sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Pirabas Homenageia Dom Sebastião

Diz a lenda em uma de suas versões, que após a desastrosa derrota do exército português na memorável batalha de Alcácer – Quibir no Marrocos em 1578, D.Sebastião, rei de Portugual desaparece misteriosamente do local do confronto. Para não ser executado pelos mouros, embarca em um navio negreiro que naufraga no litoral paraense onde atualmente chamamos de barra de Pirabas. Nadando em direção ao continente, chega a um platô de pedras na ilha da fortaleza onde ficou encantado. Versão esta que, segundo estudiosos, não têm respaldo histórico.

Todos os anos, no dia 20 de janeiro, centenas de pessoas visitam a ilha da Fortaleza, localizada a trinta minutos de barco, em frente à sede do município de São João de Pirabas no nordeste paraense, para reverenciar o Rei Sabá. Trata-se de um monumento em pedra natural esculpida em cima de um cemitério paleontológico, que vista há alguns metros de distância, assemelha-se a um homem sentado de costas para o mar como se estive meditando. É neste local considerado sagrado por religiosos católicos e afro-amazônidas que, pais, mães e filhos de santo juntamente com a população nativa celebram louvores e depositam oferendas à Dom Sebastião, o “desejado” monarca português, e simultaneamente, a São Sebastião, santo católico morto à flechadas em 286 d.c por seu zelo com os prisioneiros cristãos. O fato dos dois personagens históricos terem nascidos no mesmo dia, (20 de janeiro) é um dos elementos que contribui para o sincretismo religioso em Pirabas. É comum, por exemplo, as pessoas pensarem que o último rei da dinastia de Aviz e o mártir católico sejam as mesmas pessoas.

A festividade de D.Sebastião abre o calendário cultural de eventos no município. E nesse ano a prefeitura de São João de Pirabas através da Secretaria Municipal de Cultura, com apoio do Ponto de cultura Saberes e manifestações do salgado, deram continuidade ao ciclo de seminários que envolvem a temática sebástica na região, que tem como objetivo fomentar o turismo religioso e dar visibilidade há uma das mais antigas manifestações do povo pirabense, que recentemente se tornou patrimônio natural e cultural do município.

Como parte da programação, na tarde de quarta feira, 19, no teatro Maria Pajé, foi realizado o 3º Seminário sobre sebastianismo, que teve como tema “O mundo da encantaria e o sebastianismo”, palestra ministrada pelo Sacerdote Mina, Pai Luís Tayandô juntamente com o estudioso Antonio Ferreira, da Fundação Palmares. Na palestra ministrada para universitários, professores e alunos da rede municipal e estadual de ensino, o público conheceu alguns aspectos históricos e a origem das manifestações afro-amazônicas no Brasil. A programação teve seqüência com a exibição do curta metragem “A descoberta da Amazônia pelos turcos encantados”, que desvendou a saga das princesas turcas Jarina, Mariana e Herundina trazidas para a Amazônia, que só aqui descobriram sua condição de seres encantados, assim como, a chegada dos negros africanos ao Grão - Pará e Maranhão e, conseqüentemente, o envolvimento desses dois povos distintos com os povos da floresta. Fundindo-se em uma só cultura, originando o tambor de mina, considerada pelos pais de santo, a religião oficial da Amazônia por unir na encantaria divindades da pajelança, turcos encantados, entidades africanas e a presença cristã na figura do rei católico Dom Sebastião. Esse sincretismo religioso, segundo os adeptos dos cultos afro-amazônidas, representa o fechamento do terceiro anel da cobra grande, em cumprimento as profecias que anunciavam essa união, impossível no plano político temporal, porém concretizado no mundo encantado.

No período da noite, a pesar da chuva, o público retornou ao teatro Maria Pajé para prestigiar as apresentações culturais do evento, que contou com a participação do grupo Sol Nascente que levou para o palco as tradicionais danças regionais como a marujada de São Benedito, a chula marajoara, o bangüê entre outras. A programação foi encerrada com a tradicional roda de tambores. Momento de encontro e união de pais, mães e filhos de santo que se apresentaram encarnando as várias entidades das encantarias dos três povos responsáveis pela identidade cultural da sociedade amazônida.

Na manhã seguinte, percebia-se uma intensa movimentação de pessoas na orla da cidade aguardando as embarcações para a travessia até a ilha da fortaleza que recebeu aproximadamente duas mil pessoas para prestarem suas homenagens ao Rei Sabá e desfrutar das belezas naturais de sua mística terra.

Margareth Menezes - Uma história de Ifá ( Ejigbo )

Saudação e abertura- rita ribeiro tecnomacumba

Bob marley "no woman no cry" 1979

OS VALORES DO VODUN NO BENIN

Uma característica existencial do homem desde o despertar de sua consciência é a religiosidade que brota a partir do limite que cede a ascensão necessária ao transcendente,não sendo limitado a um culto ou a um veículo estabelecido todos os homens são religiosos de alguma forma,mesmo que uns sejam mais do que outros.A religião de cada homem deve muito ás culturas das quais eles são essências. No caso do Benin,é evidente que encontraremos algumas divergências no fenômeno Vodum. A maior parte do povo beninense têm as raízes culturais muito semelhantes e praticamente a mesma origem histórica,por essas razões nessa região dos fons a religiosidade é manifestada totalmente em Vodum,mesmo para aqueles que se converteram a outras religiões.

Vodum é adorado e venerado como divindade. Isso também define o todo social o psicológico,e está em torno da estrutura sobrenatural deste tipo popular de religiosidade.Na verdade o Vodum está no todo. Antes da chegada de outras religiões no Benin, principalmente o cristianismo,todas as famílias faziam parte do culto Vodum.Quando esses missionários chegaram,tentaram converter a população alegando que Vodum era demônio. Encontram muita resistência por parte dos fons que tinham e têm raízes profundas no culto de seus ancestrais. Vejamos agora uma breve explanação sobre no que consiste o Vodum e seus objetivos. Mawu,o Deus Supremo A cultura do sul do Benin,representada pelos Fons,Gun,Mina e Ewe é considerada por uma mesma concepção de divindades. A convicção na existência de um Deus superior é geral,este Deus,conhecido como um Ser Supremo Transcendente,é chamado de Mawu,Ele criou tudo. Este Deus já existia entre esse povo muito antes da chegada das grandes religiões monoteístas (Cristianismo, Islamismo) Para os Fon,este Deus Mawu também éconhecido como: Dada Segbô,Sêmêdô ou Gbedoto dependendo a que obra de Mawu a pessoa esta se referindo. Dada Segbo - enfatizando a criação do mundo. Sêmêdô - enfatizando o princípio da existência. Gbedoto - enfatizando o princípio da vida. Mas,se não há nenhuma dúvida acerca do Deus Supremo Mawu na mentalidade desses povos, então de onde vem esta prática de Vodum?Responder esta pergunta significa mostrar a relação existente entre Mawu e Vodum.

Mawu e Vodum Mawu é considerado o grande Deus supremo pelos fons e sendo assim não deve ser incomodado a toda hora com os problemas pessoais. Os fons acreditam que o ser humano não pode alcançá-lo se não for através dos Voduns. Para o povo do Benin Mawu delegou sua força/ energia aos Voduns para que esses tomassem conta dos homens e os ajudassem. Vodum é identificado como uma criatura de Mawu de acordo com a expressão “Mawu wê do Vodu lê”(os representantes de Mawu estão entre os homens para atender suas necessidades) Vodum representa tudo que é sagrado e toda asenergias que vêem do mundo invisível para influências o mundo dos vivos. Os Voduns recebem cultos devido à sua proximidade com os homens. Qualidades divinas são atribuídas a eles, caracterizados por serem espíritos que estão acima de todas as leis naturais. Não existe um culto específico para Mawu,a não ser orações e referências espontâneas como: “Mawu na blô”(Deus ajudará, Deus te ajude),“Kpê Mawu ton” (Deus pode tudo) que são utilizadas em diversas ocasiões. Vejamos os setes primeiros Voduns que Mawu enviou a terra: Sakpata - É o filho mais velho de Mawu,a quem a terra foi confiada,AyiVodum (Vodum da terra). Sua energia é temida, seus atributos são a varíola e as manchas brancas e vermelhas na pele.Sakpata tem muitos filhos,incluindo AdaTangni Vodum da lepra) e Sinji Aglosumato( Vodum das chagas incuráveis).

Xevioso(ou Hevioso/Xebioso) - Este é o JiVodum(Vodum do céu)que se manifesta como trovão e relâmpago. É o segundo filho de Mawu,considerado o Vodum da justiça,que castiga ladrões,mentirosos e criminosos. Xevioso tem vários filhos,incluindo Aklobé e Aveheketi.Seus atributos são:o raio,o machado duplo o carneiro a cor vermelha e o fogo. Agbe - Este é ToVodum (Vodum das águas) É representado por uma serpente símbolo de tudo que dá vida.Entre seus filhos está Dan Toxosu,que representa e protege os deficientes físicos e mentais. Gu - É o Vodum do ferro e da guerra,que dá ao homem a sua tecnologia.Ele não aceita a cumplicidade com o mal.Por conseguinte é capaz de destruir todos os culpados por atos infames e criminosos.Esta personalidade de Gu é expressa pelos Fons como “da Gu do”(Gu castiga,Gu mata). Age - Quinto filho de Mawu.É o Vodum da agricultura e das florestas.Reina sobre osanimais e pássaros. Djo - É o Vodum responsável pelo ar. Legba - O filho mais novo de Mawu,o sétimo. Não ganhou nenhuma atribuição na terra,como os irmãos,por ser extremamente ciumento e cometer atos que prejudicavam os irmãos e os homens. Recebeu de Mawu a guarda do portal entre os dois mundos;o dos homens e o de Mawu, ele passou a ser o mensageiro entre os irmãos,os homens e Mawu.Ele é tudo aquilo que está além do bem e do mal. Ao lado dos filhos de Mawu se encontram Voduns protetores de clãs.Estes são os Toxwyo(antepassados divinizados) Cabe a estes manterem o vínculo entre o mundo invisível e a vida diária dos que vivem no mundo visível. De acordo com o que foi apresentado acima, podemos classificar os Voduns como: Interétnico - Voduns associados à natureza: JiVodum,AyiVodum e ToVodum. Interétnico - Voduns associados às histórias místicas:Leba e Gu. Étnico-AkoVodum - Os Voduns ancestrais divinizados: Toxwyo,Agasu e outros. GoroVodum - São Voduns mais modernos cultuados principalmente em Ghana. Eles protegem contra feitiçarias:Kokun,o Vodum das forças misteriosas e violentas é um deles. Após estas investigações, parece ser importante uma pergunta:então o que é Vodum exatamente? Pode ser dito que Vodum constitui uma classe especial de criaturas de Mawu, vivendo entre os homens. Ele está acima da humanidade,mas não é “Deus”. As expressões Fon definem: “Vodum gongon, Vodum d’ablu” (Vodum é mistério, Vodum é segredo)É por isso que Mgr. Robert Sastre disse: “devemos nos referir ao contexto social e cultural que invoca Vodum a fim de aprender o que realmente é Vodum”. Dentro do que foi dito acima, surgem algumas questões: Quais as práticas ou implicações que ilustram suas manifestações? Vodum pode ser assimilado como fetichismo ou até mesmo naturalismo? Que relação estabelece entre o indivíduo iniciado em seu culto e o seu todo cósmico, social e ambiente espiritual? Estes podem ser naturalismo, fetichismo, expressões e manifestações animistas,mas a visão básica é o argumento do naturalismo e fetichismo Vodum ligado a alguns epifenômenos em sua prática. Vodum está relacionado a diversos elementos do universo e a objetos materiais nos cultos de devoção,onde são retratados e sacrifícios lhes são oferecidos (montículos de terra,barras de metais,árvores,pedras etc) Isso nos impele a outras perguntas:Vodum é uma pessoa?Ele está no mesmo patamar que o homem?Ou está acima ou abaixo dele? A resposta a estas questões podia ser aquela em que Vodum é a estrutura ética e religiosa que estabelece uma sociedade,mas esta seria uma visão limitada de Vodum. Certas pessoas erroneamente igualam Vodum a Fetiche. Realmente, alguns vêem o culto do Vodum como uma idolatria primitiva de objetos materiais ou como um culto de matéria,sem se importarem com sua rica funcionalidade que ilustraremos abaixo. Alem disso, convém notar que estas visões erradas devem- se às abordagem etnológicas do fenômeno de Vodum que se abstém à sua função apenas física, cósmica e social na mediação religiosa.

É verdade que“Me we no ylo do Vodu b’e non nyin Vodu”(não é porque o homem o chama Vodum que é Vodum)mas por ver nele forças geradas pela interação complexa de sentido, intenções,gestos e palavras ditas. Está além de uma questão de suporte antropológico o qual coloca Vodum num sistema simbólico onde deve ser a sua performance a mediação necessária do físico e,em sendo assim,da matéria em geral.Deste modo seria mais correto traduzir“Me we no ylo do Vodu b’e non nyin Vodu” como: Uma atitude pessoal de identificação e aceitação do sagrado com o símbolo. Vodum evoca o mistério e tudo que se refere ao divino.Desta maneira,a suspeita é retirada pelo menos no que diz respeito à essência ainda que permaneça nas manifestações um tanto que desviadas do fenômeno Vodum.E a globalização dasrelações de que Vodum é um símbolo é ainda uma outra prova disto. A palavra“Gbe”que significa“a vida” significa igualmente “O Universo” E é este segundo significado que focalizamos aqui.O universo criado no seu desenvolvimento cósmico não é estranho ao desenvolvimento de Vodum. Nas expressões concretas do universo há um Vodum da terra Sakpata)um Vodum do céu (Xevioso)um Vodum da águas(Agbe)e Voduns que representam os antepassados (Toxwyo como vimos. Na verdade, todos os elementos do universo são implicados no fenômeno Vodum. Não é o que a mentalidade da imaginação do sul do Benin concebe de uma cosmogênese de Vodum: Vodum não é o gerador nem o criador do universo,mas seu elo com tudo da natureza,é uma mediação e a proteção do homem. Com efeito,a sua relação com“Gbe”encontra apenas o seu significado pela sua relação com o“Gbeto”(o homem). Vodum e o Homem A religiosidade se manifesta num homem através do fenômeno Vodum,a motivação para que ele faça e use símbolos que representem seu Vodum.Além disso os homens dizem que Vodum é um mistério,é o inefável quando se concentram nos elementos naturais,é o extraordinário, o herói e o poderoso em questões de existência humana. Enquanto o homem não conhece o nome de seu Vodum,ele o chama de“nu me sen”o venerável o adorado)Isso durante o princípio de sua iniciação no culto. Depois de identificado o Vodum,o homem passa a ser dominado por ele.Doravante nenhum aspecto da vida do homem acontece sem que seu Vodum saiba e participe. O Fá,mensageiro do Vodum,intervém enquanto a criança está no útero materno. Identifica o destino e se necessário,o altera. Semelhante a todos os nascimentos e através das situações existentes, Fá participa das iniciações dos Voduns. Curiosamente e paradoxalmente Vodum não acompanha seu iniciado na morte física. No enterro de um vodunsi são feitos rituais para remover o Vodum do morto.Aqui encontramos dois significados importantes: 1)O Vodum toma conta dos vivos e não dos mortos.
2)Vodum é um intermediário entre seu iniciado e Mawu e,quando ocorre a morte física,Vodum volta para Mawu. Como princípio de mediação,Vodum tem um papel importante na organização da sociedade humana.
Agbasa-Yiyi (sala da vida) O agbasa-yiyi é de suma importância na vida do povo Fon.É o primeiro de uma série de três rituais de iniciação ao culto Fá. Meninos e meninas podem ser iniciados até a segunda etapa do culto, porém somente os homens poderão chegar à terceira etapa. A cerimônia do agbasa-yiyi não tem rigorosamente data fixada porém não poderá ser feita após os três meses do nascimento. A proposta do Agbasa-Yiyi é apresentar a criança na “sala da vida”(agbasa)e aos ancestrais.É um rito da integração de uma ou de várias crianças da mesma geração dentro da comunidade familiar,incluindo os antepassados e os espíritos protetores da família. A consulta do Bokono revela o Joto da criança, em outras palavras,o Vodum ou o Mexo (antepassado;às vezes divinizado)

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Manifesto defende “R$ 580 já”

Em documento conjunto, as centrais defendem mobilização unitária para garantir o mínimo de R$ 580. Leia abaixo trechos do manifesto:

“A política de valorização do salário mínimo, acordada pelo governo com as centrais sindicais, é seguramente a maior conquista do governo Lula, beneficiando diretamente mais de 47 milhões de trabalhadores, aposentados e idosos com aumento real de 54,3%.”

“Este expressivo ganho real representou avanços na distribuição da renda e no combate às imensas desigualdades sociais e regionais”. “Seria um retrocesso abandonar esta política de valorização”.

“Afinal, foi este aumento do poder aquisitivo - que vitaminou o mercado interno com o ciclo virtuoso do crescimento, o que permitiu ao país enfrentar os impactos negativos da crise externa com a alavancagem da produção e do consumo. Mais salário e mais emprego foi a resposta do país contra o círculo vicioso do receituário neoliberal, de privatização, arrocho e ‘ajuste fiscal’”.

“Na contramão de uma política exitosa, da qual também fez parte o fortalecimento do papel protagonista do Estado e dos investimentos sociais, foi apresentada recentemente pelo governo a proposta de reajuste do salário mínimo para R$ 540, o que representa uma variação de apenas 5,88% em relação ao valor anterior de R$ 510, inferior até mesmo aos 6,47% apontados pelo INPC, o que jogaria um balde de água fria na política de valorização. Por isso as centrais sindicais reiteram a necessidade do aumento para R$ 580, alavancando a economia nacional, ainda ameaçada pela guerra cambial desencadeada pelos norte-americanos, que continuam imersos na crise”.

“Acreditamos que é chegado o momento do governo federal olhar com mais atenção e sensibilidade para os trabalhadores. Corte de gastos públicos, arrocho do crédito e congelamento do salário – especialmente o do mínimo, como propostos pela equipe econômica, é tudo o que o país não precisa”.

“Temos a convicção de que a mobilização unitária das centrais ajudará a abrir as negociações com o governo, a fim de assegurarmos que os compromissos assumidos durante a campanha eleitoral sejam plenamente materializados e o país reafirme a sua opção desenvolvimentista, com justiça social e distribuição de renda”

São Paulo, 11 de janeiro de 2011

Quintino Severo – CUT; Paulo Pereira da Silva – Força Sindical; Wagner Gomes – CTB; Antonio Neto – CGTB; Luiz Gonçalves - NCST; Ricardo Patah – UGT

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

CRIADA FACULDADE EM GÓIAS PARA AS COMUNIDADES QUILOMBOLAS


O primeiro Curso de Licenciatura Plena em Educação Quilombola – a Faculdade Kalunga – que será implantado no país, atenderá as comunidades remanescentes de quilombos do Território Kalunga localizada na Chapada dos Veadeiros, nos municípios de Cavalcante, Monte Alegre e Teresina de Goiás, no estado de Goiás.

O anúncio foi feito pelo deputado Pedro Wilson (PT-GO), que agradeceu a iniciativa do ministro da Educação, Fernando Haddad, e pediu celeridade no processo para o início do curso, ainda este ano, argumentando que a escola vai atender a demanda de uma comunidade tradicional e preencher a carência de profissionais qualificados para a área em toda a região.

Para Maria Helena Kalunga, de Monte Alegre, uma das principais lideranças na luta pela implantação do curso, esta é uma decisão histórica que coloca o Brasil entre os mais evoluídos países do mundo e resgata a história de um povo preservando sua origem e sua cultura.

Pedro Wilson lembrou que esta é uma luta histórica que envolveu, nos dois últimos anos, as comissões de Educação e Cultura, de Direitos Humanos e de Legislação Participativa da Câmara, com a realização de diversos seminários e audiências públicas, que contou com a participação de representantes da SEPPIR (Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial), do Ministério da Educação (Mec), da Fundação Palmares, das universidades Estadual e Federal de Goiás, a Universidade de Brasília (UnB), e autoridades dos municípios envolvidos e, principalmente das lideranças Kalunga.

O curso atenderá professores e ex-professores da comunidade que já possuem o ensino médio e vinham exercendo a função para cobrir a deficiência de profissionais de educação qualificados na área.

Fonte: Informes PT

DISCIPLINA

Todo Terreiro, Ilê,Ylê, Seara, Roça ou Casa de Mina, Umbanda, Ketu, Angola, Jurema, D’je D’je ou..outra denominação afro, possui um ritual e embora estes rituais se modifiquem, é necessário que haja disciplina para realizar uma gira, ou seja, NORMAS CONHECIDAS POR TOD@S desde @ dirigente ao iniciand@ que acabou de entrar. Este/a deve ser orientad@ ao máximo possível:
- com a relação a sua postura dentro do terreiro, , Ilê, Seara, Roça ou Casa;
- bem como suas obrigações e deveres para com seus irmãos;
- e claro, as normas básicas de respeito, tratamento e,
- conhecimento correto de quem são nossos mentores espirituais.
· O primeiro é ter respeito por tudo e por todos tem que ser o Dirigente e os filhos mais velhos (pois estes conhecem bem o interior de uma casa)
· Aquele que está se iniciando deve ter em seu dirigente um exemplo, uma meta a ser atingida (é claro que nenhum dirigente deve se torna “santo”, nem seus filhos serem forçados a virarem “ovelhinhas”. No terreiro , Ilê, Seara, Roça ou Casa. Cada um deve ser o que é, sem máscaras, sempre visando à auto-melhora, o auto conhecimento).
A Mina, Umbanda, Ketu, Angola, Jurema, D’je D’je e etc.. nos ensina que cada um é o que é, cada pessoa sabe em seu intimo quais são seus processos de ação e reação, infelizmente quase todos nos escondemos de nós mesmos, por falta de coragem de olharmos no nosso espelho interior, vermos nossos defeitos para podermos dar o primeiro passo para mudança. Para isso contamos com o auxilio fraternal das Entidades de Aruanda e também os conselhos dos Pais e Mães de Santo, Iyás, Tátas e M’ametus experientes e sincer@s.
Mostrar o caminho não significa decretar, QUE A RELIGIÃO NÃO AGRIDE AS CONSCIÊNCIAS, NÃO VISA TORNAR NINGUÉM INFELIZ OU VAZIO DE RELIGIOSIDADE.
Por isso é importante @ Dirigente observar que se um/a nov@ integrante da corrente veio de outra religião e naquele momento de sua vida deseja abraçar a que se est, não é de repente que essa pessoa vai esquecer a fé que moveu por dentro durante tanto tempo.
O/A VERDADEIR@ RELIGIOS@ RESPEITA OS CREDOS E SABE QUE A MESMA FÉ QUE O FAZ AMAR SEUS, ORIXÁS, VODUNS, INKISES, GUIAS E CABOCLOS PROTETORES, FAZ UM CATÓLICO AMAR SUA IGREJA, OU UM MUÇULMANO AMAR ALÁ.
Com relação à conduta dos médiuns para com as entidades, a Religião tem por norma seguir os seguintes tópicos:
1) O/A médium de verdade deve ter em mente que todos são iguais (se há diferenças na hierarquia é porque os que chefiam, são as que mais trabalham e menos falam…).Isto quer dizer que os médiuns não devem sequer pensar que sua entidade, seu orixá, seu inkisse ou seu vodun, é melhor que do seu irmão. Essas entidades preferem que seus filhos falem menos e trabalhem mais pelo seu próximo.

2) Não há necessidade de “chamar” seu protetor em qualquer hora ou lugar, principalmente evite falar da sua mediunidade em bares, ou na rua. As coisas da espiritualidade deve ser discutidas na tranqüilidade, e com pessoas que queiram falar sobre o assunto.

3) Nunca fale mentiras ou cometa erros em nome de seu orixá, inkice, vodun ou caboclo, pois nenhuma entidade acoberta isto ou aquilo dos seus “cavalos”.

4) Não é em todo lugar que os nossos protetores “baixam”, nem todo lugar é sagrado e num ambiente pesado, não há a mínima vibratória para sua atuação.

6) Nunca desobedeça as ordens da sua entidade, nunca queira fazer algo que você ache que ela faria. Espere sua orientação.
Com isso, espero que tod@s reflitam.
Ashé, Àsé, Axé e Saravá!!

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

INDIOS E NEGRO

Belém foi um cidade tupinambá, mas também virou um terreno para o sofrimento de muitos negros. “Os senhores de escravos no Pará ficaram famosos, na crônica da escravidão, pelo rigor com que castigavam e maltratavam os escravos.

A Cidade até hoje deve o resgate da memória de índios e negros que aqui viveram, sofreram e construíram parte significativa desses 395 anos.

O texto “Tristes, mas diligentes” escrito em 1848 por Henry Walter Bates dá bem a dimensão da participação dos negros na história de Belém:

“Os negros do Pará são muitos devotos. Segundo me disseram, eles construíram aos poucos, com o seu próprio esforço, uma bela igreja denominada Nossa Senhora do Rosário. Nas primeiras semanas que passei no Pará, notei que uma fila de negros de ambos os sexo costumavam desfilar tarde da noite pelas ruas, cantando em coro. Todos levavam na cabeça uma pequena quantidade de material de construção – pedra, tijolos, argamassa ou tábuas. Fiquei sabendo que quase todos eram escravos, os quais, após um árduo dia de trabalho, estavam dando a sua pequena contribuição para a construção de sua igreja. O material era totalmente comprado com suas economias. O interior da igreja foi terminado cerca de um ano depois, tendo eu achado a sua ornamentação tão faustosa quanto a de outras igrejas feitas com muito mais recursos pelas antigas ordens religiosas, havia mais de um século. Anualmente os negros celebram a festa de Nossa senhora do Rosário, que em geral constitui um grande sucesso.”

A Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos fica na Padre Prudêncio esquina da Aristides Lobo, é uma obra atribuída ao arquiteto Antônio José Landi.

E os negros? Leandro Tocantins no livro “Santa Maria do Belém do Grão Pará” esclarece que:

“Pois foi Antônio José Landi o autor dos planos para a construção da atual Igreja do Rosário da Campina – assim chamavam-na os belemenses daquele tempo, em alusão ao bairro da Campina. No ano de 1767.

As origens da ermida são remotas e se ligam à existência da Irmandade do Rosário dos Homens Prêtos, fundada em 1682. Possìvelmente, nessa época, os Irmãos iniciaram a Casa de sua Santa Padroeira. Uma construção singela, demolida em 1725 por não oferecer segurança.

No mesmo ano a Irmandade fêz levantar outro templo, o qual, é provável, tenha sido uma reconstrução, aproveitando o arcabouçou antigo, pôsto que, notícia de 1761, fala na ‘estreiteza da mesma Ernida até nisso igual à primeira que demoliram em 1725’.

As obras da Igreja do Rosário, sob o debuxo de landi, devem ter ocorrido em ritmo lento. Ainda em 1848 a Irmandade completava o ataviamente interno graças à dedicação dos devotos negros, segundo observa o inglês Henry Walter Bates: ‘Durante as primeiras semanas de minha permanência no Pará eu encontrava freqüentemente uma fila de negros e de negrasm tarde da noite, caminhando pelas ruas, cantando em côro. cada qual levava na cabeça certa quantidade de materiais de construção: pedras, tijolos, argamassas ou tabuas. Vi que eram principalmente escravos, que depois de um dia de pesado trabalho contribuíam um pouco para a construção de sua Igreja’.

Talvez exista impropriedade na expressão do visitante britânico. Não se trata de ‘construção’ e sim de arremate ou aperfeiçoamento de obras internas.

Nesse aniversário de Belém que tal ir visitar essa obra tão carregada de história?

Íntegra do discurso da presidente Dilma Rousseff na cerimônia de posse

Sr. Presidente do Congresso Nacional, Senador José Sarney; Srs. Chefes de Estado e de Governo que me honram com as suas presenças; Sr. Vice-Presidente da República, Michel Temer; Sr. Presidente da Câmara dos Deputados, Deputado Marco Maia; Sr. Presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro Cezar Peluso; Srªs e Srs. Chefes das Missões Estrangeiras; Srªs e Srs. Ministros de Estado; Srªs e Srs. Governadores; Srªs e Srs. Senadores; Srªs e Srs. Deputados Federais; Srªs e Srs. Representantes da Imprensa; meus queridos brasileiros e brasileiras, pela decisão soberana do povo, hoje será a primeira vez que a faixa presidencial cingirá o ombro de uma mulher.

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Brasil tem oportunidade de tornar-se nação desenvolvida, diz Dilma


Sinto uma imensa honra por essa escolha do povo brasileiro e sei do significado histórico dessa decisão.

Sei, também, como é aparente a suavidade da seda verde amarela da faixa presidencial, pois ela traz consigo uma enorme responsabilidade perante a nação. Para assumi-la, tenho comigo a força e o exemplo da mulher brasileira. Abro meu coração para receber neste momento uma centelha da sua imensa energia e sei que meu mandato deve incluir a tradução mais generosa dessa ousadia do voto popular que após levar à Presidência um homem do povo, um trabalhador, decide convocar uma mulher para dirigir os destinos do País.

Venho para abrir portas, para que muitas outras mulheres também possam, no futuro, ser Presidentas e para que, no dia de hoje, todas as mulheres brasileiras sintam o orgulho e a alegria de ser mulher. Não venho para enaltecer a minha biografia, mas para glorificar a vida de cada mulher brasileira. Meu compromisso supremo, reitero, é honrar as mulheres, proteger os mais frágeis e governar para todos.

Venho, antes de tudo, para dar continuidade ao maior processo de afirmação que este País já viveu nos tempos recentes.

Venho para consolidar a obra transformadora do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva!

Venho para consolidar a obra transformadora do Presidente Lula, com quem tive a mais vigorosa experiência política da minha vida e o privilégio de servir ao País a seu lado nesses últimos anos. De um Presidente que mudou a forma de governar e levou o povo brasileiro a confiar ainda mais em si mesmo e no futuro do País.

A maior homenagem que posso prestar a ele é ampliar e avançar as conquistas do seu Governo. Reconhecer, acreditar, investir na força do povo foi a maior lição que o Presidente Lula deixa para todos nós. Sob a sua liderança, o povo brasileiro fez a travessia para uma outra margem da nossa história. Minha missão agora é consolidar essa passagem e avançar no caminho de uma Nação geradora das mais amplas oportunidades.

Quero, neste momento, prestar minha homenagem a outro grande brasileiro, incansável lutador, companheiro que esteve ao lado do Presidente Lula nesses oito anos: nosso querido Vice-Presidente José Alencar!

Que exemplo de coragem e amor à vida nos dá esse grande homem! E que parceria fizeram o Presidente Lula e o Vice-Presidente José Alencar pelo Brasil e pelo nosso povo! Eu e o Vice-Presidente, Michel Temer, sentimo-nos responsáveis por seguir no caminho iniciado por eles.

Um governo se alicerça no acúmulo de conquistas realizadas ao longo da história. Ele sempre será, a seu tempo, mudança e continuidade. Por isso, ao saudar os extraordinários avanços recentes liderados pelo Presidente Lula, é justo lembrar que muitos, a seu tempo e a seu modo, deram grandes contribuições às conquistas do Brasil de hoje.

Vivemos um dos melhores períodos da vida nacional. Milhões de empregos estão sendo criados. Nossa taxa de crescimento mais que dobrou. Encerramos um longo período de dependência do Fundo Monetário Internacional, ao mesmo tempo em que superamos a nossa dívida externa. Reduzimos, sobretudo, a nossa dívida social, a nossa histórica dívida social, resgatando milhões de brasileiros da tragédia da miséria e ajudando outros milhões a alcançarem a classe média.

Mas, em um País com a complexidade do nosso, é preciso sempre querer mais, descobrir mais, inovar nos caminhos e buscar sempre novas soluções. Só assim poderemos garantir aos que melhoraram de vida que eles podem alcançar mais e provar aos que ainda lutam para sair da miséria que eles podem, com a ajuda do Governo e de toda a sociedade, mudar de vida e de patamar. Que podemos ser, de fato, uma das nações mais desenvolvidas e menos desiguais do mundo, um País de classe média sólida e empreendedora, uma democracia vibrante e moderna, plena de compromisso social, liberdade política e criatividade.

Queridos brasileiros e queridas brasileiras, para enfrentar esses grandes desafios, é preciso manter os fundamentos que nos garantiram chegar até aqui, mas, igualmente, agregar novas ferramentas e novos valores. Na política, é tarefa indeclinável e urgente uma reforma com mudanças na legislação para fazer avançar nossa jovem democracia, fortalecer o sentido programático dos partidos e aperfeiçoar as instituições, restaurando valores e dando mais transparência ao conjunto da atividade pública.

Para dar longevidade ao atual ciclo de crescimento, é preciso garantir a estabilidade, especialmente a estabilidade de preços, e seguir eliminando as travas que ainda inibem o dinamismo da nossa economia, facilitando a produção e estimulando a capacidade empreendedora de nosso povo, da grande empresa até os pequenos negócios locais, do agronegócio à agricultura familiar.

É, portanto, inadiável a implementação de um conjunto de medidas que modernize o sistema tributário, orientado pelo princípio da simplificação e da racionalidade. O uso intensivo da tecnologia da informação deve estar a serviço de um sistema de progressiva eficiência e elevado respeito ao contribuinte.

Valorizar nosso parque industrial e ampliar sua força exportadora será meta permanente. A competitividade da nossa agricultura e da nossa pecuária, que faz do Brasil grande exportador de produtos de qualidade para todos os continentes, merecerá toda a nossa atenção. Nos setores mais produtivos, a internacionalização de nossas empresas já é uma realidade.

O apoio aos grandes exportadores não é incompatível com o incentivo, o desenvolvimento e o apoio à agricultura familiar e ao microempreendedor. As pequenas empresas são responsáveis pela maior parcela dos empregos permanentes em nosso País. Merecerão políticas tributárias e de crédito perenes.

Valorizar o desenvolvimento regional é outro imperativo de um País continental, sustentando a vibrante economia do Nordeste, preservando, desenvolvendo, respeitando a biodiversidade da Amazônia no Norte, dando condições à extraordinária produção agrícola do Centro-Oeste, à força industrial do Sudeste e à pujança e ao espírito de pioneirismo do Sul.

É preciso, antes de tudo, criar condições reais, efetivas, capazes de aproveitar e potencializar ainda mais e melhor a imensa energia criativa e produtiva do povo brasileiro.

No plano social, a inclusão só será plenamente alcançada com a universalização e a qualificação dos serviços essenciais. Esse é um passo decisivo e irrevogável para consolidar e ampliar as grandes conquistas obtidas pela nossa população no período do Governo do Presidente Lula.

É, portanto, tarefa indispensável uma ação renovadora efetiva e integrada do Governo Federal e dos governos estaduais e municipais em particular nas áreas da saúde, da educação e da segurança, o que é vontade expressa das famílias e da população brasileira.

Queridos brasileiros e brasileiras, a luta mais obstinada do meu Governo será pela erradicação da pobreza extrema e pela criação de oportunidades para todos!

Uma expressiva mobilidade social ocorreu nos dois mandatos do Presidente Lula, mas ainda existe pobreza a envergonhar nosso País e a impedir nossa afirmação plena como povo desenvolvido. Não vou descansar enquanto houver brasileiro sem alimento na mesa, enquanto houver famílias no desalento das ruas, enquanto houver crianças pobres abandonadas à própria sorte!

O congraçamento das famílias se dá no alimento, na paz e na alegria. É este o sonho que vou perseguir.

Essa não é tarefa isolada de um Governo, mas um compromisso a ser abraçado por toda a nossa sociedade. Para isso peço com humildade o apoio das instituições públicas e privadas, de todos os partidos, das entidades empresariais e dos trabalhadores, das universidades, da juventude, de toda a imprensa e das pessoas de bem.

A superação da miséria exige prioridade na sustentação de um longo ciclo de crescimento. É com crescimento que serão gerados os empregos necessários para as atuais e as novas gerações. É com crescimento, associado a fortes programas sociais, que venceremos a desigualdade de renda e de desenvolvimento regional. Isso significa, reitero, manter a estabilidade econômica como valor.

Já faz parte, aliás, da nossa cultura recente a convicção de que a inflação desorganiza a economia e degrada a renda do trabalhador. Não permitiremos, sob nenhuma hipótese, que essa praga volte a corroer nosso tecido econômico e a castigar as famílias mais pobres.

Continuaremos fortalecendo nossas reservas externas para garantir o equilíbrio das contas externas e bloquear, impedir a vulnerabilidade externa.

Atuaremos decididamente, nos fóruns multilaterais, na defesa de políticas econômicas saudáveis e equilibradas, protegendo o País da concorrência desleal e do fluxo indiscriminado de capitais especulativos. Não faremos a menor concessão ao protecionismo dos países ricos, que sufoca qualquer possibilidade de superação da pobreza de tantas nações pela via do esforço de produção.

Faremos um trabalho permanente e continuado para melhorar a qualidade do gasto público. O Brasil optou, ao longo de sua história, por construir um Estado provedor de serviços básicos e de previdência social pública. Isso significa custos elevados para toda a sociedade, mas significa também a garantia do alento da aposentadoria para todos e serviços de saúde e de educação universais. Portanto, a melhoria dos serviços públicos é também um imperativo de qualificação dos gastos governamentais.

Outro fator importante da qualidade da despesa é o aumento dos níveis de investimento em relação aos gastos de custeio. O investimento público é essencial como indutor do investimento privado e como instrumento de desenvolvimento regional.

Por meio do Programa de Aceleração do Crescimento e do Programa Minha Casa, Minha Vida, manteremos o investimento sob estrito e cuidadoso acompanhamento da Presidência da República e dos Ministérios. O PAC continuará sendo um instrumento de coesão da ação governamental e coordenação voluntária dos investimentos estruturais dos Estados e Municípios; será também vetor de incentivo ao investimento privado, valorizando todas as iniciativas de constituição de fundos privados de longo prazo.

Por sua vez, os investimentos previstos para a Copa do Mundo e para as Olimpíadas serão concebidos de maneira a dar ganhos permanentes de qualidade de vida em todas as regiões envolvidas.

Esse princípio vai reger também nossa política de transporte aéreo. É preciso, sem dúvida, melhorar e ampliar nossos aeroportos para a Copa e as Olimpíadas, mas é mais que necessário melhorá-los já, para arcar com o crescente uso desse meio de transporte por parcelas cada vez mais amplas da população brasileira.

Queridas brasileiras e queridos brasileiros, junto com a erradicação da miséria, será prioridade do meu Governo a luta pela qualidade da educação, da saúde e da segurança.

Nas últimas décadas, o Brasil universalizou o ensino fundamental, porém é preciso melhorar a sua qualidade e aumentar as vagas no ensino infantil e no ensino médio. Para isso, vamos ajudar decididamente os Municípios a ampliar a oferta de creches e de pré-escolas. No ensino médio, além do aumento do investimento público, vamos estender a vitoriosa experiência do ProUni para o ensino médio e profissionalizante, acelerando a oferta de milhares de vagas para que nossos jovens recebam uma formação educacional e profissional de qualidade.

Mas só existirá ensino de qualidade se o professor e a professora forem tratados como as verdadeiras autoridades da educação, com formação continuada, remuneração adequada e sólido compromisso dos professores e da sociedade com a educação das crianças e dos jovens.

Somente com o avanço na qualidade do ensino poderemos formar jovens preparados, de fato, para nos conduzir à sociedade da tecnologia e do conhecimento.

Queridas brasileiras e queridos brasileiros, consolidar o Sistema Único de Saúde será outra grande prioridade do meu Governo. Para isso, vou acompanhar pessoalmente o desenvolvimento desse setor tão essencial para o povo brasileiro. O SUS deve ter como meta a solução real do problema que atinge a pessoa que o procura com o uso de todos os instrumentos de diagnóstico e tratamento disponíveis, tornando os medicamentos acessíveis a todos, além de fortalecer as políticas de prevenção e promoção da saúde.

Vou usar, sim, a força do Governo Federal para acompanhar a qualidade do serviço prestado e o respeito ao usuário.

Vamos estabelecer parcerias com o setor privado na área da saúde, assegurando a reciprocidade quando da utilização dos serviços do SUS. A formação e a presença de profissionais de saúde, adequadamente distribuídos, em todas as regiões do País será outra meta essencial ao bom funcionamento do sistema.

Queridas brasileiras e queridos brasileiros, a ação integrada de todos os níveis do Governo e a participação da sociedade são o caminho para a redução da violência que constrange a sociedade e as famílias brasileiras.

Meu Governo fará um trabalho permanente para garantir a presença do Estado em todas as regiões mais sensíveis à ação da criminalidade e das drogas em forte parceria com Estados e Municípios.

O Estado do Rio de Janeiro mostrou o quanto é importante, na solução dos conflitos, a ação coordenada das forças de segurança dos três níveis de Governo, incluindo, quando necessário, a participação decisiva das Forças Armadas.

O êxito dessa experiência deve nos estimular a unir as forças de segurança no combate, sem tréguas, ao crime organizado, que sofistica a cada dia seu poder de fogo e suas técnicas de aliciamento dos jovens. Buscaremos, também, uma maior capacitação federal na área de inteligência e no controle das fronteiras, com uso de modernas tecnologias e treinamento profissional permanente.

Reitero meu compromisso de agir no combate às drogas, em especial ao avanço do crack, que desintegra a nossa juventude e infelicita as nossas famílias.

O pré-sal é nosso passaporte para o futuro, mas só o será plenamente, queridas brasileiras e queridos brasileiros, se produzir uma síntese equilibrada de avanço tecnológico, avanço social e cuidado ambiental.

A sua própria descoberta é resultado do avanço tecnológico brasileiro e de uma moderna política de investimentos em pesquisa e inovação. Seu desenvolvimento será fator de valorização da empresa nacional e seus investimentos serão geradores de milhares de novos empregos.

O grande agente dessa política foi e é a Petrobras, símbolo histórico da soberania brasileira na produção energética e do petróleo.

O meu Governo terá a responsabilidade de transformar a enorme riqueza obtida no pré-sal em poupança de longo prazo, capaz de fornecer às atuais e às futuras gerações a melhor parcela dessa riqueza, transformada, ao longo do tempo, em investimentos efetivos na qualidade dos serviços públicos, na redução da pobreza e na valorização do meio ambiente. Recusaremos o gasto apressado, que reserva às futuras gerações apenas as dívidas e a desesperança.

Queridas brasileiras e queridos brasileiros, muita coisa melhorou no nosso País, mas estamos vivendo apenas o início de uma nova era, o despertar de um novo Brasil.

Recorro a um poeta da minha terra natal. Ele diz: "O que tem de ser tem muita força, tem uma força enorme".

Pela primeira vez, o Brasil se vê diante da oportunidade real de se tornar, de ser uma nação desenvolvida, uma nação com a marca inerente também da cultura e do estilo brasileiro: o amor, a generosidade, a criatividade e a tolerância. Uma nação em que a preservação das reservas naturais e das suas imensas florestas, associada à rica biodiversidade e à matriz energética mais limpa do mundo permitem um projeto inédito de país desenvolvido com forte componente ambiental.

O mundo vive num ritmo cada vez mais acelerado de revolução tecnológica. Ela se processa tanto na decifração de códigos desvendadores da vida quanto na explosão da comunicação e da informática. Temos avançado na pesquisa e na tecnologia, mas precisamos avançar muito mais.

Meu Governo apoiará fortemente o desenvolvimento científico e tecnológico para o domínio do conhecimento e para a inovação como instrumento fundamental de produtividade e competitividade do nosso País.

Mas o caminho para uma nação desenvolvida não está somente no campo econômico ou no campo do desenvolvimento econômico, pura e simplesmente. Ele pressupõe o avanço social e a valorização da nossa imensa diversidade cultural.

A cultura é a alma de um povo, essência de sua identidade.

Vamos investir em cultura, ampliando a produção e o consumo em todas as regiões, expandindo a exportação de nossa música, cinema e literatura, signos vivos de nossa presença no mundo.

Em suma, temos que combater a miséria, que é a forma mais trágica de atraso, e, ao mesmo tempo, avançar, investindo fortemente nas áreas mais modernas e sofisticadas da invenção tecnológica, da criação intelectual e da produção artística e cultural. Justiça social, moralidade, conhecimento, invenção e criatividade devem ser, mais que nunca, conceitos vivos no dia a dia da nossa nação.

Queridas brasileiras e queridos brasileiros, considero uma missão sagrada do Brasil a de mostrar ao mundo que é possível um país crescer aceleradamente sem destruir o meio ambiente.

Somos e seremos os campeões mundiais de energia limpa, um País que sempre saberá crescer de forma saudável e equilibrada. O etanol, as fontes de energias hídricas terão grande incentivo, assim como as fontes alternativas: a biomassa, a eólica e a solar. O Brasil continuará também priorizando a preservação das reservas naturais e de suas imensas florestas.

Nossa política ambiental favorecerá nossa ação nos fóruns multilaterais, mas o Brasil não condicionará sua ação ambiental ao sucesso e ao cumprimento, por terceiros, de acordos internacionais. Defender o equilíbrio ambiental do Planeta é um dos nossos compromissos nacionais mais universais.

Meus queridos brasileiros e brasileiras, nossa política externa estará baseada nos valores clássicos da tradição diplomática brasileira: promoção da paz, respeito ao princípio de não intervenção, defesa dos direitos humanos e fortalecimento do multilateralismo.

O meu Governo continuará engajado na luta contra a fome e a miséria no mundo. Seguiremos aprofundando o relacionamento com nossos vizinhos sul-americanos, com nossos irmãos da América Latina e do Caribe, com nossos irmãos africanos e com os povos do Oriente Médio e dos países asiáticos.

Preservaremos e aprofundaremos o relacionamento com os Estados Unidos e com a União Europeia.

Vamos dar grande atenção aos países emergentes.

O Brasil reitera com veemência e firmeza a decisão de associar seu desenvolvimento econômico, social e político ao nosso continente. Podemos transformar nossa região em componente essencial do mundo multipolar que se anuncia, dando consistência cada vez maior ao Mercosul e à Unasul.

Vamos contribuir para a estabilidade financeira internacional com uma intervenção qualificada nos fóruns multilaterais.

Nossa tradição de defesa da paz não nos permite qualquer indiferença frente à existência de enormes arsenais atômicos, à proliferação nuclear, ao terrorismo e ao crime organizado transnacional.

Nossa ação política externa continuará propugnando pela reforma dos organismos de governança mundial, em especial às Nações Unidas e seu Conselho de Segurança.

Queridas brasileiras e queridos brasileiros, disse, ao início desse discurso, que eu governarei para todos os brasileiros e brasileiras e vou fazê-lo.

Mas é importante lembrar que o destino de um país não se resume à ação de seu governo. Ele é o resultado do trabalho e da ação transformadora de todos os brasileiros e brasileiras. O Brasil do futuro será exatamente do tamanho daquilo que juntos fizermos por ele hoje, do tamanho da participação de todos e de cada um, dos movimentos sociais, dos que labutam no campo, dos profissionais liberais, dos trabalhadores e dos pequenos empreendedores, dos intelectuais, dos servidores públicos, dos empresários, das mulheres, dos negros, dos índios, dos jovens, de todos aqueles que lutam para superar distintas formas de discriminação.

Quero estar ao lado dos que trabalham pelo bem do Brasil na solidão amazônica, no semiárido nordestino e em todos os seus rincões, na imensidão do Cerrado, na vastidão dos Pampas.

Quero estar ao lado dos que vivem nos aglomerados metropolitanos, na vastidão das florestas, no interior ou no litoral, nas capitais e nas fronteiras do Brasil.

Quero convocar todos a participar do esforço de transformação do nosso País. Respeitada a autonomia dos Poderes e o princípio federativo, quero contar com o Legislativo e o Judiciário e com a parceria de Governadores e Prefeitos, para continuarmos desenvolvendo nosso País, aperfeiçoando nossas instituições e fortalecendo nossa democracia.

Reafirmo meu compromisso inegociável com a garantia plena das liberdades individuais, da liberdade de culto e de religião, da liberdade de imprensa e de opinião.

Reafirmo o que disse, ao longo da campanha, que prefiro o barulho da imprensa livre ao silêncio das ditaduras.

Quem como eu e tantos outros da minha geração lutamos contra o arbítrio, a censura e a ditadura, somos naturalmente amantes da mais plena democracia e da defesa intransigente dos direitos humanos no nosso País e como bandeira sagrada de todos os povos.

O ser humano não é só realização prática, mas sonho; não é só cautela racional, mas coragem, invenção e ousadia. E esses são os elementos fundamentais para a afirmação coletiva da nossa Nação.

Eu e meu Vice-Presidente, Michel Temer, fomos eleitos por uma ampla coligação partidária. Estamos construindo com eles um Governo, onde capacidade profissional, liderança e a disposição de servir ao País serão os critérios fundamentais.

Mais uma vez, estendo minha mão aos partidos de oposição e às parcelas da sociedade que não estiveram conosco na recente jornada eleitoral. Não haverá de minha parte e do meu Governo discriminação, privilégios ou compadrio.

A partir deste momento, sou a Presidenta de todos os brasileiros.

A partir deste momento, sou a Presidenta de todos os brasileiros sob a égide dos valores republicanos. Serei rígida na defesa do interesse público; não haverá compromisso com o desvio e o mal feito; a corrupção será combatida permanentemente, e os órgãos de controle e investigação terão todo o meu respaldo para atuarem com firmeza e autonomia.

Queridas brasileiras e queridos brasileiros, chegamos ao final deste longo discurso. Queria dizer a vocês que eu dediquei toda a minha vida à causa do Brasil. Entreguei, como muitos aqui presentes, minha juventude ao sonho de um país justo e democrático. Suportei as adversidades mais extremas, infligidas a todos que ousamos enfrentar o arbítrio. Não tenho qualquer arrependimento, tão pouco não tenho ressentimento ou rancor.

Muitos da minha geração que tombaram pelo caminho não podem compartilhar a alegria deste momento. Divido com eles esta conquista e rendo-lhes minha homenagem.

Esta, às vezes, dura caminhada me fez valorizar e amar muito mais a vida e me deu, sobretudo, coragem para enfrentar desafios ainda maiores. Recorro, mais uma vez, ao poeta da minha terra:

O correr da vida [diz ele] embrulha tudo.

A vida é assim: esquenta e esfria,

aperta e daí afrouxa,

sossega e depois desinquieta.

O que ela quer da gente é coragem.

É com essa coragem que vou governar o Brasil. Mas mulher não é só coragem, é carinho também; carinho que dedico à minha filha e ao meu neto, carinho com que abraço a minha mãe, que me acompanha e me abençoa. É com esse imenso carinho que quero cuidar do meu povo e a ele dedicar os próximos anos da minha vida.

Que Deus abençoe o Brasil! Que Deus abençoe a todos nós! E que tenhamos paz no mundo!

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Diversidade cultural na posse de Dilma Rousseff


Sol e chuva, calor e frio se alternavam em Brasília, mas a alegria e a emoção dos visitantes do Arena Brasil permanecia inabalável na Esplanada dos Ministérios. Cerca de 30 mil pessoas circularam pela manhã e pela tarde no espaço idealizado pela Fundação Cultural Palmares, em parceria com o Ministério da Cultura, para celebrar a posse da Presidenta da República, Dilma Rousseff.



Constituída de quatro tendas, representando as quatro macrorregiões brasileiras, a primeira edição do Arena Brasil reuniu artesanato, música e dança de todos os cantos do País - aliás, pessoas de todos os cantos do País. Braz Augusto de Menezes, por exemplo, veio de Barretos, São Paulo, para conferir a festa cívico-cultural. Enquanto não acontecia a passagem da faixa, o paulista curtia as apresentações musicais. "Está sendo uma festa maravilhosa, que faz jus à grandiosidade do momento", disse.



Já o vendedor ambulante Raimundo João, com seus dois nomes próprios, seus olhos azuis e seus 73 anos, veio da Paraíba há 33 anos e não voltou mais. No Arena Brasil, vendia bandeiras e faixas em homenagem à Presidenta, mas disse que viria de qualquer maneira, afinal, "é um momento muito importante, né?".



O presidente da Fundação Cultural Palmares, Zulu Araújo, também participou das comemorações e fez questão de transitar por todas as tendas, conferindo as apresentações do dia. "Hoje é dia de celebração da diversidade cultural e de gênero, além, evidentemente, da cultura afro-brasileira", ressaltou.



SUDESTE - Mesmo com toda a diversidade, o Brasil, com suas dimensões continentais, consegue apresentar semelhanças, como explica a artesã Onilde Conrada, da tenda Sudeste: "O artesanato é muito parecido em todas as regiões do País. O que muda, muitas vezes, é o material". Sua parceira de vendas, Maria Joana, acrescenta: "Todas as regiões têm algo em comum, estão interligadas". Os ritmos são muitos e o País é plural, de modo que já não dá pra dizer o que é de onde.



O rap, por exemplo, com sua batida marcada e suas rimas enérgicas, característico de São Paulo e do Rio de Janeiro, foi apresentado pelo grupo Brô MC's, da reserva indígena Jaguapiru, de Mato Grosso do Sul. O Arena Brasil prova que, de uma ponta a outra, o que interliga os Brasis é a arte e suas muitas manifestações.



NORTE - Reconhecida internacionalmente pela Amazônia, a região Norte chamou a atenção no Arena Brasil pela alegria de sua plateia. As cores dos figurinos, as grandes saias rodadas e os ritmos marcados podiam ser vistos e ouvidos de longe. Representantes da tribo indígena Tuxauas, da reserva Raposa Serra do Sol, de Roraima, apresentaram danças tradicionais Macuxi. "É muito bom estar aqui hoje, valorizar a nossa cultura e tudo que nosso povo sabe", disse Mestre Jaci, após sua apresentação.



SUL - Roupas, acessórios e maquiagem que lembram países europeus, mas que são bem brasileiros. Só pode ser a região Sul, que trouxe para Brasília o grupo folclórico Ucraniano-Brasileiro Vesselka e seu lúdico balé, que deixou muito brasiliense confuso. "Entrei aqui e falei: daonde é isso" Lembrei que a Região Sul é quase um País diferente, mas gostei de ver, é muito curioso", disse Regina Magalhães, nascida em Brasília, e que nunca visitou a região, mas, depois da apresentação, tem ainda mais vontade de conhecer. É o Arena Brasil apresentando o Brasil aos brasileiros.



NORDESTE - Forró, frevo e quadrilha: a animação da região Nordeste transbordava de sua tenda, colocando até o presidente Zulu Araújo para dançar. O diretor da Palmares, Elísio Lopes Jr, também não foi poupado, sendo puxado pela própria apresentadora das atrações do espaço. Casais se formavam a cada minuto, e quem entrava na tenda automaticamente começava a "balançar o esqueleto".



"O Brasil inteiro está na Esplanada hoje. Me sinto de volta à minha terra", afirmou o pernambucano João Guimarães, enquanto simulava dançar forró sozinho assim que entrou na tenda, demonstrando que diminuir a saudade da terra natal é um dos resultados do Projeto Arena Brasil.



INFANTIL - Mas os pequenos não poderiam ficar de fora da festa e contaram com uma programação toda especial. A apresentação dos bonecos do Mamulengo sem Fronteiras hipnotizou crianças e adultos, que depois dançaram e cantaram com bonecos gigantes e os pernas de pau do grupo Mamãe Taguá - ambos do Distrito Federal. Tímidas no começo, as crianças participaram das brincadeiras propostas e se encantaram com as histórias, as máscaras e os figurinos caprichados. Ana Luiza Batista, mãe de Jéssica, de 7 anos, ficou satisfeita com a programação infantil: "São histórias e brincadeiras nossas, brasileiras, que valorizam nosso povo. Nossas crianças precisam ter mais acesso a isso".



CIRANDA - Parecia uma grande brincadeira de criança, mas era a prova concreta da união do nosso povo. A consagrada cantora Lia de Itamaracá puxou uma ciranda que reuniu artistas do bumba-meu-boi, passando pelo frevo, até o samba pisado. Cirandas dentro de cirandas. Brasileiros de todas as regiões do País cantavam e dançavam de mãos dadas, unidos em suas diferenças, como apenas o Brasil sabe ser.



Bandeiras, cores, bonecos, pernas de pau, índios, brancos, negros... O Brasil dançou uma grande ciranda no centro da Arena Brasil. "Minha ciranda não é minha, é de todos nós", cantava Lia de Itamaracá, que ouvia de volta: "é de todos nós", enquanto os pés marcavam a batida dos tambores.



Após duas animadas cirandas, eis que surge a mais brasileira das canções: o Hino Nacional, interpretado também como ciranda. As mãos dadas, os passos marcados, sorrisos largos e a multidão cantando em uníssono. Haja cores, culturas, misturas. No primeiro dia do ano, no dia da posse da primeira Presidenta da República, nada mais justo que celebrar a cultura plural deste povo trabalhador, alegre e criativo.


E viva o povo brasileiro!