terça-feira, 13 de abril de 2010

Dilma: “As inesquecíveis palavras de Tancredo devem nos inspirar”


Candidata à Presidência visitou São João Del Rei e Ouro Preto, “o berço da Nação”

A pré-candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, iniciou sua jornada rumo ao Palácio do Planalto visitando, na terça-feira (6), sua terra natal, Minas Gerais. Em Ouro Preto, ela prestou homenagem a Tiradentes, Patrono do Brasil, e depositou flores no túmulo de Tancredo Neves, em São João Del Rei. Para Dilma, as palavras de Tancredo “não podem ser esquecidas. Elas devem nos inspirar”. “A coisa melhor a se dizer neste momento é o quanto ele amava essa terra. É uma homenagem que faço a ele e à nossa Minas Gerais”, disse. “O governo Lula do qual me orgulho de ter feito parte, realizou na prática o sonho de Tancredo”.

Recebida por centenas de lideranças políticas e por 25 prefeitos de vários partidos, a pré-candidata fez questão de ressaltar ao chegar a Ouro Preto que “quem nasce em Minas Gerais, tem Minas dentro de si. A gente sai de Minas, mas Minas não sai de dentro da gente”. Para Dilma, “não é possível que alguém perca a força dessas raízes”. “Ouro Preto é o berço de uma nação, o berço de um povo, porque aqui se lutou pela primeira vez contra a metrópole. Vou partir desta cidade para uma nova jornada, cheia de desafios”.

TANCREDO

Na visita às cidades históricas, Dilma foi acompanhada por Patrus Ananias (PT), ex-ministro de Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Hélio Costa (PMDB), ex-ministro das Comunicações e senador; e Fernando Pimentel (PT), ex-prefeito de Belo Horizonte. Os três são pré-candidatos ao governo de Minas. Recebida com entusiasmo pelo prefeito de Ouro Preto, Ângelo Oswaldo, que foi seu colega de escola, ela disse “sempre que encontro Ângelo, lembro da minha juventude, dos nossos sonhos. E os nossos sonhos passavam pela melhoria das condições de vida dos brasileiros”. “Nós queríamos que o Brasil fosse um país mais justo, mais desenvolvido e mais soberano e creio que podemos realizar um pouco desse sonho com o governo Lula”, destacou.

Dilma se emocionou ao homenagear o ex-presidente Tancredo Neves. Em silêncio por alguns minutos diante de seu túmulo, ela disse: “Estamos em um momento sóbrio em que pensamentos são mais fortes que palavras”. A ex-ministra lembrou sua juventude vivida em Minas e completou: “Estou muito honrada em estar aqui, hoje, por motivos que têm a ver com minhas raízes. Você pode até sair de Minas, mas não é possível perder as forças das raízes desta terra”. De casaco roxo e maquiagem, Dilma esbanjou simpatia. Parou para tirar fotos com todos que acompanharam a visita à Igreja de São Francisco de Assis e a Matriz de Nossa Senhora do Pilar, padroeira da cidade, onde foi recebida pelo Padre Marcelo Santiago.

A representatividade do ato e a força das palavras proferidas pela pré-candidata no evento, provocaram incômodo na oposição. Desnorteado, o PSDB divulgou carta protestando contra a presença de Dilma no túmulo de Tancredo. “Acho surpreendente essa reação”, respondeu a ministra, ao saber da nota. “Porque nenhum homem público no Brasil é propriedade de nenhum partido. O fato de a gente respeitar o Tancredo Neves é porque ele foi um brasileiro eleito presidente da República, mas infelizmente, não pode governar”, lembrou. “Ele não era propriamente nem do PT, nem do PSDB. Ele era do PMDB e nós podemos perfeitamente ser do PT e respeitá-lo, até porque hoje ele é um patrimônio do Brasil”, disse a ministra.

Em palestra na Câmara de Vereadores de Ouro Preto, Dilma disse que é fundamental “esclarecer à população sobre a existência de projetos distintos: o que propõe aprofundar os avanços conquistados na gestão de Lula, e o da oposição”. “O que é incorreto”, avaliou, “é que os opositores dos últimos sete anos queiram tirar proveito dos altos índices de aprovação de Lula e seu governo”.

“Não existe um projeto só, que é o do Lula. Existe o do Lula e o da oposição. O que não está certo é dizer que é todo mundo igual. Temos que deixar claro o que cada um pensa. Vamos confrontar nossos projetos e manter o respeito pelas pessoas”, enfatizou.

Dilma lembrou ainda declaração recente dada pelo presidente tucano Sérgio Guerra à imprensa: “Recentemente, o presidente do PSDB foi numa revista dizer que tinha que acabar com o PAC e mudar a política econômica do país. Havia uma oposição clara ao nosso projeto, e essa oposição continua. Tendo uma oposição clara, ela não pode tentar aparecer como não sendo oposição. Tem gente que nos criticava até ontem e hoje não critica mais. Então, temos que dar ao povo condições de perceber o que está em disputa nessas eleições”, disse a pré-candidata, reafirmando que quem esconde suas posições políticas age como “lobo em pele de cordeiro”.

Na palestra a ex-ministra disse o quanto se orgulha de ter integrado a equipe do governo, acrescentando que a gestão de Lula foi responsável pela retirada de 20 milhões de pessoas da linha da pobreza, além de ter elevado a renda da população brasileira. “Eu tenho orgulho de ter participado de forma ativa do governo Lula. Se eles não têm orgulho da trajetória deles, não é problema nosso, é problema deles”, acrescentou.

TUCANOS

Alfinetando os tucanos, que, desconfortáveis com a repercussão da visita da ex-ministra a Minas, disseram na sexta-feira que, “mais que visitas, os mineiros esperam propostas”, Dilma disse que “o governo do presidente Lula fez mais do que propostas concretas para Minas Gerais. Ele realizou uma série de programas aqui”. E emendou lembrando que em um eventual embate sobre o assunto, o ex-presidente Fernando Henrique sairia perdendo no Estado. “É mais difícil quem nunca fez nada provar que fez”, salientou. Com bom humor ela concluiu: “Minas é meu berço, e eu não sou tucana e Tancredo também, que eu saiba, não é tucano e, que eu saiba, Juscelino também não”. “Aliás, as cidades e os estados não são de ninguém, são de cada um de nós”.

Bem lembrou a ex-ministra, porque o presidente Tancredo Neves detestava o Serra.

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