terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

TEM ALGO DE NOVO NO REINO DOS MANDINGAS E MAROTOS.

Existe uma onda se delineando no cenário político baiano: o aparecimento de candidaturas negras com forte densidade política e com grandes chances eleitorais. De logo, vou logo explicando que o que entendo por chance eleitoral não se resume necessariamente á vitória eleitoral, mas, sobretudo, a uma boa presença na vida política do Estado nos próximos anos.

Fui formado sob um discurso político de que apresentar muitas opções representativas de segmentos vulneráveis - leia-se, negros, indígenas, mulheres, homossexuais, pessoas com deficiência etc. - aos espaços de poder político, era sinal de burrice estratégica. Não se podia imaginar que tivéssemos capacidade de eleger mais do que um candidato por segmento. Esta era uma atitude sempre tratada como secundária ou tática na luta política pela mudança ou pela preservação da ordem política. Racismo, sexismo, homofobia, extermínio de jovens negros, desenvolvimento do Estado versus igualdade política e econômica sempre foram temas táticos para muitas candidaturas negras.

Não se podia imaginar, segundo o receituário clássico em que muitos de nós vimos sendo formados(as) , que dentro do movimento negro, ou melhor, dos movimentos negros, tivéssemos não um candidato, mas, muitos candidatos e candidatas com toda a pluralidade de pensamentos e representações que pode contemplar a maioria da população, em outras palavras, apostávamos que não era possível “dividir a base”, que era "equívoco estratégico", tudo na velha gramática da política tradicional.

A questão é que estas pessoas tem se revelado como excelentes militantes da causa negra e excelentes profissionais nas suas respectivas áreas de intervenção profissional e social. Então, sua condição social de homens e mulheres negras, não se revela apenas como um atributo de sua existência planetária, mas, aparece como um lugar de fala onde estes novos protomutantes de uma política que se renova para todos os pólos estão apenas confirmando uma velha tese: em política não existe espaço vazio.

Nilo Rosa, Leo Kret, Luiz Alberto, Valmir Assunção, pré-candidatos a Deputado Federal. Ivan Carvalho, João Jorge, Edvaldo Brito, Pré-candidatos ás vagas do Senado Federal e Sérgio São Bernardo, Bira Coroa, Gilmar Santiago e Olivia Santana, pré-candidatos a Deputado Estadual, possuem uma característica em comum: todos irão testar suas capacidades eleitorais e falar a um público cada vez mais complexo e multifacetado em linguagens e exigências.

O desafio colocado é termos uma prática política que se assemelhe a um discurso inovador e uma ação política pautada na transparência, altivez, conteúdo político, visão histórica e vontade de mudar a velha Bahia.

Estas candidaturas são polêmicas e possuem especificidades distintas, mas podem ser singularizadas num contexto de quebra de grilhões dos grupos tradicionais que falam e ditam o DNA do próximo líder negro que irá nos representar no parlamento. Muitos, no passado, foram trucidados no primeiro ringue. Agora o sintoma é de quantidade como reflexo de qualidade. Enquanto uma casta baiana prefere fazer fuxico em mesa de bar, pensamos que o debate público sobre o futuro da Bahia vem bem. O jeito é arregaçar as mangas, entender o cenário e abrir o bom debate sobre o futuro da Bahia, certos(as) de que estamos por nossa própria conta... É bom que sejamos muitos e muitas...

Dia Internacional da Língua Materna tem como objetivo principal a Promoção da Diversidade Cultural

O último dia 21 de fevereiro foi comemorado em todo o mundo como o Dia Internacional da Língua Materna. A data foi instituída em 1999, pela 30ª Sessão da Conferência Geral da UNESCO, com o objetivo de promover a diversidade e desenvolver uma consciência maior das tradições linguísticas e culturais baseadas na compreensão e no diálogo.

Dentro das comemorações previstas para o 11ª Jornada da Língua Materna, será realizado, na sede da UNESCO, em Paris, nos dias 22 e 23, o Simpósio Internacional sobre Tradução e Mediação Cultural.

A língua materna, aquela das primeiras palavras e da expressão do pensamento individual, é a base da história e da cultura de cada indivíduo. As línguas, com suas implicações complexas em termos de identidade, de comunicação, de integração social, de educação e de desenvolvimento, têm uma importância estratégica para os povos e para o planeta.

Devido aos processos de globalização, elas se encontram cada vez mais ameaçadas. Quando as línguas se extinguem, a diversidade cultural é reduzida, pois, com elas, perdem-se também perspectivas, tradições, memórias coletivas e modos únicos de pensamento e de expressão. Enfim, recursos preciosos para garantir um futuro melhor.

As línguas maternas e a coexistência pacífica
Para a diretora geral da UNESCO, Irina Bokova, nesse contexto, é preciso que os governos de todos os países estimulem o multilinguismo. “É fundamental o encorajamento de políticas linguísticas regionais e nacionais coerentes, que contribuam para uma utilização apropriada e harmoniosa das línguas no seio de uma comunidade e de um determinado país”, alerta Bokova. Segundo a diretora da UNESCO, tais políticas favorecem a adoção de medidas que permitam a cada comunidade de locutores utilizar sua língua materna no espaço público e no privado, dando aos locutores a possibilidade de aprender e de utilizar outras línguas locais, nacionais e internacionais.

“Essa 11a edição da Jornada se coloca no âmbito do Ano Internacional para a Aproximação das Culturas. As línguas são, por excelência, vetores de compreensão do outro e de tolerância. O respeito por todas as línguas é um fator chave para assegurar a coexistência pacífica, sem exclusão, das sociedades e, em seu seio, de todos os seus membros”, observa Bokova.

http://www.cultura.gov.br/site/wp-content/uploads/2010/02/latim2.jpgEla lembra ainda que, paralelamente, a aprendizagem das línguas estrangeiras e, por meio delas, a faculdade individual de utilizar várias línguas, constitui um fator de abertura para a diversidade, e de compreensão de outras culturas. Assim, ela deve ser promovida como um elemento constitutivo e estrutural da educação moderna.

“O multilinguismo, a aprendizagem das línguas estrangeiras e a tradução constituem três eixos estratégicos das políticas linguísticas de amanhã. Por ocasião desta 11ª edição da Jornada da língua materna, eu lanço um apelo à comunidade internacional para que a língua materna receba, em cada um desses três eixos, o lugar fundamental que lhe cabe, num espírito de respeito e de tolerância que abre caminho para a paz”, desafia a diretora geral da UNESCO.

No Brasil, a língua materna dos Indígenas
Embora o português seja a língua oficial no Brasil, há cerca de 180 outras línguas maternas faladas regularmente por povos indígenas brasileiros. O línguista e professor da Universidade de Brasília, Aryon Dall’Igna Rodrigues, que estabeleceu uma classificação das línguas indígenas faladas no Brasil, alerta, no entanto, que 87% das línguas indígenas estão ameaçadas de “morte” e encaixam-se na categoria de línguas com dez mil falantes ou menos. De acordo com os estudos realizados por ele, cerca de 1.300 línguas indígenas diferentes eram faladas no Brasil há 500 anos.

Segundo o professor da UnB, uma das alternativas para a sobrevivência das línguas maternas indígenas é incentivar o aprendizado das novas gerações. “Esse tem sido um esforço dos linguistas e professores por todo o Brasil. Hoje, existem mais de duas mil escolas que oferecem alfabetização bilíngue para as crianças índias”.