quarta-feira, 21 de julho de 2010

A ponte entre o Orum e o Aiyê



Reza uma história africana, originária de Ketu, que no início de tudo havia o Orum, o espaço infinito, e lá vivia o deus supremo Olorum. Certo dia, Olorum criou uma imensa massa de água, de onde nasceu o primeiro orixá: Oxalá, o único capaz de dar vida. Olorum mandou Oxalá partir e criar o aiyê, o mundo. Só que Oxalá não fez as oferendas necessárias para a viagem e enfrentou sérios problemas no caminho.

Quem acabou criando o mundo foi Odudua, sua porção feminina. Para consolar Oxalá, o deus supremo lhe deu outra missão: a de inventar os seres que habitariam o aiyê. Assim Oxalá usou a água branca e a lama marrom para criar peixes azuis, árvores verdes e homens de todas as cores. Foram justamente os homens que, mais tarde, imaginaram formas de adorar e representar a saga de deuses como Oxalá, Odudua, Olorum e tantos outros.

100 Anos do Ilê Axé Opô Afonjá, um dos mais tradicionais terreiros de candomblé do país

Um século de força, afirmação de identidade e resistência negras
“Todos os que passam do portão do terreiro para dentro são considerados por Xangô, seus filhos”. Com esta frase a professora Vanda Machado, egbomi do terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, explica aos convidados com simpatia o acolhimento que terão dentro de um
dos mais tradicionais terreiros de candomblé da Bahia. E deixa antever princípios filosóficos de uma cultura de matriz africana ancestral.

Na tradução do iorubá – língua falada pelos negros nagôs - para o português, o nome do terreiro significa “Casa de Força Sustentada por Xangô”. Foi em referência a este Orixá que a criadora do Axé, dona Eugenia Anna dos Santos, a famosa Mãe Aninha, fundou o terreiro no ano de 1910. Mãe Aninha dizia sonhar ver os filhos do Axé “de anel de doutor nos dedos e prostrados aos pés de Xangô”. Passados cem anos, e sob a direção de Mãe Stella de Oxossi, a atual sacerdotisa que dirige toda a comunidade religiosa situada no bairro de São Gonçalo do Retiro, em Salvador, o Opô Afonjá, além de espaço de culto ao sagrado, é sinônimo do “axé” (força), de resistência cultural e local de afirmação das identidades negras.

Ocupando uma área com cerca de 39.000 m2, o terreiro abriga ainda a Escola Municipal Eugênia Anna dos Santos, reconhecida pelo MEC como instituição modelo no que se refere àquilo que a lei 10639/2003 advoga: que as escolas do país devotem tempo e atenção à história e a força das culturas negras. Estas tão bem representadas por personagens como mãe Aninha e Mãe Stella, mas também por outras sacerdotisas que ocuparam o posto máximo daquela Casa, tais como Mãe Badá, Mãe Ondina, Mãe Senhora. E tantas outras que, neste território de dimensões continentais, vem acolhendo em seus “axés” aqueles que buscam proteção, força vital, esperanças, troca comunitária e felicidade na religião dos Orixás.

É bem verdade que as ações, a coragem, a determinação e a luta destas mulheres negras valorosas ainda fazem parte da história não-oficial do país. Mas é incontestável também as possibilidades de reconhecimento pelos jovens e crianças de nossas escolas do quão interessantes e exemplares são estas – e tantas outras – personalidades negras. Muitos vem lutando para que este seja um dos frutos a serem colhidos através da obrigatoriedade da lei que passou a regular, em 2003, as práticas educacionais em nossas escolas na direção da Igualdade Racial. Para além dela (e fortalecendo-a) temos ainda, o recém aprovado Estatuto da Igualdade Racial – com artigos garantidores não apenas dos avanços na área educacional, mas também dos direitos das comunidades-terreiros. São avanços que podem contribuir efetivamente para que todos que protagonizaram a história do Ilê Opô Afonjá integrem-se já neste século XXI e nos vindouros, às páginas que registram a História Oficial da Nação Brasileira.

Veja e as “ditaduras africanas”

Na edição de 14 de julho em reportagem sobre a recente viagem do Presidente Lula a África, a revista “Veja” assume de forma clara o papel de cão de guarda dos EUA no que considera “reserva territorial” americana, a África.

O preconceito racista escravocrata contra países pobres do continente negro que, generalizando, chama de “ditaduras” é evidente. “Veja” ainda demonstra contrariedade com a objetividade e eficiência da diplomacia brasileira. Contra uma política externa independente, cujo “mérito dos fins diplomáticos” tem sido oposto à política de big stick americana, mas que não impediu que o Presidente Barak Obama dissesse que o Presidente Lula é “o Cara”, para desventura de “Veja”.

As “ditaduras africanas” das quais “Veja” “acusa” o Presidente Lula de ser amigo são todos os países com os quais, segundo ela, só os EUA podem se relacionar e manter como mercados cativos para suas multinacionais sugarem riquezas como petróleo e diamantes. E além disso, obter lucros adicionais exorbitantes com a venda de produtos industrializados, sobretudo armas. Enquanto a África continua abandonada padecendo da miséria, da fome e de doenças do subdesenvolvimento, escravizada pela política predatória dos monopólios.

Os EUA mantêm inúmeras bases militares em vários países africanos e um comando militar especial no oeste da África. Base de apoio que utiliza para trafegar soldados e armas de um a outro país com o objetivo de garantir seus interesses econômicos e políticos nas guerras tribais. Guerras que fomentam através de ONGs, “missões humanitárias” e “religiosas” que espalham por todo o continente.

Não há nada que determine que a África seja propriedade privada dos EUA e que o Brasil não tenha que cultivar e desenvolver relações políticas e econômicas autônomas com os africanos, como aliás, muito justamente tem sido feito desde que Lula assumiu a presidência.

Em respeito e em reconhecimento à África, em defesa dos interesses do Brasil, Lula tem se empenhado em que o país seja, cada vez mais, amigo e parceiro das nações africanas e, nesse sentido, desde 2003 visitou quase todos os países do continente. África do Sul, Angola, Cabo Verde, Moçambique, Nigéria, Argélia, Burkina Faso, Congo, Benin, Botsuana, São Tomé e Príncipe, Namíbia, Egito, Líbia, Gabão, Camarões, Gana, Guiné Bissau, Senegal, Quênia, Guiné Equatorial, Tanzânia, Zâmbia são alguns deles.

Com todos esses países, graças à ação irretocável, firme e serena do Chanceler Celso Amorim - que não se indispôs com os EUA mas também não considerou a África “reserva de mercado” dos EUA - o Brasil foi até lá, ampliou a amizade, a cooperação bilateral em vários e diferentes níveis, estimulou as políticas de paz e o comercio internacional ampliando a pauta das exportações brasileiras.

Inconformada com a força moral do governo Lula e com o respeito e a credibilidade que o Brasil tem merecido do conjunto das nações, “Veja” evoca bandidos guzano-cubanos financiados pela CIA para fazer greve de fome e gerar factoides no “palco da globalização” para alimentar a cruzada que os monopólios de mídia realizam contra Cuba há 50 anos e, de tabela, atacar Lula e o Brasil. A revistinha não admite que a diplomacia brasileira não se submeta à farsa que ela repercute.

Seria imoral atender os latidos de “Veja”, e desconsiderar os interesses do Brasil. Já passou o tempo em que um FHC submisso diante dos interesses imperialistas e arrogante diante dos mais fracos e mais pobres envergonhava o Brasil. Tempos ruins a que hoje “Veja” e seu candidato Serra – que há poucos dias atacou a Bolívia e o MERCOSUL - tentam retroceder inutilmente. “Veja” está contra o Brasil. Mas, o que é bom para “Veja” não é bom para o Brasil.

Lula: “não sou homem de duas caras, Dilma é minha candidata”

Multidão parou o Centro do Rio para ouvir Lula, Dilma e Cabral. Presidente repele tentativa de calá-lo


O presidente Lula denunciou para os milhares de participantes do comício da Dilma e Sérgio Cabral, realizado na Cinelândia, no Centro do Rio, na última sexta-feira, que os adversários querem que ele finja não conhecer a sua ex-ministra da Casa Civil e coordenadora dos principais programas do governo federal. “Há uma premeditação de me tirarem da campanha política para não permitir que eu ajude a companheira Dilma a ser a presidente da República desse país”, afirmou o presidente.

“Na verdade o que eles querem é me inibir para eu fingir que não conheço a Dilma. É como se eu pudesse passar perto dela... tem uma procuradora qualquer aí... eles querem é me inibir, para eu fingir que não conheço a Dilma, para que eu passe por ela e vire o rosto. Mas não sou homem de duas caras. Ela é a minha candidata. Vou dizer que a minha companheira Dilma, que foi chefe da Casa Civil, está preparada para ocupar a Presidência da República desse país”, destacou, enquanto apertava fortemente as mãos da candidata.

O recado do presidente, de que ninguém vai calá-lo nesta campanha, foi uma resposta às declarações absurdas feitas por uma vice do Ministério Público que deveria cumprir sua obrigação e garantir a lisura do pleito, mas, ao contrário disso, tenta impedir o presidente de externar suas opiniões políticas.

A vice-procuradora-geral eleitoral, Sandra Cureau, pediu as fitas do ato de lançamento do edital do trem bala, ocorrido há alguns dias, em Brasília, porque Lula teria feito na ocasião referência ao papel de Dilma, quando ela esteve na Casa Civil, para garantir o sucesso do projeto.

Além disso, a vice-procuradora fez o comentário de que “o PSDB tem demonstrado mais zelo e respeito à Lei Eleitoral do que o PT”. Com essa visão superimparcial, não é de estranhar que muitas violações dos tucanos contra a Lei tenham passadas “despercebidas” pela procuradora. Além do mais, ela não tem que comentar nada. Tem que fiscalizar. Não satisfeita, ela disse que o presidente Lula não consegue “ficar de boca calada”. A mesma procuradora que diz essas coisas sobre o presidente, finge não ver Serra participando ilegalmente de programas de outros partidos que não o seu, além dos elogios do governador de São Paulo, Alberto Goldman, feitos em solenidades oficiais, ao candidato tucano. “São dois pesos e duas medidas”, denunciou Dilma.

Mas, apesar das tentativas de tirá-lo da campanha, Lula deixou claro para todo o povo brasileiro no comício que não vai ficar calado. Ele vai mesmo é para as ruas, fazer a campanha de Dilma. Debaixo de chuva, e sem que o povo arredasse o pé da praça, Lula prosseguiu: “Ao indicá-la para ser a futura presidente, estou indicando uma pessoa que eu colocaria minhas duas mãos no fogo, a minha alma em jogo”. “Sei da competência e da honestidade, do compromisso e do sofrimento dela. Esta mulher com cara de anjo já foi torturada e tomou choque elétrico. Mas ela não guarda mágoa. Ela não quer viver o passado. Ela quer construir o futuro do Brasil”, prosseguiu Lula, arrancando aplausos da multidão.

A gigantesca caminhada da Candelária à Cinelândia organizada pela coligação “Para o Brasil Seguir Mudando” reuniu as principais lideranças políticas do estado e agitou o centro do Rio. Para os organizadores, cerca de 40 mil pessoas participaram da marcha pelo Centro da cidade, região que foi palco de grandes manifestações pelas Diretas Já, em 1984.

No comício, na Cinelândia, Lula afirmou que a sua amizade por Dilma é recente. “Vou dizer do fundo da minha alma: não tinha amizade por essa mulher até pouco tempo antes de entrar na Presidência”. “Ela ganhou a minha confiança. Ao indicar a Dilma é como se eu colocasse as minhas duas mãos no fogo”, disse o presidente. “Dilminha”, falou o presidente, dirigindo-se à candidata, “eu tenho a convicção de que o Brasil precisa de você e que você pode ajudar o Brasil”. “Olé, olé, olá...Dilma, Dilma!”, gritavam os presentes.

Quando a chuva apertou, Lula disse que não era o mau tempo que o impediria de pedir votos para Dilma Rousseff e o candidato ao governo estadual, Sérgio Cabral. “Eu acho que a primeira vez a gente nunca esquece e essa é a primeira vez que a gente vem fazer a campanha da Dilma e do Sérgio Cabral no Rio e não há chuva que me tirasse de estar aqui nessa praça para poder conversar com vocês”, afirmou. “Certamente sairei daqui tão molhado como vocês. Mas, sairei convencido de que me dirigi a uma parte do povo brasileiro para que a gente não permita que nenhum retrocesso aconteça nos próximos anos”, afirmou Lula, sob intensos aplausos da população presente.

O governador do Rio, Sérgio Cabral, agradeceu a todos e fez uma conclamação. “Por isso, Dilma, nós vamos continuar juntos, avançando, fazendo do Brasil um país mais justo, fazendo do Rio de Janeiro um estado mais justo”.

Participaram do comício, além do presidente Lula e da candidata Dilma Rousseff, o candidato a vice, deputado Michel Temer (PMDB), o governador e candidato a reeleição, Sérgio Cabral (PMDB), o ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT), o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), o ex-prefeito de Nova Iguaçu, e candidato ao Senado, Lindberg Farias (PT), além de centenas de lideranças políticas, prefeitos do interior do estado, parlamentares e candidatos de todos os partidos que compõem a coligação.

Comenta-se que os repórteres da “Folha de S. Paulo” que foram designados para cobrir o comício no Rio de Janeiro devem ter se perdido e não conseguiram chegar à tempo na Cinelândia. Não sabiam que o melhor caminho para o centro da cidade é descer no Aeroporto Santos Dumont e não no Galeão. Resultado: pegaram a Linha Vermelha e devem ter sido parados nas blitz de bafômetro que vêm sendo feitas por lá. Demoraram para convencer os policiais que não estavam bêbados. Aí, chegaram atrasados. Só viram mil pessoas na Cinelândia. A “Folha”, que não conhece bem o Rio, acreditou nos retardatários e repetiu a barriga, na capa e em outras duas matérias internas. O Frias não teve tempo de checar as informações. Devia estar ocupado, fabricando números para mais uma pesquisa de seu instituto, o DataFolha.

para ver diferente as 43 ilhas de Belém na paisagem cultural do Pará

Ilhas tapuias

Um olhar antropoético da cidade morena de frente para o Rio Mar dirá que a velha “Cidade do Pará” cresceu de costas para o rio que a pariu e que, na Amazônia, o estado precedeu a sociedade. Ou não... Caso a democracia dos trabalhadores, levada às últimas consequências, venha a revogar completamente a jurisprudência caduca de Ginés Sepúlveda contra o indianismo de Las Casas, a célebre polêmica da corte de Valladolid, para no século XXI dar espaço ao índio e ao negro na República Federativa do Brasil onde deveriam estar desde as origens: assim, o direito territorial fundamental do bravo Povo Brasileiro há de estar mais seguro do que nunca no país do Futuro.

A história da Amazônia, então, começaria muito mais cedo nos compêndios escolares do que pinta a medo a teoria do segredo, na historiografia colonial luso-brasileira oficial; e a pré-história recuará para além do ano 400 da era cristã até 10 mil anos a.C., tal qual como a ciência do Homem amazônico informa nos círculos acadêmicos, a ser, enfim, popularizada e divulgada mundo afora.

Coincidência formidável: no velho mundo a civilização greco-romana entrava em declínio quando ao mesmo tempo, no Novo Mundo, foz do Amazonas; a civilização neotropical nascia na Ilha do Marajó sob alvoradas majestosas desde o fundo imaginário do rio Aracy, Ilha do Sol, Baía do Sol e as luzes aquáticas de Icoaracy, donde mais tarde o andejo guerreiro Tupinambá chegaria para contemplar à distância o mítico “Araquiçaua” como um chamado da utopia selvagem a incitar a travessia do grande mar de água doce, como um destino imperioso e inevitável coroado por ritos antropofágicos... Cadê o cinema nacional que anda cego (que nem no “Sermão aos Peixes” do padre Antônio Vieira) para este feito épico desconhecido?

A sociedade amazônica original terá começado, então, antes do estado-colônia com a primeira cultura complexa na ilha do Marajó, obra da necessidade e do acaso por mãos anônimas de pescadores de gapuia. A partir do primeiro teso (aterro artificial) da célebre Cultura Marajoara, há mais de mil anos antes da primeira viagem de Cristóvão Colombo a América.

Também no Ver O Peso a academia do peixe frito a dissertar acerca do folclore de São Benedito da Praia poderá, eventualmente, cogitar sobre a viagem do rei do Mali, Mansa Mussa, o qual em 1324 peregrinou a Meca e fez estada no Egito onde chegou com 60 mil carregadores levando cada um três quilos de ouro, ou seja, 180 toneladas. Uma verdadeira inflação na corte dos faraós. Vem daí o relato sobre expedição de seu predecessor Abu Bakar II, que teria entrado ao mar com dois mil caiaques decidido a encontrar um caminho marítimo para Meca. A flotilha saiu de porto do Senegal e nunca mais houve notícia dela... Acredita-se que o rei negro foi arrastado pela corrente equatorial marítima e, acidentalmente, atravessou o Oceano. Existem versões árabes de que o imperador mandinga teria chegado ao continente americano mais de um século e meio antes de Colombo.

Consta que duzentos dos remadores que exploravam o caminho para o rei chegaram à foz do Amazonas e foram tragados pela Pororoca. Exceto dois deles que conseguiram retornar e avisar o rei, tendo este prosseguido com a flotilha e passado pelas bocas do Drago (delta do Orenoco) levado pela corrente das Guianas até girar para as Antilhas. Mais tarde, marinheiros de Colombo teriam se admirado da existência de estranhos “índios negros” no Haiti usando lanças com ponta de cobre...

Claro, só se ama o que se conhece. Os brasileiros devem conhecer mais a Amazônia que lhes pertence e amazonizar o Brasil do porvir. No ano de 1494, em Tordesilhas, os reis de Espanha e Portugal brigavam pela partilha do mundo achado e por achar... Sem saber eles estavam afetando o destino de muitos povos distantes e a desatar a brutal corrida de destruição das Índias. A famosa “linha”, de polo a polo no mapa-múndi cortaria o Brasil numa nesga de terra costeira passando ao sul sobre Laguna (SC) e ao norte sobre Belém (PA). Portanto, a grande boca do Rio Mar de água doce se repartia em duas bandas: pelo acordo ibérico a margem direita do Pará a Portugal até o Mar-Oceano; pelo lado do arquipélago do Marajó para oeste até o Peru era tudo patrimônio dos Reis Católicos, por homologação de bula do papa Alexandre VI (Rodrigo Bórgia)... Não combinaram com os índios do Pará e a história acabou sendo outra, como agora se sabe.

Pois bem, do Ver O Peso quem souber ver com os olhos da história compreenderá que não foi pouco o feito daqueles mamelucos do Nordeste à frente da massagada tupinambá de arco e remo a levar milites portugueses mato adentro à conquista das Amazonas... Que resistência invencível aquelas ilhas que aparecem ao fundo da baia ofereceram ao passo audaz do conquistador! Quem sabe agora, pelos bares e lares da cidade, a ouvir a Voz do Brasil com os acordes de o “Guarani” desperte nesta gente curiosidade em saber a velha história da pátria diante da pressa do asfalto e a surdez dos arranha-céus?

José Saramago teve razão ao dizer que é o presente que explica o passado e não o contrário. O historiador José Honório Rodrigues, mais ainda, na “Teoria da História do Brasil”, ao defender o olhar das gerações presentes como marco que esclarece – com o progresso da Ciência – o obscuro fato histórico esquecido e velado pelo manto do tempo.