domingo, 2 de maio de 2010

Revista Time elege Lula um dos líderes "mais influentes" do mundo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva é um dos 25 líderes mais influentes do mundo, segundo a revista Time. A sétima lista anual da publicação — divulgada nesta quinta-feira (29) no site da revista que chega às bancas nesta sexta-feira — alça o presidente Lula, de 64 anos, no topo dos líderes mundiais.
“Lula é um autêntico filho da classe trabalhadora latino-americana, que esteve preso uma vez por liderar uma greve”, afirma o cineasta Michael Moore, que se encarregou de elaborar um perfil do presidente para a revista. O texto destaca as conquistas de Lula para levar o seu país "ao Primeiro Mundo".

“A grande ironia da presidência de Lula”, escreve Moore, “é que mesmo quando tenta impulsionar o Brasil para o Primeiro Mundo com programas sociais como o Fome Zero, destinado a acabar com a fome, e planos para melhorar a educação disponível à classe trabalhadora, os Estados Unidos se parecem a cada dia mais com o Terceiro Mundo”.

Segundo o cineasta, a concentração de renda nos Estados Unidos está aumentando e ameaça deteriorar a condição econômica dos mais pobres. “O que Lula quer para o Brasil é o que nós costumávamos chamar de ‘sonho americano’. Nós, nos EUA, ao contrário, onde a parcela de 1% dos mais ricos agora tem mais riqueza financeira do que o conjunto das 95% das pessoas juntas, estamos vivendo em uma sociedade que rapidamente está ficando muito mais parecida com o Brasil”, afirma.

Diretor do documentário Sicko — S.O.S Saúde, Moore procura nesse mesmo tema a explicação para a decisão de Lula de entrar para a política — e cita um trecho da biografia do presidente brasileiro registrada no filme Lula, o Filho do Brasil: “O que levou [Lula] à política em primeiro lugar? (...) Foi quando, com 25 anos de idade, ele viu sua mulher Maria morrer aos oito meses de gravidez, junto ao filho, porque eles não tinham acesso a um sistema de saúde decente”, afirma Moore.

O cineasta — que lança o filme Capitalism: a love story — acredita que Lula deixa “uma lição para os bilionários do mundo: permitam que as pessoas tenham bom atendimento à saúde, e elas causarão muito menos problemas a vocês”.

As pessoas mais influentes do mundo são escolhidas pelo grupo de editores da Time, após uma conversa com os correspondentes da revista no exterior. Tendo uma primeira versão da lista de nomes, os jornalistas falam com personalidades que têm alguma ligação com as atividades dos escolhidos. Depois, dividem os eleitos em categorias: Líderes, Artistas, Pensadores e Heróis.

Depois de Lula, aparecem na lista da Time o presidente da empresa de computadores pessoais Acer, J.T. Wang, e o chefe do Estado-Maior Conjunto dos Estados Unidos, o almirante Mike Mullen, o presidente americano, Barack Obama (que ocupa o quarto lugar) e a presidente da Câmara de Representantes dos EUA, Nancy Pelosi.

Entre os líderes em destaque também estão a ex- governadora do Alasca e ex-candidata republicana à vice-presidência, Sarah Palin; o diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn; os primeiros-ministros japonês e palestino, Yukio Hatoyama e Salam Fayyad, e o chefe do Governo da Turquia, Recep Tayyip Erdogan.

Ana Júlia defende Belo Monte e ironiza diretor de "Avatar" em entrevista no UOL

Governadora do Pará defende Belo Monte e ironiza diretor de "Avatar"

A governadora do Pará, Ana Júlia Carepa (PT), apoiou hoje a construção de uma hidroelétrica na região ao afirmar que a represa ajudará a reduzir abismos sociais em uma região em que "a pobreza não é ficção científica", como ocorre no filme "Avatar".

"É compreensível que Hollywood se preocupe com o meio ambiente, mas tem uma visão muito distante da nossa realidade", declarou à Agência Efe Ana Júlia, em alusão às manifestações contra a represa feitas pelo diretor do filme "Avatar", James Cameron, e alguns atores da obra de maior bilheteira da história.

Em entrevista por telefone à Efe, a governante apontou que o Pará tem um compromisso com a defesa do ecossistema amazônico e citou como exemplo o plantio de 1 bilhão de árvores até 2013.

"É uma meta igual à que a ONU colocou para todo o planeta, mas só para este Estado", disse Ana Júlia, que acrescentou que Cameron e os protagonistas de "Avatar" estão "convidados" a conhecer em primeira mão o projeto da represa e também "ajudar a plantar árvores".

Cameron, junto da atriz Sigourney Weaver e do ator Joel David Moore, se uniram aos índios e movimentos sociais que se opõem à construção da hidroelétrica de Belo Monte, uma obra que será realizada no rio Xingu, no coração do Pará.

Os três participaram de manifestações realizadas em Brasília, e Weaver se uniu nesta quarta-feira em Nova York a uma manifestação realizada por ativistas que participam do Fórum Permanente para Assuntos Indígenas das ONU, onde denunciaram o dano ambiental atribuído ao projeto.

Segundo Ana Júlia, quem se opõem à represa desconhece as garantias e as contrapartidas ambientais e sociais incluídas na licitação, mediante a qual as obras serão repassadas a um consórcio público-privado em 20 de abril.

A represa de Belo Monte terá um custo de US$ 10,6 bilhões, gerará em média 4.571 megawatts por hora e alcançará um pico de 11.233 megawatts nos períodos de cheia do rio Xingu, um dos principais afluentes do Amazonas.

Serão investidos também R$ 1,5 bilhão para mitigar o impacto socioambiental, e outros R$ 2 bilhões em projetos para o desenvolvimento sustentado do rio Xingu, explicou Ana Júlia à Efe.

A governadora acrescentou que na região serão construídas casas e postos de saúde, e serão desenvolvidas obras de saneamento básico hoje quase inexistentes. Ao todo, 12 mil pessoas devem deslocadas com a represa e terão esses benefícios.

Além disso, Ana Júlia expressou que a represa terá um impacto econômico importante em uma área na qual impera a pobreza e o desemprego.

Explicou que as obras gerarão 18 mil empregos diretos e 23 mil indiretos. Esse impacto, no entanto, será multiplicado assim que a represa entrar em operação, pois ajudará a potencializar a economia do Estado do Pará.

Como exemplo, disse que essa região do norte do Brasil é muito rica em bauxita, mas até agora só exporta o mineral, pois não tem condições de beneficiá-lo em alumínio porque, entre outras coisas, na região não há fornecimento de energia elétrica.

"Belo Monte permitirá ao Pará deixar de ser um mero exportador de matéria-prima, gerar emprego e renda e abrir as portas ao desenvolvimento", apontou.

Segundo a governadora, uma região de poucos recursos como Pará "não pode estar condenada à pobreza e ao desemprego" e tem o mesmo "direito" ao desenvolvimento que outras áreas do Brasil e que os países mais ricos do mundo, "que já destruíram todas suas selvas".

Na opinião de Ana Júlia, quem se opõem à represa, além de ignorar as compensações sociais e ambientais estabelecidas como condições para o projeto, fazem a partir de uma "visão que na realidade é conservadora e não conservacionista".