Multidão parou o Centro do Rio para ouvir Lula, Dilma e Cabral. Presidente repele tentativa de calá-lo
O presidente Lula denunciou para os milhares de participantes do comício da Dilma e Sérgio Cabral, realizado na Cinelândia, no Centro do Rio, na última sexta-feira, que os adversários querem que ele finja não conhecer a sua ex-ministra da Casa Civil e coordenadora dos principais programas do governo federal. “Há uma premeditação de me tirarem da campanha política para não permitir que eu ajude a companheira Dilma a ser a presidente da República desse país”, afirmou o presidente.
“Na verdade o que eles querem é me inibir para eu fingir que não conheço a Dilma. É como se eu pudesse passar perto dela... tem uma procuradora qualquer aí... eles querem é me inibir, para eu fingir que não conheço a Dilma, para que eu passe por ela e vire o rosto. Mas não sou homem de duas caras. Ela é a minha candidata. Vou dizer que a minha companheira Dilma, que foi chefe da Casa Civil, está preparada para ocupar a Presidência da República desse país”, destacou, enquanto apertava fortemente as mãos da candidata.
O recado do presidente, de que ninguém vai calá-lo nesta campanha, foi uma resposta às declarações absurdas feitas por uma vice do Ministério Público que deveria cumprir sua obrigação e garantir a lisura do pleito, mas, ao contrário disso, tenta impedir o presidente de externar suas opiniões políticas.
A vice-procuradora-geral eleitoral, Sandra Cureau, pediu as fitas do ato de lançamento do edital do trem bala, ocorrido há alguns dias, em Brasília, porque Lula teria feito na ocasião referência ao papel de Dilma, quando ela esteve na Casa Civil, para garantir o sucesso do projeto.
Além disso, a vice-procuradora fez o comentário de que “o PSDB tem demonstrado mais zelo e respeito à Lei Eleitoral do que o PT”. Com essa visão superimparcial, não é de estranhar que muitas violações dos tucanos contra a Lei tenham passadas “despercebidas” pela procuradora. Além do mais, ela não tem que comentar nada. Tem que fiscalizar. Não satisfeita, ela disse que o presidente Lula não consegue “ficar de boca calada”. A mesma procuradora que diz essas coisas sobre o presidente, finge não ver Serra participando ilegalmente de programas de outros partidos que não o seu, além dos elogios do governador de São Paulo, Alberto Goldman, feitos em solenidades oficiais, ao candidato tucano. “São dois pesos e duas medidas”, denunciou Dilma.
Mas, apesar das tentativas de tirá-lo da campanha, Lula deixou claro para todo o povo brasileiro no comício que não vai ficar calado. Ele vai mesmo é para as ruas, fazer a campanha de Dilma. Debaixo de chuva, e sem que o povo arredasse o pé da praça, Lula prosseguiu: “Ao indicá-la para ser a futura presidente, estou indicando uma pessoa que eu colocaria minhas duas mãos no fogo, a minha alma em jogo”. “Sei da competência e da honestidade, do compromisso e do sofrimento dela. Esta mulher com cara de anjo já foi torturada e tomou choque elétrico. Mas ela não guarda mágoa. Ela não quer viver o passado. Ela quer construir o futuro do Brasil”, prosseguiu Lula, arrancando aplausos da multidão.
A gigantesca caminhada da Candelária à Cinelândia organizada pela coligação “Para o Brasil Seguir Mudando” reuniu as principais lideranças políticas do estado e agitou o centro do Rio. Para os organizadores, cerca de 40 mil pessoas participaram da marcha pelo Centro da cidade, região que foi palco de grandes manifestações pelas Diretas Já, em 1984.
No comício, na Cinelândia, Lula afirmou que a sua amizade por Dilma é recente. “Vou dizer do fundo da minha alma: não tinha amizade por essa mulher até pouco tempo antes de entrar na Presidência”. “Ela ganhou a minha confiança. Ao indicar a Dilma é como se eu colocasse as minhas duas mãos no fogo”, disse o presidente. “Dilminha”, falou o presidente, dirigindo-se à candidata, “eu tenho a convicção de que o Brasil precisa de você e que você pode ajudar o Brasil”. “Olé, olé, olá...Dilma, Dilma!”, gritavam os presentes.
Quando a chuva apertou, Lula disse que não era o mau tempo que o impediria de pedir votos para Dilma Rousseff e o candidato ao governo estadual, Sérgio Cabral. “Eu acho que a primeira vez a gente nunca esquece e essa é a primeira vez que a gente vem fazer a campanha da Dilma e do Sérgio Cabral no Rio e não há chuva que me tirasse de estar aqui nessa praça para poder conversar com vocês”, afirmou. “Certamente sairei daqui tão molhado como vocês. Mas, sairei convencido de que me dirigi a uma parte do povo brasileiro para que a gente não permita que nenhum retrocesso aconteça nos próximos anos”, afirmou Lula, sob intensos aplausos da população presente.
O governador do Rio, Sérgio Cabral, agradeceu a todos e fez uma conclamação. “Por isso, Dilma, nós vamos continuar juntos, avançando, fazendo do Brasil um país mais justo, fazendo do Rio de Janeiro um estado mais justo”.
Participaram do comício, além do presidente Lula e da candidata Dilma Rousseff, o candidato a vice, deputado Michel Temer (PMDB), o governador e candidato a reeleição, Sérgio Cabral (PMDB), o ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT), o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), o ex-prefeito de Nova Iguaçu, e candidato ao Senado, Lindberg Farias (PT), além de centenas de lideranças políticas, prefeitos do interior do estado, parlamentares e candidatos de todos os partidos que compõem a coligação.
Comenta-se que os repórteres da “Folha de S. Paulo” que foram designados para cobrir o comício no Rio de Janeiro devem ter se perdido e não conseguiram chegar à tempo na Cinelândia. Não sabiam que o melhor caminho para o centro da cidade é descer no Aeroporto Santos Dumont e não no Galeão. Resultado: pegaram a Linha Vermelha e devem ter sido parados nas blitz de bafômetro que vêm sendo feitas por lá. Demoraram para convencer os policiais que não estavam bêbados. Aí, chegaram atrasados. Só viram mil pessoas na Cinelândia. A “Folha”, que não conhece bem o Rio, acreditou nos retardatários e repetiu a barriga, na capa e em outras duas matérias internas. O Frias não teve tempo de checar as informações. Devia estar ocupado, fabricando números para mais uma pesquisa de seu instituto, o DataFolha.
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