quarta-feira, 21 de julho de 2010

Veja e as “ditaduras africanas”

Na edição de 14 de julho em reportagem sobre a recente viagem do Presidente Lula a África, a revista “Veja” assume de forma clara o papel de cão de guarda dos EUA no que considera “reserva territorial” americana, a África.

O preconceito racista escravocrata contra países pobres do continente negro que, generalizando, chama de “ditaduras” é evidente. “Veja” ainda demonstra contrariedade com a objetividade e eficiência da diplomacia brasileira. Contra uma política externa independente, cujo “mérito dos fins diplomáticos” tem sido oposto à política de big stick americana, mas que não impediu que o Presidente Barak Obama dissesse que o Presidente Lula é “o Cara”, para desventura de “Veja”.

As “ditaduras africanas” das quais “Veja” “acusa” o Presidente Lula de ser amigo são todos os países com os quais, segundo ela, só os EUA podem se relacionar e manter como mercados cativos para suas multinacionais sugarem riquezas como petróleo e diamantes. E além disso, obter lucros adicionais exorbitantes com a venda de produtos industrializados, sobretudo armas. Enquanto a África continua abandonada padecendo da miséria, da fome e de doenças do subdesenvolvimento, escravizada pela política predatória dos monopólios.

Os EUA mantêm inúmeras bases militares em vários países africanos e um comando militar especial no oeste da África. Base de apoio que utiliza para trafegar soldados e armas de um a outro país com o objetivo de garantir seus interesses econômicos e políticos nas guerras tribais. Guerras que fomentam através de ONGs, “missões humanitárias” e “religiosas” que espalham por todo o continente.

Não há nada que determine que a África seja propriedade privada dos EUA e que o Brasil não tenha que cultivar e desenvolver relações políticas e econômicas autônomas com os africanos, como aliás, muito justamente tem sido feito desde que Lula assumiu a presidência.

Em respeito e em reconhecimento à África, em defesa dos interesses do Brasil, Lula tem se empenhado em que o país seja, cada vez mais, amigo e parceiro das nações africanas e, nesse sentido, desde 2003 visitou quase todos os países do continente. África do Sul, Angola, Cabo Verde, Moçambique, Nigéria, Argélia, Burkina Faso, Congo, Benin, Botsuana, São Tomé e Príncipe, Namíbia, Egito, Líbia, Gabão, Camarões, Gana, Guiné Bissau, Senegal, Quênia, Guiné Equatorial, Tanzânia, Zâmbia são alguns deles.

Com todos esses países, graças à ação irretocável, firme e serena do Chanceler Celso Amorim - que não se indispôs com os EUA mas também não considerou a África “reserva de mercado” dos EUA - o Brasil foi até lá, ampliou a amizade, a cooperação bilateral em vários e diferentes níveis, estimulou as políticas de paz e o comercio internacional ampliando a pauta das exportações brasileiras.

Inconformada com a força moral do governo Lula e com o respeito e a credibilidade que o Brasil tem merecido do conjunto das nações, “Veja” evoca bandidos guzano-cubanos financiados pela CIA para fazer greve de fome e gerar factoides no “palco da globalização” para alimentar a cruzada que os monopólios de mídia realizam contra Cuba há 50 anos e, de tabela, atacar Lula e o Brasil. A revistinha não admite que a diplomacia brasileira não se submeta à farsa que ela repercute.

Seria imoral atender os latidos de “Veja”, e desconsiderar os interesses do Brasil. Já passou o tempo em que um FHC submisso diante dos interesses imperialistas e arrogante diante dos mais fracos e mais pobres envergonhava o Brasil. Tempos ruins a que hoje “Veja” e seu candidato Serra – que há poucos dias atacou a Bolívia e o MERCOSUL - tentam retroceder inutilmente. “Veja” está contra o Brasil. Mas, o que é bom para “Veja” não é bom para o Brasil.

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