terça-feira, 29 de junho de 2010

Pará assina adesão de nove municípios ao PAC Cidades Históricas

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan, o governo do estado do Pará assinam a adesão de nove municípios paraenses ao PAC Cidades Históricas. A solenidade será no próximo dia 29 de junho. O acordo prevê investimentos da ordem de R$ 575 milhões, das esferas federais, estadual e municipais, a serem aplicados em 315 ações, nos próximos quatro anos. A solenidade será às 20h, na Praça Santuário, em Belém, no encerramento da quadra junina, quando Pássaros e Quadrilhas sairão do Centur em uma caravana até a praça.

A superintendente do Iphan-PA, Dorotéa Lima, explica que entre os objetivos e as ações estratégicas previstas no PAC Cidades Históricas estão a requalificação urbanística dos sítios históricos, com embutimento de fiação elétrica, recuperação de espaços públicos, acessibilidade, instalação de mobiliário urbano, sinalização, iluminação e internet sem fio, para estimular usos que garantam o desenvolvimento econômico, social e cultural. As ações busca, ainda o investimento na infraestrutura urbana e social, com a inclusão das cidades históricas e seu entorno nas ações da agenda social do governo federal, o financiamento para a recuperação de imóveis privados, recuperação de monumentos e imóveis públicos para abrigar preferencialmente universidades, escolas, bibliotecas ou museus, o fomento ao desenvolvimento das cadeias produtivas locais, especialmente as tradicionais, incrementando a capacidade de geração de renda e a melhoria da qualidade de vida, além da promoção do patrimônio cultural, com o fortalecimento institucional.

O PAC Cidades Históricas foi lançado em outubro pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Ouro Preto, Minas Gerais. O programa é uma ação voltada aos municípios com conjunto ou sítio protegido no âmbito federal e, ainda, cidades com Patrimônio Cultural registrados. Para integrar ao PAC Cidades Históricas o município, em conjunto com o estado e o Iphan, deve elaborar um Plano de Ação que defina um planejamento integrado, coerente com o Sistema Nacional do Patrimônio Cultural, e com ações sobre o território pactuadas com os diferentes órgãos governamentais e a sociedade. Essa proposta reforça a estratégia do Iphan de buscar a convergência e a integração entre as políticas públicas nas três esferas de governo, para a gestão compartilhada do patrimônio cultural com a sociedade, ampliando as ações de proteção do patrimônio em todo o país, consolidando novas formas de desenvolvimento por meio da valorização do patrimônio cultural.

Ações previstas, dentro Plano de Ação das Cidades Históricas no Pará

Afuá
A previsão é de investimentos de R$ 9 milhões entre 2010 e 2013.
Principais ações:
• Construção da casa do artesão;
• Construção do Centro de Referência e Recepção do visitante de Afuá.
• Realização de seminário sobre o uso da madeira legalizada nas casas, passarelas e embarcações nas cidades ribeirinhas da Amazônia
• Inventário de edificações e características urbanas e paisagísticas do município

Aveiro (Fordlândia)
A previsão é de investimentos de R$ 17 milhões entre 2010 e 2013.
Principais ações:
• Recuperação e adequação do Antigo Refeitório de Fordlândia para abrigar o Centro de Referência e Recepção de visitante
• Restauração e adequação da Escola Princesa Isabel
• Restauração e adequação da antiga Casa de Força em ginásio de esportes.
• Recuperação e adequação da Antiga Serraria para o Centro de qualificação profissionalizante em Carpintaria e Marcenaria de Fordlândia
• Ações de preservação do patrimônio arqueológico na Vila de Pinhél
• Produção de documentário sobre o distrito de Fordlândia
• Criar e regulamentar leis e normatização especifica para proteção do patrimônio Arquitetônico e cultural para o Distrito de Fordlândia
• Produção de material didático e informativo sobre Fordlândia
• Restauração de antigo galpão de ferro e vidro para implantação de Mercado do Produtor;
• Implantação de terminal fluvial;
• Urbanização e tratamento paisagístico da orla
• Acessibilidade, Iluminação, pavimentação, sinalização urbana e turística

Belterra
A previsão é de investimentos de R$ 19 milhões entre 2010 e 2013.
Principais ações:
• Implantação da Casa do Patrimônio;
• Restauração e recuperação do antigo hotel da Companhia Ford, atual Secretaria de Educação;
• Restauração de edificação para implantação do Memorial da Borracha
• Restauração da edificação da antiga Secretaria de Saúde para implantação de centro de documentação.
• Pavimentação, drenagem e calçamento na área histórica de Belterra
• Criação do conselho municipal de proteção ao patrimônio cultural
• Promover estudos de arranjos produtivos locais
• Financiamento para restauração de imóveis privados
• Restauração das igrejas Católica e Batista

Belém
(Incluindo Icoaracy, Mosqueiro e Cotijuba)
A previsão é de investimentos de R$ 370 milhões entre 2010 e 2013.
Principais ações:
• Restauração do Mercado de Peixe
• Restauração do Solar da Beira para implantação de um Centro de Referência do Ver-o-peso e recepção de visitantes
• Restauração do Palácio Antonio Lemos
• Restauração e adequação do Cemitério da Soledade em cemitério parque
• Restauração da Estação Pinheiro – Icoaraci
• Restauração e Adequação do Educandário Nogueira Farias – Cotijuba em Eco Museu
• Implantação de arranjos produtivos locais na área de turismo, artesanato e patrimônio cultural
• Capacitação de professores na área de educação ambiental e patrimonial
• Normatização das áreas protegidas por tombamento

Bragança
A previsão é de investimentos de R$ 51 milhões entre 2010 e 2013.
Principais ações:
• Recuperação do Mercado de Carne
• Conservação do Pavilhão Senador Antônio Lemos
• Recuperação e Restauração do Palácio Antônio Corrêa para implantação do Centro de Referência e recepção do visitante (antiga sede da Prefeitura)
• Recuperação urbanística e paisagística do Complexo da Igreja de São Benedito
• Qualificar a produção da cerâmica caeteuara das comunidades de São Mateus, Fazendinha e Vila Que Era para assegurar a, transmissão do saber aliado à geração de renda
• Inventário e registro da marujada como patrimônio cultural brasileiro com implementação de plano de salvaguarda
• Valorização e qualificação das casas de farinha

Cametá
A previsão é de investimentos de R$ 34,7 milhões entre 2010 e 2013.
Principais ações:
• Revitalização da Praça Deodoro da Fonseca
• Recuperação do Muro de Arrimo da Orla da Cidade
• Conservação da Catedral de São João Batista
• Produzir mídias audiovisuais sobre os mestres da cultura de Cametá
• Fortalecimento institucional com criação e implementação do departamento de patrimônio histórico, artístico e cultural (DEPHAC) do município de Cametá
• Restauração da Capela de Bom Jesus para implantação de galeria de arte sacra
• Implantação do Cine Mais Cultura no antigo Círculo operário
• Implantação de arquivo público
• Construção de Centro cultural
• Normatização de áreas tombadas


Óbidos
A previsão é de investimentos de R$ 17 milhões entre 2010 e 2013.
Principais ações:
• Restauração e requalificação do Forte Pauxis para sediar Memorial da Cidade de Óbidos
• Restauração do Mercado Municipal de Óbidos
• Realização de embutimento da fiação aérea da área tombada
• Recuperação e complementação do Museu Contextual
• Promover cursos de qualificação para profissionais na área de gastronomia
• Implementar arranjos produtivos locais na área de turismo e patrimônio cultural
• Produção de material informativo sobre o patrimônio cultural do município com integração da cidade aos roteiros turísticos do Tapajós

Santarém
A previsão é de investimentos de R$ 24 milhões entre 2010 e 2013.
Principais ações:
• Requalificação e restauração do Centro Cultural João Fona para implantação do Centro da Memória de Santarém
• Centro da Cultura Indígena - Alter do Chão
• Implementar o Parque ambiental Vera Paz, como patrimônio ambiental, turístico e arqueológico do município.
• Realizar obras para embutimento de fiação elétrica nas áreas protegidas
• Implementar pontos de cultura nas áreas tombadas e com atividades vinculadas ao patrimônio cultural
• Fortalecimento institucional com criação do departamento e conselho de proteção do patrimônio histórico, artístico e cultural do município
• Desapropriar e restaurar o Solar dos macambiras para implantação de Centro de Referência da Arqueologia do Tapajós/Casa do Patrimônio
• Inventariar o patrimônio cultural do município

Vigia
A previsão é de investimentos de R$ 33,6 milhões entre 2010 e 2013.
Principais ações:
• Conservação da Igreja Matriz Madre de Deus
• Revitalização da Orla
• Revitalização do Mercado Municipal (Mercado de Peixe)
• Revitalização do Mercado de Carne
• Construir vigilenga modelo (barco de pesca artesanal do município) para uso em passeios turísticos
• Qualificação de corpo técnico para atuar na área de preservação
• Identificação, delimitação e normatização de áreas protegidas
• Implantação de arranjos produtivos nas áreas de patrimônio cultural, turismo e artesanato
• Pesquisa e produção de material informativo sobre o patrimônio cultural de Vigia
• Restauração do antigo cinema para implantação do teatro municipal/auditório
• Inventário do patrimônio cultural do município
• Urbanização da orla
• Contratação de consultoria para elaboração de diagnóstico e plano de coleta, tratamento e destinação de lixo

a razão pela qual Saramago 'malgré lui' encantou-se em vida e virou "santo" depois da morte

isto me faz lembrar do ano de 1972. Recém casado, fui com Palmira, minha companheira e mãe de meus filhos; à antiga aldeia das Mangabeiras (berço indígena do município de Ponta de Pedras, na ilha do Marajó). Queria que ela soubesse daquela minha origem nativa que misturada à dela com raízes africanas na Guiné (escravos importados no Nordeste) e no Marrocos (judeus sefardistas emigrados no Pará) iamos começar a nossa prole...

eu e minha mulher temos herança comum em Portugal e Espanha (região da Galícia) com pé no Marajó desde a segunda metade do século 17... Uma teia de avós analfabetos, todavia sábios tantos quantos os lembrados avós do premio Nobel de Literatura português.

Fui a Ponta de Pedras apresentar minha cara metade aos parentes marajoaras e, naturalmente ao meu velho e querido mestre da história oral daquela aldeia, BRASILINO RODRIGUES...

Ele no reizado do coqueiral na beira da baia do Marajó com a família (está na cara, mestiça de índios e degredados lusos) nos oferecia doce água de coco quando, de repente, sem nenhuma provocação recente de minha parte (noves fora, em outros tempos quando deixei rastros na estrada a pé para convencer aquela gente a formar cooperativa de pescadores e explicar o que seria "reforma agrária": vem daí, em plena ditadura, minha modesta fama de comunista a que estava condenado a ser quando não mais por outra coisa, por ser sobrinho de DALCÍDIO JURANDIR filho daquele município...) saiu-se o velho caboco filósofo de ocasião me dizendo assim, à guisa de incentivo ao novo casal visitante:

-- Zé, eu sou um homem feliz...
Eu olhei a minha mulher, dizendo-lhe: "Viste? O homem mais feliz da terra não tem uma camisa pra vestir..."

De fato, na canícula do lugar mestre Brasilino não havia ar condicionado nem ventilador (nem precisava, com a brisa do mar tranzendo da baía canoas com o peixe nosso de cada dia), bastava tirar a camisa, sacudir fora o calor e toda má idéia consumista capaz de estragar o prazer de uma vida decente.

há que se não confundir a nobre e orgulhosa pobreza de uma gente invencível, com a miséria que acovarda e corrompe a HUMANIDADE dos já pobres de espírito deste o nascimento...

Esta é a questão! Tupy or not Tupy...

O Nobel lusíada que me não atendeu o convite [cf. "Novíssima Viagem Filosófica": Belém, 1999] para vir ao Marajó espiar o pisão iluminista do Diretório de Pombal, e, no entanto, levou consigo à Suécia nada menos que a parábola pastoril de parentes próximos do meu mestre Brasilino, os avós camponeses do Nobel da língua portuguesa.

quantos destes pobres avozinhos pastores de Portugal vieram cá enterrar seus ossos nas terras do Brasil procurado em sonhos no além mar? O imenso crime de lesa humanidade, praticado pelos ricos coloniais de lá e de cá, em nome de Deus e da Pátria contra os povos:

Divide e impera! (sentença romana), o povinho português e brasileiro jogados um contra o outro para glória de feitores dos monarcas usurpadores da felicidade alheia, infelizes e mesquinhos até o talo.

EIS QUE AINDA CARECE DESCOLONIZAR A LÍNGUA DE CAMÕES PARA FUNDAR DE FATO A LUSOFONIA INTERNACIONAL.

ave, Saramago no céu da memória lusitana!




Discurso de JOSÉ SARAMAGO na Academia Sueca
(ao receber o Prêmio Nobel de Literatura)


"O homem mais sábio que conheci em toda a minha vida
não sabia ler nem escrever. As quatro da madrugada, quando a promessa de um novo dia ainda vinha em terras de França, levantava-se da enxerga e saía para o campo, levando ao pasto a meia dúzia de porcas de
cuja fertilidade se alimentavam ele e a mulher. Viviam desta escassez os meus avós maternos, da pequena criação de porcos que, depois do desmame, eram vendidos aos vizinhos da aldeia. Azinhaga de seu nome, na província do Ribatejo.

Chamavam-se Jerónimo Melrinho e Josefa Caixinha esses avós, e eram analfabetos um e outro. No Inverno, quando o frio da noite apertava ao ponto de a água dos cântaros gelar dentro da casa, iam buscar às pocilgas os bácoros mais débeis e levavam-nos para a sua cama. Debaixo das mantas grosseiras, o calor dos humanos livrava os animaizinhos do enregelamento e salvava-os de uma morte certa. Ainda que fossem gente de bom caráter, não era por primores de alma compassiva que os dois velhos assim procediam: o que os preocupava, sem sentimentalismos nem retóricas, era proteger o seu ganha-pão, com a naturalidade de quem, para manter a vida, não aprendeu a pensar mais do que o indispensável.


Ajudei muitas vezes este meu avô Jerónimo nas suas andanças de pastor, cavei muitas vezes a terra do quintal anexo à casa e cortei lenha para o lume, muitas vezes, dando voltas e voltas à grande roda de ferro que acionava a bomba, fiz subir a água do poço comunitário e a transportei ao ombro, muitas vezes, às escondidas dos guardas das searas, fui com a minha avó, também pela madrugada, munidos de ancinho, panal e corda, a recolher nos restolhos a palha solta que depois haveria de servir para a cama do gado. E algumas vezes, em noites quentes de Verão, depois da ceia, meu avô me disse: "José, hoje vamos dormir os dois debaixo da figueira". Havia outras duas figueiras, mas aquela, certamente por ser a maior, por ser a mais antiga, por ser a de sempre, era, para toda as pessoas da casa, a figueira.
Mais ou menos por antonomásia, palavra erudita que só muitos anos depois viria a conhecer e a saber o que significava... No meio da paz noturna, entre os ramos altos da árvore, uma estrela aparecia-me, e depois, lentamente, escondia-se por trás de uma folha, e, olhando eu noutra direção, tal como um rio correndo em silêncio pelo céu côncavo, surgia a claridade opalescente da Via Láctea, o Caminho de Santiago, como ainda lhe chamávamos na aldeia.

Enquanto o sono não chegava, a noite povoava-se com as histórias e os casos que o meu avô ia contando: lendas, aparições, assombros, episódios singulares, mortes antigas, zaragatas de pau e pedra, palavras de antepassados, um incansável rumor de memórias que me mantinha desperto, ao mesmo tempo que suavemente me acalentava. Nunca pude saber se ele se calava quando se apercebia de que eu tinha adormecido, ou se continuava a falar para não deixar em meio a resposta à pergunta que invariavelmente lhe fazia nas pausas mais demoradas que ele calculadamente metia no relato: "E depois?". Talvez repetisse as histórias para si próprio, quer fosse para não as esquecer, quer fosse para as enriquecer com peripécias novas.

Naquela idade minha e naquele tempo de nós todos, nem será preciso dizer que eu imaginava que o meu avô Jerónimo era senhor de toda a ciência do mundo. Quando, à primeira luz da manhã, o canto dos pássaros me despertava, ele já não estava ali, tinha saído para o campo com os seus animais, deixando-me a dormir. Então levantava-me, dobrava a manta e, descalço (na aldeia andei sempre descalço até aos 14 anos), ainda com palhas agarradas ao cabelo, passava da parte cultivada do quintal para a outra onde se encontravam as pocilgas, ao lado da casa. Minha avó, já a pé antes do meu avô, punha-me na frente uma grande tigela de café com pedaços de pão e perguntava-me se tinha dormido bem. Se eu lhe contava algum mau sonho nascido das histórias do avô, ela sempre me tranqüilizava: "Não faças caso, em sonhos não há firmeza".

Pensava então que a minha avó, embora fosse também uma mulher muito sábia, não alcançava as alturas do meu avô, esse que, deitado debaixo da figueira, tendo ao lado o neto José, era capaz de pôr o universo em movimento apenas com duas palavras. Foi só muitos anos depois, quando o meu avô já se tinha ido deste mundo e eu era um homem feito, que vim a compreender que a avó, afinal, também acreditava em sonhos. Outra coisa não poderia significar que, estando ela sentada, uma noite, à porta da sua pobre casa, onde então vivia sozinha, a olhar as estrelas maiores e menores por cima da sua cabeça, tivesse dito estas palavras: "O mundo é tão bonito, e eu tenho tanta pena de morrer". Não disse medo de morrer, disse pena de morrer, como se a vida de pesado e contínuo trabalho que tinha sido a sua estivesse, naquele momento quase final, a receber a graça de uma suprema e derradeira despedida, a consolação da beleza revelada.
Estava sentada à porta de uma casa como não creio que tenha havido alguma outra no mundo porque nela viveu gente capaz de dormir com porcos como se fossem os seus próprios filhos, gente que tinha pena de ir-se da vida só porque o mundo era bonito, gente, e este foi o meu avô Jerónimo, pastor e contador de histórias, que, ao pressentir que a morte o vinha buscar, foi despedir-se das árvores do seu quintal, uma por uma, abraçando-se a elas e chorando porque sabia que não as tornaria a ver."

Boi Voando... Se você está chegando recentemente ao Estado do Pará, talvez não fique surpre…


Se você está chegando recentemente ao Estado do Pará, talvez não fique surpreso com o início da campanha eleitoral, se for petista, eleitor de Jader ou ex-funcionário dos tucanos, ao certo vai pedir
para ser beliscado, pois vai ver muito boi voando nesta eleição.

Se for verdade que o PMDB, tal como o PT, possui militância, esta ao certo, estranhará a presença de Almir Gabriel no palanque eleitoral pedindo voto para Domingos Juvenil nesta eleição.

Eleito governador em 2004, Almir Gabriel orquestrou a cooptação de diversos quadros do PMDB, fazendo uma verdadeira varredura na ALEPA e prefeituras do partido de Jader pelo interior à fora.

Jader, à época, emputecido com os caciques tucanos teria declarado o PSDB um dos principais adversários do partido e 12 anos depois resolveu apoiar o PT, tendo inclusive articulado a intervenção do PT nacional no Pará para que
Mário Cardoso, candidato petista ungido democraticamente pelo partido, abrisse
mão de sua candidatura em favor da candidatura preferida da vontade de Jader, a
atual governadora Ana Júlia.

A escolha de Jader teria sido balizada pela perspectiva de que Ana Júlia ao vir de um pequeno grupo interno do PT, e sem muita projeção nacional, seria mais fácil de depender de Jader para obter
governabilidade na ALEPA, principalmente.

Trato feito, Jader empenhou todo seu arsenal comunicacional e influência política para aposentar o ex-governador Almir Gabriel que convencido de sua superioridade no interior do partido, impediu a reeleição do então governador
Simão Jatene, quem havia eleito 04 anos atrás.

O "corpo mole" de Jatene teria resultado na derrota de Almir para Ana Júlia em 2006 e provocado uma das maiores estórias de rancor já protagonizada em palco paraense.

Acusado de sercomplacente com a Vale do Rio Doce e até de ser uma espécie de funcionário da multinacional por
Almir Gabriel em entrevista no jornal de Jader (Diário do Pará), Simão Jatene,
pescador e músico e candidato nas horas extras, terá que enfrentar seu atual
algoz ao lado de Jader Barbalho, quem a militância pmdebista nunca imaginou
rearticulado.

Situação constrangedora também deverá ser difícil de se contornar no interior da militância histórica petista. Ao conseguir fechar o apóio político do PTB de Duciomar Costa, o PT deverá ter junto aos
seus quadros políticos, o prefeito de Belém pedindo votos no palanque de Ana
Júlia em Belém, onde ambos ao se enfrentarem nas eleições de 2004, deixaram
respingar sangue, com acusações sérias, principalmente contra o alcaide, tendo
seus 3 CPF´s exibidos nos programas televisivos do PT.

Jader Barbalho terá que convencer que Almir Gabriel agora é companheiro e Duciomar Costa que é companheiro de Ana Júlia e o pragmatismo de que boi voa
sim, e não é de hoje.

Lumumba: heroi da independência do Congo

No dia 30 de junho de 1960, sob a liderança de Patrice Lumumba, o Congo conquistava, a duras penas, a sua independência contra o colonialismo belga. Lumumba tornou-se o Primeiro Ministro do primeiro governo do Congo Livre, mas ficou poucos meses no poder. Um complô organizado pela CIA com total apoio e participação da Bélgica culminou com o covarde assassinato do líder maior do povo congolês e africano. O Congo se conflagrou com a morte de Lumumba. Mobuto assumiu o poder reprimindo violentamente e semeando a divisão e os conflitos étnicos, tornando a independência uma questão formal. O país, hoje, vive em luta contra as constantes invasões estrangeiras que os EUA continuam a patrocinar, e Lumumba continua vivo no coração do povo, guiando-o contra a escravidão do Congo e da África.

ROSANITA CAMPOS

Patrice Lumumba, maior líder popular do Congo, artífice da independência do país, tornou-se o patriarca da libertação dos povos africanos na luta contra o colonialismo.

Congolês de Onalua e de origem simples, Lumumba estudou em escolas de missionários religiosos e começou a lutar cedo contra o colonizador belga. Trabalhou em mineradoras no Kivu Sul até 1945 onde se bateu contra o separatismo até se tornar jornalista em Leopoldville, hoje Kinshasa, capital do Congo, e em Kisangani. Sua luta em defesa da unidade da nacionalidade congolesa o levou à prisão em 1956.

Lumumba foi líder sindical e fundou em 1958 o primeiro partido político do país, o Movimento Nacional Congolês – MNC em defesa do panafricanismo e da unidade nacional acima das diferenças étnicas e tribais contra o colonialismo belga. No mesmo ano foi mais uma vez preso, ao voltar da Conferência Panafricana realizada em Acra, Gana, na qual galvanizou a maioria dos países africanos contra o colonialismo.

Em 30 de Junho de 1960 conquistou-se, a duras penas, a independência. “A República Democrática do Congo foi proclamada e agora o Congo encontra-se nas mãos de seus próprios filhos. Vamos mostrar ao mundo o que o homem negro é capaz de fazer quando trabalha em liberdade. Conclamo-os a esquecer suas disputas tribais. Elas nos exaurem. Elas trazem o risco de sermos humilhados no exterior”, afirmou Lumumba em histórico discurso.

Foram proféticas as palavras do Primeiro Ministro do primeiro governo do Congo livre. Foram palavras acolhidas não apenas pelo povo congolês, mas por todos os povos africanos. E foi exatamente o separatismo que a Bélgica, com o entusiástico apoio dos EUA, usou para minar a independência da jovem República.

Menos de um mês depois da independência a Bélgica enviou soldados e armas para que Moisés Tshom Be Kapenda e Mobuto iniciassem uma revolta separatista no Katanga.

Já que o Congo tinha se libertado do colonialismo belga, a Bélgica tentava assim minimizar seu “prejuízo” tomando pela força das armas uma parte do território congolês para constituir um estado belga na África, na parte mais rica do Congo.

Lumumba ficou poucos meses no poder. Um complô organizado pela CIA com total apoio e participação da Bélgica culminou com o covarde assassinato do líder maior do povo congolês e africano.

A criminosa ação da CIA na morte de Lumumba foi comprovada pela comissão Church do senado norteamericano, presidida pelo senador Frank Church (material fartamente documentado na edição 2215 de 7 a 10 de novembro de 2003 do HP). “A remoção de Lumumba era um urgente e prioritário objetivo” do governo dos EUA.

Lumumba morreu em 17 de janeiro de 1961, vítima da barbárie e das torturas perpetradas contra ele durante quase um mês pelos mercenários comandados pelo belga Gat Verchure, que agia sob a supervisão direta da CIA.

Em meio às terríveis torturas, Lumumba ainda encontrou forças para escrever à sua mulher, Pauline Opangu: “Minha fé se mantém inquebrantável. Eu sei e sinto no fundo de mim mesmo que meu país, cedo ou tarde, se libertará de todos os seus inimigos internos e externos, que ele se levantará como um só homem para dizer não ao vergonhoso e degradante colonialismo e reassumir sua dignidade sob um sol puro”.

O Congo se conflagrou com a morte de Lumumba. Mobuto assumiu o poder reprimindo violentamente o povo e semeando a divisão e os conflitos étnicos, tornando a independência uma questão formal.

Laurent Kabila levantou os congoleses contra a ditadura de Mobuto e em 1997 assumiu o governo do país para recuperar a independência até ser ele também assassinado em 2001. Seu filho José Kabila foi eleito para a presidência da República e não tem encontrado facilidades para manter a unidade territorial do país contra as constantes invasões estrangeiras que os EUA continuam a patrocinar.

O dia 17 de janeiro, dia da morte de Lumumba, é feriado nacional no Congo. É dia de festejar a força da nacionalidade congolesa. Ele continua sendo o guia de seu povo. Sua âncora e inspiração anti-imperialista contra a escravidão do Congo e da África. Sua forte presença no coração do povo congolês mantém viva a luta pela unidade e pela independência do Congo. E essa é uma força que nunca morre.

Ensino religioso no Brasil estimula o preconceito e a intolerância

Estudo liderado pela professora Débora Diniz afirma que livros didáticos mais aceitos pelas escolas públicas promovem a homofobia e pregam o cristianismo
João Campos - Da Secretaria de Comunicação da UnB

Pesquisa da Universidade de Brasília conclui que o preconceito e a intolerância religiosa fazem parte da lição de casa de milhares de crianças e jovens do ensino fundamental brasileiro. Produzido com base na análise dos 25 livros de ensino religioso mais usados pelas escolas públicas do país, o estudo é apresentado no livro Laicidade: O Ensino Religioso no Brasil, que será lançado às 16h desta terça-feira, 22 de junho, no auditório do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares (CEAM) da UnB.

“O estímulo à homofobia e a imposição de uma espécie de ‘catecismo cristão’ em sala de aula são uma constante nas publicações”, afirma uma das autoras do trabalho, a antropóloga e professora do Departamento de Serviço Social, Débora Diniz.

A pesquisa analisou os títulos mais aceitos pelas escolas do governo federal, segundo informações do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. A imagem de Jesus Cristo aparece 80 vezes mais do que a de uma liderança indígena no campo religioso - limitada a uma referência anônima e sem biografia -, 12 vezes mais que o líder budista Dalai Lama e ainda conta com um espaço 20 vezes maior que Lutero, referência intelectual para o Protestantismo (Calvino nem mesmo é citado).

O estudo aponta que a discriminação também faz parte da tarefa. Principalmente contra homossexuais. “Desvio moral”, “doença física ou psicológica”, “conflitos profundos” e “o homossexualismo não se revela natural” são algumas das expressões usadas para se referir aos homens e mulheres que se relacionam com pessoas do mesmo sexo. Um exercício com a bandeira das cores do arco-íris acaba com a seguinte questão: “Se isso (o homossexualismo) se tornasse regra, como a humanidade iria se perpetuar?”.

A pesquisadora Débora Diniz alerta que o estímulo ao preconceito chega ao ponto de associar uma pessoa sem religião ao nazismo – ideologia alemã que tinha como preceitos o racismo e o anti-semitismo, na primeira metade do século XX. “É sugerida uma associação de que um ateu tenderia a ter comportamentos violentos e ameaçadores”, observa. “Os livros usam de generalizações para levar a desinformação e pregar o cristianismo”, completa a especialista, uma das três autoras da pesquisa.

LEI - Os números contrastam com a previsão da Lei de Diretrizes e Base da Educação de garantir a justiça religiosa e a liberdade de crença. De número 9475, e em vigor desde 1997, a lei regulamenta o ensino de religião nas escolas brasileiras. “Há uma clara confusão entre o ensino religioso e a educação cristã”, afirma Débora Diniz. A antropóloga reforça a imposição do catecismo. “Cristãos tiveram 609 citações nos livros, enquanto religiões afro-brasilieras, tratadas como ‘tradições’, aparecem em apenas 30 momentos”, comenta a especialista.

O estudo, realizado entre março e julho de 2009, ainda revela a tênue fronteira entre as editoras responsáveis pelas publicações e a pregação religiosa. A editora FTD, por exemplo, pertence aos irmãos Maristas, sociedade religiosa nascida em 1817, na França. O interesse comercial com o material escolar surge representado pelas editoras Ártica e Scipione, que formam a Abril de Educação, líder no mercado de livros didáticos no setor privado. “É esse contexto nebuloso de relações e interesses que envolve a pesquisa” diz Débora.

Ainda foram analisadas as editoras Saraiva, Moderna e Dimensão e as religiosas Vozes, Paulus Paulinas, Vida e Edições Loyola.

SEM REGULAMENTAÇÃO

Para a psicóloga e uma das autoras do livro, Tatiana Lionço, os problemas do ensino religioso no Brasil vem da falta de regulação por parte do Estado. Ela explica que, antes de ir parar nas mochilas de crianças e jovens, todo material didático passa por uma avaliação de uma banca de profissionais do Programa Nacional do Livro Didático, vinculado ao Ministério da Educação. Todos, menos os de Religião. “Não há qualquer tipo de controle. O resultado é a má formação dos alunos”, comenta a professora.

A especialista ainda questiona o modelo de ensino religioso nas escolas do país com base no princípio constitucional de que o Estado deveria ser laico (neutro em relação às religiões). “Se o Estado deveria ser laico, por que ensinar religião nas escolas?”, provoca. “Se a religião for tratada na sala de aula, tem de ser de forma responsável e diversificada”, acrescenta a psicóloga. As 112 páginas da publicação, lançada pelas editoras UnB e Letras Livres, ainda conta com a contribuição da assistente social Vanessa Carrião, do instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero.

Brasil assume a presidência Pro-Tempore do Mercosul Cultura

Reunião de Ministros
Brasil assume a presidência Pro-Tempore do Mercosul Cultural
Nesta sexta-feira, 25 de junho, os ministros da Cultura dos países integrantes do Mercosul Cultural participam da 33ª Reunião de Ministros da Cultura do Mercosul, na Secretaria de Cultura da Nação Argentina, em Buenos Aires. Na ocasião, a Secretaria de Cultura da Argentina passará a Presidência Pro-Tempore da Reunião de Ministros da Cultura do Mercosul para o Ministério da Cultura do Brasil.
O ministro da Cultura do Brasil, Juca Ferreira, será representado pelo secretário da Identidade e da Diversidade Cultural (SID/MinC), Américo Córdula. O encontro reunirá Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai, Bolívia, Chile, Equador, Peru, Colômbia e Venezuela.
O Brasil assumirá a Presidência Pro-Tempore do Mercosul no segundo semestre deste ano, período em que exercerá a função de porta-voz do órgão, buscando contribuir nos planos econômico, comercial, social e político para a implementação das metas de integração regional traçadas pelo Tratado de Assunção, por meio do qual foi fundado o bloco Mercado Comum do Sul (Mercosul), em 1991.
Presidência Pro-TemporeÉ a Presidência do Conselho do Mercado Comum, órgão decisório do bloco, exercido por rotação dos Estados-Partes, e em ordem alfabética, por períodos de seis meses. Dentre outras funções, cabe ao país que ocupa a Presidência Pro-Tempore determinar, em coordenação com as demais delegações, a agenda dos encontros e organizar as reuniões dos órgãos do Mercosul.
Os encontros do Mercosul Cultural fazem parte do esforço dos países - que formam o bloco - de encontrarem novos pontos de convergência, que conduzam à consolidação da integração cultural dos países da região. Dentre os temas a serem tratados na Reunião de Ministros, estão a implementação do Selo Mercosul Cultural, circulação e comercialização de obras de arte, entre outros.
Reuniões preparatóriasO secretário Américo Córdula participa, de 23 a 24 de junho, da Reunião do Comitê Coordenador Regional do Mercosul Cultural e da III Reunião da Comissão do Patrimônio Cultural. A reunião desta quinta-feira ( 24) é preparatória para a 33ª Reunião de Ministros da Cultura do Mercosul, que ocorre nesta sexta-feira (25).
Durante esses dias de encontros, diversos temas foram abordados. No primeiro dia o tema em destaque foi sobre a criacão do Fundo Mercosul Cultural, que tem como finalidade financiar programas e projetos que fomentem a circulação, promoção, proteção e difusão de bens culturais para o fortalecimento do processo de integracão do Mercosul. Também foram discutidos os critérios de apoio institucional para projetos do Mercosul Cultural.