sexta-feira, 16 de abril de 2010

A LENDA DO PATO NO TUCUPI

Numa parte isolada da floresta amazônica, havia a tribo Ma'Fu'Xi'co, milenar povo de origem não pesquisada. Vivia da agricultura, da caça e da pesca, tudo muito rudimentar. Dentre os vegetais que plantavam estava a mandioca, da qual era extraída a farinha, feita ao meio dia no calor de uma ita'Kú (pedra amarela). O caldo que saía da raladura e da prensagem da mandioca, chamado de tu'Kú (líquido amarelo), era usado para a caça, pois sendo venenoso, era colocado em cabaças nas trilhas dos animais, e estes morriam ao tomar tu'Kú. Os índios tiravam as vísceras envenenadas e comiam a carne à vontade, pois o veneno não a atingia. Havia muitos mamíferos e ovíparos na mata, e estes morriam logo que tomavam tu'Kú. Os Ma'Fu'Xi'co estavam pensando em plantar árvores de cuiuda (ou cuieira), pois era cada vez menor o número de trepadeiras cabaçudas (ou cabaceiras) na região, para fazer as cumbu´cas. Quando os Ma'Fu'Xi'co brigavam, eles discutiam muito (eram machistas empedernidos) e desejavam a morte uns dos outros, gritando bem alto:

- Vão tomar tu'Kú.

Ma'Q'Xi'Xí era um jovem índio que se apaixonou por uma Xo'Xo'ta (índia formosa), filha de K'bi'dela, o pajé, e que era muito namoradeira, namorava com todo mundo mas não queria nada com Xi'Xí (assim era chamado o jovem). O apelido da índia, por ser pequenina, briguenta e barulhenta, e após o testemunho de um jovem índio que ela gritava toda vez que botava, era "ga´linha de K'bi'dela". Xi'Xí, loucamente apaixonado, tentou conquistá - la:

- Tu pode vir P'í (quente), que eu estar P'á (fervendo).

- Vai tomar tu'Kú, foi a resposta definitiva da jovem.

Xí'Xí, ao ser rechaçado, resolveu se matar. Mas tinha que ser um suicídio diferente, que chamasse a atenção. Resolveu tomar tu'Kú , mas antes o pôs no fogo, até que ele P'á (fervesse). Ele achava que se tomasse P'í (quente, depois da fervura dada), a morte seria mais rápida, indolor. Quando o tu 'Kú ficou no ponto, ele tomou bem P'í. Surpresa: não morreu. Ao contrário, achou que tomar tu'Kú era até que gostoso, se soubesse teria tomado desde garotinho. Saiu gritando: "tu'Ku'P'í bom, tu'Ku'P'í bom ". A mãe de Xi'Xí, ao ver que o filho havia tomado tu'Kú, tentando o suicídio, e estava gritando que era bom, resolveu igualmente tomar, pensando que iria morrer junto com o filho, e teve a mesma surprêsa: não apenas não morreu, como aquele líquido amarelo, fervido sem tempero algum, era bom demais, imagine se bem preparado. Excelente cozinheira, a índia mãe resolveu preparar alguma coisa para acompanhar o tu'Kú'Pí. Pensou antes em frutas, e procurou todas as que fossem Kú: Ba'Kú'rí, Kú'P'u'Açú, Tu'Kú' Mã, e até A'bri'Có. (Até hoje não se sabe porque o nome não é A'bri'Kú, pois a fruta é amarela). Não deu certo. Pensou em peixes Kú: Pí'Ra'Ru'Kú, Pá' Kú, Tú'Kú'Na'ré, Kú'ri'ma'tã. Até que ficaram bons, mas ainda não eram os acompanhantes ideais. Tentou os animais: car´nei´ro, vá-ca, gá'los. Destes, os gá'los eram os que mais se aproximavam do ideal. Teve até um fato inusitado: “K'bi'dela Jr. (="filho de K'bi'dela") jogou no tú'Kú, a P'ir´qui, (periquita) da sua (dele) mãe, e quase foi obrigado a tomar tú'Kú, pois a citada periquita era muito querida, principalmente pelo seu (dele) índio pai. Xí'Xí perguntou para a mãe: "porquê tu num experimenta P'á-to´to” (“ave de tesão {tô que tô} fervente {pa}), pra jogá no tu´Kú quando tiver pa (fervendo)? Ela experimentou, e os dois acharam que era o ideal, o P'á-to´to no tú'Kú'P'í. Para ter um verde no prato, ela juntou folhas de uma plantinha que gostava muito, o jam´bú (=“folha da tremelicagem”) – dizem que ela até enrolava e fumava - e xi´có´ria (= “folha que está sem estar”). Chamaram os índios e deram para que eles provassem. Os índios vieram meio ressabiados, mas eram muito curiosos (daqueles que cheiram microfone de repórter), experimentaram e gostaram. A partir daí, o p'á-to´to no tú'Kú'P'í passou a ser o prato´to típico daquela aldeia perdida na amazônia. Xi'Xí, feliz, dizia para todo mundo que era melhor comer o p'á-to no tú'Kú'P'í “que a ga´linha de K'bi'dela."

Felizes com a descoberta e com a fama, Xi'Xí e a mãe passaram a tentar inventar pratos. Tentavam de tudo. Um dia Xi'Xí falou:

- Mãe, i si nós juntá Ma'ní (folha da maniva), com tudo que é Só (gordura animal), e B'a (ferver intensamente, dias infindos), será qui vai ficá uma cumida gostosa e nos deixá mais famôsos ?

- Num sei, Xi'Xí. Ma'ni'Só'B'a ? Acho qui é veneno.

- Será? O tu'Kú num era? Sei não. Vá tapá (novo prato na aldeia? N.A.) a panela do tu'Kú qui tá P'á. Eu vou colher Ma'ní, juntá muito Só e B'á tudo junto. Sí dé certo a Ma'ni'Só'B'a, vou ter mais ainda todas as Xo'Xo'tas (índias formosas) da tribo no meu mão.

Para PSDB, pesquisa em que Dilma cresce tem de ser proibida


Na espontânea, pré-candidata do PT aparece em primeiro lugar, seguida do presidente Lula

A pesquisa do Instituto Sensus, divulgada na última terça-feira (13), mostra a pré-candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, crescendo 4,4 pontos percentuais desde o último levantamento realizado em janeiro. Ela já está empatada com o tucano José Serra, que caiu 0,3 pontos no mesmo período. A pesquisa, encomendada pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Construção Pesada de São Paulo (Sintrapav), mostrou Serra com 32,7% e Dilma atingindo 32,4% das intenções de voto.

A notícia deixou o PSDB desnorteado. Os tucanos consideraram o resultado como uma “ducha fria” e entraram com uma representação junto ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) tentando proibir a divulgação do resultado. A alegação foi a mais ridícula: que o instituto fez a pesquisa entre 5 e 9 de abril e não teria cumprido o prazo de 5 dias a partir do registro para a divulgação. Os resultados foram divulgados no dia 13 de abril. Segundo o TSE, eles poderiam ser divulgados a partir do dia 10.

O advogado do PSDB, Afonso Ribeiro, alega que o Instituto registrou a pesquisa no dia 5 de abril, indicando um contratante, o Sindecrep (Sindicato de Trabalhadores em Concessionárias de Rodovias) e depois, no dia 9, avisou o TSE que houve um erro e fez uma alteração. Os tucanos se pegaram nisso para dizer que o Sensus deveria ter contado o prazo a partir do dia 9 de abril. O cômico é que o DataFolha fez o seu “levantamento” em 25 e 26 de março e divulgou o resultado na madrugada do próprio dia 27. Ou seja, não cumpriu prazo nenhum, mas o PSDB não reclamou. É claro. A “pesquisa” era uma fraude em favor de Serra.

O crescimento de quase 5 pontos percentuais de Dilma e a estagnação de Serra, captados pelo Sensus, estão em sintonia com todos os demais institutos de pesquisa, com exceção apenas do DataFolha que, de forma bastante suspeita, insuflou inexplicáveis 10 pontos para o tucano no Sul e construiu um resultado em que ele aparece subindo 4 pontos nacionalmente. A manobra foi tão grosseira que até mesmo o colunista da Folha, Clovis Rossi, teve dificuldade de engolir o resultado. Ele confessou que considerou a pesquisa “um denso mistério” e apontou a escassez de “lógica” no resultado. “(...) não consigo encontrar uma explicação forte para o fato de José Serra ter subido quatro pontos em um mês (...)”, sentenciou.

FARSA

Aliás, urge que o TSE tome logo uma providência. É sua função, como seus presidentes sempre esclareceram, zelar pela lisura do pleito. Portanto, não pode deixar que pesquisas claramente, escandalosamente falsas, como a última do Datafolha, conturbem o ambiente republicano. Sobretudo quando não até a vergonha mais elementar foi abandonada. A discrepância entre o resultado do DataFolha e os demais institutos deixou a nu uma farsa em prol do candidato apoiado pelo jornal que é proprietário do instituto.

Caso contrário, resvala-se para o ridículo, como agora, em que tucanos saem para tentar calar todos os outros institutos. E isso é exatamente o que o TSE não pode permitir, porque é seu dever impedi-lo. “Os institutos de pesquisa deveriam ter um certo regulamento. Eu acho meio surreal um sindicato encomendar pesquisa”, resmungou o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM). Por que um jornal serrista pode fazer pesquisas e um sindicato não pode encomendar uma? Somente porque, para os tucanos, somente as pesquisas favoráveis ao seu candidato é que deveriam ser publicadas. Deve ser a jurisprudência Benito Mussolini. Para o senador Álvaro Dias (PR), a pesquisa “não captou a realidade” porque “só houve fatos positivos [para Serra] nesse período” (quais? A repressão aos professores?).

A Folha questionou os métodos utilizados pelo Vox Populi e insinuou que o Instituto Sensus não poderia fazer pesquisa encomendada por sindicatos que apóiam Dilma. Mas quem encomenda as pesquisas do DataFolha é o próprio jornal, que faz a campanha mais ostensiva para Serra.

Na pesquisa espontânea do Sensus, aquela em que o nome dos candidatos não é mostrado ao eleitor, Dilma já aparece em primeiro lugar com 16% das intenções de voto. O segundo é o presidente Lula, que não é candidato, com 15,3%. Serra vem em terceiro com 13,6%. O melhor desempenho da pré-candidata do PT é registrado no Nordeste, onde ela tem 44% das intenções de voto e uma vantagem de 19 pontos sobre o principal adversário. Ao contrário do que disse a Folha sobre a região Sul (onde ela insuflou 10 pontos para Serra), Dilma aparece como líder na região (40% a 33%). Subiu 14 pontos em pouco mais de dois meses. Serra ainda se mantém na frente apenas na região Sudeste (38% a 22%). No Norte/Centro-Oeste, há empate técnico: Dilma tem 33% e Serra, 30%.

Segundo a sondagem do Sensus, Ciro Gomes (PSB) aparece com 10,1% e Marina Silva (PV) tem 8,1%. Votos brancos ou nulos somam 7,7%. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, para mais ou para menos. O instituto ouviu 2.000 pessoas em 136 municípios do País e mostrou também que a aprovação do governo Lula continua crescendo. 72,8% dos entrevistados consideraram o governo como positivo. 20,2% consideram regular e apenas 5,9% acham negativa a atual administração.