terça-feira, 29 de junho de 2010

Lumumba: heroi da independência do Congo

No dia 30 de junho de 1960, sob a liderança de Patrice Lumumba, o Congo conquistava, a duras penas, a sua independência contra o colonialismo belga. Lumumba tornou-se o Primeiro Ministro do primeiro governo do Congo Livre, mas ficou poucos meses no poder. Um complô organizado pela CIA com total apoio e participação da Bélgica culminou com o covarde assassinato do líder maior do povo congolês e africano. O Congo se conflagrou com a morte de Lumumba. Mobuto assumiu o poder reprimindo violentamente e semeando a divisão e os conflitos étnicos, tornando a independência uma questão formal. O país, hoje, vive em luta contra as constantes invasões estrangeiras que os EUA continuam a patrocinar, e Lumumba continua vivo no coração do povo, guiando-o contra a escravidão do Congo e da África.

ROSANITA CAMPOS

Patrice Lumumba, maior líder popular do Congo, artífice da independência do país, tornou-se o patriarca da libertação dos povos africanos na luta contra o colonialismo.

Congolês de Onalua e de origem simples, Lumumba estudou em escolas de missionários religiosos e começou a lutar cedo contra o colonizador belga. Trabalhou em mineradoras no Kivu Sul até 1945 onde se bateu contra o separatismo até se tornar jornalista em Leopoldville, hoje Kinshasa, capital do Congo, e em Kisangani. Sua luta em defesa da unidade da nacionalidade congolesa o levou à prisão em 1956.

Lumumba foi líder sindical e fundou em 1958 o primeiro partido político do país, o Movimento Nacional Congolês – MNC em defesa do panafricanismo e da unidade nacional acima das diferenças étnicas e tribais contra o colonialismo belga. No mesmo ano foi mais uma vez preso, ao voltar da Conferência Panafricana realizada em Acra, Gana, na qual galvanizou a maioria dos países africanos contra o colonialismo.

Em 30 de Junho de 1960 conquistou-se, a duras penas, a independência. “A República Democrática do Congo foi proclamada e agora o Congo encontra-se nas mãos de seus próprios filhos. Vamos mostrar ao mundo o que o homem negro é capaz de fazer quando trabalha em liberdade. Conclamo-os a esquecer suas disputas tribais. Elas nos exaurem. Elas trazem o risco de sermos humilhados no exterior”, afirmou Lumumba em histórico discurso.

Foram proféticas as palavras do Primeiro Ministro do primeiro governo do Congo livre. Foram palavras acolhidas não apenas pelo povo congolês, mas por todos os povos africanos. E foi exatamente o separatismo que a Bélgica, com o entusiástico apoio dos EUA, usou para minar a independência da jovem República.

Menos de um mês depois da independência a Bélgica enviou soldados e armas para que Moisés Tshom Be Kapenda e Mobuto iniciassem uma revolta separatista no Katanga.

Já que o Congo tinha se libertado do colonialismo belga, a Bélgica tentava assim minimizar seu “prejuízo” tomando pela força das armas uma parte do território congolês para constituir um estado belga na África, na parte mais rica do Congo.

Lumumba ficou poucos meses no poder. Um complô organizado pela CIA com total apoio e participação da Bélgica culminou com o covarde assassinato do líder maior do povo congolês e africano.

A criminosa ação da CIA na morte de Lumumba foi comprovada pela comissão Church do senado norteamericano, presidida pelo senador Frank Church (material fartamente documentado na edição 2215 de 7 a 10 de novembro de 2003 do HP). “A remoção de Lumumba era um urgente e prioritário objetivo” do governo dos EUA.

Lumumba morreu em 17 de janeiro de 1961, vítima da barbárie e das torturas perpetradas contra ele durante quase um mês pelos mercenários comandados pelo belga Gat Verchure, que agia sob a supervisão direta da CIA.

Em meio às terríveis torturas, Lumumba ainda encontrou forças para escrever à sua mulher, Pauline Opangu: “Minha fé se mantém inquebrantável. Eu sei e sinto no fundo de mim mesmo que meu país, cedo ou tarde, se libertará de todos os seus inimigos internos e externos, que ele se levantará como um só homem para dizer não ao vergonhoso e degradante colonialismo e reassumir sua dignidade sob um sol puro”.

O Congo se conflagrou com a morte de Lumumba. Mobuto assumiu o poder reprimindo violentamente o povo e semeando a divisão e os conflitos étnicos, tornando a independência uma questão formal.

Laurent Kabila levantou os congoleses contra a ditadura de Mobuto e em 1997 assumiu o governo do país para recuperar a independência até ser ele também assassinado em 2001. Seu filho José Kabila foi eleito para a presidência da República e não tem encontrado facilidades para manter a unidade territorial do país contra as constantes invasões estrangeiras que os EUA continuam a patrocinar.

O dia 17 de janeiro, dia da morte de Lumumba, é feriado nacional no Congo. É dia de festejar a força da nacionalidade congolesa. Ele continua sendo o guia de seu povo. Sua âncora e inspiração anti-imperialista contra a escravidão do Congo e da África. Sua forte presença no coração do povo congolês mantém viva a luta pela unidade e pela independência do Congo. E essa é uma força que nunca morre.

Nenhum comentário:

Postar um comentário