segunda-feira, 21 de junho de 2010

Ana Júlia recebe apoio do PDT à reeleição

A governadora do Pará, Ana Júlia Cerepa (PT) recebeu o apoio do PDT à sua reeleição. A governadora agora conta com o apoio de nove partidos: PDT, PR, PP, PV, PSB, PC do B, PRB, PSC e PHS. Segundo o secretário executivo da campanha do PT no Estado, André Farias, o apoio do PDT foi “um reconhecimento” ao trabalho da governadora.

Em contrapartida, o PT se comprometeu em apoiar a candidatura do pedetista Giovanni Queiroz à Câmara Federal. “Quem me conhece sabe que eu saio aos finais de semana não é para pescar, não. É para levar maquinários aos municípios, para levar desenvolvimento”, disse a governadora em referência ao seu adversário, o ex-governador Simão Jatene (PSDB).

dialética e amazonidade

qual é a "sua"? Existem muitas Amazônias...

Na verdade, desde antes da invenção colonial do rios das "amazonas" eram diversas regiões... Aturdido com a imensidade do desafio da missão o célebre jesuíta Antônio Vieira sapecou o título catequista de "rio Babel" (recomenda-se a obra do professor da UERJ José Ribamar Freire Bessa com o mesmo tílulo)... Aí se vê como os tupis forneceram a cunha linguistica que os padres gramatizaram para reduzir a babel e enfiar mato adentro a língua geral amazônica, tipo de esperanto conhecido como "Nheengatu" (a língua boa).

A língua boa não apenas apagou a más linguas amazônicas, reduzidas drásticamente pelos mesmos tupis num paneiro só; em "Nheengaíba", como também serviu de cavalo de batalha da língua de Camões...

Explicação do milagre dos brasileiros falarem português do Oiapoque ao Chuí. Para isto precisou um genocídio enormíssimo em nome de Deus e do trono de Portugal. O Império do Brazil não agradeceu aos colonizadores e ainda acrescentou o peso até que os escravos, os sitiantes ribeirinhos e a pequena burguesia das vilas próximas de Belém levantaram-se na única revolução brasileira onde o povo chegou ao poder (1835-1836), dita (como sempre) de fora para dentro de "Cabanagem" e pintada como parecia aos donos do poder...

de fato, os chamados "cabanos" nunca se trataram como tal: eram apenas Paraenses desesperados e em armas! Foram "vencidos" a custo de mais um genocídio entre tantos: agora, 40 mil mortos numa população de 100 mil almas...

a liderança autofágica da Cabanagem expôs ao vivo suas contradições: o primeiro presidente, o fazendeiro Félix Malcher; ao primeiro arrobo de mando foi logo assassinado pelos combatentes; o segundo Francisco Vinagre, mais moderado pretendeu negociar com o Império e depor as armas... foi miseravelmente traído e feito refém pelo presidente legal (sic)... Antônio Vinagre retira-se para o interior e retorna com mais força, morre em combate; dos revoltosos surge um jovem cearense - Eduardo Angelim - que retoma a capital e expulsa o governo legal... Assediado pelos ingleses a proclamar independência da província repele o agente estrangeiro, mas reincide no erro de Francisco Vinagre de conciliar com os neocolialistas... Desta vez mais grave pois que para conquistar a confiança dos senhores mandou fuzilar os negros mais exaltados na luta...

vendo os escravos que não podiam confiar nos brancos, nem mesmo no campo dos rebeldes; desertaram em tropelia rio acima e foram formar Mocambos (quilombos) no Curuá e Trombetas fugindo às tropas escavagistas até os confins das Guianas...

é importante que o mundo exterior às Amazônias (brasileira, boliviana, peruana, equatoriana, colombiana, guianense, surinamente e franco-guianense) procurem as descobrir, conservar ou desenvolver corretamente. Melhor ainda escutar o que 25 milhões de amazônidas tem a dizer sobre tudo isto...

a memória da Amazônia

A Amazônia, além da já conhecida e sempre citada riqueza biológica e cultural, é um ambiente heterogêneo. Seria um equívoco pensar a região de modo generalizante, a ponto de estudiosos tão díspares como a pesquisadora alemã Maritta Koch-Wesser e o General Eduardo Dias da Costa Villas Boas, ambos palestrantes convidados do projeto Repórter do Futuro, concordarem com a existência de várias amazônias. È justamente a partir desse entendimento que Maritta vem trabalhando no projeto “Amazônia em transformação: História e perspectivas”, no Instituto de Estudos Avançados da USP (IEA-USP).

A produção acadêmica sobre a região amazônica é imensa. O interesse de estudiosos de várias áreas do conhecimento, como geografia, biologia, antropologia e outras, gerou uma riqueza de estudos tanto sobre os aspectos físicos e biológicos, quanto sobre a historiografia e as sociedades da Amazônia. Mas o conhecimento que se têm hoje não á restrito ao ambiente acadêmico. Estudos de impacto ambiental de grandes obras como Carajás e Tucuruí também podem ser vistos como fonte importante de informação, apesar de todos os interesses políticos e econômicos envolvidos nesses empreendimentos.

O projeto do IEA, iniciado no final de 2009 e coordenado por Maritta, tem como intuito agregar essas produções, sejam elas de fins acadêmicos, econômicos, ou até burocráticos, como os arquivos de órgão públicos, a exemplo da SUDAM. Ele prevê também a criação de uma rede para reunir acervos raros e não publicados sobre a Amazônia. A pesquisadora propõe a criação de uma plataforma interativa, a exemplo da Wikipedia e um sistema de busca que chama de provisoriamente de “Google Amazon”.

O projeto tenta agrupar pesquisas dos últimos 50 anos sobre a região. Para Maritta, essa foi uma época caracterizada pela evolução das pesquisas. “Esses 50 anos de transformação da Amazônia são uma época de aprendizagem que deve alimentar estratégias futuras”. Ela diz ainda que “Muitas pesquisas boas [foram feitas]”, e que já conseguiu permissão para usar o acervo de Aziz Ab’Saber e Betty Mindlin, dois grandes intelectuais e estudiosos sobre a região. Vai mais longe ao atribuir aos estudos os resultados que geraram políticas públicas de preservação, pelo menos no âmbito legal, reconhecidas como modelo em todo o mundo. Hoje a Amazônia tem 20% de suas terras em reservas.

Pensando nos benefícios práticos que os estudos podem gerar os objetivos do projeto são: resgatar a memória dos projetos de transformação; viabilizar um futuro enraizado na aprendizagem e disponibilizar as informações sobre a Amazônia, tendo em vista as divisões sub-regionais. “Isso é importante, não falar da Amazônia em termos gerais”, destaca. Sobre os propósitos do programa, a pesquisadora, que já trabalhou em diversas organizações voltadas ao meio ambiente, como a IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza), diz ser “importante registrar de uma forma fria o que aconteceu com cada um dos atuantes. Para futuramente continuar nessa progressão do desenvolvimento ambiental, é importante entender essas raízes”. Maritta afirma que o interesse é saber como e porque as estratégias de atuação foram pensadas em sua época. “Você tinha estratégias muito divergentes. O que vemos é que hoje há uma integração muito maior em termos de planos regionais”.