quarta-feira, 14 de abril de 2010

“Nunca fugi, não tenho medo da luta e nunca traí”, afirmou Dilma


Em reunião com as centrais, ex-ministra disse que “o tempo agora é dos criadores do futuro”

Durante a reunião das centrais e o presidente Lula no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, realizada no sábado (10), a pré-candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, fez um balanço da atuação do governo Lula na geração de emprego e na recuperação do poder de compra do salário mínimo. “A verdade é uma só. O governo mudou a face do mundo do trabalho em nosso país. Fez um acordo de valorização do salário mínimo. Não foi contra as centrais, foi em parceria com elas. Por isso a gente pode dizer que o presidente Lula é o presidente do emprego”, disse.

A ex-ministra da Casa Civil lembrou o desemprego que campeou no país durante a gestão tucana. “Aquele país triste, da estagnação e do desemprego, ficou pra trás. O povo brasileiro não quer esse passado de volta. Acabou o tempo dos exterminadores de emprego, dos exterminadores de futuro. O tempo agora é dos criadores de emprego, dos criadores de futuro”. Para Dilma, o governo Lula acabou com a história de que não se pode aumentar o salário mínimo porque isso gera inflação ou quebra o Estado. “Isso é uma grande e solene mentira”, sublinhou. O presidente Lula destacou que o “Brasil pode mais nas palavras dos nossos adversários, mas nós dizemos que fazemos mais” (ver matéria ao lado).

Artur Henrique, Paulo Pereira da Silva (Paulinho), Antonio Neto, Wagner Gomes e Calixto Ramos - presidentes da CUT, Força Sindical, CGTB, CTB e NCST, respectivamente - resgataram as conquistas obtidas pelos trabalhadores durante o governo Lula, como a valorização do salário mínimo, o reconhecimento das centrais, a derrota da Emenda 3 (que acabava com direitos trabalhistas), a aprovação da Convenção 151 da OIT, à espera de sanção presidencial. Como subsídio para o debate, o diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Clemente Lúcio Ganz, apresentou o estudo “Mercado de Trabalho Brasileiro - evolução recente e desafios”.

“Vamos eleger a primeira presidente do Brasil, para evitar o retrocesso”, conclamou Artur. Paulinho, por sua vez, disse que conhecia bem o candidato Serra: “ele nunca gostou de trabalhador”. Para Neto, “não há tarefa mais importante para a classe trabalhadora em 2010 que eleger Dilma”. Wagner sublinhou que “os trabalhadores estão empenhados na continuidade da política de desenvolvimento, junto com a ministra Dilma”.

O evento contou com mais de 700 dirigentes sindicais e diversas autoridades, como o ministro do Trabalho, Carlos Lupi; o senador Aloizio Mercadante (PT); a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy; o presidente do PT-SP, Edinho Silva; o presidente do PPL-SP, Miguel Manso; o representante do PCdoB, Onofre Gonçalves; Denise Cabral, representando o PDT-SP, diversos deputados federais, estaduais e prefeitos.

Dilma Rousseff afirmou que iria aproveitar a ocasião para se identificar com maior clareza, dizer o que fez e, “coisa muito importante”, o que não faz de maneira nenhuma. “Eu não fujo quando a situação fica difícil. Eu não tenho medo da luta. Posso apanhar, sofrer, ser maltratada, mas estou sempre firme com minhas convicções. Em cada época da minha vida, fiz o que fiz por acreditar no que fazia. Fiz com o coração, com minha alma e minha paixão. Eu só mudei quando o Brasil mudou, mas eu nunca fugi da luta ou me submeti. E sobretudo, nunca abandonei o barco”, disse Dilma. “Vocês não me verão entregando os pontos, desistindo, jogando a toalha. Vou lutar até o fim por aquilo em que acredito”, acrescentou.

Alguns tucanos e seus aliados - abanados por certa mídia - tentaram atribuir a esta fala de Dilma críticas aos que foram exilados durante a ditadura. Mas a ex-ministra rebateu a intriga. “De onde tiraram que fugir da luta é se exilar? O exílio significou a diferença entre a vida e a morte para os exilados brasileiros. Grandes amigos meus, corajosos e valorosos, só tiveram uma saída na ditadura, se exilar. Querer dizer que eu os critiquei só pode ser má fé”, afirmou Dilma em seu twitter (@dilmabr) na segunda-feira (12).

Em seu discurso, Dilma buscou diferenciar as políticas da gestão tucana e as do governo Lula, de suas posições e as do candidato tucano. Ela defendeu a atuação do Estado e o diálogo com os movimentos sociais. “Eu nunca traí os interesses e os direitos do povo. E nunca trairei. Vocês não me verão por aí pedindo que esqueçam o que afirmei ou escrevi”.

Contra a política do “estado mínimo”, das privatizações, frisou que não tomará decisões que signifiquem a entrega das riquezas nacionais. “Não vou destruir o Estado, diminuindo seu papel a ponto de tornar-se omisso e inexistente”. Ela argumentou sobre a necessidade do respeito aos movimentos sociais e ao movimento sindical, a base de uma sociedade democrática. “A democracia que desrespeita os movimentos sociais fica comprometida e precisa mudar para não definhar. O que estamos fazendo no governo Lula e continuaremos fazendo é garantir que todos sejam ouvidos. Democrata que se preza não agride os movimentos sociais. Não trata grevistas como caso de polícia. Não bate em manifestantes que estejam lutando pacificamente pelos seus interesses legítimos”, destacou.

DIEESE

Na análise do diretor técnico do Dieese, “os resultados observados revelam uma melhoria nos principais indicadores do mercado de trabalho: crescimento da ocupação, queda do desemprego, aumento da formalização e redução da informalidade, acompanhados por significativo aumento da massa salarial e discreta recuperação do salário médio, crescimento do valor real do salário mínimo, e resultados mais positivos nas negociações salariais”.

Segundo Dieese, entre 2003 e 2009, foram criados mais de 12 milhões de empregos formais e o salário mínimo teve aumento real de 53,67%. “A necessidade de sustentar o desenvolvimento com elevação dos salários, do emprego e da produtividade impõe urgente expansão do investimento na qualidade da educação básica e na ampliação da oferta da educação profissional”, diz o estudo.

Comunidades de terreiros serão mapeadas para políticas de segurança alimentar

Um mapeamento para identificar, reconhecer e apresentar dados para políticas públicas de segurança alimentar e nutricional e melhoria da qualidade de vida nas comunidades tradicionais de terreiro em Belém e na região metropolitana será lançado nesta terça-feira (13), durante o "I Encontro Paraense de Segurança Alimentar para Comunidades Tradicionais de Terreiros".

Lideranças da Região Metropolitana e a representante paraense do Conselho Nacional de Segurança Alimentar das Comunidades de Terreiros, Mãe Nalva de Oxum, liderança da Terra Firme, lançam as bases do Programa de Segurança Alimentar para as comunidades no Pará, junto com as representações de Brasília.

A promoção é do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), através da Secretaria de Segurança Alimentar e Nutricional (Sesan), e a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir/PR), por meio da Secretaria de Políticas para as Comunidades Tradicionais (Subcom).

Terreiros - Cerca de 3.200 terreiros são cadastrados em comunidades na Região Metropolitana de Belém, uma das regiões brasileiras mais representadas pelas comunidades afro-religiosas. Nem todas as comunidades têm situação jurídica regularizada, mas funcionam dentro dos limites de manifestação cultural e religiosa.

São essas comunidades que deverão ser mapeadas, para que o poder público possa direcionar projetos e políticas, respeitando o preceito da diversidade religiosa da sociedade brasileira, já que a liberdade de culto é uma garantia constitucional. O programa é dirigido às lideranças recorrentes no processo cultural (não ocidental) no Pará: Tambor de Mina, Umbanda, Candomblé (Nagô, Ketu, Angola, Jeje), Pajelança.

O governo do Pará apoia o evento e, por meio da Secretaria de Estado de Assistência e Desenvolvimento Social (Sedes), também participa da coordenação do Conselho Estadual de Segurança Alimentar, desenvolvendo projetos regionalizados dirigidos a comunidades carentes das regiões paraenses.