quinta-feira, 28 de julho de 2016

Eleições Municipais

Saudações!
Peço Permissão a esse espaço virtual para fazer uma discussão, em relação a Conjuntura Nacional focada nas eleições municipais, proponho um debate ao qual, faço uma análise dos pré candidatos em Belém e Ananindeua. Belém, que dentro dos seus 400 anos, não se teve nem um avanço estrutural e político, para uma nova Belém. Estão pleiteando a Prefeitura O Ex Prefeito e Deputado Federal Prof. Edimilson Rodrigues pelo PSOL, O Delegado e Deputado Federal Éder Mauro pelo PSD, O Ex Reitor da UFPA Prof. Carlos Maneschy pelo PMDB, A Jornalista Úrsula Vidal pelo Rede, A Ex Deputada Estadual Regina Barata pelo PT, O Vereador Cléber Raiol pelo PSTU, O Dep. Estadual Lélio Costa pelo PCdoB e o atual Prefeito Zenaldo Coutinho pelo PSDB, será uma disputa diga-se de passagem muito concorrida, mas a que ponto isso pode ser olhado: A esquerda, lança 4 Candidatos, A direita, 3 e o Rede que na Capital, ainda não sabemos o seu posicionamento dentro de um campo de análise eleitoral. Observo que a esquerda está apenas se posicionando para visualizar as eleições de 2018, unindo forças para um possível segundo turno, a direita ( rs) ai é que está o problema, lança seus pré candidatos com uma visão de futuro? ou de barganha no Governo do Estado? as pesquisas apontam segundo turno entre o Dep.Federal Delegado Éder Mauro e o Dep.Federal Prof. Edmílson Rodrigues, mas com uma subida do Prefeito Zenaldo Coutinho; Sendo que o PSD do Dep.Federal Delegado Éder Mauro, faz parte da base aliada do Governador ,mas que em Belém e Ananindeua está saindo com candidatura própria, qual será estratégia do PSD?
Ananindeua: Dep.Estadual Cel Neil pelo PSD, o Radialista Jefferson Lima pelo PHS, o Advogado Jorge Farias pelo PCdoB , o Professor Vlad pelo Solidariedade e o Atual Prefeito Manoel Pioneiro,se em Belém a análise esta difícil Ananindeua, nem se fala, pois o PCdoB lança seu candidato com o apoio do PT, para barganhar o que? O PHS com o total apoio do PMDB, lança o Radialista Jefferson LIma, o qual, vive em escândalos, sendo que, antes de entrar na vida pública, gritava que NUNCA seria politico pois tinha nojo, isso em programa de Rádio, foi candidato a Prefeito de Belém pelo PP, Candidato ao Senado Federal também pelo PP na Chapa do Governador Simão Jatene, mas que, no segundo turno, abandona a chapa e dá total apoio ao Candidato e Hoje Ministro Hélder Barbalho, nesse período foi tachado de TRAÍRA, Dep. Estadual Cel Neil, esse, não tenho o que falar, pois está sendo OUSADO em ser Candidato, disputando com duas máquinas. Manoel Pioneiro, Foi Prefeito, Dep. Estadual ( Pte. da ALEPA) Prefeito mais uma vez que pleiteando a reeleição, hoje, com um alto índice de rejeição, agora faço uma pergunta, com toda essa rejeição será que ele vai pro segundo turno?
Faço essa análise dentro de uma conjuntura em que esses dois municípios estão enfrentando e irão enfrentar até outubro.
O que podemos aguardar?

quarta-feira, 15 de junho de 2016

A vida de Ananindeua

Semana passada, a rede record de Belém,  lançou uma pesquisa sobre quem ganharia as eleições deste ano em Ananindeua, atraves do Instituto Paraná,  em que o Pre Candidato a Prefeito Jefferson Lima, aparece com 30, 3%, O atual Prefeito Manoel Pioneiro com 23, 3% e o Deputado Estadual Cel. Neil com 17, 7%. Nessa pesquisa não se viu a rejeição de cada um desses candidatos,  também não apareceu os outros pré candidatos,  será que essa pesquisa e confiável?  Porque não apareceu a rejeição?  Sera que essa pesquisa foi tendenciosa?  Onde iremos parar com esses dados. Jefferson Lima, um cidadão que quando radialista,  falava que nunca iria entrar na vida pública,  pois tinha nojo de política, mas não cumpriu essas palavras,  foi Candidato a Prefeito de Belém pelo PP contra o Zenaldo , passando 2 anos, se lança pelo PP, candidato ao Senado Federal na chapa de Simão Jatene, criticando em palanques a familia Barbalho, em menos de um mês,  esse mesmo cidadão,  troca de lado, apoiando quem ele criticou. Manoel Pioneiro,  Prefeito por duas vezes, deputado estadual,  chegando a Presidente da Assembléia Legislativa do Estado do Pará,  em Ananindeua e muito criticado por sua atual gestão e por fim, o Deputado Estadual Cel. Neil, militar de carreira com 1 ano e meio de mandato no legislativo. Com esses perfis será, que essa pesquisa e verdadeira.?

segunda-feira, 6 de junho de 2016

As esquinas da Lei Rouanet


“Se os desonestos brasileiros
voassem, nós nunca veríamos
o sol.”
(DA)

 
Durante o Governo Collor começaram as primeiras picaretagens, que colocaram a Lei Rouanet como uma prostituta nas esquinas do país, à espera de seus clientes e respectivos gigolôs. É sempre bom relembrar o projeto de uma atriz da Globo, para a realização de um espetáculo para o qual levou um milhão de reais, espetáculo esse que sequer foi concretizado. Posteriormente, um outro ator global teve um projeto de vinte milhões de reais aprovado, para a realização de um filme sobre Assis Chateaubriand, filme esse que ninguém sabe e ninguém viu.
Daí para a frente tivemos empresário que virou dramaturgo e produtor teatral de seus próprios escritos. Como falta a devida fiscalização, o rei do cimento imperou nessa pratica, sem qualquer veto por parte de quem de direito. Durante o período em que Marta Suplicy foi Ministra da Cultura, por sua imposição dois costureiros tiveram aprovados projetos para a realização de desfiles de modas em Paris e nos Estados Unidos.
Cabe aqui uma pergunta: essa questão de desfile de modas não é assunto para outro Ministério? Industria e Comercio talvez, ainda mais com realização fora do país. E os projetos relativos ao Cirque du Soleil? Isenção de milhões de reais por parte dos seus patrocinadores, enquanto o povo tinha que pagar ingressos acima de trezentos reais para assistir. E os mega musicais importados dos States, com ingressos que só a elite econômica do país pode pagar?
Nos anos sessenta e setenta, o Conselho Estadual de Cultura de São Paulo, através de suas várias comissões, patrocinava eventos voltados especificamente à cultura, através de editais para recebimentos de projetos. Na área teatral onde atuei na Comissão Estadual de Teatro, todo espetáculo aprovado fazia uma temporada na Capital ou por cidades do interior paulista, cobrando ingressos populares que nunca ultrapassavam a casa dos dez reais, em dinheiro de hoje. Com isso toda a sociedade tinha condições de assistir aos principais eventos teatrais produzidos em São Paulo.
A aprovação de projetos para o devido culto à personalidade, como é o caso do filme sobre o ex-Presidente Lula, ou outro relativo ao Zé Dirceu, são exemplos pouco edificantes e que mostram de que forma o Governo Federal administra a Lei Rouanet. Isto sem falar em um monumento em homenagem ao funk que teve um aporte de quatro milhões de reais, segundo o que vem sendo veiculado pelas redes sociais. Ter Ministério ou Secretaria, não é o problema, que está diretamente ligado às deturpações que se verificam na utilização da lei de incentivos fiscais.
Enquanto isso o Museu do Ipiranga está fechado a quase três anos, por falta de verbas para sua restauração. E como ele, outros museus padecem do mesmo mal, enquanto os parasitas e mamadores de plantão, se locupletam com o dinheiro do povo, que assiste ao total abandono de nossas raízes culturais fincadas em nosso rico folclore. Enquanto a Lei Rouanet não for reformulada, em uma proposta formulada por Juca Ferreira, que dorme em alguma gaveta do Congresso, continuaremos a assistir esse espetáculo de prostituição explicita.

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Papete e Naná Vasconcelos: magos dos ritmos do Brasil

Desde aquele 9 de março em que Naná  se foi e este 26 de maio em que perdemos Papete, os ritmos do Brasil passaram a soar mais tristes e tímidos, menos arrojados e mais carentes de brilho

Ao verificar a trajetória de músicos como Naná Vasconcelos e Papete, é forçoso concluir que a busca por uma cultura nacional-popular, ao contrário do que dizem certos falastrões equivocados, não se confunde com a defesa dos valores artesanais, do passadismo canhestro, da rusticidade ‘folquilórica’, da caducidade de linguagem e da precariedade criativa. Nada disso: Papete e Naná Vasconcelos provaram – e muito bem - que o nacional-popular se nutre e convive com a modernidade e com a invenção, sendo um conceito que continuamente se renova e se recicla
MARCUS VINICIUS DE ANDRADE*
A vida deu-me o privilégio de conviver e trabalhar com dois dos maiores percussionistas do Brasil: Papete e Naná Vasconcelos. Infelizmente, neste ano de 2016 tive a desventura de perder ambos os amigos, mortos num intervalo de dois meses e meio de diferença. Desde aquele 9 de março em que Naná se foi e este 26 de maio em que perdemos Papete, os ritmos do Brasil passaram a soar mais tristes e tímidos, menos arrojados e mais carentes de brilho, como se sentissem a ausência daqueles dois magos que os trataram com tanta dignidade e competência, a ponto de trazê-los para a linha de frente da cena musical.
Conheci Naná em 1966, quando o professor, multiartista e agitador cultural Jomard Muniz de Britto promoveu no Recife um espetáculo de que participávamos eu, Terezinha Calazans (depois conhecida nacionalmente como Teca Calazans), Marcelo Melo e Toinho Alves (que viriam a fundar o Quinteto Violado), o que seria meu futuro parceiro Geraldo Azevedo e outros artistas, entre os quais um crioulinho simpaticíssimo que sabíamos apenas ser baterista do Quarteto Iansã e antigo músico da Banda da Prefeitura do Recife. Era Naná, também conhecido como Juvenal de Holanda Vasconcelos. Naquele espetáculo, ele literalmente "deu um show" quando, largando a bateria, cantou e dançou maravilhosamente uma música de Ataulfo Alves, tocando também vários instrumentos de percussão. A partir de então, Naná passou a ser figura essencial na música pernambucana. Na época, embora ainda no auge, a bossa-nova começava a tornar-se repetitiva e algo enfadonha, e alguns compositores (eu, inclusive) já andavam atrás de novas opções em termos de linguagem, buscando fugir daquele esquema clássico de banquinho-e-violão e, mais ainda, daquele acompanhamento rítmico de bateria cool, com vassourinha na caixa, bumbo leve e toques sincopados de caixeta. Isso era muito bom para a bossa-nova, mas insuficiente para quem quisesse enveredar por outros toques e caminhos que nos eram oferecidos pela exuberância rítmica brasileira. Ao ouvir Naná fazendo música nova e sofisticada com instrumentos de percussão tradicionais, retirando-os de seus contextos sonoros habituais e trazendo-os da cozinha acompanhante para a sala da frente do discurso musical, percebemos que havia ali um imenso campo de possibilidades. Em 1969, quando da diáspora musical pernambucana (em grande parte causada pelo terror que foi o AI-5, promulgado em dezembro do ano anterior), muitos de nós já estavam residindo no Rio de Janeiro, onde passei a dividir um apartamento com Naná.  Não eram raros os shows coletivos com todo o ‘grupo pernambucano’ exilado no Rio, no entanto éramos eu, Geraldo Azevedo e Naná os que mais costumavam se apresentar juntos, a ponto de pensarem que formávamos um trio. Nesses espetáculos, executávamos músicas do Nordeste, dizíamos um monte de bobagens divertidas e mostrávamos as primeiras obras de minha parceria com Geraldo. Mas foi ali que Naná, abandonando definitivamente a bateria, começou também a mostrar seus experimentos com a tumbadora e o berimbau, este até então um instrumento restrito ao universo da capoeira. Nas mãos de Naná, porém, tanto o berimbau como a tumbadora ganhavam aspectos de alta contemporaneidade, produzindo timbres e acentos inusitados, comparáveis aos sons de Varése, Boulez, Messiaen e outros magos da contemporaneidade vanguardista. Em nossos ensaios no apartamento do Flamengo (ao qual eventualmente assistiam Milton Nascimento, Elomar e outros amigos), eu já me admirava com o tanto de novidade que Naná podia extrair daqueles instrumentos tão ‘batidos’. O mundo -duas doses atrasado, como dizia Humphrey Bogart - só veio a ouvir isso algum tempo depois. Verdade é que Naná tava mesmo lá na frente.
O mesmo ocorria com a música de Papete, que conheci em 1976, quando ele integrava o elenco do Jogral, templo da música paulistana, então capitaneado por Paulo Vanzolini, Luis Carlos Paraná e Marcus Pereira, três bambas que dispensam comentários. A exemplo do que fazia Naná ao descapoeirar o berimbau, também Papete (José de Ribamar Viana, um Ribamar como todo maranhense que se preza) costumava meter seus instrumentos em fria, convocando-os sem o menor pudor para todo e qualquer gênero que se tocasse na casa. Assim, nas madrugadas do Jogral, não era raro ouvir o berimbau de Papete intrometendo-se num fado cantado pela Paula Ribas, ou seu tambor-onça maranhense saracoteando numa guarânia do Luis Carlos Paraná. E o mais interessante é que tudo combinava maravilhosamente, só faltando mesmo ouvir-se um pandeiro acompanhando uma marcha-fúnebre, o que não ocorreria então porque ninguém ali tinha a desagradável ideia de morrer. Algum tempo depois, Paraná, Marcus Pereira e Vanzolini tiveram de aceitar essa ideia, mas sei que o fizeram a contragosto, sob protestos.
Pois bem, voltando a Papete... Em 1976, ele tinha gravado pelo legendário selo Discos Marcus Pereira, um LP intitulado Pepete, Berimbau e Percussão, no qual exibia todas as estripulias sonoras que apresentava no Jogral. Como se achasse pouco, Marcus Pereira exigiu-lhe mais: dois anos depois (já tendo eu assumido a Direção Artística daquela gravadora), Marcus sugeriu a Papete que se voltasse para a música de seu Maranhão natal, daí surgindo Bandeira de Aço, um disco referencial, que mudaria para sempre a história musical daquele estado. Pela primeira vez, o ritmo e as melodias das toadas do bumba-meu-boi chegavam ao disco em linguagem moderna, a partir do que os festejos maranhenses de S. João nunca mais seriam os mesmos. Com esse disco, Papete não só revelou uma talentosa geração de autores locais (Josias Sobrinho, Godão, Sergio Habibe e outros), como também chamou a atenção do Brasil para a riqueza musical do bumba-meu-boi, transformado hoje em principal referência cultural do estado. Os festejos juninos do Boi, outrora tratados como mera curiosidade popularesca, estão hoje, para o povo maranhense, como estão o carnaval dos trios e do axé para o povo baiano.
Estive ao lado de Naná e, principalmente de Papete, em quase todos os momentos de suas vidas. Extinta a Discos Marcus Pereira, tomei a iniciativa de convocar Papete (assim como vários outros velhos companheiros de propostas discográficas) para a Gravadora CPC-UMES, onde damos continuidade à boa e velha luta pelo melhor da Música Brasileira, que, tal como a luta com as palavras, é aquela luta mais vã pela qual “no entanto lutamos, mal rompe a manhã”, como diz o grande Drummond. Na CPC-UMES, Papete gravou o CD Jambo e, no ano passado, aquele que é o seu último registro fonográfico, um CD duplo que agrega um disco com obras recentes (Sr. José) e outro que é uma releitura do clássico Bandeira de Aço. Creio que nossa parceria com Papete não poderia ter tido termo mais honroso.
Ao verificar a trajetória de músicos como Naná Vasconcelos e Papete, é forçoso concluir que a busca por uma cultura nacional-popular, ao contrário do que dizem certos falastrões equivocados, não se confunde com a defesa dos valores artesanais, do passadismo canhestro, da rusticidade ‘folquilórica’, da caducidade de linguagem e da precariedade criativa. Nada disso: Papete e Naná Vasconcelos provaram – e muito bem - que o nacional-popular se nutre e convive com a modernidade e com a invenção, sendo um conceito que continuamente se renova e se recicla. Junto a estes dois percussionistas se poderia citar também Airto Moreira, outro notável renovador, nacional, popular, moderno e eterno como tudo que é verdadeiramente bom. Essa santíssima trindade da percussão brasileira reúne, pois, os primeiros nomes que, individualmente, se projetaram como performers e virtuoses dos instrumentos que executam. Com Naná, Papete e Airto Moreira, a percussão do Brasil passou a ocupar também o centro dos palcos, ganhando seus próprios e merecidos holofotes. Já não era sem tempo, na terra onde se diz que o ritmo está em tudo.

segunda-feira, 16 de maio de 2016

5 benefícios da masturbação que talvez você não conheça

Vista com reserva no passado, prática pode ajudar a reduzir dores menstruais e combater insônia.

Da BBC
Masturbação é parte de uma vida sexual saudável  (Foto: Thinkstock/BBC)Masturbação é parte de uma vida sexual saudável (Foto: Thinkstock/BBC)
Durante muito tempo, a masturbação foi classificada por diversas sociedades como uma prática imoral e prejudicial, mas isso não poderia estar mais longe da verdade.
Especialistas dizem que é uma experiência prazerosa que traz benefícios para o corpo e para a saúde.
Por isso a BBC Mundo, serviço em espanhol da BBC, conversou com Mariano Rosselló Gaya, antropólogo e especialista em medicina sexual do Instituto Médico Rosselló, da Espanha, que explicou cinco benefícios da masturbação cientificamente comprovados e que você provavelmente não conhecia.
1. Alívio de dores menstruais
A masturbação pode aliviar dores, especialmente aquelas relacionadas com a menstruação e outros sintomas ginecológicos.
Masturbar-se durante o período menstrual tem o efeito de prevenir e diminuir as moléstias que costumam ocorrer no período.
"Todas as substâncias químicas que se produzem na corrente circulatória ao ter um orgasmo atuam de maneira analgésica contra as dores pré-menstruais", explicou Roselló.
"Também se produz uma desinflamação da zona genital devido à liberação das mesmas substâncias, que faz com que a pressão que as dores provocam diminua e, com elas, também o desconforto", acrescentou.
2. Fortalece o sistema imunológico
Segundo artigo publicado na Sexual and Relationship Therapy, o sistema imunológico dos homens que se masturbam funciona melhor.
"Nos homens, o fato de que a via seminal e os dutos ejaculatórios levam o sêmen para fora evita que sejam produzidas infecções de bactérias oportunistas exteriores."
"Há estudos que demonstram que indivíduos que experimentam número maior de orgasmos geram um nível maior de imunoglobina A (IgA), que é um anticorpo."
Assim mesmo, uma pesquisa do Cancer Epidemiology Centre de Melbourne, na Austrália, indicou que os homens entre 20 e 50 anos que se masturbam mais de cinco vezes por semana têm menos possibilidade de desenvolver um câncer.
Alguns estudos também indicam que em mulheres a atividade previne endometriose, doença que pode provocar infertilidade feminina.
Também se fala de prevenção de infecções, pois a atividade contribui para que se abra o colo do útero e libere mucosidade e fluidos cervicais.
Prática também pode melhorar relacionamento do casal  (Foto: BBC)Prática também pode melhorar relacionamento do casal (Foto: BBC)
3. Melhora o sono
Há muitas formas de tratar a insônia, mas uma agradável, segura e natural é se masturbar, principalmente para os homens.
Segundo o especialista, "depois do orgasmo é liberada uma série de endorfinas, hormônios, catecolaminas e citocinas que atuam como relaxantes químicos que induzem ao sono".
"O conselho francês de pesquisa médica publicou um trabalho neste sentido no ano passado e outros autores puderam constar e publicar isso", acrescentou.
A ejaculação pode provocar sono devido ao incremento do hormônio de prolactina e a queda da dopamina, o que explica a sonolência que se produz após o orgasmo.
4. Gera sensação de bem-estar
Masturbar-se é bom para ter uma boa saúde tanto em níveis biológicos como psicológicos.
"A liberação de endorfinas e catecolaminas rebaixa aos níveis de estresse e melhora nosso estado de ânimo", disse Roselló.
5. Melhora as relações do casal
Um mito muito difundido prega que a masturbação arruína relações sexuais com o cônjuge. Segundo especialistas, isso é absolutamente falso. Na verdade, é o oposto.
Masturbar-se favorece a melhoria das relações sexuais, já que ao fazer isso a pessoa aprende muito sobre seu corpo, suas reações, seus estímulos sexuais, fazendo com que o sexo seja muito mais prazeroso.
Mas não é só isso. "Em geral, a atividade sexual e a intimidade entre o casal devem ser cultivadas. Ter bons orgasmos consolida a relação e, assim, a convivência familiar", conclui Roselló.

Machado de Assis e a luta pelo fim da escravatura

Machado de Assis e a luta
pelo fim da escravatura 
A principal contribuição de Machado para a Abolição esteve, naturalmente, em ser Machado de Assis – ou seja, em ser um mulato que, dentro de uma sociedade escravagista, foi o maior escritor brasileiro de sua época, e, muito provavelmente, até os tempos de hoje, de toda a História do Brasil. Mas essa não foi a única
A relação entre Machado de Assis e a luta pela abolição da escravatura tem sido um tema constante, em geral polvilhado de equívocos e – mesmo – preconceitos, em nossa história literária. Como escreveu o próprio Machado, em uma de suas matérias jornalísticas que antecederam o 13 de Maio, “há muito burro neste mundo” (Gazeta de Notícias, 11/05/1888).
A principal contribuição de Machado para a Abolição esteve, naturalmente, em ser Machado de Assis – ou seja, em ser um mulato que, dentro de uma sociedade escravagista, foi o maior escritor brasileiro de sua época, e, muito provavelmente, até os tempos de hoje, de toda a História do Brasil.
Mas essa não foi a única.
Já nos referimos, em outra oportunidade, ao elogio de Machado a uma peça teatral, Mãe, de José de Alencar, manifestamente abolicionista. Porém, estávamos ali mais interessados nas contradições de Alencar (que, como político, estava muito longe do abolicionismo) que na atitude de Machado – que, como se sabe, não era branco – diante da mesma questão (v. “O nascimento da República e os jabutis em cima das árvores-12”, HP 27/02/2015).
Talvez, a esse respeito, a obra poética de Machado mereça uma reavaliação. Recentemente, ao reler “Americanas”, livro de poemas de 1875, deparamos com alguns trechos que não são, literariamente, desprezíveis. Por exemplo, o quarteto inicial do poema que Machado dedica a José Bonifácio (“De tantos olhos que o brilhante lume/ Viram do sol amortecer no ocaso,/ Quantos verão nas orlas do horizonte/ Resplandecer a aurora?”).
No mesmo livro está o poema “Sabina”, sobre uma violência da escravidão especialmente cruel: “Sabina era mucama da fazenda;/ Vinte anos tinha; e na província toda/ Não havia mestiça mais à moda,/ Com suas roupas de cambraia e renda.”.
Sabina, que não vive na senzala, mas na casa-grande, não percebe – ou percebe difusamente, confusamente – a sua própria condição de escrava, e se apaixona pelo filho de seus senhores. Nos versos de Machado: “e ela seguia/ Ao sabor dessas horas mal furtadas/ Ao cativeiro e à solidão, sem vê-lo/ O fundo abismo tenebroso e largo/ Que a separa do eleito de seus sonhos,/ Nem pressentir a brevidade e a morte!”.
Sabina engravida do rapaz, que viaja – e, depois, volta já casado. Ela decide suicidar-se. À beira do rio em que pretendia afogar-se, no entanto, o pensamento de que isso seria matar também o filho faz com que desista: “Ali ficou. Viu-a jazer a lua/ Largo espaço da noite ao pé das águas,/ E ouviu-lhe o vento os trêmulos suspiros;/ Nenhum deles, contudo, o disse à aurora.”
 CRÍTICA
 Algo bastante peculiar, embora não inédito, é que os adversários literários de Machado, em especial Sílvio Romero, tenham visto em sua obra um caráter “mestiço” (ou seja, mulato) e nacional, que boa parte dos amigos pessoais de Machado não conseguiram ver – ou evitavam ver.
É bem conhecido o artigo de José Veríssimo, o crítico mais próximo de Machado, quando da sua morte:
“São tanto mais de admirar e até de maravilhar essas qualidades de medida, de tato, de bom gosto, em suma de elegância, na vida e na arte de Machado de Assis, que elas são justamente as mais alheias ao nosso gênio nacional e, muito particularmente, aos mestiços como ele. Mulato, foi de fato um grego da melhor época, pelo seu profundo senso de beleza, pela harmonia de sua vida, pela euritmia da sua obra.”
Mais conhecida ainda é a carta que, depois desse artigo, outro amigo de Machado, Joaquim Nabuco, enviou a José Veríssimo:
“... ele foi de fato, um grego da melhor época. Eu não teria chamado Machado de Assis de mulato (...). O Machado para mim era um branco e creio que por tal se tornava; quando houvesse sangue estranho isso nada alterava a sua perfeita caracterização caucásica. Eu pelo menos só via nele o grego.”
Essa não era a opinião de Sílvio Romero.
Em seu livro “Machado de Assis: estudo comparativo de literatura brasileira”, publicado em 1897, Romero dedica-se a demonstrar que Tobias Barreto – seu mestre e mentor na “Escola do Recife” - é mais importante para a literatura nacional do que Machado de Assis.
Hoje, não há necessidade de refutar a tese de Sílvio Romero. A realidade já se encarregou dessa tarefa. É necessário apenas, no que vem a seguir, observar que Romero, ao levantar características étnicas, não o fez como forma de ataque a Machado – até porque Tobias Barreto também era mulato. Não deixam de ser interessantes alguns juízos que ele emite sobre Machado:
“Machado de Assis pode e deve ser também apreciado pelo critério nacionalista. Não o poeta, porque, a não ser em suas pálidas Americanas, este nos desdenhou de todo; sim o romancista e o contista; porque estes dignaram-se de olhar, uma vez por outra, para nós. Em que pese ao Sr. José Veríssimo, o nisus central e ativo de Machado de Assis é de brasileiro, e como tal se revela no caráter essencial de sua obra de mestiço” (Sílvio Romero, op. cit., Laemmert & C - Editores, Rio, 1897, p. 341).
Ou, em outra parte do mesmo livro:
“Ele [Machado] é um dos nossos, um genuíno representante da sub-raça brasileira cruzada, por mais que pareça estranho tocar neste ponto. Sim, Machado de Assis é um brasileiro em regra, um nítido exemplar dessa sub-raça americana que constitui o tipo diferencial de nossa etnografia, e sua obra inteira não desmente a sua fisiologia, nem o peculiar sainete psicológico originado daí.
“Seus romances, seus contos, suas comédias encerram vários tipos brasileiros, genuinamente brasileiros e ele não ficou, ao jeito de muitos dos nossos, na decoração exterior do quadro; mais penetrante do que qualquer desses, foi além, e chegou até a criação de verdadeiros tipos sociais e psicológicos, que são nossos em carne e osso, e essas são as criações fundamentais de uma literatura” (idem, pp. 17 e 18).
Romero usa o termo “sub-raça” como descrição de uma variedade nacional da espécie humana – no pensamento da época, frequentemente esta última era chamada “raça humana” - e não para marcar uma inferioridade. Apesar disso, é inevitável um certo ranço de inferioridade, inerente – embora na maior parte inconsciente – a esse termo.
 JUÍZO
 Ao leitor pode parecer estranho que o autor das palavras que citamos tivesse um juízo desfavorável da obra de Machado, mas assim é. Por exemplo:
“Machado de Assis não é um satírico; a mais superficial leitura de qualquer de suas obras mostra-o logo às primeiras páginas. Não é um cômico, nem como dizedor de pilhérias, nem como criador de tipos e situações engraçadas e equívocas. Não é também plenamente um misantropo, um detraqué. Não lembra, pois, nem Juvenal, nem Martins Penna, nem Molière, nem de todo Baudelaire, ou Poe, ou Dostoievsky. Não é, finalmente, da raça dos humanitários propagandistas e evangelizadores de povos ao gosto de Tolstoi. É, a meu ver, uma espécie de moralista complacente e doce, eivado de certa dose de contida ironia, como qualidade nativa que de quando em quando costuma enroupar nas vestes de um peculiar humorismo, aprendido nos livros, e a que dá também por vezes uns ares de pessimismo, também aprendido de estranhos.
“O que é seu, o que existe no seu espírito, como qualidades naturais, como bases de seu temperamento, vêm a ser o talento da análise psicológica, uma espontânea simpatia pela dignidade humana, a facilidade de generalizar os fatos e as ideias, o que tudo dá ao complexo de sua obra certo sainete moralizante, que o humour e o pessimismo emprestado não têm força de apagar. Possui, por certo, como disse, uma dose ingênita de ironia; mas esta não pôde nunca extravasar-se tumultuária e envenenadora, por ser sofreada pela timidez fundamental do temperamento do escritor.
“Machado de Assis é bom quando faz a narrativa sóbria, elegante, lírica dos fatos que inventou ou copiou da realidade; é quase mau quando se mete a filósofo pessimista e a sujeito caprichosamente engraçado” (idem, pp. 345, 346 e 347).
CATIVEIRO
 Reproduzimos demasiado extensamente as opiniões do sergipano Sílvio Romero, porque - além de ser um autor mais citado do que lido - é um dos dois críticos e historiadores literários de mais influência em nosso país, no período final da vida – e obra – de Machado (o outro é o, já mencionado, paraense José Veríssimo, em quase tudo um oposto perfeito de Romero, que o atacou em um de seus livros mais agressivos: “Zéverissimações ineptas da crítica: repulsas e desabafos” (1909); no entanto, Veríssimo é autor de juízos que permanecem inalterados até hoje: por exemplo, sobre Machado, diz ele em sua “História da Literatura Brasileira”, de 1916, que “é a mais alta expressão do nosso gênio literário, a mais eminente figura da nossa literatura”).

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Fernando Siqueira: “diretoria da Petrobrás sabota a companhia”

Fernando Siqueira: “diretoria da Petrobrás sabota a companhia”
O que publicamos nesta página é o voto de Fernando Siqueira, em nome da Associação dos Engenheiros da Petrobras (AEPET), na assembleia de acionistas da nossa maior empresa, que apreciou o balanço de 2015, realizada no último dia 28.
O texto tem o grande mérito de ser claro – verdadeiramente didático. Siqueira, vice-presidente da AEPET, demonstra que a diretoria que Dilma nomeou para a Petrobrás - após o fracasso melancólico, e inédito na história da empresa, da inepta Graça Foster, cuja única credencial era sua intimidade com a ocupante do Alvorada - simplesmente “avermelhou” o balanço da empresa, ou seja, fabricou um prejuízo inexistente.
Não é qualquer prejuízo: trata-se de um rombo de R$ 34,84 bilhões, obtido pelo expediente de desvalorizar as reservas de petróleo da empresa, calculando seu valor pelo amesquinhado preço do barril de petróleo, imposto pela especulação dos monopólios petro-financeiros dos EUA e outros países.
Evidentemente, isso nada tem a ver com a realidade. Reservas não são barris de petróleo já extraídos – e não podem ser precificadas pelo valor de um determinado momento, pois, simplesmente, seu conteúdo somente será extraído no futuro, quando o preço do barril já não será o mesmo de hoje. E, também é evidente, o preço do barril de petróleo não continuará nos atuais níveis.
Fernando Siqueira observa que nem a Shell, que não tem nenhum pré-sal como reserva – exceto aquela parte que Dilma entregou, no campo de Libra – e que em 2015 teve um desempenho desastroso no “óleo de xisto”, fez uma desvalorização tão grande quanto àquela da diretoria da Petrobrás.
A questão é: por que essa diretoria que Dilma transplantou para a Petrobrás fez esse atentado contra o país?
Rigorosamente, porque a política do atual governo é privatizar a Petrobrás. Daí a liquidação de ativos que, desde a época da senhora Foster, foi apelidada de “desinvestimento”. A historieta de que o sr. Vendine & cia. estão entregando ativos a preço vil para, depois, investir, é uma fraude. O que eles estão fazendo é reduzir o tamanho da empresa, reduzir os seus investimentos e reduzir a sua capacidade técnica – ao implementar um plano de demissões que elimina justamente aqueles funcionários que têm cristalizada, em sua competência, a capacidade alcançada pela empresa.
Só existe um motivo para reduzir o tamanho da Petrobrás: deixar campo aberto para as multinacionais petroleiras. É esse, também, o significado do apoio do governo do PT ao projeto de Serra, que retira da Petrobrás a condição de operadora única do pré-sal.
Com certeza, eles não têm condições políticas de privatizar inteiramente a Petrobrás. Portanto, privatizam por partes o Grupo Petrobrás – gasodutos, distribuidora, etc. Com isso, diminuem as possibilidades de investimento da empresa.
É nauseante – para usar uma palavra suave – que Dilma e o PT atribuam à Operação Lava Jato as dificuldades da Petrobrás, que são inteiramente causadas pela política privatizante do governo, incluída nela o roubo contra a companhia, estimado, pela perícia da PF, em R$ 42 bilhões de sobrepreços e superfaturamento – onde estão embutidas as propinas que bancavam partidos e políticos governistas.
Pelo contrário, o que a Lava Jato fez até agora foi devolver à Petrobrás uma parte do dinheiro roubado – uma parte mínima, é verdade, cerca de R$ 2,9 bilhões (nas ações até agora ajuizadas, pede-se o ressarcimento de R$ 21,8 bilhões). Mas a Lava Jato não acabou. Dizem alguns que mal começou...
Abaixo, o leitor, através da descrição de Fernando Siqueira, poderá ver como a atual diretoria – a rigor, o atual governo – sabota a Petrobrás.
C.L.
FERNANDO SIQUEIRA
 Senhor presidente
 A AEPET, como acionista minoritária, não aprova as Demonstrações Contábeis de 2015 pelos seguintes motivos, entre outros: a Diretoria da Petrobrás realizou uma baixa contábil difícil de entender, pois o lucro bruto da Companhia foi de R$ 98,5 bilhões; o EBITDA foi de R$ 74 bilhões e o Lucro Líquido, R$ 15 bilhões. Pois bem, com essa baixa contábil, de R$ 49,75 bilhões, a Diretoria conseguiu gerar um rombo “virtual” na empresa de R$ 34,84 bilhões, o maior da sua história! Nem o famigerado Mercado entendeu. O mais grave é que se deu a munição que os entreguistas (da grande mídia e do Congresso Nacional) precisavam para justificar a retirada da Petrobrás de operadora única e disponibilizar o pré-sal para o cartel internacional do petróleo.
Em recente palestra que fizemos em audiência publica na Câmara dos Deputados, o argumento dos entreguistas era recorrente: “A Petrobrás está quebrada. Como uma empresa com um rombo de R$ 34,84 bilhões por ano pode desenvolver o pré-sal?” É importante lembrar que a maior petroleira do mundo, a Exxon, não fez baixa contábil por considerar que este preço atual do petróleo é temporário. Resulta de manobra dos EUA e Arábia Saudita de enfraquecer a Rússia e os BRICS – como fizeram com a União Soviética na década de 90.
Olhando a curva de variação dos preços do petróleo, desde a década de 1940, vemos que a tendência é de subida e não de queda desses preços. A baixa contábil da Petrobrás foi maior em mais de 50% do que a da segunda colocada, a Shell, que teve perdas significativas e reais com o fracasso do seu petróleo não convencional.
A Petrobrás já descobriu mais de 60 bilhões de barris no pré-sal, dos quais ela detém mais de 40 bilhões, que somados à reserva do pós-sal superam 50 bilhões de barris. Além disto, se o fator de recuperação atingir o conseguido na Bacia de Campos, essa reserva duplica. Então, como explicar a redução das reservas para 13,2 bilhões?
O mais grave dessa baixa é o fato de que: se a Petrobrás não pagar dividendos aos acionistas, por três anos consecutivos, as ações preferenciais dela passam a ter direito a voto, ou seja, a gestão da Petrobrás passa para o controle da iniciativa privada até se reverter este quadro. Lembremos que a maioria desses acionistas preferenciais são estrangeiros, possíveis sócios das concorrentes da Petrobrás. É um risco muito alto para o País.
Além disto, essa baixa tende a esconder os graves prejuízos da venda de ativos a preços irrisórios. Seria esta a estratégia? A quem interessa essa baixa contábil, inclusive tendo sido feita outra, maior ainda, em fevereiro de 2015? Seria uma nova manobra para facilitar a privatização/desnacionalização?
Os Acionistas brasileiros exigem uma explicação fundamentada, pois além de deixarem de receber dividendos, vêem com preocupação cerca de 80.000 empregados sérios, honestos e competentes deixarem de ser premiados com a merecida participação nos lucros, que proporcionaram à Companhia, além de terem-na levado ao prêmio máximo da indústria do petróleo pela terceira vez.
A baixa geológica dos campos de petróleo, como Papa Terra, foi amplamente compensada pela elevação de expectativa de outros campos, como por exemplo, os campos da cessão onerosa, para os quais era prevista uma reserva de 5 bilhões de barris equivalentes. Hoje esse volume recuperável pode chegar a 20 bilhões de barris, sendo que o excedente já está contratado com a Petrobrás sob contrato de partilha de produção. Também os campos de Lula, Sapinhoá e Jubarte tiveram suas expectativas iniciais grandemente elevadas. 
As normas contábeis internacionais do setor petróleo, nos parágrafos 120 a 124 do SFAS 19 (Statement of Financial Accountig Standard) dizem textualmente: “O valor contábil das reservas não poderá ser reajustado pela mudança de preços, somente pela mudança na estimativa da quantidade de óleo e gás das reservas.” Portanto, o valor contábil dos campos citados e vários outros pode ser reajustado para cima em função das reservas do pré-sal virem se mostrando muito superiores às estimativas iniciais.
Diz o Engenheiro de Reservatórios Paulo Cesar Ribeiro Lima, ex-Petrobrás e hoje competente Assessor Legislativo do Congresso Nacional, em seu excelente trabalho “Ativos, Resultados Financeiros e Balanço da Petrobrás de 2015”:
“Caso não houvesse o impairment o lucro de 2015 seria de cerca de R$ 15 bilhões. A realidade: a Petrobrás apresenta uma excelente situação econômica e operacional com futuro altamente promissor devido aos altos volumes recuperáveis do pré-sal e ao grande parque de refino. O impairmentmascarou essa realidade.
“Apesar de apresentar o maior crescimento da produção entre as grandes petroleiras mundiais, de ter realizado as maiores descobertas, com o menor custo de extração; mesmo tendo em 2015 os preços dos derivados acima do mercado internacional, a Petrobrás foi a que apresentou, em 2015, o maior prejuízo contábil entre as grandes companhias de Petróleo.
“Uma empresa que gera um lucro bruto de R$ 98,5 bilhões, tem um portfólio de produção superior a 50 bilhões de barris, extraordinária infraestrutura de refino, fertilizantes, gás, energia terminais e dutos, é o maior e mais rentável patrimônio do País. Não pode ter sua imagem fragilizada por uma manobra contábil tão estranha, que derruba a imagem da empresa perante a sociedade”.
Portanto, senhor presidente, a acionista minoritáriaAssociação dos Engenheiros da Petrobrás, propõe uma drástica revisão na baixa contábil efetivada.
VENDA DE ATIVOS
A venda de ativos neste momento em que eles estão desvalorizados é um fato inaceitável. Ativos estratégicos como a distribuidora (que leva combustíveis aos confins do Brasil onde as outras nem cogitam), a Gaspetro e campos do pré-sal são invendáveis, até porque eles geram grande fluxo de caixa para a Petrobrás.
A AEPET já enviou sugestões de várias alternativas a essa venda de ativos, em carta a V.Sa. entre elas: tomada de um empréstimo ao Banco de Desenvolvimento dos Brics (a India e a China são grandes importadores, tendo grande interesse nisto) no valor de US$ 30 bilhões; empréstimo junto ao Banco de Desenvolvimento da China, US$ 20 bilhões; cobrança do Governo dos US$ 20 bilhões pelas perdas que causou obrigando a Petrobrás a importar derivados e vender no mercado nacional por preços inferiores inclusive, às distribuidoras suas concorrentes. Tais iniciativas totalizariam US$ 70 bilhões, um valor que representa 70% da dívida líquida da Petrobrás, podendo ser usados US$ 20 bilhões para quitar a dívida de curto prazo e US$ 50 bilhões para os investimentos de alto retorno, como os campos do pré-sal. Daria também para concluir as obras da Renest e do Comperj, que já têm instalações com 85% concluídos. Parar obras gera prejuízos da ordem de 50% a 100% dos projetos. E nosso parque de refino precisa ser ampliado urgentemente para atender à demanda do País.
Outro ponto inaceitável é a venda de campos maduros do Nordeste e Norte do Espírito Santo. Esses campos são verdadeiros laboratórios para se desenvolver a tecnologia de recuperação secundária, a ser usada no pré-sal, além da sua alta importância social como geradores de empregos e desenvolvimento nessas regiões. Qual seria o retorno financeiro dessas vendas? Qual o impacto na redução da dívida da Companhia?
A AEPET propõe a suspensão das vendas de ativos.
 REESTRUTURAÇÃO
A reestruturação da Companhia está requerendo mais visão estratégica e menos financista. Um ponto importante é ter uma política de Recursos Humanos que volte a fazer com que os empregados sintam orgulho de trabalhar para a Companhia, como se tivessem trabalhando pelo engrandecimento do Brasil. Era assim que os empregados se sentiam no passado. Até desmontarem a política de RH.
Outro ponto fundamental: é preciso acabar com o EPCismo, contrato  por pacote, em que uma obra é comandada em sua totalidade por uma empreiteira, que executa os projetos e fornece os materiais. Sem qualquer compromisso com segurança e operacionalidade das instalações. Esta modalidade, criada em 1995, sistematizou a corrupção e facilitou os pacoteiros a subcontratarem os seus concorrentes e “combinar” o preço das obras dos empreendimentos.
Outra preocupação é o exagero na redução de chefias. Sabemos que o ex-presidente Reichstul, visando obter o apoio dos gerentes para desnacionalizar a Companhia, mais que dobrou o valor da gratificação de chefia (a RG passou de R$ 12.000 para R$ 25.000, na época) e aumentou muito o número de cargos de gerentes e de consultores técnicos. Foi o início da “flexibilização” da consciência de alguns gerentes. Um gerente que ganhava R$ 25.000 por mês passava para R$ 6.000, se perdesse o cargo, ou seja, perdia ¾ do salário. Alguns desses gerentes passaram a trabalhar muito mais para o seu chefe imediato do que para a Petrobrás, que ficou com sua defesa altamente fragilizada. Daí a serem cooptados por certas empreiteiras e políticos foi um pequeno passo.
A Diretoria de Gás e Energia, na Gestão Graça Foster, também ampliou o quadro de gerentes, de forma excessiva. Portanto, é louvável um processo de redução de chefias, mas não se pode ser radical nessa redução a ponto de comprometer a governança da Companhia.
No caso da Diretoria Financeira, por exemplo, foram reunidas as duas maiores áreas: Contabilidade e Tributária - que já eram grandes - numa única e passaram a formar uma megaestrutura, com quase 1300 empregados. Assim, 60% da Diretoria Financeira ficaram sob as ordens de uma única gerência executiva. Praticamente impossível de serem gerenciadas adequadamente, pois se criam gargalos, os procedimentos ficam centralizados, burocratizados e tornados muito mais lentos. Hoje, as grandes organizações prestigiam a área tributária diante da sua importância financeira para cada companhia.
Outro ponto importante, a reestruturação em andamento na companhia tem tido foco no curto prazo, em detrimento de seu planejamento estratégico. Deslocar, por exemplo, a Engenharia Básica de seu Centro de Pesquisas e Desenvolvimento, o Cenpes, para a área de empreendimentos, tirando o foco na inovação, no desenvolvimento, na otimização e na integração com a pesquisa e os órgãos operacionais é um desastre. Essa experiência já foi testada no passado e mostrou-se totalmente inadequada. Foi corrigida rapidamente. Para que insistir no erro? É importante lembrar ainda que os empreendimentos estão, hoje, sendo reduzidos drasticamente, em função dos cortes nos investimentos.
Foi com a forma atual que a Petrobrás conseguiu por três vezes o prêmio máximo da indústria do petróleo, levando ao mundo a competência dos brasileiros e gerando emprego e tecnologia para as empresas do País. O Cenpes, com os programas PROCAP – 1000, 2000 e 3000 antecipou-se às necessidades da Companhia para desenvolver tecnologia necessária à Exploração e Produção em águas profundas, na vanguarda de todas as petroleiras do mundo. Para que mexer num time que está ganhando de goleada? Qual a perspectiva dessa mudança?
O recente PIDV (Plano de Incentivo à Demissão Voluntária) proposto pela atual Direção é uma temeridade pela proposta de afastamento de até 12.000 empregados, não só os aposentáveis como no PIDV anterior, mas também os com qualquer tempo de Companhia. Qual o objetivo de tal Plano que, pela sua amplitude, pode desfalcar a Companhia de valores profissionais vitais à sua sobrevivência e crescimento? Podem sair técnicos com alto conhecimento e/ou também alocados em funções estratégicas e difíceis de substituir em curto prazo. Qual a perda de tecnologia e dos investimentos em treinamento desse pessoal?
A AEPET propõe uma profunda revisão no processo de reestruturação.