Sou Bàbá Kytalamy, Afro - Religioso da Nação Vodun Jeje ( Tambor de Mina) Filho do Grandioso João de Guapindaia ( Afro - Religioso, Folclorista) Neto de Manoel Colaço, Filho de Oxóssy com Iansã ( Toy Vondereji com Fina Jóia). Tenho 26 anos de Santo, defensor da Liberdade de Cultos, luta contra intolerância de uma sociedade que não conhece suas raízes afro. Também sou Mestre em Cultura Popular ( Pássaro Junino - Reconhecido pelo Minc)
segunda-feira, 3 de janeiro de 2011
Diversidade cultural na posse de Dilma Rousseff
Sol e chuva, calor e frio se alternavam em Brasília, mas a alegria e a emoção dos visitantes do Arena Brasil permanecia inabalável na Esplanada dos Ministérios. Cerca de 30 mil pessoas circularam pela manhã e pela tarde no espaço idealizado pela Fundação Cultural Palmares, em parceria com o Ministério da Cultura, para celebrar a posse da Presidenta da República, Dilma Rousseff.
Constituída de quatro tendas, representando as quatro macrorregiões brasileiras, a primeira edição do Arena Brasil reuniu artesanato, música e dança de todos os cantos do País - aliás, pessoas de todos os cantos do País. Braz Augusto de Menezes, por exemplo, veio de Barretos, São Paulo, para conferir a festa cívico-cultural. Enquanto não acontecia a passagem da faixa, o paulista curtia as apresentações musicais. "Está sendo uma festa maravilhosa, que faz jus à grandiosidade do momento", disse.
Já o vendedor ambulante Raimundo João, com seus dois nomes próprios, seus olhos azuis e seus 73 anos, veio da Paraíba há 33 anos e não voltou mais. No Arena Brasil, vendia bandeiras e faixas em homenagem à Presidenta, mas disse que viria de qualquer maneira, afinal, "é um momento muito importante, né?".
O presidente da Fundação Cultural Palmares, Zulu Araújo, também participou das comemorações e fez questão de transitar por todas as tendas, conferindo as apresentações do dia. "Hoje é dia de celebração da diversidade cultural e de gênero, além, evidentemente, da cultura afro-brasileira", ressaltou.
SUDESTE - Mesmo com toda a diversidade, o Brasil, com suas dimensões continentais, consegue apresentar semelhanças, como explica a artesã Onilde Conrada, da tenda Sudeste: "O artesanato é muito parecido em todas as regiões do País. O que muda, muitas vezes, é o material". Sua parceira de vendas, Maria Joana, acrescenta: "Todas as regiões têm algo em comum, estão interligadas". Os ritmos são muitos e o País é plural, de modo que já não dá pra dizer o que é de onde.
O rap, por exemplo, com sua batida marcada e suas rimas enérgicas, característico de São Paulo e do Rio de Janeiro, foi apresentado pelo grupo Brô MC's, da reserva indígena Jaguapiru, de Mato Grosso do Sul. O Arena Brasil prova que, de uma ponta a outra, o que interliga os Brasis é a arte e suas muitas manifestações.
NORTE - Reconhecida internacionalmente pela Amazônia, a região Norte chamou a atenção no Arena Brasil pela alegria de sua plateia. As cores dos figurinos, as grandes saias rodadas e os ritmos marcados podiam ser vistos e ouvidos de longe. Representantes da tribo indígena Tuxauas, da reserva Raposa Serra do Sol, de Roraima, apresentaram danças tradicionais Macuxi. "É muito bom estar aqui hoje, valorizar a nossa cultura e tudo que nosso povo sabe", disse Mestre Jaci, após sua apresentação.
SUL - Roupas, acessórios e maquiagem que lembram países europeus, mas que são bem brasileiros. Só pode ser a região Sul, que trouxe para Brasília o grupo folclórico Ucraniano-Brasileiro Vesselka e seu lúdico balé, que deixou muito brasiliense confuso. "Entrei aqui e falei: daonde é isso" Lembrei que a Região Sul é quase um País diferente, mas gostei de ver, é muito curioso", disse Regina Magalhães, nascida em Brasília, e que nunca visitou a região, mas, depois da apresentação, tem ainda mais vontade de conhecer. É o Arena Brasil apresentando o Brasil aos brasileiros.
NORDESTE - Forró, frevo e quadrilha: a animação da região Nordeste transbordava de sua tenda, colocando até o presidente Zulu Araújo para dançar. O diretor da Palmares, Elísio Lopes Jr, também não foi poupado, sendo puxado pela própria apresentadora das atrações do espaço. Casais se formavam a cada minuto, e quem entrava na tenda automaticamente começava a "balançar o esqueleto".
"O Brasil inteiro está na Esplanada hoje. Me sinto de volta à minha terra", afirmou o pernambucano João Guimarães, enquanto simulava dançar forró sozinho assim que entrou na tenda, demonstrando que diminuir a saudade da terra natal é um dos resultados do Projeto Arena Brasil.
INFANTIL - Mas os pequenos não poderiam ficar de fora da festa e contaram com uma programação toda especial. A apresentação dos bonecos do Mamulengo sem Fronteiras hipnotizou crianças e adultos, que depois dançaram e cantaram com bonecos gigantes e os pernas de pau do grupo Mamãe Taguá - ambos do Distrito Federal. Tímidas no começo, as crianças participaram das brincadeiras propostas e se encantaram com as histórias, as máscaras e os figurinos caprichados. Ana Luiza Batista, mãe de Jéssica, de 7 anos, ficou satisfeita com a programação infantil: "São histórias e brincadeiras nossas, brasileiras, que valorizam nosso povo. Nossas crianças precisam ter mais acesso a isso".
CIRANDA - Parecia uma grande brincadeira de criança, mas era a prova concreta da união do nosso povo. A consagrada cantora Lia de Itamaracá puxou uma ciranda que reuniu artistas do bumba-meu-boi, passando pelo frevo, até o samba pisado. Cirandas dentro de cirandas. Brasileiros de todas as regiões do País cantavam e dançavam de mãos dadas, unidos em suas diferenças, como apenas o Brasil sabe ser.
Bandeiras, cores, bonecos, pernas de pau, índios, brancos, negros... O Brasil dançou uma grande ciranda no centro da Arena Brasil. "Minha ciranda não é minha, é de todos nós", cantava Lia de Itamaracá, que ouvia de volta: "é de todos nós", enquanto os pés marcavam a batida dos tambores.
Após duas animadas cirandas, eis que surge a mais brasileira das canções: o Hino Nacional, interpretado também como ciranda. As mãos dadas, os passos marcados, sorrisos largos e a multidão cantando em uníssono. Haja cores, culturas, misturas. No primeiro dia do ano, no dia da posse da primeira Presidenta da República, nada mais justo que celebrar a cultura plural deste povo trabalhador, alegre e criativo.
E viva o povo brasileiro!
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