segunda-feira, 12 de abril de 2010

OXUM


DEUSA DOS RIOS, FONTES E REGATOS


OXUN(nagôs), Aziri (jejes), Acoçapatá (fanti-ashanti), Kissimbi (bantos) é a divindade da água doce. A mais jovem e faceira das mulheres de Xangô, em alguns candomblés é tida como uma ninfeta e junto do seu "assento), geralmente perto de uma fonte, vêem-se bonecas e outros brinquedos.

Identificada com Nossa Senhora das Candeias. Nos xangôs é Nossa Senhora do Carmo, padroeira da cidade de Recife, com festa a 16 de julho. No Rio de Janeiro sua identificação é com Nossa Senhora da Conceição e sua data festiva 8 de dezembro. Também identificada com Santa Catarina.

Os rios, em quase todas as mitologias, são moradas de deuses ou a própria divindade. O rio é um caminho mágico. Na Europa, os deuses fluviais mais comuns aparecem com a forma de touro, porco, cavalo ou serpente. Os africanos de Iorubá, bem mais poéticos, fizeram de lindas mulheres as deusas dos seus rios, como o Oiá (Niger) e o Oxun.

Oxun é adora às margens do rio que tem o seu nome e deságua na lagoa de Olobá, rente ao golfo de Guiné, após atravessar o território de Ijexá. Por esse motivo, o toque dos atabaques, que acompanha sua dança no candomblé, é denominado ijexá.

A dança de Oxun é mímica da mulher faceira, que se embeleza e atavia, exibindo com orgulho colares e pulseiras tilintantes. Diante do espelho, sorri, vaidosa e feliz, por se ver tão linda e sedutora.

E é com muito dengue que ela se abana com o abebé.
Essa doçura de encanto feminino, porém, não revela a deusa por inteiro. Pois ela é também guerreira intrépida e lutadora pertinaz.

Conta-se que Oxun era soberana de um grande reino, cujas riquezas atraíram a cobiça dos Ioni, seus vizinhos. Os Ioni invadiram o país, multiplicaram os saques, tomaram a capital e apoderaram-se da fortuna da rainha.

Para não ser aprisionada, Oxun fugiu numa jangada nas trevas da noite e pediu a proteção do alto.

Depois, por inspiração divina, ela ordenou aos seus súditos que preparassem abarás e deixassem na praia.

Os invasores chegara e, como estivessem famintos, apanharam logo os abarás e comeram.

Dentro não havia veneno e sim a força divina. Todos ciaram mortos. Oxun, assim, logo retomou a posse de sua fortuna e de seu reino.

Daí por diante, devido à vitória, ganhou a nome de Oxun-Ioni, uma das dezesseis Oxuns.

Oxun-Apará foi mulher de Ogun. Ela acionava com ritmo o fole da forja do deus-ferreiro e a cadência do ruído do fole fez dançar um egungun que passava. Por isso disseram que ela era a "tocadora do fole musical que faz dançarem os egunguns."

DEUSA DA ADIVINHAÇÃO E DA FECUNDIDADE



Muitas Oxuns são guerreiras; outras, ligadas à magia. Das iyabás, isto é, os orixás femininos, só OXUN tem o direito de penetrar no reino de Ifá, o senhor da adivinhação: ela pode jogar o edilogun, os dezesseis búzios divinatórios de Exu.

Quando voltaram à terra, os Orixás organizaram suas assembléias como primado dos homens.

Oxun, mulher, não foi convidada.

Mas logo todas as mulheres se tornaram estéreis e as decisões tomadas nas reuniões dos orixás jamais tinham êxito.

Tudo só voltou ao normal quando Oxun também foi convidada a integrar a assembléia dos orixás.

Pois Oxun, orixá das águas, é uma deusa da fecundidade e, portanto, da criação.

As mulheres a ela recorrem, quando desejam ter filhos.

Oxun ajuda nos partos, como a Artemis Lokeía.

Orixá da fecundidade, revive as deusas lunares de várias mitologias, que simbolizam a terra-mãe.

Nada mais lógico do que esse atributo, pois, sendo o orixá da água doce, sem Oxun não existiriam os vegetais.

Tudo morreria. Pois são os cursos d'água que irrigam e fertilizam a terra, renovando e perpetuando a vida.

O Alcorão, em algumas suras, descreve o paraíso como um lugar por onde corre um rio, em cujas margens vicejam os jardins e os pomares.

OXUN NA UMBANDA


No hagiológio umbandista Oxun lidera a legião das Sereias, a primeira das sete legiões da linha de Iemanjá, a quem está subordinada.

Identificada com Nossa Senhora da Conceição, sua festa é em 8 de dezembro, a mesma data em que é festejada Iemanjá na Bahia.

Os presentes para Oxun, semelhantes aos oferecidos a Iemanjá, costumam ser deixados junto das fontes e regatos, constando de champanhe, vinho branco ou moscatel, flores com fitas brancas e azuis, pó-de-arroz branco, pente branco pequeno, espelho branco, perfumes...

Nos pontos cantados ela é chamada "mamãe Oxun", uma reminiscência da sua condição de deusa da fertilidade, como todas as iyabás das águas.

Suas cores predominantes são o branco e o azul.

Por vezes é confundida com a Uiara dos índios e caboclos, forma lacustre e fluvial da sereia européia.



É o Trono Regente do pólo magnético irradiante da linha do Amor e atua na vida dos seres estimulando em cada um os sentimentos de amor, fraternidade e união.
Seu elemento é o mineral e, junto com Oxumaré, forma toda uma linha vertical cujas vibrações, magnetismo e irradiações planetárias multidimencionais atuam sobre os seres e os estimula ou paralisa. Em seus aspectos positivos, ela estimula os sentimentos de amor e acelera a união e a concepção.

Não vamos comentar seus aspectos negativos ou punidores dos seres que desvirtuam os princípios do amor ou da concepção.
Na Coroa Divina, a Orixá Oxum e o Orixá Oxumaré surgem a partir da projeção do Trono do Amor, que é regente do sentido do Amor.


Oxum assume os mistérios relacionados à concepção de vidas porque o seu elemento mineral atua nos seres estimulando a união e a concepção.


A energia mineral está presente em todos os seres e também está presente em todos os vegetais. E por isto Oxum também está presente na linha do Conhecimento, pois sua energia cria a "atração" entre as células vegetais carregadas de elementos minerais. Já em nível mental, a atuação pelo conhecimento é uma irradiação carregada de essências minerais ou de sentimentos típicos de Oxum, a concepção em si mesma.


A água doce, por estar sobrecarregada de energia mineral, é um dos principais "alimentos" dos vegetais. Logo, Oxum está tão presente nas matas de Oxóssi quanto na terra de Obá, que são os dois Orixás que pontificam a linha vertical (irradiação) do Conhecimento. A Senhora Oxum do Conhecimento é uma Oxum vegetal pois atua nos seres como imantadora do desejo de aprender.

LENDAS



1 - Certa vez, numa festa de Oxalá, as sacerdotisas dos vários orixás, com inveja da de Oxum, puseram-lhe um feitiço: quando todos se levantaram para saudar Oxalá, ela ficou presa na cadeira e suas roupas ficaram sujas de sangue. Todos riram e Oxalá ficou zangado. A sacerdotisa, envergonhada, tentou se esconder, mas nenhum orixá lhe abriu a porta. Só Oxum a recebeu e transformou as gotas de sangue em penas de papagaio. Sabendo dessa magia, os outros orixás vieram prestar homenagem a Oxum e Oxalá lhe deu a proteção das filhas de santo, que durante a iniciação passaram a usar uma pena vermelha na testa.



2 - Houve um tempo em que os orixás masculinos se reuniam para discutir sobre a vida dos mortais e não deixavam as deusas participarem das decisões. Aborrecida com isso, Oxum fez com que as mulheres ficassem estéreis e então tudo deu errado na terra. Os orixás foram consultar Olorum e ele explicou que sem a presença de Oxum com seu poder sobre a maternidade, nada poderia dar certo. Os orixás, então, convidaram Oxum para participar das reuniões: as mulheres voltaram a ser fecundas e todos os projetos dos orixás tiveram bom resultado.



3 - Quando Xangô se apaixonou por Oxum, ela o recusou; então ele tentou violentá-la. Foi impedido por Exu, que os separou, dizendo que eles só poderiam se unir se ela o aceitasse livremente. Zangado, Xangô trancou Oxum numa torre muito alta, dizendo que só a soltaria quando ela o aceitasse. Oxum chorou muito; então Exu passou e perguntou o que acontecera. Sabendo da história, foi correndo levar seu pedido de socorro a Olorum. Este soprou em Oxum um pó que a transformou em pomba; assim, ela pôde voar e sair da torre pela janela.

QUALIDADES de OXUM



Abalu
(a mais velha de todas)

ABALÔ
(carrega ogum é uma iansã)

Jumu ou Ijimu
( a mãe de todas, estreita ligação com as Ìyámi)

Aboto ou Oxogbo
(feminina e coquete, ajuda as mulheres terem filhos)

Apara
( a mais jovem e guerreira)

Ajagura
(guerreira)

Yeye Oga
(velha e enquizilada)

Yeye Petu Yeye Kare
(guerreira)

Yeye Oke
(guerreira)

Yeye Onira
(guerreira)

Yeye Oloko
(vive nas florestas)

Yeye ponda
(esposa de Oxóssi Ibualama, guerreira e porta um leque)

Yeye Merin ou Iberin
(feminina e coquete)

Yeye Àyálá ou Ìyánlá
(a avó, que foi mulher de Ogum )

Yeye Lokun ou Pòpòlókun
(que não desce sobre a cabeça de suas filhas)

Yeye Odo
(dos perdões)

(Texto extaído do site "Candomblé sem mistério)

OXUM por VERGER



Oxum era muito bonita, dengosa e vaidosa. Como o são, geralmente, as belas mulheres. Ela gostava de panos vistosos, marrafas de tartaruga e tinha, sobretudo, uma grande paixão pelas jóias de cobre. Este metal era muito precioso, antigamente, na terra dos iorubás. Sí uma mulher elegante possuía jóias de cobre pesadas. Oxum era cliente dos comerciantes de cobre.

Omiro wanran wanran wanran omi ro!

"A água corre fazendo o ruído dos braceletes de Oxum!"



Oxum lavava suas jóias, antes mesmo de lavar suas crianças. Mas tem, entretanto, a reputação de ser uma boa mãe e atende às súplicas das mulheres que desejam ter filhos. Oxum foi a segunda mulher de Xangô. A primeira chamava-se Oiá-Iansã e a terceira Obá.

Oxum tem o humor caprichoso e mutável. Alguns dias, suas águas correm aprazíveis e calmas, elas deslizam com graça, frescas e límpidas, entre margens cobertas de brilhante vegetação. Numerosos vãos permitem atravessar de um lado a outro.

Outras vezes suas águas, tumultuadas, passam estrondando, cheias de correntezas e torvelinhos, transbordando e inundando campos e florestas. Ninguém poderia atravessar de uma margem à outra, pois ponte nenhuma as ligava. Oxum não toleraria uma tal ousadia! Quando ela está em fúria, ela leva para longe e destrói as canoas que tentam atravessar o rio.

Olowu, o rei de Owu, seguido de seu exército, ia para a gerra. Por infelicidade, tinha que atravessar o rio num dia em que este estava encolerizado. Olowu fez a Oxum uma promessa solene, entretanto, mal formulada.

Ele declarou: " Se voce baixar o nível de suas águas, para que eu possa atravessar e seguir para a guerra, e se eu voltar vencedor, prometo a você nkan rere", isto é, boas coisas.

Oxum compreendeu que ele falava de sua mulher, Nkan, filha do rei de Ibadan. Ela Baixou o nível das águas e Olowu continuou sua expedição.

Quando ele voltou, algum tempo depois, vitorioso e com um espólio considerável, novamente encontrou Oxum com o humor perturbado. O rio estava turbulento e com suas águas agitadas.

Olowu mandou jogar sobre as vagas toda sorte de boas coisas, as nkan rere prometidas: tecidos, búzios, bois, galinhas e escravos. Mel de abelhas e pratos de mulukun, iguaria onde suavemente misturam-se cebolas, feijão fradinho, sal e camarões. Mas Oxum devolveu todas estas coisas boas sobre as margens.

Era Nkan, a mulher de Olowu, que ela exigia. Olowu foi obrigado a submeter-se e jogar nas águas a sua mulher. Nkan estava grávida e a criança nasceu no fundo do rio.

Oxum, escrupulosamente, devolveu o recém-nascido dizendo: "É Nkan que me foi solenemente prometida e não a criança. Tome-a!". As águas baixaram e Olowu voltou tristemente para sua terra.

O rei de Ibadan, sabendo do fim trágico de sua filha, indignado declarou: "Não foi para que ela servisse de oferenda a um rio que eu a dei em casamento a Olowu!" Ele guerreou com o genro e o expulsou do país.

O Rio Oxum passa em um lugar onde suas águas são sempre abundantes.

Por esta razão é que Larô, o primeiro rei deste lugar, aí instalou-se e fez um pacto de aliança com Oxum. Na época em que chegou, uma de suas filhas fôra se banhar. O rio a engoliu sob as águas. Ela só saiu no dia seguinte, soberbamente vestida, e declarou que Oxum a havia bem acolhido no fundo do rio.

Larô, para mostrar sua gratidão, veio trazer-lhe oferendas. Numerosos peixes, mensageiros da divindade, vieram comer, em sinal de aceitação, os alimentos jogados nas águas. Um grande peixe chegou nadando nas proximidades do lugar onde estava Larô.

O peixe cuspiu água, que Larô recolheu numa cabaça e bebeu, fazendo, assim, um pacto com o rio. Em seguida ele estendeu suas mãos sobre a água e o grande peixe saltou sobre ela.

Isto é dito em iorubá: Atewo gba ejá. O que deu origem a Ataojá, título dos reis do lugar.

Ataojá declarou então: "Oxum gbô!"

"Oxum esta em estado de maturidade, suas águas são abundantes."

Dando origem ao nome da cidade de Oxogbô. Todos os anos faz-se, aí, grandes festas em comemoração a todos estes acontecimentos.
Do livro "Lendas Africanas dos Orixás de Pierre Fatumbi Verger e Carybé - Editora Currupio)

ARQUÉTIPO



O arquétipo de Oxum é o das mulheres graciosas e elegantes, com paixão pelas jóias, perfumes e vestimentas caras. Das mulheres que são símbolos do charme e da beleza. Voluptuosas e sensuais, porém mais reservadas que Oiá. Elas evitam chocar a opinião pública, à qual dão grande importância. Sob sua aparência graciosa e sedutora escondem uma vontade muito forte e um grande desejo de ascensão social.
(Do livro "Orixás - Pierre Fatumbi Verger - Editora Corrupio")

OXUM e a ASTROLOGIA


Oxum é orixá das águas doces, dos rios, regatos e igarapés.

Acolhe, no seu regaço, as chuvas de Nanã e também os veios d'água das profundezas do subsolo.

É o orixá da mansidão, da maternidade, da cria, dos valores familiares, pugnando, com serenidade, pela concórdia da família universal, enlaçando-a com doçura a verdadeira afeição.

Seus "filhos de cabeça" são extremados na devoção religiosa e corretos na vida familiar.

É comum dizer-se que Yemanjá alenta a criação e preside a gravidez, mas é Oxum quem concebe e é a criadora.

Seus devotos possuem um alto espírito de religiosidade, de ternura, tolerância e compreensão para com os defeitos alheios. Sacrificam-se pelos filhos até a última instância.

Honesta em todos os sentidos, cumpridora de suas obrigações no campo social, principalmente no lar.

Gostam, perdidamente, de crianças.

No plano mental, o orixá dá aos seus tutelados uma percepção brilhante dos fatos.

São simples, distintos e procuram aliar os vôos do pensamento filosófico ao prático habitual e, sobretudo, útil a todos.

Dão ótimos professores, administradores.

Como segundo Orixá de Cabeça, Oxum dá tranqüilidade e confiança e êxito principalmente com os Orixás Ogum e Xangô.

Ainda no plano mental, esse Orixá imprime a seus filhos uma acuidade de prever acontecimentos.

Sensíveis e resignados, esquecem, com facilidade, as ofensas recebidas procurando, inclusive, reatar laços de amizade já que fazer amigos duradouros é sua tendência natural.

Quando ricos, são simples e acolhem os parentes mais pobres ou em dificuldades.

Estão sempre à frente nos serviços de filantropia sem procurar aparecer na imagem enganosa de "pessoa boníssima" ou de "bom moço".

Extremados por um ideal, seguem facilmente os líderes ou causas ideológicas.

Oxum traz o privilégio da fecundidade da abundância e até da riqueza, seja no plano físico, nos sentimentos, seja no plano mental das

A nível negativo são preguiçosas, negligentes, omissas, desalinhadas e não muito cuidadosas com a própria aparência.

Chegam mesmo à falta de higiene com o corpo e com o lugar onde habitam.

Choram por nada.

Reclamam de coisas de que não cuidaram no devido tempo.

Emotividade exagerada, piegas, sensualismo degradante, fanatismo, obsessão e intolerância.

Sincretismo
N.S. da Conceição
08 de Dezembro


Características
Bonita, elegante, doce, feiticeira, chantagista, falsa, possessiva. Mãe da Riqueza, da Magia e do Amor. Confere Proteção no Parto e ao Bebê.

Cor
Amarelo-Ouro

Dia da Semana
Sábado

Mês
Maio

Festa
2 de Fevereiro
Seu axé é o seixo polido na água corrente.
O abebé, um abano circular de latão, com enfeites, é o seu emblema

Domínio
Água Doce


Metal
Latão

Quizília
Abacaxi

Riscos de Saúde
Dificuldades Circulatórias, Hipertensão, Tensão Nervosa
Saudação
Erieiê ! Ô !



Símbolo
Leque (Abebé) com Estrela, Espelho; um coração do qual nasce um rio.


Guia
As contas de sua guia são amarelas.

Astrologia
Rege TOURO e LIBRA. É orixá da fertilidade e da riqueza, símbolo também da sexualidade e por isso mesmo está associado ao signo de Touro. É ainda vaidoso, diplomata, tem muita ambição social, o que o aproxima das características impressas pelo signo de Libra. Corresponde a Vênus. É associada a diversas Nossas Senhoras.

Pedra
Turqueza

Metal
Ouro

Tarot
A Estrela
Esperança, inspiração criadora, otimismo, autocontrole, energia, satisfação.
Aponta para a realização dos ideais. São sete estrelas e uma grande no centro, representando a concretização de algo que se deseja muito. O jarro de água sendo derramado significa que uma nova vida começa quando conseguimos realizar nossos ideais.
Local das Oferendas
Rios ou Nascentes

Presentes Prediletos
Adereços, Espelho, Flores Brancas e Amarelas, Perfumes, seus Alimentos e suas Bebidas

Flores
De tonalidade amarelo, lírios de toda espécie, margaridas, flor-de-maio, amor-perfeito, madressilva, narciso, rosa branca ou bicolor.

Frutas
Doces em geral, banana prata e ouro, laranja-lima, viti, sapoti, moranga, jabuticaba.

Bebidas
Doces, ressaltando-se o mel, água de cachoeira, água de coco, champagne, suco de suas ervas e frutas.
Perfumes oriundos de suas plantas trazem ao portador um clima de romance, calma e mansidão.

Sacrifícios
cabra.


Saudação
ERI IEIÊ Ô
(Salve Senhora da Bondade e da benevolência)
Ai iê ieu Mamãe Oxum
Anuncia sua presença com um zumbido anasalado.

Alimentos
Abará, Banana, canjica, ipetê, ovos, xinxim, uado (pipoca em pó, azeite-de-dendê e açúcar), axoxó (prato à base de feijão-fradinho), mulucum (feijão-fradinho com camarão, cebola e sal), adum (farinha de milho misturada com mel e azeite). Gosta de chupar cana-de-açúcar.

PREPARO DOS ALIMENTOS

XINXIM- 250 g de carne de frango, 1 punhado de camarão seco, 1 punhado de amendoim, alho, cebola, sal, limão, azeite de dendê Temperar o frango com sal e limão. Torrar o amendoim e moer com o camarão, alho e cebola. Refogar esse tempero, juntar o frango e cozinhar. servir com farofa.

FAROFA DE BANANA- 2 bananas da terra, sal Cortar as bananas em fatias, polvilhar sal e secar no sol (leva dias ) ou no forno bem baixo. Moer. Usar pura para acompanhar peixes, ou como mingau.

MOQUECA DE OXUM- 250 g de peixe, limão, sal, pimenta, coentro, tomate, cebola, azeite de dendê Temperar o peixe com limão e sal. Colocar na frigideira. Moer os temperos e colocar por cima. Regar com azeite de dendê e cozinhar sem mexer.

OMOLOCUM- 200 g de feijão fradinho, 2 ovos, 1 punhado de camarão seco, cebola, azeite doce Cozinhar os ovos e o feijão. Refogar os temperos e juntar o feijão, deixando apurar.Colocar numa tigela e enfeitar com os ovos.

JATICOU- 250 g de camarão, 100 g de arroz, 1 colher ( sopa ) de creme de arroz, cebola, alho, coentro, tomate, pimentão, sal, azeite de dendê Cozinhar o arroz em água e sal. À parte, cozinhar o camarão com os temperos e moer. Misturar com o arroz e o creme de arroz, fazer bolinhos e fritar no azeite de dendê.

ERVAS E PLANTAS

Abiu-abieiro: Sem uso na liturgia, tem folhas curativas; a parte inferior destas, colocadas nas feridas, ajudam a superar; se inverter a posição da folhas, a cura será apressada. A casca da árvore cozida tem efeito cicatrizante.

Agrião-do-Pará – Jambuaçu: É usado nas obrigações de cabeça e nos abô, para purificação de filhos; como axé nos assentamentos da deusa de água doce. A medicina caseira usa-o para combater tosses e corrigir escorbuto (carência de vitamina C). É, também, excitante.

Alfavaca-de-cobra: É usada em todas as obrigações de cabeça. No abô também é usada, o filho dorme com a cabeça coberta. Antes das doze horas do dia seguinte o emplastro é retirado, e torna-se um banho de purificação. A medicina caseira a indica como combatente ao mau-hálito.

Arapoca-branca: Suas folhas são utilizadas nas obrigações de cabeça e nos abô; no Candomblé são usadas em sacudimentos pessoais. As casacas desta servem para matar peixes. A medicina caseira utiliza as folhas como antitérmico, contra febres. Age também como excitante.

Arnica-montana: Tem pouca aplicação na Umbanda e no Candomblé. Já na medicina popular ;e muito usada, após alguns dias de infusão no otin (cachaça). Age como cicatrizante, recompondo o tecido lesado nas escoriações.

Azedinha - Treco-azedo – Três corações: É popularmente conhecida como três-corações, sem função ritualística, é apenas empregada na medicina popular como: combatente da disenteria, eliminador de gases e febrífugo.

Bananeira: Muito empregada na culinária dos Orixás. Suas folhas forram o casco da tartaruga, para arriar-se o ocaséo a Oxum. A medicina caseira prepara de sua seiva um xarope de grande eficácia nos males das vias respiratórias ou doenças do peito.

Brio-de-estudante – Barbas-de-baratas: Desta erva apenas a raiz é utilizada. Ela fornece um bom corante que é usado nas pinturas das yawo, de mistura com pemba raspada. A medicina popular utiliza o chá, meia hora antes de dormir, para ter sono tranqüilo.

Caferana-alumã: São utilizadas nas aplicações de cabeça e nos abô. Usado na medicina popular como: laxante, fazendo uma limpeza geral no estômago e intestinos, sem causar danos; é ótima combatentes; poderoso vermífugo e energético tônico.

Camará-cambará: Utilizada em quaisquer obrigações de cabeça, nos abô e nos banhos de purificação. A medicina caseira a emprega muito em xarope, contra a tosse e rouquidão e ainda põe fim às afecções catarrais.

Camomila-marcela: Tem restrita aplicação nas obrigações litúrgicas. Entretanto, é usada nos banhos de descarrego e nos abô. No uso popular é de grande finalidade em lavagens intestinais das crianças, contra cólicas e regularizadora das funções dos intestinos. O chá das flores é tônico e estimulante, combate as dispepsias e estimula o apetite.

Cana-fístila – Chuva-de-ouro: Aplicada nos abô e nas obrigações de cabeça, usada também nos banhos de descarrego dos filhos de Oxum. Seu uso popular é contra os males dos rins, areias e ardores. O sumo das folhas misturado com clara de ovo e sal mata impigens.

Chamana-nove-horas – Manjericona: Usada em obrigações de cabeça, nos abô e nos banhos de purificação dos filhos de Oxum. O povo a utiliza em disenterias.

Cipó-chumbo: Sem uso na liturgia, porém muito prestigiada na medicina popular, como xarope debela tosses e bronquites; seu chá é muito eficaz no combate a diarréias sanguinolentas e à icterícia; seco e reduzido a pó, cicatriza feridas rebeldes.

Erva-cidreira – Melissa: Sem uso na liturgia, sua aplicação se restringe ao âmbito da medicina caseira, que a usa como excitante e antiespasmódico, enérgico tônico do sistema nervoso. O chá feito das folhas adocicado ou puro combate as agitações nervosas, histerismos e insônia.

Erva-de-Santa-Maria: São empregadas em obrigações de cabeça e em banhos de descarrego. Como remédio caseiro é utilizada para combater lombrigas (ascárides) das crianças, também é ótimo remédio para os brônquios.

Ervilha-de-Angola – Guando: É empregada em quaisquer obrigações. O povo usa as pontas dos ramos contra hemorragias e as flores contra as moléstias dos brônquios e pulmões.

Fava-pichuri: No ritual da Umbanda e do Candomblé, usa-se a fava reduzida a pó, o defumações que trazem bons fluidos e afugenta Eguns. O povo usa o pó na preparação de chá, que é eficaz nas dispepsias e diarréias.

Flamboiant: Não é utilizado em obrigações de cabeça, sendo usado somente em algumas casas, em banhos de purificação dos filhos dos orixás. Porém suas flores tem vasto uso, como ornamento, enfeite de obrigação ou de mesas em que estejam arriadas as obrigações. Sem uso na medicina comercial.

Gengibre-zingiber: São aplicados os rizomas, a raiz, que se adiciona ao aluá e a outras bebidas. O povo a usa nos casos de hemorragia de senhoras e contra as perturbações do estômago, em chá.

Gigoga-amarela – Aguapê: Usado nos abô, nos ebori e banhos de limpeza, pois purifica o aura e afugenta ou anula Eguns. A medicina popular manda que as folhas sejam usadas como adstringente e, em gargarejos, fortalecem as cordas vocais.

Ipê-amarelo: Aplicada somente em defumações de ambientes. Na medicina popular é usada em gargarejos, contra inflamações da boca, das amígdalas e estomatite. O que vai a cozimento são a casca e a entrecasca.

Lúca-Árvore-da-pureza: Seu pendão floral é usado plena e absolutamente, em obrigações de ori dos filhos de Oxum. Não possui uso na medicina popular.

Macaçá: Aplicação litúrgica total, entra em todas as obrigações de ori nos abô e purificação dos filhos dos orixás. O povo a usa para debelar tosses e catarros brônquios; é usada ainda contra gases intestinais.

Mãe-boa: É erva sagrada de Oxum. Só é usada nas obrigações ritualísticas, que se restringe aos banhos de limpeza. Muito usada pelo povo contra o reumatismo, em chá ou banho.

Malmequer – Calêndula: É usada em todas as obrigações de ori e nos abô, e nos banhos de purificação dos filhos de Oxum. As flores são excitantes, reguladoras do fluxo menstrual. As folhas são aplicadas em fricções ou fumigações para facilitar a regra feminina.

Malmequer-do-campo: Não é aplicada nas obrigações do ritual. Na medicina popular tem função cicatrizante de feridas e úlceras, colocando o sumo de flores e folhas sobre a ferida.

Malmequer-miúdo: Aplicado em quaisquer obrigações de ori, nos abô e nos banhos de limpeza dos filhos que se encontram recolhidos para feitura do santo. Como remédio caseiro, é cicatrizante e excitante.

Orriri-de-Oxum: Entra em todas as obrigações de ori, nos banhos de limpeza. O povo a indica como diurético e estimulador das funções hepáticas.

Vassourinha-de-botão: Muito usado nos sacudimentos pessoais. Não possui qualquer uso na medicina popular.

RITUAL DE OXUM


Para ter a proteção de Oxum e felicidade no amor, prepare um peixe de água doce, temperado com azeites de oliva e dendê, cebola ralada e camarão. Coloque numa tigela de louça e ofereça perto de um rio ou de uma cachoeira, com um maço de velas amarelas e cinco velas amarelas acesas. Faça a oração de Oxum, reze um Pai-Nosso e uma Ave-Maria e vá embora sem olhar para trás. Realize esse ritual num sábado.

ORAÇÃO DE OXUM


"Orá iiê Oxum,
Salve dourada senhora da pele de ouro,
benditas são suas águas, e essas mesmas águas lavam meu ser, e me livram do mal.
Oxum, Divina Rainha, bela orixá,
venha a mim caminhando na Lua cheia.
Traga mãe, em suas mãos, os lírios do amor e da paz.
Torne-me doce, sedutora, suave, como és.
Mamãe Oxum, me proteja, orixá.
Que o amor seja constante em minha vida.
Que eu possa amar a tudo que existe.
Me proteja contra as mandigas e feitiçarias.
Dê a mim o néctar da sua doçura.
E que eu consiga (faça o pedido).
Mãe de ouro, da beleza e do amor, senhora do mais puro Axé, valha-me hoje e sempre. "

COMPORTAMENTO

Segunda esposa de Xangô, tendo vivido em outras épocas com Ogum e Oxóssi.

Sua morada é nas cachoeiras e rios de água doce, onde costumam lhe entregar comidas e presentes. Na África é chamada Iyalode, cargo ocupado pela mulher mais importante da cidade.

Foi rainha de Oyó, onde as mulheres que queriam engravidar procuravam-na, sendo respeitadíssima como feiticeira. Como todos os outros orixás, existem diversos tipos de Oxuns, de acordo com a proximidade de uma tribo ou a profundidade do rio. Oxum pode ser maternal, jovem feiticeira ou uma guerreira.

Mãe da água doce, deusa da candura e da meiguice, dona do ouro. Oxum é a rainha do Ijexá. Orixá da prosperidade, da riqueza, ligada ao desenvolvimento da criança ainda no ventre da mãe.

Oxum exerce uma ampla influência no comportamento dos seres humanos, regendo principalmente o lado teimoso e manhoso, além daquele espírito maquiavélico que existe em todos nós.

No bom sentido, Oxum " é o veneno das palavras", é o modo piegas das pessoas, é a forma "metida", esnobe apresentada principalmente pelo sexo feminino. É o cochicho, o segredinho, a fofoca.

Está encantada nas conversas, nos risinhos, nos comentários, nas intriguinhas.

Rege o charme, o it, a pose; tudo que está ligado à sensualidade, sutileza, ao dengo, sendo o sexo feminino o mais influenciado.


É o flerte, o carinho. É o amor puro, real, maduro, solidificado, sensível, não chegando a ser a paixão.

É o amor verdadeiro; ela propicia e alimenta este sentimento nos homens, fazendo-os ser mais calmos e românticos.

É a deusa do amor.

Oxum está muito intimamente ligada à magia, pois é a divindade africana mais ligada às yámi oxorongá, feiticeiras, bruxas.

Com elas aprendeu a arte da magia, estando esta arte ligada ao amor.

Regente do ouro, ela está presente e se encanta em joalherias e outros lugares onde se trabalha com ouro, seu metal predileto e de regência absoluta.

É a protetora dos ourives.

É o próprio ouro.

A regência mais fascinante de Oxum é o processo de fecundação.

Na multiplicação da célula mater, Exu entrega a regência para Oxum que vai cuidar do embrião, do feto, até o nascimento.

É Oxum que vai evitar o aborto, manter a criança viva e sadia na barriga da mãe, onde no nascimento a entrega para Iemanjá, que lhe dará destino.

A MULHER DE OXUM


Para conquistá-la é preciso estar atento aos sinais que ela emite.

A primeira coisa que a mulher de Oxum faz, quando está a fim de conquistar alguém, é passar as mãos nos cabelos. Só isso!!! (Acreditem). Não espere jamais que ela demonstre seu interesse diretamente.

Vai sempre chegar na pessoa desejada por intermédio de outra. Tudo isso acontece porque a filha de Oxum gosta de proteger-se das pessoas em qualquer lugar que esteja. É aquele tipo de mulher que não anda sozinha e está sempre acompanhada de uma amiguinha.

Apesar disso, tem uma aparência chamativa: destaca-se pelos penteados, pela pele macia e bem tratada, pelo corpo harmonioso.

Seu ponto fraco é a vaidade. Basta, então, para conquistá-la, elogiar sua beleza.

AFINIDADES: A mulher de Oxum combina bem com os filhos de Ibeji, Oxalá, Exu, Xangô, Oxumaré, Oiá e Oxóssi.

O HOMEM DE OXUM


Bonito, charmoso, de ar malicioso, arranca suspiros de todas.

Aliás, isso é o que esse homem mais gosta de fazer. Só que é preciso entender como ele joga o jogo da conquista.

Em primeiro lugar, não demonstra seu interesse e não se compromete demais. Arma todo o esquema par

a que a mulher tome a iniciativa de chegar a ele. Sexualmente impetuoso, usa toda a sua inteligência e o seu requinte para dar um toque especial aos contatos amorosos. Fará, portanto, com que a mulher se sinta uma rainha.

O problema é que gosta de fazer isso com todas as mulheres.

Mas há como segurar o filho de Oxum.

Trabalhe a sua vaidade, elogie-o muito, mas trate de fazê-lo notar que há outras pessoas interessadas na mulher que está ao lado dele.

AFINIDADES : O homem de Oxum combina com mulheres de Exu, Oxumaré, Ibeji, Oiá, Oxalá, Ogum e Oxóssi.

PARA CONQUISTAR SEU AMOR
Esta simpatia para a sensual deusa da riqueza e do amor, associada à fecundação, deve ser realizada num período de Lua crescente.
Abra em zigue-zague, no sentido horizontal, um melão bem grande e retire as sementes do seu interior. Pegue uma goiaba vermelha e fure-a no centro. Escreva num papel em branco seu nome e logo abaixo o do seu amor e coloque o papel no interior da goiaba, que será posta dentro do melão. Encha toda a cavidade do melão com açúcar cristalizado. Junte as duas metades do melão amarrando-as com fitas amarelas e vermelhas. Coloque-o de pé dentro de um cesto de vime forrado com hortelã e coentro. Derrame sobre o melão cinco gotas de essência de almíscar e cinco de essência de jasmim. Entregue a oferenda à beira de um rio, junto a uma cachoeira ou num jardim gramado, acendendo junto ao cesto uma vela amarela e outra vermelha, bem juntas.
E boa sorte!!!
Abaixo, mais uma simpatia para viver um grande amor com a ajuda da Oxum:

Ferva em 1 litro de água cinco rosas amarelas, cinco amores-perfeitos, cinco cravos-da-índia, cinco pedaços de canela em pau, cinco gotas de mel puro, cinco gotas de essência de rosas. Coe e, no período da Lua nova, banhe-se com essa mistura, do pescoço para baixo, durante cinco dias, sempre pedindo a Oxum que a solidão se vá junto com as águas que lavam seu corpo. Só mulheres podem tomar esse banho.

Orixás da Nação Ijexá

Bará

Este é o Orixá saudado em primeiro lugar em todos terreiros de nação Africana; sem bará não se faz nada, é o principio e o fim de tudo. Bará é o dono das encruzilhadas, dono das porteiras, de todas as chaves e de todos os caminhos, se estiver atrapalhado, precisando de ajuda para obter um emprego ou realizar qualquer tipo de negócios este é o Orixá que pode te dar a solução. É o primeiro a receber oferendas, antes de qualquer outro orixá, o bará é insubstituível, em qualquer situação temos que chegar até ele.

No Rio Grande de Sul, cultuamos:
BARÁ LODÊ - que tem seu assentamento feito do lado de fora do terreiro, junto com Ogum Avagãm.
BARÁ ADAGUE - trabalha nas encruzilhadas, seu assentamento é feito dentro dos terreiros; é um dos mais requisitados, faz a frente dos Orixás: Ogum, oiá, xangô, ode, otim, oba, ossae e xapanã.
BARÁ LANÃ - trabalha também nos cruzeiros, tem as mesmas funções do bará adague, responde também nos cruzeiros de mato.
BARÁ AJELÚ - este é o bará dos orixás de água como oxum iemanjá e oxala, além do epô usa-se mel nas sua oferendas, trabalha de acordo com ogum adiola.

Bará é Deus de todo e qualquer movimento, é ele quem faz a ligação entre o homem e os demais Orixás, é o mais humanos de todos, pois é o que está mais próximos de nós, está em toda parte dia e noite, se tens algum projeto na sua vida e quer que tudo corra bem, agrade este orixá. A cor de bará é o vermelho seu dia da semana é segunda-feira.
Bará

Ogum

Deus guerreiro, senhor da guerra, dono do ferro e todos os seus derivados, senhor de todas as armas, dono da faca e da bebida de álcool, é o legítimo esposo de Iansã', que o traiu com o rival xangô. Para vencer demandas tem que se agarrar com ogum, depois de bará é o próximo a receber oferendas, aliás diga-se de passagem , estes dois orixás são os que mais trabalham dentro do panteão africano. Algumas qualidades de Ogum trabalham de acordo com o Orixá Bará, citemos como exemplo Ogum Avagãm, que tem seu assentamento junto com Bará Lodê, e sua morada é na frente do terreiro, do lado de fora da casa. Na Nação Ijexá também cultuamos Ogum Onira e Ogum Adiola, este último é um guerreiro guardião que trabalha na beira da água aos mandos de Oxum Iemanjá e Oxala. Qualquer sacerdote de Orixá tem que ter Ogum em seus assentamentos, pois este é o dono do axé de facas; suas cores são o vermelho e verde, seu dia da semana é quinta-feira, seu sincretismo aqui no sul é com São Jorge. Ogum é o protetor dos Policiais e dos soldados.
Orixá


Iansã

Orixá dos ventos e das tempestades, foi esposa de Ogum, o qual deixou por amor a Xangô; dos Orixás femininos é a mais guerreira; Iansã é associada a sensualidade. Tanto acompanhou Ogum quanto Xangô em suas batalhas, é a dona das relações sexuais.

Certas Iansãs são ligadas ao culto dos eguns (espíritos dos mortos), é o Orixá que comandas o Balê junto com Xangô.

As filhas de Iansã são audaciosas, poderosas, autoritárias, se contrariadas em seus objetivos deixam levar a manifestações de extrema cólera. A espada também é seu símbolo, representando seu caráter guerreiro; divide com Xangô o poder sobre o raio; sua cor é o vermelho e branco seu dia são terça e quinta-feira. Seu sincretismo é com Santa Bárbara.





Xangô

Orixá do raio e do trovão, senhor da justiça, é um dos mais cultuados no Brasil. No Rio Grande do Sul cultuamos: Xangô Ogodô, Xangô Aganju e Xangô de Beije.

Xangô Ogodô é sincretizado com São Jerônimo, Aganju com São Miguel Arcanjo e Xangô de Beije com Cosme e Damião. Sua comida preferida é o Amala.

Este orixá representa a sedução masculina, já que teve como mulheres três iyabás, 0xum, Oba e Iansã. È o protetor dos estudiosos, intelectuais, dos Advogados, Juízes e tudo que se relacione com justiça. Sua cor é o vermelho e branco seu dia da semana é terça-feira, sua saudação é Kaô Kabiecilê!


Orixá


Ibêje - Ìbeji

Ibêje, na Nação Ijexá, cultuada no sul do Brasil, são entidades Gêmeas que formam um único orixá, permanentemente duplo, (formado por duas entidades distintas), que coexistem, representando o princípio básico da dualidade. São Orixás crianças; seu assentamento é feito em "vultos" (orixás feito em madeira). São os Deuses gêmeos de grande prestígio no sul , como em todo Brasil, a maior homenagem aos ibêjes consiste numa mesa (toalha arreada no chão) na qual se serve somente crianças até sete anos de idade, para comerem canja feita das aves que foram sacrificadas aos ibêjes , e doces de toda qualidade, ganham brinquedos, balas, pirulitos etc.
Orixá


Odé

Odé é o orixá das matas e florestas onde vive a caçar; é o protetor dos caçadores; seus filhos são espertos, rápidos e atentos, tomam conta de um lar perfeitamente, buscando tudo para alimentar seus dependentes. Qualquer expedição que envolva caça, é bom oferendar Odé para obter bons resultados.

Este Deus representa a fartura das matas, seu símbolo é o arco e flecha, sua cor é o azul marinho, seu dia da semana é segunda-feira, seu sincretismo no sul é com São Sebastião.
Orixá


Otim

Orixá que acompanha Odé, vive no mato a caçar junto com seu companheiro, come toda espécie de caça. Junto com Odé também é dona da pontada pneumonia, no Brasil esta iyaba é muito pouco cultuada; Aqui no Rio Grande do Sul o culto á Otim ainda se mantém e quase todos sacerdotes tem os assentamentos de Otim entre seus Orixás, mas mesmo assim é raro ver filhos de Otim.
Orixá


Obá

Obá, é uma das mulheres de Xangô, Orixá guerreira, que por ser fisicamente forte, é muito respeitada pelos Orixás masculinos; Quando Obá se tornou mulher de Xangô surgiu grande rivalidade com oxum, a qual lhe pregou grande peça que lhe custou a perda de uma das orelhas. Obá reponde pelos amores com perturbações, ciúmes, desonra e falsidade. Para nós aqui no Rio Grande do Sul ela é a dona da navalha, do corte, da roda e da direção. É protetora dos motoristas, as seguranças para automóveis são feitas para Obá; é dona também do enxume. È o Orixá feminino associado as lutas, seu ritual se perdeu com a falta dos antigos sacerdotes, não é muito fácil encontrar filhos de Obá.

Seu dia da semana na nação Ijexá é segunda-feira, sua cor é o marrom é sincretizada com Santa Catarina.
Orixá


Ossain

É o nosso médico da Religião Africana, é o dono das plantas medicinais, sua importância é fundamental nos ritos africanos desde uma simples lavação de cabeça até o assentamento de orixás começam com o uso de suas ervas.

Geralmente os filhos de ossain tem as mãos boas para fazer trabalhos para cura de enfermos, seus filhos tem caráter equilibrado, capazes de ouvir e dar bons conselhos.

Todas as ervas, chás, folhas e vegetação pertencem a Ossain; é ele quem libera a propriedade mágica das folhas. Sua cor é o verde claro, seu dia da semana na nação Ijexá é segunda-feira.
Orixá


Xapanã

Deus da varíola e de todas as doenças contagiosas, senhor da saúde e das doenças, pois tanto pode produzir as doenças como curá-las; este é o Orixá do sofrimento, e com sua ajuda pode-se ter grande triunfo em toda e qualquer dificuldade.

Xapanã, embora seja Rei de Jejê, é muito cultuado na nação Ijexá; trabalha nos matos e cemitérios, xapanã é associado a morte; fuma cachimbo; é o dono da vassoura, com que varre os males dos nossos caminhos, é o legitimo dono da limpeza. Na maioria dos trabalhos de religião que envolva limpezas sempre Xapanã é reverenciado.

Sua cores são o vermelho e preto, roxo, lilás e sua vassoura para trabalhos tem sete cores, é sincretizado com Nosso Senhor dos Passos, seu dia da semana na nação Ijexá é quarta-feira.
Orixá


Oxum

Orixá das águas doces rios, lagos e cachoeiras; Oxum representa a beleza, dona da aliança, da união , do amor, do casamento, da alegria e da felicidade.

Oxum é a rainha da nação Ijexá; é deusa da fertilidade, é dona do ouro e de todas as jóias preciosas. Das esposas de Xangô, Oxum é a mais amada, é a iyaba mais vaidosa do panteão africano. Tudo que se relacione a alegria e a riqueza tem a ver com Oxum. Também é protetora das crianças; os casais que tem dificuldades para terem filhos tem que se apegar com Oxum, ela é a Deusa da fertilidade, é a mãe que ajudou a criar todos os filhos de Iemanjá, ela controla a fecundidade e o ventre materno. Oxum, é a senhora elegante, de muitas jóias, deusa da prosperidade e da fartura; sua cor é o amarelo, seu dia da semana é o sábado, seu sincretismo é com diversas Nossa Senhora.
Orixá


Iemanjá

Mãe poderosa, que governa os oceanos, dona da mente e do pensamento, dona da viagem e das mudanças.

Iemanja é a mais popular dos Orixás no Brasil, representa o mar. De seu ventre nasceram a maioria dos Orixás, é esposa de Oxala, senhor da criação, ela é freqüentemente representada por uma sereia, principalmente na Umbanda, ela representa a mãe, a família, senhora imponente, se contrariada não tem quem a acalme. A dança de Iemanja é solene e cheia de ondulações, seu dia da semana é sexta-feira, sua cor é o azul, no Sul é sincretizada com Nossa Senhora dos Navegantes, inclusive, uma das maiores homenagens feita para Iemanja é no dia dois de fevereiro, dia da Santa católica.
Orixá


Oxalá

O grande Orixá, o mais elevado do panteão africano depois de Olurum, senhor da criação do mundo e dos homens. Oxalá é o pai de todos os deuses africanos, usa branco é o patrono da paz, grande chefe da ciência espiritual, Deus purificador, senhor das águas doces.

Oxalá é representado por um velho encurvado, mas, de compostura serena, benévola, que tem resposta para tudo, é o sábio do universo.

Também cultuamos o Oxala jovem, que em sincretismo seria Menino Jesus de Praga, este se manifesta em seus filhos dançando como um moço e tem as mesmas funções do Oxalá velho.

Oxalá usa o cajado que representa o poder, é o orixá da transformação da natureza.

Sua cor é o branco, é sincretizado no Sul com Divino Espírito Santo e Nosso Senhor do Bom Fim, seu dia da semana (no sul) é domingo.
É bom deixar bem claro que, o que relatei aqui neste site, são aprendizados dentro do culto na nação Ijexá, cada terreiro tem os seus costumes e maneiras diferentes de tratar seus Orixás, é um particular de cada nação e de cada casa seguir aquilo que lhe foi passado por seus sacerdotes; respeito os fundamentos diferentes dos meus, pois a cada cabeça uma sentença, talvez nem todos que lerem o que aqui está escrito concordarão;No Rio Grande do Sul a maior nação ainda é a do Ijexá, isto não quer dizer que todas as casas de Ijexá tem que fazerem exatamente igual os axés para os Orixás, cada um tem uma coisinha diferente para acrescentar ou modificar, e isto é válido depende do que nos foi passado, se está indo bem assim para que mudar? Só porque achou bonito o que viu na casa do outro? Não é bem assim cada casa de religião tem sua maneira de proceder e no final todos chegam a mesma luz.

Oriki. Orin. Orações para orixás, Reza para todos Orixás, Oriki para Iansãn, Oia, Obaluaye, Ogum, Exu, Orikis para todos os Orixás. Adura e Ofó.

para todos os Orixás. Adura e Ofó.
Oriki palavra da língua Yorùbá, que tem vários significados, um deles pode-se traduzir como literatura ou textos.
A literatura e a língua eram usadas oralmente pelos povos Yorùbá, pois não existia uma codificação escrita para o idioma antes do século XIX. A primeira gramática Yorùbá foi publicada em 1843 pelo Bispo Samuel Ajayi Crowther da Igreja Anglicana.
Os Iorubás constituem o segundo maior grupo étnico na Nigéria, representando 18% da população total aproximadamente. Vivem em grande parte no sudoeste do país, também há comunidades de iorubas significativas no Benin, Togo, Serra Leoa, Cuba e Brasil.
Eles acreditam que o nome da pessoa tem a ver com a sua essência espiritual, denotando grande dificuldade em dar nomes a seus filhos. Um tipo especial de nome é Oriki (neste caso, poesia ou texto poético), que é melhor descrito como nome afetuoso ou carinhoso. A crença é que chamar uma pessoa por seu oriki é inspirá-lo, uma vez que vai apaziguar seu Ori (cabeça).

0RÍKÍ TÍ ÈSÚ
ORÍKÌ TI ÈSÚ
Iyìn o, iyìn o Èsú n má gbò o
Èsú escute o meu louvor à ti
Iyìn o, iyìn o Èsú n má gbò o
Èsú escute o meu louvor à ti
Iyìn o, iyìn o Èsú n má gbò o
Èsú escute o meu louvor à ti
Iyìn o, iyìn o Èsú n má gbò o
Èsú escute o meu louvor à ti
Èsú láaróyè, Èsú láaróyè
Èsú láaróyè, È s ú láaróyè
Iyìn o, iyìn o Èsú n má gbò o
Èsú escute o meu louvor à ti
Èsú Láàlú Ogiri Òkò Ebìtà Okùnrin
Èsú Láàlú Ogiri Òkò E bìtà O kùnrin
Iyìn o, iyìn o Èsú n má gbò o
Èsú escute o meu louvor à ti
Èsú òta òrìsà
Èsú é Orixá da pedra (iangui)
Iyìn o, iyìn o Èsú n má gbò o
Èsú escute o meu louvor à ti
Osétùrá l'oruko bàbá mó ó
Oxeturá é o nome pelo qual é chamado por seu pai
Alágogo ìjà l'oruko ìyá npè o
Alágogo Ìjà, é o nome pelo qual sua mãe o chama
Iyìn o, iyìn o Èsú n má gbò o
Èsú escute o meu louvor à ti
Èsú Òdàrà, omokùnrin Ìdólófin
Èsú bondoso, filho homem da cidade de Ìdólófìn
O lé sónsó sórí orí esè elésè
Aquele que tem a cabeça pontiaguda fica no pé das pessoas
Iyìn o, iyìn o Èsú n má gbò o
Èsú escute o meu louvor à ti
Kò jé, kò jé kí eni nje gbe e mì
Não come e não permite que ninguém coma ou engula o alimento

Iyìn o, iyìn o Èsú n má gbò o
Èsú escute o meu louvor à ti
A kìì lówó láì mu ti Èsú kúrò
Quem tem riqueza reserva para Èsú a sua parte
A kìì láyò láì mu ti Èsú kúrò
Quem tem felicidade reserva para Èsú a sua parte
Iyìn o, iyìn o Èsú n má gbò o
Èsú escute o meu louvor à ti
Asòntún se òsì láì ní ítijú
Fica dos dois lados sem constrangimento
Iyìn o, iyìn o Èsú n má gbò o
Èsú escute o meu louvor à ti
Èsú àpáta somo olómo lénu
Èsú, montanha de pedras que faz o filho falar coisas que não deseja
O fi okúta dípò iyó
Usa pedra em vez de sal
Iyìn o, iyìn o Èsú n má gbò o
Èsú escute o meu louvor à ti
Lóògemo òrun a nla kálù
Indulgente filho do céu cuja grandeza está em toda a cidade
Pàápa-wàrá, a túká máse sà
Apressadamente fragmenta o que não se junta nunca mais
Iyìn o, iyìn o Èsú n má gbò o
Èsú escute o meu louvor à ti
Èsú máse mi, omo elòmíran ni o se
Èsú não me faça mal, manipule o filho do outro
Èsú máse, Èsú máse, Èsú máse
Èsú não faça mal, È s ú não faça mal, È s ú não faça mal
Iyìn o, iyìn o Èsú n má gbò o
Èsú escute o meu louvor à ti

ÁDÚRÁ TÍ ÓGÚN
ÀDÚRÀ TI ÒGÚN

Ògún dà lé ko
Ògún constrói casa sozinho
Eni adé ran
A mando do Rei
Ògún dà lé ko
Ògún constrói casa sozinho
Eni adé ran
A mando do Rei
Ògún to wa do
Basta Ògún, nas instalações de nosso vilarejo
Eni adé ran
A mando do Rei
Ògún to wa do
Basta Ògún, na instalação de nosso vilarejo

Eni adé ran
A mando do Rei
Asè

ÀDÚRÁ TÍ NÁNÁ
ÀDÚRÀ TI NÀNÁ

E kò odò, e kò odò fó
Encontro-lhe no rio, encontro-lhe no leito do rio
E kò odò, e kò odò fó
Encontro-lhe no rio, encontro-lhe no leito do rio
E kò odò, e kò odò fó
Encontro-lhe no rio, encontro-lhe no leito do rio
E kò odò, e kò odò fó
Encontro-lhe no rio, encontro-lhe no leito do rio
Kò odò, kò odò, kò odò e
Encontro no rio, encontro no rio, encontro-lhe no rio
Dura dura ní kò gbèngbè
Esforçando-me para não afundar na travessia do grande rio
Mawun awun a tì jô n
Lentamente como uma tartaruga trancada suplicando perdão
Saluba Nana, saluba Nàná, saluba.
Saluba Nàná, saluba Nàná, saluba.

ÀDÚRÁ TÍ ORÓ
ÀDÚRÀ TI ORÍ

Orí ení kini sàka ení
Cabeça que está purificada na esteira
Orí ení kini sàka yan
Cabeça que está purificada na esteira caminha soberbamente
Orí olóore ori jè o
A cabeça do vencedor vencerá
A saka yìn ki ya n’to lo ko
A cabeça limpa que louvamos mãe permita que façam uso dela
A saka yìn ki ègbón mi gbè
A cabeça limpa que louvamos meu mais velho conduzirá
Ìta nù mo bo orí o.
Ar livre e limpo oferendo a cabeça.
Asè

OFÓ TÍ ÁSÉ
OFÒ TI ÀSE

Àse Òrìsà lenu mi o
Força de Orixá em minha boca
Àse Òrìsà lenu mi
Força de Orixá em minha boca
Gbogbo ohun mo tí wi
Toda minha voz é entendida
Níki irun ìmònle oba o
e sentida pelos 400 Espíritos Reais
Àse Òrìsà lenu mi.
Força de Orixá em minha boca.
Asè

ÁDÚRÀ TI ELÉDA
ÀDÚRÀ TI ELÉDA

Àwa Nà Wúre Eléda Wa
Nós Temos Boa Sorte Repartida Pelo Senhor Da Criação
Àwa Nà Wúre Eléda Wa
Nós Temos Boa Sorte Repartida Pelo Senhor Da Criação
Mo Adúpe Wúre Ati Odúnmódún
Eu Agradeço Pedindo Abenção A Muitos Anos
Mo Adúpé Wúre Ati Èsú Mòsu
Eu Agradeço Pedindo Abenção A Essência Do Meu Criador
Mo Adúpé Wúre Iba Gbogbo
Eu Agradeço Pedindo Abenção E Saudando A Todos
Àwa Nà Wùre Eléda Wa.
Nós Temos Boa Sorte Repartida Pelo Senhor Da Criação.


Oriki de Iansã.
Oyà A To Iwo Efòn Gbé.
Ela é grande o bastante para carrega o chifre do búfalo
Oyà Olókò Àra.
Oyà, que possui um marido poderoso
Obìnrin Ogun,
Mulher guerreira
Obìnrin Odé.
Mulher caçadora
Oya Òrírì Arójú Bá Oko Kú.
Oyà, a charmosa, que dispõe de coragem para morrer com seu marido
Iru Èniyàn Wo Ni Oyà Yí N Se, Se?
Que tipo de pessoa é Oyà?
Ibi Oya Wà, Ló Gbiná.
O local onde Oyà está, pega fogo
Obìnrin Wóò Bi Eni Fó Igbá.
Mulher que se quebra ao meio como se fosse uma cabaça
Oyà tí awon òtá rí,
Oyà foi vista por seus inimigos
Tí Won Torí Rè Da Igbá Nù Sì Igbó.
E eles, assustados, fugiram atirando as bagagens no mato
Héèpà Héè, Oya ò!
Eeepa He! Oh, Oyà!
Erù Re Nikan Ni Mo Nbà O.
És a única pessoa que temo
Aféfé Ikú.
Vendaval da Morte
Obìnrin Ogun, Ti Ná Ibon Rè Ní À Ki Kún
A mulher guerreira que carrega sua arma de fogo
Oyà ò, Oyà Tótó Hun!
Oh, Oyà, à Oyà respeito e submissão!
Oyà, A P’Agbá, P’Àwo Mó Ni Kíákíá,
Ela arruma suas coisas sem demora
Kíákíá, Wéré Wéré L’ Oyà Nse Ti È
Rapidamente Oyà faz suas coisas
A Rìn Dengbere Bíi Fúlàní.
Ela vagueia com elegância, como se fosse uma nômade fulani
O Titi Tí Nfi Gbogbo Ará Rìn Bí Esin
Quando anda, sua vitalidade é como a do cavalo que trota
Héèpà, Oya Olómo Mesan, Ibá Re Ò!
Eeepa Oya, que tem nove filhos, eu te saúdo!

9ª Reunião do CNPC


Primeiro encontro de trabalho deste ano contou com a participação dos novos conselheiros do colegiado

Nesta quinta-feira, 8 de abril, em Brasília, foram encerrados os trabalhos da 9ª Reunião Ordinária do Conselho Nacional de Políticas Culturais (CNPC), primeiro encontro deste ano do órgão colegiado integrante da estrutura do Ministério da Cultura.

O êxito da II Conferência Nacional de Cultura, realizada no último mês de março, foi o primeiro item da pauta do dia. A secretária de Articulação Institucional do MinC, Silvana Meireles, que apresentou aos conselheiros o resultado da II CNC, destacou a grande participação popular: “Cerca de 200 mil pessoas participaram do processo, somando todas as etapas”.

“Um outro ponto que queria ressaltar aqui é que sem o Conselho possivelmente não teríamos a Conferência, pois é aqui que os diversos segmentos interagem continuamente através de seus colegiados e grupos de trabalho”, afirmou Silvana Meireles com relação à importância do CNPC para a realização da II CNC.

Durante a reunião, ainda foram discutidas a mobilização dos integrantes do Conselho para a aprovação das diversas propostas que tramitam no Congresso Nacional, e o uso, apreciação e recomendação dos termos de parcerias firmados entre o MinC e Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs), no âmbito do CNPC.

O presidente do Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais, Osvaldo Viegas, defendeu a criação de uma comissão específica para a avaliação do documento. Ele acredita que isso irá “aperfeiçoar a sistemática dos trabalhos em relação à apreciação dos termos de parcerias”.

Audiência Pública sobre o SNC - Na tarde de quarta-feira, dia 7, os conselheiros interromperam os trabalhos para assistir uma Audiência Pública sobre a Proposta de Emenda Constitucional que institui o Sistema Nacional de Cultura. O debate foi promovido na Câmara dos Deputados, pela Comissão Especial de Tramitação da PEC 416/2005, e contou com a participação de dirigentes do MinC. Saiba mais.

Novos Assentos

Realizada nos dias 7 e 8 de abril, a 9ª Sessão Ordinária do CNPC também foi marcada pelo ingresso dos representantes de novos segmentos culturais no colegiado - dentre os quais Arquitetura, Artesanato, Culturas Indígenas, Culturas Populares, Moda e Design -, eleitos durante etapas preparatórias da II CNC. Já na terça-feira, dia 6, os Colegiados Setoriais reuniram-se para debater a pauta de trabalho para o exercício de 2010.

O representante do Fórum de Cultura de Ritmos Tradicionais do estado de Goiás, Ricardo Calaça, comemorou o fato das Culturas Populares passarem a ter assento no Conselho. “É muito importante, pois esse fato indica que o governo quer nos ouvir, e desse modo nossa voz passa a ser importante na definição das políticas públicas voltadas para a cultura.” Como reivindicações do setor, ele destacou o registro e mapeamento dos diversos setores que compõem a cultura popular e a criação de um centro que sirva de referência para o estudo das manifestações populares brasileiras.

Vidas Paralelas

Projeto participa do III Congresso Internacional de Saúde e Trabalho, em Cuba

O Ministério da Cultura participará, por meio da Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural(SID/MinC), do III Congresso Internacional de Saúde e Trabalho que acontecerá, no Palácio de Convenções em Havana, Cuba, de 12 a 15 de abril de 2010. O evento internacional, que reunirá pesquisadores de vários países, tem, como um dos objetivos, fazer a troca das experiências e resultados de pesquisas e de trabalhos científicos obtidos por especialistas e/ou instituições voltadas à saúde do trabalhador.

A SID levará para a capital cubana o Projeto Vidas Paralelas desenvolvido no Brasil em parceria com o Ministério da Saúde, a Universidade de Brasília e a Rede Escola Continental em Saúde do Trabalhador, e apoiado pelas Centrais Sindicais brasileiras.

O Projeto será discutido em uma das mesas do III Congresso Internacional de Saúde e Trabalho que será realizada no dia 14, das 12h às 13h30, e terá como tema “Projeto Vidas Paralelas e o protagonismo do movimento sindical na promoção da saúde e da cultura”. Participarão da mesa, como palestrantes, o secretário da Identidade e da Diversidade do MinC, Américo Córdula, Graça Hoefel, pela Universidade de Brasília e José Barberino, pela Rede Escola Continental.

Será ministrada ainda, nos dias 13 e 14 das 16 às 19 horas, a 1ª Oficina latinoamericana do Projeto Vidas Paralelas. A Oficina de Formação do Olhar terá a mesma dinâmica das desenvolvidas no Brasil e tem como objetivo ensinar os trabalhadores a utilizarem máquinas fotográficas, celulares com câmera e filmadoras para o posterior registro do seu dia a dia no trabalho. Além do Brasil, participam da oficina, trabalhadores de Cuba, Argentina, Venezuela, Colômbia, Bolívia, Peru e México.

O Projeto Vidas Paralelas

O Projeto, inovador, atua nas áreas de saúde e trabalho e tem como protagonistas os próprios trabalhadores que, por meio da cultura digital (fotos e vídeos) documenta e revela o seu cotidiano, refletindo sobre questões relativas à sua saúde, compreendida sob um posto mais amplo. As fotos, produzidas dentro do projeto, que já atua em 18 estados brasileiros beneficiando 420 trabalhadores, são postadas depois, por eles mesmos, no site do projeto em cultura.gov.br/vidasparalelas

De acordo com o secretário da SID/MinC. Américo Córdula, o objetivo do projeto é produzir informações sobre a vida e o ambiente de trabalho dos trabalhadores, por meio de fotos, imagens, textos e até poesias. “Eles utilizam a fotografia e o texto para contar sua história de vida e, com isso, interagem e trocam experiências com outros trabalhadores de vários pontos do país”, explica Córdula.

O projeto começou a ser construído em 2008, e, a partir de 2009, a coordenação do PVP passou a realizar as oficinas em todo o Brasil. Segundo Graça Hoefel, representante da Universidade de Brasília no projeto, o site já conta com 1.349 publicações. “Eles postam muitas denúncias relacionadas às questões sociais e de saúde vividas no trabalho, mas fazem isso através da subjetividade. E é aqui que entra a questão cultural”, explica ela.

Fundo Internacional para a Diversidade Cultural

Financiamento para programas e projetos de promoção e proteção da diversidade cultural

O Fundo Internacional para a Diversidade Cultural criado pela Convenção sobre a Proteção e a Promoção da Diversidade das Expressões Culturais, já entrou em sua fase piloto de funcionamento, com a divulgação de um formulário de pedidos de financiamento para programas e projetos.

Poderão ser financiados programa e projetos relativos à implementação de políticas culturais e ao fortalecimento de infraestruturas institucionais correspondentes; ao fortalecimento das capacidades culturais; ao fortalecimento das indústrias culturais existentes; à criação de novas indústrias culturais; e à proteção de expressões culturais comprovadamente em risco de extinção, conforme o artigo 8 da Convenção.

As solicitações poderão ser apresentadas por governos dos países em desenvolvimento membros da Convenção, ONGs nacionais da área da cultura, grupos vulneráveis ou outros grupos sociais minoritários. Os pedidos serão avaliados por um painel de seis especialistas nomeados pelo Comitê Intergovernamental da Convenção, formados por 24 países, dentre os quais o Brasil.

O Fundo da Diversidade Cultural dispõe atualmente de US$ 2.391.489 (dois milhões, trezentos e um mil, quatrocentos e oitenta e nove dólares). A Convenção integra, atualmente, 109 países, dos quais a maioria é de países em desenvolvimento.

No Brasil, os pedidos devem ser enviados até o dia 15 de junho deste ano, para a Divisão de Assuntos Multilaterais Culturais (DAMC) - veja o endereço abaixo.

De acordo com decisão do Comitê Intergovernamental da Convenção, a prioridade de utilização dos recursos do Fundo é financiar projetos apresentados por países em desenvolvimento. Por este motivo, o Secretário da Identidade e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura ( SID/MinC) Américo Córdula, avalia que projetos brasileiros não terão prioridade, já que o Brasil é visto como um dos países em desenvolvimento em melhor situação econômica, e existem poucos recursos. O Secretário explica que, para financiar programas e projetos de promoção e proteção da diversidade cultural brasileira, o Ministério da Cultura está propondo a criação de um Fundo Setorial da Diversidade e Acesso, que faz parte da reforma da Lei de Incentivo - Procultura, atualmente em processo de tramitação no Congresso Nacional.

NAÇÃO JEJE NAÇÃO D'JED'JE

A palavra JEJE vem do yorubá adjeje que significa estrangeiro, forasteiro. Portanto, não existe e nunca existiu nenhuma nação Jeje, em termos políticos. O que é chamado de nação Jeje é o candomblé formado pelos povos fons vindo da região de Dahomé e pelos povos mahins. Jeje era o nome dado de forma perjurativa pelos yorubás para as pessoas que habitavam o leste, porque os mahins eram uma tribo do lado leste e Saluvá ou Savalu eram povos do lado sul. O termo Saluvá ou Savalu, na verdade, vem de "Savê" que era o lugar onde se cultuava Nanã. Nanã, uma das origens das quais seria Bariba, uma antiga dinastia originária de um filho de Oduduá, que é o fundador de Savê (tendo neste caso a ver com os povos fons). O Abomei ficava no oeste, enquanto Axantis era a tribo do norte. Todas essas tribos eram de povos Jeje

· Origem da palavra DAHOMÉ

A palavra DAHOMÉ, tem dois significados: Um está relacionado com um certo Rei Ramilé que se transformava em serpente e morreu na terra de Dan. Daí ficou "Dan Imé" ou "Dahomé", ou seja, aquele que morreu na Terra da Serpente. Segundo as pesquisas, o trono desse rei era sustentado por serpentes de cobre cujas cabeças formavam os pés que iam até a terra. Esse seria um dos significados encontrados: Dan = “serpente sagrada” e Homé = “a terra de Dan”, ou seja, Dahomé = “a terra da serpente sagrada”. Acredita-se ainda que o culto à Dan é oriundo do antigo Egito. Ali começou o verdadeiro culto à serpente, onde os Faraós usavam seus anéis e coroas com figuras de cobra. Encontramos também Cleópatra com a figura da cobra confeccionada em platina, prata, ouro e muitos outros adornos femininos. Então, posso dizer que este culto veio descendo do Egito até Dahomé.

· Dialetos falados

Os povos Jejes se enumeravam em muitas tribos e idiomas, como: Axantis, Gans, Agonis, Popós, Crus, etc. Portanto, teríamos dezenas de idiomas para uma tribo só, ou seja, todas eram Jeje, o que foge evidentemente às leis da lingüística - muitas tribos falando diversos idiomas, dialetos e cultuando os mesmos Voduns. As diferenças vinham, por exemplo, dos Minas - Gans ou Agonis, Popós que falavam a língua das Tobosses, que a meu ver, existe uma grande confusão com essa língua.

· Os primeiros no Brasil

Os primeiros negros Jeje chegados ao Brasil entraram por São Luís do Maranhão e de São Luís desceram para Salvador, Bahia e de lá para Cachoeira de São Félix. Também ali, há uma grande concentração de povos Jeje. Além de São Luís (Maranhão), Salvador e Cachoeira de São Félix (Bahia), o Amazonas e bem mais tarde o Rio de Janeiro, foram lugares aonde encontram-se evidências desta cultura.

· Classificação dos Voduns

Muitos Voduns Jeje são originários de Ajudá. Porém, o culto desses voduns só cresceram no antigo Dahomé. Muitos desses Voduns não se fundiram com os orixás nagos e desapareceram totalmente. O culto da serpente Dãng-bi é um exemplo, pois ele nasceu em Ajudá, foi para o Dahomé, atravessou o Atlântico e foi até as Antilhas.

Quanto a classificação dos Voduns Jeje, por exemplo, no Jeje Mahin tem-se a classificação do povo da terra, ou os voduns Caviunos, que seriam os voduns Azanssu, Nanã e Becém. Temos, também, o vodun chamado Ayzain que vem da nata da terra. Este é um vodun que nasce em cima da terra. É o vodun protetor da Azan, onde Azan quer dizer "esteira", em Jeje. Achamos em outro dialeto Jeje, o dialeto Gans-Crus, também o termo Zenin ou Azeni ou Zani e ainda o Zoklé. Ainda sobre os voduns da terra encontramos Loko. Ele apesar de estar ligado também aos astros e a família de Heviosso, também está na família Caviuno, porque Loko é árvore sagrada; é a gameleira branca, que é uma árvore muito importante na nação Jeje. Seus filhos são chamados de Lokoses. Ague, Azaká é também um vodun Caviuno. A família Heviosso é encabeçada por Badë, Acorumbé, também filho de Sogbô, chamado de Runhó. Mawu-Lissá seria o orixá Oxalá dos yorubás. Sogbô também tem particularidade com o Orixá em Yorubá, Xangô, e ainda com o filho mais velho do Deus do trovão que seria Averekete, que é filho de Ague e irmão de Anaite. Anaite seria uma outra família que viria da família de Aziri, pois são as Aziris ou Tobosses que viriam a ser as Yabás dos Yorubás, achamos assim Aziritobosse. Estou falando do Jeje de um modo geral, não especificamente do Mahin, mas das famílias que englobam o Mahin e também outras famílias Jeje.

Como relatei, Jeje era um apelido dado pelos yorubás. Na verdade, esta família, ou seja, nós que pertencemos a esta nação deveríamos ser classificados de povo Ewe, que seria o mais certo. Ewe-Fon seria a nossa verdadeira denominação. Nós seríamos povos Ewe ou povos Fons. Então, se fôssemos pensar em alguma possibilidade de mudança, nós iríamos nos chamar, ao invés de nação Jeje, de nação Ewe-Fon. Somente assim estaríamos fazendo jus ao que é encontrado em solo africano. Jeje é então um apelido, mas assim ficamos para todas as nossas gerações classificados como povo Jeje, em respeito aos nossos antepassados.

Continuando com algumas nomenclaturas da palavra Ewe-Fon, por exemplo, a casa de candomblé da nação Jeje chama-se Kwe = "casa". A casa matricial em Cachoeira de São Félix chama-se Kwe Ceja Undé. Toda casa Jeje tem que ser situada afastada das ruas, dentro de florestas, onde exista espaço com árvores sagradas e rios. Depende das matas, das cachoeiras e depende de animais, porque o Jeje também tem a ver com os animais. Existem até cultos com os animais tais como, o leopardo, crocodilo, pantera, gavião e elefante que são identificados com os voduns. Então, este espaço sagrado, este grande sítio, esta grande fazenda onde fica o Kwe chama-se Runpame, que quer dizer "fazenda" na língua Ewe-Fon. Sendo assim, a casa chama-se Kwe e o local onde fica situado o candomblé, Runpame. No Maranhão predomina o culto às divindades como Azoanador e Tobosses e vários Voduns onde a "sacerdotisa" é chamada Noche e o cargo masculino, Toivoduno.

· Os fundadores

Voltando a falar sobre "Kwe Ceja Undé", esta casa como é chamada em Cachoeira de São Félix de "Roça de Baixo" foi fundada por escravos como Manoel Ventura, Tixerem, Zé do Brechó e Ludovina Pessoa.

Ludovina Pessoa era esposa de Manoel Ventura, que no caso africano é o dono da terra. Eles eram donos do sítio e foram os fundadores da Kwe Ceja Undé. Essa Kwe ainda seria chamada de Pozerren, que vem de Kipó, "pantera".

Darei um pequeno relatório dos criadores do Pozerren Tixarene que seria o primeiro Pejigan da roça; e Ludovina, pessoa que seria a primeira Gaiacú.

A roça de cima que também é em Cachoeira é oriunda do Jeje Dahomé, ou seja, uma outra forma de Jeje. Estou falando do Mahin, que era comandada por Sinhá Romana que vinha a ser "Irmã de santo" de Ludovina Pessoa (esta última mais tarde assumiria o cargo de Gaiacú na Kwe de Boa Ventura). Mas, pela ordem temos Manoel Ventura, que seria o fundador, depois viria Sinhá Pararase, Sinhá Balle e atualmente Gamo Loko-se. O Kwe Ceja Undé encontra-se em controvérsia, ou seja, Gamo Loko-se é escolhida por Sinhá Pararase para ser a verdadeira herdeira do trono e Gaiacú Agué-se, que seria Elisa Gonçalves de Souza, vem a ser a dona da terra atualmente. Ela pertence a família Gonçalves, os donos da terra. Assim, temos os fundadores da Kwe Ceja Undé.

Aqui, no Rio de Janeiro, saindo de Cachoeira de São Félix, Tatá Fomutinho deu obrigação com Maria Angorense, conhecida como Kisinbi Kisinbi.

Uma das curiosidades encontradas durante minha pesquisa sobre Jeje é o que chamamos de Deká, que na verdade vem do termo idecar, do termo fon iidecar, que quer dizer "transmissão de segredo". Esse ritual é feito quando uma Gaiacú passa os segredos da nação Jeje para futura Gaiacú pois, na nação Jeje não se tem notícias, que possa ter havido "Pai de santo". O cargo de sacerdotisa ou "Mãe de santo" era exclusivamente das mulheres. Só as mulheres poderiam ser Gaiacús.

· Ogans

Os cargos de Ogan na nação Jeje são assim classificados: Pejigan que é o primeiro Ogan da casa Jeje. A palavra Pejigan quer dizer “Senhor que zela pelo altar sagrado”, porque Peji = "altar sagrado" e Gan = "senhor". O segundo é o Runtó que é o tocador do atabaque Run, porque na verdade os atabaques Run, Runpi e Lé são Jeje. No Ketu, os atabaques são chamados de Ilú. Há também outros Ogans como Gaipé, Runsó, Gaitó, Arrow, Arrontodé, etc.

Podemos ver que a nação Jeje é muito particular em suas propriedades. É uma nação que vive de forma independente em seus cultos e tradições de raízes profundas em solo africano e trazida de forma fiel pelos negros ao Brasil.

· Mina Jeje

Em 1796, foi fundado no Maranhão o culto Mina Jeje pelos negros fons vindos de Abomey, a então capital de Dahomé, como relatei anteriormente, atual República Popular de Benin.

A família real Fon trouxe consigo o culto de suas divindades ancestrais, chamados Voduns e,principalmente, o culto à Dan ou o culto da Serpente Sagrada.

Uma grande Noche ou Sacerdotisa, posteriormente, foi Mãe Andresa, última princesa de linhagem direta Fon que nasceu em 1850 e morreu em 1954, com 104 anos de vida.

Aqui, alguns nomes dos Deuses Voduns:

*Ayzan - Vodun da nata da terra
*Sogbô - Vodun do trovão da família de Heviosso
*Aguê - Vodun da folhagem
*Loko - Vodun do tempo

· Curiosidades

*A primeira Casa Jeje no Rio de Janeiro foi, em 1848, de D.Rozena, cuja filha de santo foi D.Adelaide Santos
*Ekede – termo Jeje
*Done – cargo feminino na casa Jeje, similar à Yalorixá
*Doté – cargo ilustre do filho de Sogbô

Os vodun-ses da família de Dan são chamados de Megitó, enquanto que da família de Kaviuno, do sexo masculino, são chamados de Doté; e do sexo feminino, de Doné.

Os cumprimentos ou pedidos de bençãos entre os iniciados da família de Dan seria “Megitó Benoí?” Resposta: “Benoí”; e aos iniciados da família Kaviuno, ou seja, Doté e Doné seria “Doté Ao?” Resposta: "Aótin".

O termo usado "Okolofé", cuja resposta é "Olorun Kolofé" vem da fusão das Nações de Jeje e de Ketu.

Algumas palavras do dialeto ewe:

*esin = água
*atinçá = árvore
*agrusa = porco
*kpo = pote
*zó ou izó = fogo
*avun = cachorro
*nivu = bezerro
*bakuxé = parto de barro
*kuentó = kuentó
*yan = fio de contas
*vodun-se = filho do vodun ou iniciados da Nação Jeje
*yawo = filho do vodun ou iniciados da Nação Ketu
*muzenza = filho do vodun ou iniciados da Nação Angola
*tó = banho
*zandro = cerimônia Jeje
*sidagã = auxiliar da Dagã na Cerimônia a Legba
*zerrin = ritual fúnebre Jeje
*sarapocã = cerimônia feita 07(sete) dias antes da festa pública de apresentação do(a) iniciado(a) no Jeje
*sabaji = quarto sagrado onde fica os assentos dos Voduns
*runjebe = colar de contas usado após 07(sete) anos de iniciação
*runbono = primeiro filho iniciado na Casa Jeje
*rundeme = quarto onde fica os Voduns
*ronco = quarto sagrado de iniciação
*bejereçu = cerimônia de matança

Esta é uma homenagem a todos os povos Jejes.

Arró-bo-boí!
A INFLUÊNCIA DAS PALAVRAS JEJE NA CULTURA AFRO-BRASILEIRA

A cultura Jeje vinda do Antigo Dahomé, que antes abrangia o Togo e fazia fronteira com o país de Gana é, sem dúvida, uma das maiores contribuições culturais deixada pelos negros fons no Brasil.

Estes povos Adjejes, como eram chamados pelos yorubás, estabeleceram fundamentos nos seguintes lugares: Cachoeira de São Félix, na Bahia; Recife, em Pernambuco e São Luís, no Maranhão. Houve durante um período uma influência da cultura yorubá, daí essa mistura passar a ser chamada de: Cultura Jeje-Nagô. Essa mistura, como expliquei, adveio principalmente dos yorubás com várias tribos Jejes. Dentre elas destacaram-se: tribo Gan, Fanti, Axanti, Mina e Mahin. Estes últimos, ou mahins, tiveram maior destaque sobre as demais culturas Jeje, no Brasil.

Estes negros falavam o dialeto ewe que, por ser marcante, influenciou por demais a cultura yorubá e também a cultura bantu. Como exemplo, cito os nomes que compõem um barco de yawo: Dofono, Dofonitin, Fomo, Fomutin, Gamu, Gamutin e Vimu, Vimutin.

Outras palavras Jeje foram incorporadas não só na cultura afro-brasileira como também no nosso dia-a-dia, como por exemplo: Acassá, “faca” que no original ewe é escrita com “K” ao invés de “C”. Outra palavra Jeje que ficou no nosso cotidiano foi a palavra “tijolo” que em ewe é Tijoló.
A TRADIÇÃO JEJ: O VODUN JEJE SOGBÔ E A PROVA DE ZO

A tradição dos povos fons que aqui no Brasil foram chamados de Adjeje ou Jeje pelos yorubás, requer um longo confinamento quando na época de iniciação. Essa tradição Jeje exigia de 06 (seis) meses ou até 01 (um) ano de reclusão, de modo que o novo vodun-se aprendesse as tradições dos voduns: como cultuá-los, manter os espaços sagrados, cuidar das árvores, saber dançar, cantar, preparar as comidas e um artesanato básico necessário a implementos materiais dos diferentes assentos, ferramentas e símbolos necessários ao culto.

Para os povos Jeje, os voduns são serpentes que tem origem no fogo, na água, na terra, no ar e ainda tem origem na vida e na morte. Portanto, a divindade patrona desse culto é Dan ou a "Serpente Sagrada".

Como disse, para o povo Jeje os Voduns são serpentes sagradas e sendo as matas, os rios, as florestas o habitat natural das cobras e dos próprios voduns. O ritual Jeje depende de muito verde, grandes árvores pois muitos voduns tem seus assentos nos pés destas árvores.

Outra particulariedade deste culto é de que quando as vodun-ses estão em transe ou incorporadas com seu vodun: os olhos permanecem abertos, ou seja, os voduns Jeje abrem os olhos, diferente dos orixás dos yorubás, que mantem os olhos sempre fechados.

É comum no culto Jeje provar o poder dos Voduns quando estes estão incorporados em seus iniciados. Uma destas provas é a prova chamada Prova do Zô ou Prova do Fogo do vodun Sogbô, que governa as larvas vulcânicas e é irmão de Badé e Acorombé, que comandam os raios e trovões.

A seguir, descrevo uma Prova do Zô feita com uma vodun-se feita para Sogbô, um vodun que assemelha-se ao Xangô do Yorubás:

Num determinado momento entra no salão uma panela de barro, fumegante, exalando cheiro forte de dendê borbulhante, contendo dentro alguns pedaços de ave sacrificada para o vodun. Sogbô adentra o salão com fúria de um raio, os olhos bem abertos (que como expliquei é costume dos voduns) e tomando a iniciativa vai até a panela, onde mergulha as mãos por algum tempo. Em seguida, exibe para todos os pedaços da ave. É um momento de profunda emoção gerando grande comoção por parte dos outros iniciados que respondem aquele ato entrando em estado de transe com seus voduns.
NANÃ

Nanã Buruku ou Buku é considerada a mais antiga das divindades. Muito cultuada na África em regiões como: Daça Zumê, Abomey, Dumê, Cheti, Bodé, Lubá, Banté, Djabalá, Pesi e muitas outras regiões.

Para os fons e ewes, a palavra Nanã ou Nàná é empregada para se chamar de mãe as mulheres idosas e respeitáveis, ou seja, a palavra Nanã significa: "Respeitável Senhora".

Nanã está associada à terra, à água e à lama. Os pântanos e as águas lodosas são o seu domínio.

Como relatei no começo, é a mais antiga das divindades, pois representa a memória ancestral. Mãe de Loko ou Irokô, Omolu e Oxumare ou Becém na dinastia Fon, Nanã está ligada ao mistério da vida e da morte. É a senhora da sabedoria, mais velha que o ferro. Daí, não usar lâminas em seu culto.
BECÉM

O culto à serpente remonta desde o início dos séculos. Os romanos e os gregos já prestavam culto à cobra, sendo os povos que mais difundiram em séculos passados este culto.

No Egito, a serpente era venerada e encarregada de proteger locais e moradias. Cleópatra era uma sacerdotisa do culto à serpente. Todos os seus pertences e adornos eram em formatos de cobras e similares. Este culto correu através do Rio Nilo as diversas regiões africanas.

No Antigo Dahomé, este culto se intensificou e lá Dan, como é chamada a Serpente Sagrada, transformou-se no maior símbolo de culto daquele povo, também sendo chamado pelo nome de vodun-becém. Já os yorubás chamaram esta mesma entidade de Oxumare ou a Cobra Arco-íris; e os negros Bantos, de Angôro.

Na verdade, aí falamos de uma só divindade com vários nomes dependendo da região em que é cultuada.

Mas, Oxumare, como é mais popularmente conhecido no Brasil, é o Orixá que determina o movimento contínuo, simbolizado pela serpente que morde a própria cauda e enrola-se em volta da terra para impedí-la de se desgovernar. Se Oxumare perder-se a força, a Terra vagaria solta pelo espaço em uma rota a seguir, sendo o fim do nosso Planeta.

É o orixá da riqueza, um dos benefícios mais apreciados não só pelos yorubás como por todos os povos da terra.

Arró-bo-boí!

Por que o culto do orixá é chamado de CANDOMBLÉ?

Em 1830, algumas mulheres negras originárias de Ketu, na Nigéria, e pertencentes a irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, reuniram-se para estabelecer uma forma de culto que preservasse as tradições africanas aqui, no Brasil.

Segundo documentos históricos da época, esta reunião aconteceu na antiga Ladeira do Bercô; hoje, Rua Visconde de Itaparica, próximo a Igreja da Barroquinha na cidade de São Salvador - Estado da Bahia.

Desta reunião, que era formada por várias mulheres, conforme relatei anteriormente, uma mulher ajudada por Baba-Asiká, um ilustre africano da época, se destacou:
- Íyànàssó Kalá ou Oká, cujo o òrúnkó no orixá era Íyàmagbó-Olódùmarè.

Mas, o motivo principal desta reunião era estabelecer um culto africanista no Brasil, pois viram essas mulheres, que se alguma coisa não fosse feita aos seus irmãos negros e descendentes, nada teriam para preservar o "culto de orixá", já que os negros que aqui chegavam eram batizados na Igreja Católica e obrigados a praticarem assim a religião católica.

Porém, como praticar um culto de origem tribal, em uma terra distante de sua ìyá ìlú àiyé èmí, ou a mãe pátria terra da vida, como era chamada a África, pelos antigos africanos?

Primeiro, tentaram fazer uma fusão de várias mitologias, dogmas e liturgias africanas. Este culto, no Brasil, teria que ser similar ao culto praticado na África, em que o principal quesito para se ingressar em seus mistérios seria a iniciação. Enquanto na África a iniciação é feita muitas vezes em plena floresta, no Brasil foi estabelecida uma mini-África, ou seja, a casa de culto teria todos os orixás africanos juntos. Ao contrário da África, onde cada orixá está ligado a uma aldeia, ou cidade por exemplo: Xangô em Oyó, Oxum em Ijexá e Ijebu e assim por diante.

Mas, por que esse culto foi denominado de CANDOMBLÉ?

Este culto da forma como é aqui praticado e chamado de Candomblé, não existe na África. O que existe lá é o que chamo de culto à orixá, ou seja, cada região africana cultua um orixá e só inicia elegun ou pessoa daquele orixá. Portanto, a palavra Candomblé foi uma forma de denominar as reuniões feitas pelos escravos, para cultuar seus deuses, porque também era comum chamar de Candomblé toda festa ou reunião de negros no Brasil. Por esse motivo, antigos Babalorixás e Yalorixás evitavam chamar o "culto dos orixás" de Candomblé. Eles não queriam com isso serem confundidos com estas festas. Mas, com o passar do tempo a palavra Candomblé foi aceita e passou a definir um conjunto de cultos vindo de diversas regiões africanas.

A palavra Candomblé possui 2 (dois) significados entre os pesquisadores: Candomblé seria uma modificação fonética de “Candonbé”, um tipo de atabaque usado pelos negros de Angola; ou ainda, viria de “Candonbidé”, que quer dizer “ato de louvar, pedir por alguém ou por alguma coisa”.

Como forma complementar de culto, a palavra Candomblé passou a definir o modelo de cada tribo ou região africana, conforme a seguir:
bullet Candomblé da Nação Ketu
bullet Candomblé da Nação Jeje
bullet Candomblé da Nação Angola
bullet Candomblé da Nação Congo
bullet Candomblé da Nação Muxicongo

A palavra “Nação” entra aí não para definir uma nação política, pois Nação Jeje não existia em termos políticos. O que é chamado de Nação Jeje é o Candomblé formado pelos povos vindos da região do Dahomé e formado pelos povos mahin.

Os grupos que falavam a língua yorubá entre eles os de Oyó, Abeokuta, Ijexá, Ebá e Benin vieram constituir uma forma de culto denominada de Candomblé da Nação Ketu.

Ketu era uma cidade igual as demais, mas no Brasil passou a designar o culto de Candomblé da Nação Ketu ou Alaketu.

Esses yorubás, quando guerriaram com os povos Jejes e perderam a batalha, se tornaram escravos desses povos, sendo posteriormente vendidos ao Brasil.

Quando os yorubás chegaram naquela região sofridos e maltratados, foram chamados pelos fons de ànagô, que quer dizer na língua fon “piolhentos, sujos” entre outras coisas. A palavra com o tempo se modificou e ficou nàgó e passou a ser aceita pelos povos yorubás no Brasil, para definir as suas origens e uma forma de culto. Na verdade, não existe nenhuma nação política denominada nàgó.

No Brasil, a palavra nàgó passou a denominar os Candomblés também de Xamba da região norte, mais conhecido como Xangô do Nordeste.

Os Candomblés da Bahia e do Rio de Janeiro passaram a ser chamados de Nação Ketu com raízes yorubás.

Porém, existem variações de Nações, por exemplo, Candomblé da Nação Efan e Candomblé da Nação Ijexá. Efan é uma cidade da região de Ilexá próxima a Osobô e ao rio Oxum. Ijexá não é uma nação política. Ijexá é o nome dado às pessoas que nascem ou vivem na região de Ilexá.

O que caracteriza a Nação Ijexá no Brasil é a posição que desfruta Oxum como a rainha dessa nação.

Da mesma forma como existe uma variação no Ketu, há também no Jeje, como por exemplo, Jeje Mahin. Mahin era uma tribo que existia próximo à cidade de Ketu.

Os Candomblés da Nação Angola e Congo foram desenvolvidos no Brasil com a chegada desses africanos vindos de Angola e Congo.

A partir de Maria Néném e depois os Candomblés de Mansu Bunduquemqué do falecido Bernardino Bate-folha e Bam Dan Guaíne muitas formas surgiram seguindo tradições de cidades como Casanje, Munjolo, Cabinda, Muxicongo e outras.

Nesse estudo sobre Nações de Candomblé, poderia relatar sobre outras formas de Candomblé, como por exemplo, Nàgó-vodun que é uma fusão de costumes yorubás e Jeje, e o Alaketu de sua atual dirigente Olga de Alaketu.

O Alaketu não é uma nação específica, mas sim uma Nação yorubá com a origem na mesma região de Ketu, cuja sua história no Brasil soma-se mais de 350 (trezentos e cinquenta) anos ao tempo dos ancestrais da casa: Otampé, Ojaró e Odé Akobí.

A verdade é que o culto nigeriano de orixá, chamado de Candomblé no Brasil, foi organizado por mulheres para mulheres. Antigamente, nas primeiras casas de Candomblé, os homens não entravam na roda de dança para os orixás. Mesmo os que tornavam-se Babalorixás tinham uma conduta diferente quanto a roda de dança. Desta forma, a participação dos homens era puramente circunstancial. Daí ter-se que se inserir no culto vários cargos para homens, como por exemplo, os cargos de ogans.

Hoje, a palavra Candomblé define no Brasil o que chamamos de culto afro-brasileiro, ou seja: “UMA CULTURA AFRICANA EM SOLO BRASILEIRO”.


A ORGANIZAÇÃO DO CANDOMBLÉ NO NOVO MUNDO

Antigamente, na Nigéria, os dias da semana eram apenas 04 (quatro) e eram assim denominados:
bullet 1o dia - Ójumò Exu
bullet 2o dia - Ójumò Ogun
bullet 3o dia - Ójumò Xangô
bullet 4o dia - Ójumò Oxalá

sendo que estes 04 (quatro) dias estavam ligados aos 04 (quatro) pontos cardeais:
bullet 1o a leste onde habita Exu
bullet 2o ao norte onde habita Ogun
bullet 3o a oeste onde habita Xangô
bullet 4o ao sul onde habita Oxalá

Como se pode observar, os yorubás tinham sua própria semana organizada que foi modificada ou adaptada à semana ocidental. Isto aconteceu porque não se manteve a tradição milenar de apenas 04 (quatro) dias.

Quando o Candomblé foi estabelecido na Bahia por Yanassó teve-se que se adaptar, como foi visto anteriormente, o culto para os moldes ocidentais, ou seja, cultuar vários orixás no mesmo espaço. Com esta junção, criou-se o que foi chamado Ójumò-osé ou dia de limpar ou ainda Ójumò-uenumó ou dia do descanso. Essa distribuição foi feita da seguinte forma:
bullet 2a feira cuidaria-se de Exu e Omolu
bullet 3a feira cuidaria-se de Ogun e Oxumarê
bullet 4a feira cuidaria-se de Xangô e Oya
bullet 5a feira cuidaria-se de Oxossy
bullet 6a feira cuidaria-se de Oxalá

No sábado seria a vez de se cuidar de todas as Yas ou Mães que seriam: Oxum, Yemanjá, Nanã, entre outras. Já no domingo, cuidaria-se de Ibeji.

Esta distribuição foi feita para que cada Omon-orixá tivesse seu orixá ligado a um dia da semana e nesse dia esse omon-orixá estivesse na casa de Candomblé para prestar culto ao seu orixá, não fugindo assim com a sua responsabilidade de cuidar de seu orixá.

Como comprovam vários estudiosos da cultura africana, não só houve a adaptação da semana yorubá para a semana ocidental, como uma série de cerimônia e ritos da religião de orixá tiveram que se adaptar ao Novo Mundo, conforme mostra o próprio ritual de iniciação que na Nigéria é feito em aldeias que ficam no interior das florestas.

Outra adaptação feita para o Brasil foi o do Jogo de Búzios. Enquanto no culto de orixá na Nigéria apenas o Babalawo faz o culto à advinhação e é ele, por determinação de Ifá, quem orienta todos os acontecimentos dentro do egbé; no Brasil, o jogo de búzios foi uma modalidade criada pelo Olwô Bamboxé para as mulheres ou Yalorixás da época.

AS VARIAÇÕES DAS TRÊS NAÇÕES JEJE, KETU E ANGOLA

Dos muitos grupos de escravos vindo para o Brasil, 03(três) categorias ou nações se destacaram:
bullet Negros Fons ou Nação Jeje
bullet Negros Yorubás ou Nação Ketu
bullet Negros Bantos ou Nação Angola

Cada uma dessas 03 (três) nações tem dialeto e ritualística própria. Mas, houve uma grande coligação entre os deuses adorados nessas 03 (três) nações, por exemplo:
bullet Na Nação Jeje os deuses são chamados de Voduns
bullet Na Nação Ketu, de Orixás
bullet Na Nação de Angola, de Inkices

Abaixo, encontram-se relacionados os deuses, as suas ligações e correspondência em cada uma dessas 03 (três) nações:

KETU


JEJE


ANGOLA

Exu


Elegbá


Bombogiro

Ogun


Gu


Nkosi-Mucumbe

Oxossy


Otolú


Mutaka Lambo

Omolu


Azanssun


Cavungo

Xangô


Sogbô


Nizazi ou Luango

Ossayn


Ague


Katende

Oya / Yansã


Guelede-Agan ou Vodun-Jó


Matamba/Kaingo

Oxum


Aziri-Tolá


Dandalunda

Yemanja


Aziri-Tobossi


Samba Kalunga/Kukuetu

Oxumarê


Becém


Angoro - Ongolo

Oxalá


Lissá


Lemba

Por que o culto do orixá é chamado de CANDOMBLÉ?

Em 1830, algumas mulheres negras originárias de Ketu, na Nigéria, e pertencentes a irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, reuniram-se para estabelecer uma forma de culto que preservasse as tradições africanas aqui, no Brasil.

Segundo documentos históricos da época, esta reunião aconteceu na antiga Ladeira do Bercô; hoje, Rua Visconde de Itaparica, próximo a Igreja da Barroquinha na cidade de São Salvador - Estado da Bahia.

Desta reunião, que era formada por várias mulheres, conforme relatei anteriormente, uma mulher ajudada por Baba-Asiká, um ilustre africano da época, se destacou:
- Íyànàssó Kalá ou Oká, cujo o òrúnkó no orixá era Íyàmagbó-Olódùmarè.

Mas, o motivo principal desta reunião era estabelecer um culto africanista no Brasil, pois viram essas mulheres, que se alguma coisa não fosse feita aos seus irmãos negros e descendentes, nada teriam para preservar o "culto de orixá", já que os negros que aqui chegavam eram batizados na Igreja Católica e obrigados a praticarem assim a religião católica.

Porém, como praticar um culto de origem tribal, em uma terra distante de sua ìyá ìlú àiyé èmí, ou a mãe pátria terra da vida, como era chamada a África, pelos antigos africanos?

Primeiro, tentaram fazer uma fusão de várias mitologias, dogmas e liturgias africanas. Este culto, no Brasil, teria que ser similar ao culto praticado na África, em que o principal quesito para se ingressar em seus mistérios seria a iniciação. Enquanto na África a iniciação é feita muitas vezes em plena floresta, no Brasil foi estabelecida uma mini-África, ou seja, a casa de culto teria todos os orixás africanos juntos. Ao contrário da África, onde cada orixá está ligado a uma aldeia, ou cidade por exemplo: Xangô em Oyó, Oxum em Ijexá e Ijebu e assim por diante.

Mas, por que esse culto foi denominado de CANDOMBLÉ?

Este culto da forma como é aqui praticado e chamado de Candomblé, não existe na África. O que existe lá é o que chamo de culto à orixá, ou seja, cada região africana cultua um orixá e só inicia elegun ou pessoa daquele orixá. Portanto, a palavra Candomblé foi uma forma de denominar as reuniões feitas pelos escravos, para cultuar seus deuses, porque também era comum chamar de Candomblé toda festa ou reunião de negros no Brasil. Por esse motivo, antigos Babalorixás e Yalorixás evitavam chamar o "culto dos orixás" de Candomblé. Eles não queriam com isso serem confundidos com estas festas. Mas, com o passar do tempo a palavra Candomblé foi aceita e passou a definir um conjunto de cultos vindo de diversas regiões africanas.

A palavra Candomblé possui 2 (dois) significados entre os pesquisadores: Candomblé seria uma modificação fonética de “Candonbé”, um tipo de atabaque usado pelos negros de Angola; ou ainda, viria de “Candonbidé”, que quer dizer “ato de louvar, pedir por alguém ou por alguma coisa”.

Como forma complementar de culto, a palavra Candomblé passou a definir o modelo de cada tribo ou região africana, conforme a seguir:
bullet Candomblé da Nação Ketu
bullet Candomblé da Nação Jeje
bullet Candomblé da Nação Angola
bullet Candomblé da Nação Congo
bullet Candomblé da Nação Muxicongo

A palavra “Nação” entra aí não para definir uma nação política, pois Nação Jeje não existia em termos políticos. O que é chamado de Nação Jeje é o Candomblé formado pelos povos vindos da região do Dahomé e formado pelos povos mahin.

Os grupos que falavam a língua yorubá entre eles os de Oyó, Abeokuta, Ijexá, Ebá e Benin vieram constituir uma forma de culto denominada de Candomblé da Nação Ketu.

Ketu era uma cidade igual as demais, mas no Brasil passou a designar o culto de Candomblé da Nação Ketu ou Alaketu.

Esses yorubás, quando guerriaram com os povos Jejes e perderam a batalha, se tornaram escravos desses povos, sendo posteriormente vendidos ao Brasil.

Quando os yorubás chegaram naquela região sofridos e maltratados, foram chamados pelos fons de ànagô, que quer dizer na língua fon “piolhentos, sujos” entre outras coisas. A palavra com o tempo se modificou e ficou nàgó e passou a ser aceita pelos povos yorubás no Brasil, para definir as suas origens e uma forma de culto. Na verdade, não existe nenhuma nação política denominada nàgó.

No Brasil, a palavra nàgó passou a denominar os Candomblés também de Xamba da região norte, mais conhecido como Xangô do Nordeste.

Os Candomblés da Bahia e do Rio de Janeiro passaram a ser chamados de Nação Ketu com raízes yorubás.

Porém, existem variações de Nações, por exemplo, Candomblé da Nação Efan e Candomblé da Nação Ijexá. Efan é uma cidade da região de Ilexá próxima a Osobô e ao rio Oxum. Ijexá não é uma nação política. Ijexá é o nome dado às pessoas que nascem ou vivem na região de Ilexá.

O que caracteriza a Nação Ijexá no Brasil é a posição que desfruta Oxum como a rainha dessa nação.

Da mesma forma como existe uma variação no Ketu, há também no Jeje, como por exemplo, Jeje Mahin. Mahin era uma tribo que existia próximo à cidade de Ketu.

Os Candomblés da Nação Angola e Congo foram desenvolvidos no Brasil com a chegada desses africanos vindos de Angola e Congo.

A partir de Maria Néném e depois os Candomblés de Mansu Bunduquemqué do falecido Bernardino Bate-folha e Bam Dan Guaíne muitas formas surgiram seguindo tradições de cidades como Casanje, Munjolo, Cabinda, Muxicongo e outras.

Nesse estudo sobre Nações de Candomblé, poderia relatar sobre outras formas de Candomblé, como por exemplo, Nàgó-vodun que é uma fusão de costumes yorubás e Jeje, e o Alaketu de sua atual dirigente Olga de Alaketu.

O Alaketu não é uma nação específica, mas sim uma Nação yorubá com a origem na mesma região de Ketu, cuja sua história no Brasil soma-se mais de 350 (trezentos e cinquenta) anos ao tempo dos ancestrais da casa: Otampé, Ojaró e Odé Akobí.

A verdade é que o culto nigeriano de orixá, chamado de Candomblé no Brasil, foi organizado por mulheres para mulheres. Antigamente, nas primeiras casas de Candomblé, os homens não entravam na roda de dança para os orixás. Mesmo os que tornavam-se Babalorixás tinham uma conduta diferente quanto a roda de dança. Desta forma, a participação dos homens era puramente circunstancial. Daí ter-se que se inserir no culto vários cargos para homens, como por exemplo, os cargos de ogans.

Hoje, a palavra Candomblé define no Brasil o que chamamos de culto afro-brasileiro, ou seja: “UMA CULTURA AFRICANA EM SOLO BRASILEIRO”.


A ORGANIZAÇÃO DO CANDOMBLÉ NO NOVO MUNDO

Antigamente, na Nigéria, os dias da semana eram apenas 04 (quatro) e eram assim denominados:
bullet 1o dia - Ójumò Exu
bullet 2o dia - Ójumò Ogun
bullet 3o dia - Ójumò Xangô
bullet 4o dia - Ójumò Oxalá

sendo que estes 04 (quatro) dias estavam ligados aos 04 (quatro) pontos cardeais:
bullet 1o a leste onde habita Exu
bullet 2o ao norte onde habita Ogun
bullet 3o a oeste onde habita Xangô
bullet 4o ao sul onde habita Oxalá

Como se pode observar, os yorubás tinham sua própria semana organizada que foi modificada ou adaptada à semana ocidental. Isto aconteceu porque não se manteve a tradição milenar de apenas 04 (quatro) dias.

Quando o Candomblé foi estabelecido na Bahia por Yanassó teve-se que se adaptar, como foi visto anteriormente, o culto para os moldes ocidentais, ou seja, cultuar vários orixás no mesmo espaço. Com esta junção, criou-se o que foi chamado Ójumò-osé ou dia de limpar ou ainda Ójumò-uenumó ou dia do descanso. Essa distribuição foi feita da seguinte forma:
bullet 2a feira cuidaria-se de Exu e Omolu
bullet 3a feira cuidaria-se de Ogun e Oxumarê
bullet 4a feira cuidaria-se de Xangô e Oya
bullet 5a feira cuidaria-se de Oxossy
bullet 6a feira cuidaria-se de Oxalá

No sábado seria a vez de se cuidar de todas as Yas ou Mães que seriam: Oxum, Yemanjá, Nanã, entre outras. Já no domingo, cuidaria-se de Ibeji.

Esta distribuição foi feita para que cada Omon-orixá tivesse seu orixá ligado a um dia da semana e nesse dia esse omon-orixá estivesse na casa de Candomblé para prestar culto ao seu orixá, não fugindo assim com a sua responsabilidade de cuidar de seu orixá.

Como comprovam vários estudiosos da cultura africana, não só houve a adaptação da semana yorubá para a semana ocidental, como uma série de cerimônia e ritos da religião de orixá tiveram que se adaptar ao Novo Mundo, conforme mostra o próprio ritual de iniciação que na Nigéria é feito em aldeias que ficam no interior das florestas.

Outra adaptação feita para o Brasil foi o do Jogo de Búzios. Enquanto no culto de orixá na Nigéria apenas o Babalawo faz o culto à advinhação e é ele, por determinação de Ifá, quem orienta todos os acontecimentos dentro do egbé; no Brasil, o jogo de búzios foi uma modalidade criada pelo Olwô Bamboxé para as mulheres ou Yalorixás da época.

AS VARIAÇÕES DAS TRÊS NAÇÕES JEJE, KETU E ANGOLA

Dos muitos grupos de escravos vindo para o Brasil, 03(três) categorias ou nações se destacaram:
bullet Negros Fons ou Nação Jeje
bullet Negros Yorubás ou Nação Ketu
bullet Negros Bantos ou Nação Angola

Cada uma dessas 03 (três) nações tem dialeto e ritualística própria. Mas, houve uma grande coligação entre os deuses adorados nessas 03 (três) nações, por exemplo:
bullet Na Nação Jeje os deuses são chamados de Voduns
bullet Na Nação Ketu, de Orixás
bullet Na Nação de Angola, de Inkices

Abaixo, encontram-se relacionados os deuses, as suas ligações e correspondência em cada uma dessas 03 (três) nações:

KETU


JEJE


ANGOLA

Exu


Elegbá


Bombogiro

Ogun


Gu


Nkosi-Mucumbe

Oxossy


Otolú


Mutaka Lambo

Omolu


Azanssun


Cavungo

Xangô


Sogbô


Nizazi ou Luango

Ossayn


Ague


Katende

Oya / Yansã


Guelede-Agan ou Vodun-Jó


Matamba/Kaingo

Oxum


Aziri-Tolá


Dandalunda

Yemanja


Aziri-Tobossi


Samba Kalunga/Kukuetu

Oxumarê


Becém


Angoro - Ongolo

Oxalá


Lissá


Lemba