segunda-feira, 7 de junho de 2010

Indígenas elegem liderança Pankararu para conselheira

Culturas Indígenas
Indígenas elegem liderança Pankararu para conselheira do CNPC
A liderança indígena Pankararu Maria das Dores do Prado é a nova conselheira do Colegiado de Culturas Indígenas junto ao Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC). Ela foi eleita pelos membros do Colegiado do segmento durante encontro nos últimos dias 31 de maio e 1º de junho, no Hotel St. Paul em Brasília. Além da titular Dora Pankararu, o Colegiado de Culturas Indígenas elegeu ainda, como suplente, Sérgio dos Santos, da etnia Galibi Marworno, do Amapá.
Nascida em uma aldeia Pankararu do interior do Pernambuco, Maria das Dores lidera uma comunidade da etnia, formada por cerca de 2 mil pessoas, que está situada no estado de São Paulo desde a década de 50. A nova conselheira do CNPC começou a atuar na defesa dos Pankararu a partir de 1997 e, em 2004, passou a integrar também o Conselho Estadual dos Povos Indígenas.
“Agora terei um desafio maior que é representar, politicamente, toda a diversidade dos povos étnicos existentes no nosso país. Terei oportunidade de trabalhar pelo coletivo do segmento, levando em conta toda a complexidade das nossas comunidades indígenas”, declarou a pedagoga Dora Pankararu depois de eleita como representante do Colegiado no CNPC. Ela acredita que a sua eleição foi um reconhecimento do grupo pelo seu trabalho em defesa da cultura dos povos indígenas.
Plano Nacional e Fundo Setorial do segmento
Os novos membros do Colegiado, eleitos na etapa setorial da II Conferência Nacional de Cultura, no início de março, em Brasília, discutiram também minuta de propostas para a elaboração do Plano Nacional de Culturas Indígenas, além dos projetos prioritários do segmento que terão investimentos dos recursos do Fundo Setorial de Culturas Indígenas.
O segmento de Culturas Indígenas será um dos beneficiados com a criação do Fundo da Diversidade que integra o Procultura, projeto de lei que substituirá a Lei Rouanet e que está em tramitação no Congresso Nacional. O Fundo da Diversidade será aplicado em projetos e Editais desenvolvidos no âmbito das Secretarias da Identidade e da Diversidade Cultural e da Cidadania Cultural, e da Fundação Cultural Palmares.
Para acompanhar as discussões do Comitê Gestor do Fundo, o Colegiado de Culturas Indígenas escolheu ainda dois representantes do setor para integrar o Comitê Gestor do Fundo. Maurício Fonseca, representante da sociedade civil e Farney Tourinho de Souza, da etnia Kambeba, situada na região do Alto Solimões, no Amazonas, foram os eleitos para representar o segmento nas discussões sobre o Fundo da Diversidade.
Foi criado também um Grupo de Trabalho para elaborar o documento final do Plano Nacional de Culturas Indígenas. Os integrantes do Colegiado elegeram quatro representantes sendo que João Pacheco e Maurício Fonseca ficaram como titulares e Luiz Donizete e Vanda Macuxi como suplentes.
(Heli Espíndola - Comunicação/SID)

GRUPO JUNINO TEM TEM

Fundado por um grupo de amigos na praia do cruzeiro no Distrito de Icoaraci, Belém - Pará em 30 de Maio de 1930, O Pássaro Junino teve como seu 1º Guardião o Sr. Manoel da Silva (Peixe Frito). Após seu falecimento sua família transferiu a direção do Grupo para o Sr. Raul Almeida, também residente em Icoaraci, mais tarde mudou-se para Belém levando consigo o grupo.
Em Belém, após o falecimento do Sr. Raul, o grupo passou a ser dirigido por Feliciano, cujo sobrenome ignora-se. Sabe-se, porém, que o mesmo era organizador do Boi-Bumbá “Novo Querido” e do Parque de Diversões “Prado Novo” no bairro do Telégrafo (Rua Djalma Dutra). O Grupo ficou por pouco tempo com o Sr. Feliciano e que o esmo, chama o Sr. Aldifax de Campos Jordão, mais conhecido como seu Antonio, para que viesse tomar conta do Tem- Tem haja vista que, o Sr., Antonio era simpatizante e colaborador do grupo o mesmo aceitou o desafio e dirigiu o grupo até 1977.
Mais tarde devido uma grande enfermidade o Sr. Aldifax manda chamar o Sr. João Ramos, conhecido por João de Guapindaia, que além de ser brincante do Tem – Tem, seu João era também, Pai de Santo. Seu João aceitou o Convite, desse ano até o ano de 2.000 Seu João Guapindaia, conduziu o Pássaro. O mesmo ( João) tinha um grande zelo pelo grupo e seus brincantes. Já doente chama a Srta. Marilza Tavares que era brincante do grupo junto com sua irmã e seu irmão, para que viesse deixar o Tem – Tem a ensaiar em sua residência no bairro do Guamá, mais, com a seguinte condição que o Pássaro saísse de sua residência no Bairro da Pedreira e mesmo depois de seu falecimento ela ( Marilza) não deixasse o Grupo acabar. Marilza em conjunto com sua família aceitaram. No ano de 2003 seu João falece isso no mês de Maio, mês em que o Grupo estava preparando-se para sair, chega a noticia de seu falecimento. A Família do Sr. João manda chamar Marilza e seus familiares para que dessem continuidade com o Grupo, coisa que seu João também deixou escrito e, até os dias de hoje Marilza e sua família conduzem com recursos próprios o Tem – Tem. O Grupo participou de diversos Concursos realizados pela Prefeitura Municipal de Belém através da Fumbel, Secult em conjunto com a Associação dos Grupos de Folclore de Belém. Sendo Tri Campeão pela Secult e Campeão do último concurso realizado pela FUMBEL. Ganhou 2 Editais do Minc Mestre Duda 100 anos de Frevo e Mestra Dona Izabel, já no Governo do Estado Ganhou o Prêmio Culturas Populares Adelermo Matos e ainda foi selecionado no Edital de Pautas Unificados dos Teatros onde este Grupo apresentará o Espetáculo “ A JUSTIÇA DE PIAPOTIRA” no Teatro da Paz no mês de Junho, de autoria do Sr. Raimundo Souza ( Casquinho) adaptado por Pedro da Conceição e readaptado pelo Mestre ( reconhecido pelo Minc em 2004) e Afro Religioso Antonio Ferreira. Participando do elenco 65 atores entre crianças, adolescentes, jovens e adultos tod@s do bairro do Guamá.
A JUSTIÇA DE PIAPOTIRA
SINOPSE
Em meados do século XVIII, existia na Amazônia uma família que era comandada por um marques Chamado Valério de Bolema que tinha duas filhas, Valquiria ( uma moça má, que sempre jogava toda sua família de contra o Pai) , Paulo e Frinéia essa era apaixonada por um caçador que também tinha um título nobiliárquico (Conde Eduardo de Luprê) e uma esposa cujo nome era Cláudia de Bolena. Esse mesmo Marques foi com um de seus empregados ( na época eram conhecidos como lacaio) era ambicioso ao ponto de preparar uma emboscada e atiçar os índios da aldeia de Agaiagnê, Essa emboscada era para acabar com uma família cujo seu líder era Ricardo Devalon ( Conde) que possuía uma esposa Ruth( Valério era apaixonado) Dyracy ( tinha 2 anos) e Diromar ( que estava com seus avós passando uns tempos). Nessa incitação os índios pensaram que Ricardo teria desrespeitado suas terras chegando agredir o Conde ao ponto da esposa ser morta ele, cego e levaram sua filha. Após 17 anos Ricardo volta as suas propriedades e relata tudo para sua filha ( Diromar) que por ter perdido sua mãe, seus avó, sua irmã e vendo seu pai cego, tornou-se uma mulher má ( Feiticeira). Ao término do relato, Diromar promete destruir Valério através de seu filho ( Paulo) conquistando o seu coração. Mais tarde Ricardo e Diromar são presos pelos índios que tinha uma índia favorita chamada de Piapotira, essa que deu ordem para que a prisão acontecesse pois, queria conversar com Ricardo, no meio de sua conversa ela relata que Ricardo era seu Pai o mesmo falou ( Eu sabia, eu sabia, o meu coração de Pai não me enganava, minha filha, minha querida dyracy como sofro em não poder expandir minha alegria neste momento sublime e venturoso em que a misericórdia de nosso Pai Celestial derrama seu amor como bálsamo nas chagas de um coração indolarado de um pobre. Minha filha!!Eu queria ter aventura de poder enxegár-te, mais não posso, por que a maldade do mundo roubou-me esse direito de Pai). Ao término dessas palavras Piapotira jura por Tupã ( seu Deus) que iria se vingar do maldito marques de são lourenço o verme púdrido que o mundo conhecia como Valério de Bolena. Feita essa jura Diromar disse-lhe que também participaria, as duas em conjuntos com os índios seqüestraram Cláudia e Frinéia. Cláudia foi morta na frente da sua filha enquanto Frinéia ficou cega ( Assim como o meu Pai tem vivido nas trevas, tu também irás viver – Palavras de Piapotira). Mais tarde vem a descoberta, Diromar, aparece para Valério e lhe diz que Ricardo Devalon era seu Pai, com esse esclarecimento Valério começa a apresentar sintomas de loucuras, Diromar manda Piapotira apresentar Frinéia ( Cega) que diz a Paulo, Eduardo, Valquiria, Eliana ( Dama de Companhia) que os Índios antes de a cegarem teriam matado Cláudia com essa informação, Piapotira manda Kayaganê apresentar para Valério sua esposa, o mesmo ao ver enlouquece de vez, ao ponto de falar com sua esposa morta. Paulo dia para Diromar o porquê disso tudo, pois ele acreditava em seu amor, a mesma relata que ela não o amava tudo foi uma encenação. Paulo com raiva atira em Diromar quando vai para matar Piapotira um dos índios o mata com uma flechada. E com isso Piapotira fez sua Justiça. Valério termina como louco e Valquiria com remoço e pena de seu Pai.

O velho menino de Gaza e o mar

Nasci e cresci à beira do mar de Gaza. Nunca, na minha infância entendi como aquela água imensa, que prometida liberdade sem fim, servia também como limite intransponível de terra tão pequena e tão apinhada de gente – terra e gente que sempre, perpetuamente, vivia como reféns, por mais que perpetuamente sempre tenham vivido em estado de resistência.

Desde menino, fazíamos, minha família e eu, a pequena viagem, do campo de concentração de refugiados onde vivíamos, até a praia. Íamos numa carroça velha, laboriosamente puxada por um burrico também velho. No momento em que nossos pés tocavam a areia morna, começava a gritaria. Os pés das crianças corriam mais rápidos que campeões olímpicos e, por algumas horas, todas as preocupações desapareciam. Ali não havia ocupação, nem prisão, nem status de refugiados. Tudo tinha cheiro e gosto de sal e melancias. Minha mãe sentava-se sobre um lençol remendado, para impedir que voasse. E ria dos gritos do meu pai, tentando impedir que as crianças avançassem muito no mar.

Eu mergulhava, cabeça embaixo d’água e ouvia o barulho do mar. Depois levantava a cabeça, dava as costas à praia e olhava em frente, na direção do horizonte.

Aos cinco, seis anos, acreditava que logo adiante, depois do horizonte, havia um país chamado Austrália. As pessoas lá viviam livres, podia ir e voltar quanto quisessem. Não havia soldados, nem armas, nem atiradores emboscados. Os australianos – por alguma razão inexplicada – gostavam de nós e um dia apareceriam para nos visitar. Falei dessas ideias aos meus irmãos, mas ninguém se convenceu a esperar por eles. Minha fantasia cresceu, mesmo assim, como logo aumentou a lista de outros países que havia lá, depois do horizonte. Um desses países chamava-se EUA e as pessoas falavam engraçado. Havia também uma França, onde as pessoas só comiam queijo.

Eu vasculhava a areia, à procura de “provas” da existência de outro mundo depois do horizonte. Procurava garrafas com letras estranhas, latas, plástico que a maré trazia dos barcos que passavam distantes. Minha maior felicidade era encontrar letras em árabe, que tentava empenhadamente ler. Assim aprendi que havia países como Arábia Saudita, Argélia e Marrocos. Lá viviam árabes como nós, e muçulmanos que rezavam cinco vezes ao dia. Mistérios. O mar, pelo visto, era mais misterioso do que se podia imaginar.

Antes do primeiro levante dos palestinos em 1987, a praia de Gaza ainda não fora declarada zona militar proibida. Os pescadores ainda podiam pescar, embora só numa área restrita e bem limitada. Podíamos nadar e fazer piqueniques, embora só até às 6h da tarde. Até que um dia, chegaram os jipes com soldados israelenses, sirenes tocando pela estrada asfaltada, e cercaram a praia, separando-a do campo de refugiados. Apontaram armas e exigiram imediata evacuação. Meus pais gritaram assustados, e nos fizeram correr de volta para o campo, sem nem nos vestir, só de calções de banho.

A televisão israelense anunciou em seguida que a Marinha de Israel havia interceptado terroristas palestinos, em barcos de borracha, que tentavam invadir Israel. Todos foram mortos ou capturados, exceto os que poderiam estar ainda a caminho das praias de Gaza. A confusão, para mim, foi terrível. As imagens mostravam imagens dos palestinos presos. Eles choravam ao lado dos corpos dos camaradas palestinos mortos, cercados por soldados israelenses armados, que festejavam, triunfantes.

Tentei convencer meu pai a irmos até a praia, para esperar os outros palestinos. Ele sorriu triste e não respondeu. Mais tarde, a televisão informou que não haviam sido encontrados; que se haviam perdido no mar, ou naufragado. Nem assim perdi a esperança. Pedi que minha mãe preparasse seu famoso chá com menta e sanduíches de pão e queijo. E esperei até a manhã seguinte, que os “terroristas” perdidos no mar chegassem ao nosso campo de refugiados. Se chegassem, queria que encontrassem o que comer. Mas nunca chegaram.

Depois desse dia, nunca mais faltaram barcos no horizonte. Todos da marinha israelense. O aparentemente pacífico mar de Gaza, era agora fonte de infinitos perigos, mas também de possibilidades. Então, aumentaram minhas idas até a praia. Mesmo depois de crescido, e mesmo durante os toques-de-recolher dos israelenses, eu conseguia ver alguma coisa: subia ao telhado de nossa casa e examinava o horizonte. De algum lugar, algum dia, algum barco chegaria a Gaza. E quanto mais difícil ficava a vida, mais aumentava minha fé.



Hoje, décadas adiante, olho um outro mar, distante, muito distante do mar de Gaza onde nasci. Já não tenho direito de pisar na Palestina há muitos anos. Olho o mar, aqui, e penso nos outros, em casa, à espera da chegada dos barcos. Dessa vez, há possibilidade real de que chegue algum barco. Acompanho o noticiário, com lucidez de adulto e, também, com a emoção, a trepidação dos meus seus seis anos. Imagino a Flotilha da Liberdade carregada de comida, remédios, brinquedos, logo ali, depois do horizonte, chegando, chegando, fazendo realidade o velho sonho. O sonho de que todos os países em cuja existência eu acreditava, embora meus irmãos repetissem que não, não, não existem, são ficção, sim, sim, existem; e chegarão, sob a forma de cinco navios e 700 ativistas da paz. Representam a humanidade, pensam em nós. P ensei em quantos, lá, naquela noite, podendo, prepararam alguma comida, para alimentá-los quando chegassem, e à espera deles.

Quando começaram a chegar as notícias de que os barcos haviam sido atacados antes até de cruzarem o horizonte de Gaza, que havia ativistas mortos e feridos, o menino de seis anos que sobrevive em mim, encolheu-se de dor. Chorei. Mal conseguia falar. Nenhuma análise política daria conta daquilo. Nenhuma notícia de televisão conseguirá explicar aos meninos que hoje têm seis anos em Gaza, que seus heróis foram assassinados e sequestrados, simplesmente porque queriam abrir o horizonte.

Mas, apesar da dor que continua, mas aprofundou-se, desceu para bem dentro de mim, e das vidas ceifadas, e das lágrimas que, em todo o mundo, se choram hoje pela Flotilha da Liberdade, sei agora que minhas fantasias não eram sonho de criança. Havia, nos barcos, gente da Austrália, da França, da Turquia, do Marrocos, da Argélia, dos EUA e de muitos outros países, que vinham em nossa direção em barcos carregados de presentes de outros muitos, que, por alguma razão, ainda pensam em nós e nos amam.

Mal posso esperar para chegar a Gaza, a bordo de outro barco, e dizer aos meus irmãos: “Viram, só? Eu sabia!” +++++++++++++++++++++++++++++++++++