do século como a capital religiosa e artística do território que cobria uma parte central da antiga República do Daomé. É a fonte mística do poder e da legitimidade, o berço da consagração espiritual, e para onde voltaram os restos mortais e as insígnias de todos os reis iorubás. A civilização de Ifé, ainda hoje, é pouco conhecida e apresenta uma criação artística variada do realismo, enquanto que a maioria da arte africana é abstrata. O material empregado na arte de Ifé espanta e abisma qualquer historiador, incluindo os próprios africanistas. Ao lado das esculturas em pedra e terracota (argila modelada e cozida ao fogo) tradicionais na África, estão as esculturas em bronze e artefatos em pérola. Uma das artes mais conhecidas é a de Lajuwa, que segundo o povo de Ifé permaceu no palácio real, mostrando os vestígios em terracota, antes de ter sido redescoberta.

Lajuwa foi o camareiro de Oni (soberano do reino de Ifé ou Aquele que possui). A atribuição dessa terracota a Lajuwa não é estabelecida de maneira segura, entretanto a escultura foi preservada e conservou uma superfície lisa, ainda que o nariz tenha sido quebrado.

A maior parte das descobertas das obras foi feita nos BOSQUETES SAGRADOS: vastas extensões de terras situadas no coração da savana. Cada uma destas descobertas é consagrada a esta ou aquela divindade, entre elas:

- BOSQUETE SAGRADO DE OLOKUM:
cobre uma superfície de 250 ha, ao norte da saída da cidade de Ifé. É dedicado a OLOKUM, divindade do mar e da riqueza.

- BOSQUETE SAGRADO D'IWINRIN:
encerra numeroso tesouro artístico, testemunhado, na maior parte, uma arte extremamente realista e refianada. Uma delas é de um personagem com 1,60 m de altura, sentado num banco redondo, esculpido em quartzo e provido com um braço curvado para dentro em forma de anél. Apóia o braço em um tamborete retangular com quatro pés, sendo adeado por dois outros de igual tamanho natural, um dos quais tem na mão a extremida de de uma vestimenta cortada.
Supõe-se que o artista tenha manuseado a argila crua em separado. Depois de concluído foi seca ao sol e cozida numa imensa fogueira ao ar livre, obtendo uma terracota de cor uniforme.

- BOSQUETE SAGRADO OSON-GONGON: os arqueólogos descobriram uma variedade de esculturas de argila cozida e a maior parte de uma mesa micácea. Entre elas está a cabeça da própria OSON-GONGON, porém menos refinada do que a de LAJUWA. Ao lado desta escultura, há numero sas outras representando persona-gens com deformações físicas, uma delas com elefantíase nos testículos (doença ligada intimamente ao espírito dos negros e à impotência sexual), objeto de tratamento com rituais especiais. Nos funerais, a liturgia era feita por um sacerdote da antiga sociedade ORO, tida aos "ocidentalizados" como formas mostruosas. O principal achado é o vaso do ritual destes funerais, decorado em relevo. Revela certos ritos e insígnias religiosas de Ifé. Vêem-se com os efeitos: Edans (bastões de bronze, utilizados pelos membros da Sociedade OGBONIS na cerimônia secreta), um bastão de ritual com uma espécie de espiral saliente em ambos os lados, um tambor, um objeto com dois crânios na base, um machado e dois presonagens sem cabeças.

BOSQUETE SAGRADO DE ORE: possue abundantes esculturas de homens e animais. O grupo principal é constituído de duas estátuas humanas, a maior é cha-manda IDENA, o porteiro.
IDENA usa um colar de pérolas (contas), diferente dos demais usados em estátuas de terracota. Na cintura ostenta um laço e tem as mãos entrelaçadas. A cabeleira não é esculpida, mas representada por pregos de ferro fincados, como acontece na srte de Ifé.

BOSQUETE SAGRADO DE ORODI: encontra-se nele uma estátua de pedra com a cabeça e o corpo enfeitados com pregos, similares aos que ornam Idena. Tem na mão direita uma espada e na esquerda um abano. Está situada em Enshure, província de Ado Ekiti.
Criação do reino de Ifé

O grande Deus Olodumaré enviou Oxalufã (Orixá) para que criasse o mundo. A ele foi confiado um saco de areia, uma galinha com 5 dedos e um camaleão. A areia deveria ser jogada no oceano e a galinha posta em cima para que ciscasse e fizesse aparecer a terra. Por último, colo-caria o camaleão para saber se es-tava firme.Oxalufã foi avisado para fazer uma oferenda ao Orixá Exu antes de sair para cumprir sua missão. Por ser um Orixá funfun, Oxalufã se achava acima de todos e, sendo assim, negligenciou a oferenda. Exu des-contente, resolveu vingar-se de Oxalufã, fazendo-o sentir muita sede. Não tendo outra alternativa, Oxalufã furou com o seu apaasoro o tronco de uma palmeira. Um lí-quido refrescante dela escorreu, era o vinho de palma. Ele saciou sua sede, embriagou-se e acabou dormindo.

OLODUMARÉ, vendo que Oxalufã não cumpriu sua tarefa, enviou Odùdùwa para verificar o ocorrido. Ao retornar e avisar que Oxalufã estava embriagado, Odùdùwa recebeu o direito de vir e criar o mundo.
Após Odùdùwa cumprir sua tarefa, os outros deuses vêm se reunir a ele, descendo dos céus graças a uma corrente que ainda se podia ver, segundo a tradição, no BOSQUE DE OLOSE, até há alguns anos. Apesar do erro cometido, uma nova chance foi dada a Oxalufã: a honra de criar os homens. Entretanto, incorrigível, embriagou-se novamente e começou a fabricar anões, corcundas, albinos e toda espécie de monstros.
Odùdùwa interveio novamente, anulou os monstros gerados por Oxalufã e criou os homens bonitos, sãos e vigorosos, que foram insufla dos com a vida por OLODUMARÉ. Esta situação provocou uma guerra entre Odùdùwa e Oxalufã. O último foi derrotado e então ODÙDÙWA tornou-se o primeiro ONI (rei) de Ifé. Distribuiu seus filhos e os enviou para
criar novos e vários reinos fora de Ife Mais tarde os Orixás retornaram a Orum, deixando na terra seus conhecimentos e como deveriam ser cultuados seus toques, comidas e costumes, para que fossem cultuados pelos seus descendentes. Então o ser humano começou a fazer pedidos aos Orixás e para que cada pedido fosse atendido eles ofereciam comida em troca. Ao contrário do que se pensa, nem todos os pedidos são atendidos, embora os Orixás sempre aceitem as oferendas. Quando um Orixá recebe um pedido, ele o leva a Olodumaré e este decide se o pedido vai ou não
ser atendido. Este julgamento vai ser baseado no merecimento da pessoa que fez o pedido.
O povo continua fazendo oferen das aos Orixás até hoje, pois os Orixás procuram sempre fazer o melhor para as pessoas. O círculo dos deuses é constituído segundo o número 16, número sagrado no candomblé. Ele se en-
contra em toda parte: no número de búzios, no número de chamas da lâmpada dos sacrifícios, na numeração dos membros físicoa e psíquicos, quer dizer, das forças e das partes que possui o homem na organização hierárquica.